Positive escrita por AnnyeCS


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

HOJE É ANIVERSÁRIO DO SASUKE!!!!
PARABÉNS PRA ELE.



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 "Eu sou HIV-positivo "

.

Lembrava daquela frase com nitidez, ela ficava repetindo em sua mente como um disco arranhado. Era uma frase tão malditamente pequena, que foi proferida tão baixa, não mais que um sussurro, que veio carregado de receios e soou como a explosão de uma bomba ao seu lado. Há mais de uma semana não conseguia parar de pensar naquilo, queria que aquilo tudo fosse uma piada de mal gosto ou um sonho ruim, mas não era. Será que seu preconceito e medo eram tantos que o impediriam de voltar a se aproximar de Sasuke?

E era isso que estava tirando o seu sono o fazendo rolar pela cama incessantemente.

.I.

O quê?— Gaguejou, muito chocado pra pensar e com muito medo do que viria a seguir.

Oh merda, esqueça o que você ouviu. Apague da sua memória…O que eu 'tô dizendo? Não dá pra esquecer, dá?  - Não respondeu nada, chocado demais. - Naruto, você não pode contar a ninguém— Disse o fitando com aqueles olhos negros, sempre neutros, que naquele momento refletiam medo— Isso é importante, você não pode contar a ninguém está bem? Nem aos seus pais, seus amigos ou padrinho, a ninguém, promete pra mim?— Ainda em estado de choque, apenas assentiu em sinal de que " Está tudo bem “, mas não estava.

Eu sou HIV-positivo— Repetiu mais firme em sua palavras- Por favor, não vai embora.

Quando Naruto o ouviu pedir por aquilo, sequer tinha notado que havia levantado do gramado sob o carvalho, onde estavam deitados, com a intenção de ir embora, sem dizer um mísero "tchau". Não conseguia falar, mas tinha certeza que se abrisse a boca falaria besteiras das quais se arrependeria amargamente, então, naquela hora apenas o olhou, e ele estava lá com aqueles olhos negros, sempre tão misteriosos, mostrando todo o medo, o receio, e a mágoa por sua reação, por sua falta de palavras, mas havia certa compreensão e conformismo, como se ele esperasse por essa reação, isso o desarmou, e sentou de frente para o namorado e esperou, por longos minutos, as palavras que viriam.

Eu... Me desculpe ter dito isso, assim do nada...- Começou, extremamente nervoso- Oh inferno, você deve estar achando que eu sou um irresponsável que sai por aí transando sem camisinha com qualquer um— Abriu a boca pra negar, mas não pôde, estaria mentindo se dissesse que não fora isso que pensou. —Eu ainda não ia te contar isso, e com certeza não desse jeito, mas já estamos namorando a praticamente um ano, e  nunca transamos, porque eu nunca deixo que isso aconteça, e não somos mais adolescentes pra ficar dando uma de inocente que nunca fez sexo— Aí mais um fato que não podia negar,  queria transar, muito, loucamente, mas por motivos, até a pouco, desconhecidos, seu namorado não permitia, porra ambos tinham 25 anos, sentia que Sasuke também desejava, mas  nunca permitia que fossem além de alguns amassos intensos, tentava sempre respeitar o fato dele não permitir, mesmo sem entender, mas isso não o impedia de se sentir frustrado.

Com. ...com quantos anos você…você...- Sua voz saiu estranha, tremida, receosa.

Com 13 anos de idade— Respondeu melancólico

13!!!?-Exclamou alto demais, se calou em seguida, falaria uma merda muito grande “Como que doente você fodeu aos 13!?" Sabia que se arrependeria se dissesse tais palavras, o silêncio, as vezes, é uma dádiva.

—Eu vou te contar, só por favor, me escuta.— O pedido saiu como uma súplica, engoliu em seco e assentiu - Eu. ..Eu tinha 13 anos, meus pais se divorciaram naquele ano, eu morava com minha mãe, e meu irmão estava fora do país fazendo faculdade— Viu ele rir de nervosismo, mas não conseguia falar nada para acalmá-lo - E eu me tornei o típico garoto rebelde que procura briga por qualquer coisa, pra descontar as próprias frustrações em quem não tinha nada a ver com meus problemas - Ele corria os dedos nos  cabelos da nuca, gesto que os deixava sempre eriçados— Até que um dia eu puxei briga com um garoto mais velho da minha turma, o Suigetsu, por algum motivo estúpido que não lembro mais, foi uma briga feia, violenta, mas só consigo lembrar de acertar o estômago dele com tanta força que ele cuspiu sangue no meu rosto.- Havia tanta dor nas palavras dele, uma melancolia que o fez querer abraçá-lo,  mas não conseguia,  mesmo já tendo feito muito mais que isso tantas vezes antes (Será que é perigoso tocar nele?)- Ele parou de brigar no mesmo instante , o monitor chegou e fomos parar na diretoria, nossos pais foram chamados, eu só conseguia pensar na bronca que iria levar enquanto esperava, todo arrebentado e cheio de sangue, em uma sala separada, meus pais saírem da sala da diretora, mas ...Mas a bronca que veio, não foi nada comparado ao que viria nos dias seguintes. — Ergueu a mão para limpar as lágrimas que vertiam dos olhos escuros, mas desistiu, e sabia que seus gestos e silêncio o estavam machucando –No outro dia, ainda pela manhã, o Pai do Suigetsu apareceu na minha casa e passou alguns minutos conversando com minha mãe e antes que eu notasse estava sendo levado às pressas para um hospital, onde tiraram meu sangue e me encheram de remédios, tomei medicamentos por quase um mês inteiro sem saber pra que eles serviam, fazia exames todos os meses sem saber para que eram, até que três meses depois minha mãe estava chorando enquanto o médico lia meu último exame, deu positivo para HIV, o garoto, Suigetsu era soropositivo e durante nossa briga cuspiu sangue nos meus olhos e em todos os meus ferimentos no rosto, e me contaminou. A ficha não caiu pra mim ali, mesmo com toda a conversa com o médico sobre sexo, camisinhas e a importância dos remédios que tomaria, eu tinha 13 anos, ainda não ligava pra isso— Ele o olhou esperando que dissesse algo talvez buscando forças pra continuar o relato, mas essas palavras nunca vieram - Sabe, eu só percebi a gravidade de ser soropositivo aos 15 anos, quando fiquei gripado e quase morri por não estar tomando meus remédios direito — Riu sem humor algum- Só depois de ficar internado por uma gripe comum. Eu nunca tinha visto o Itachi tão descontrolado quanto naquela época, veio da faculdade só para brigar comigo— Conhecia Itachi, o que aconteceu com Sasuke deve ter sido muito grave para tirar Itachi do sério —  Nunca mais me descuidei dos meus remédios, minha contagem viral voltou a ser indectável depois de um tempo, e aos 18 me permite ter uma namorada, Shion era uma garota legal e já nos conhecíamos a um tempo, mas ainda não tinha contado a ela que sou soropositivo, namoramos por 6 meses e então transamos, 3 meses depois contei a ela, foi...foi horrível, ela gritou que eu a tinha contaminado, me bateu, xingou, depois fez dezenas de exames e disse que eu tinha sorte de não ter passado o vírus pra ela, e nunca mais falou comigo, na faculdade me evitava como se eu fosse uma doença, uma praga, aquilo me destruiu. - Sasuke respirou fundo, como se estivesse sentindo novamente as dores daqueles dias - Mas é assim que as pessoas enxergam alguém que é soropositivo, como algo contaminado, sujo, que não deve ser olhado ou tocado, como se apenas respirar perto seja perigoso. Isso dói.- Então ele o olhou nos olhos e lhe direcionou um sorriso pequeno - Então você surgiu de repente, uma bola de energia, alegre e espalhafatosa, que me deu um banho de cerveja quente, mas que com um único sorriso invadiu a minha vida e derrubou todas as barreiras que construí— Se sentia extremamente confuso, era uma sensação aterrorizante, tantas informações ao mesmo tempo, sua mente estava dando voltas — Eu só queria que você soubesse a verdade antes de qualquer coisa, que esteja ciente de que eu não sou apenas um vírus, apesar de tê-lo em mim, mas se não estiver disposto a se arriscar, juro que vou te entender, não vou ficar feliz, mas vou entender— Assentiu, por não saber o que dizer, o viu se aproximar e sentiu o próprio corpo ficar tenso quando ele tocou seu rosto - Eu sinto muito por não ter te dito isso antes, mas não é uma confissão fácil, com certeza não queria que tivesse sido assim, mas quero que esteja consciente de tudo para que decida se quer ou não continuar comigo—os dedos pálidos desenharam os riscos em sua bochecha esquerda, seria naquele momento que se inclinaria e selaria os lábios finos com os seus, mas não conseguia, ele encostou a testa na sua - Eu amo você, seja qual for a sua decisão, eu vou aceitar.— Os olhos negros dele refletiam dor e mágoa por suas ações, por estar tão tenso, por seu silêncio diante de tantas informações dolorosas, de uma declaração tão verdadeira e aceitação como se esperasse por isso, decepção, porque talvez tivesse esperanças de que seria diferente.

Eu... Eu... Me desculpe Sasuke— Disse se afastando do toque - é muita informação ao mesmo tempo, eu ...Eu ‘tô confuso, preciso pensar— Se pôs de pé -Me desculpe mesmo— E saiu andando, quase correndo, o deixando para trás, sozinho e sem respostas, sem um mísero tchau ou boa noite, apenas foi embora.”

.I.

Deitou de bruços pra cima e encarou o teto encoberto pela escuridão da noite. Já havia se passado mais de uma semana desde aquele dia, e vinha evitando o namorado (ainda podia chamá-lo assim?), sem conseguir encará-lo, mesmo que estivesse morrendo de saudades.

Nunca se considerou uma pessoa preconceituosa, nunca se incomodou com cor de pele, orientação sexual, gênero, ou padrões da sociedade, mas desde que Sasuke lhe revelou ser Soropositivo, não conseguia pensar em outra coisa. Ainda naquele dia, quando chegou em casa, inspecionou a própria boca a procura de feridas, tomou um banho fervente como se quisesse arrancar algo da pele, e depois chorou a noite inteira se sentindo um hipócrita, uma pessoa horrível. Mas o que podia fazer? Sempre lhe foi dito “Use camisinha, você pode pegar Aids” “Não transe com ninguém sem camisinha, você vai pegar HIV e morrer!”, sempre lhe foi dito que HIV e Aids eram a mesma coisa! E não era! Sempre lhe foi dito que só se contraia o HIV pelo sexo desprotegido, e apesar de ser a forma mais comum e recorrente, não era a única forma, não era como se uma pessoa colocasse uma placa na testa dizendo “Sou soropositivo” e saísse por ai falando se foi infectada por sexo inseguro ou não.

Sendo sincero consigo mesmo, Naruto admitia que nunca se importou em procurar saber mais sobre isso, nunca fez parte da sua realidade e sempre foi um grande tabu na sociedade, e agora a vida estava ali lhe dando um tapa na cara por sua ignorância.

E agora está jogado na cama encarando o nada remoendo duvidas e os próprios preconceitos, que sequer sabia que tinha. Pegou o celular, o relógio está marcando 00:30 AM, seu papel de parede é uma foto dele com Sasuke, a primeira foto deles juntos, quando ainda eram apenas amigos. Abriu a galeria, onde havia mais dezenas de fotos deles.

.I.

Se conheceram em um show,  da banda de amigos do irmão do Itachi, onde foi esquecido por seus amigos, e acabou por esbarrar nele e derramar a cerveja, que estava intocada em suas mãos a mais de meia hora, lembrava de pedir mil desculpas e abrir um sorriso radiante quando aquele homem de olhos negros disse que " Está tudo bem, são coisas que acontecem quando se tem muita gente no mesmo lugar", aproveitaram o restante do show juntos, trocaram números de celular e na semana seguinte estavam tomando um café, na outra uma cerveja, na outra estavam indo ao cinema, quando percebeu estavam frequentando o apartamento um do outro, conversando sobre tudo, sobre nada, coisas sérias, coisas estúpidas. Era aniversário do Sasuke quando o primeiro beijo veio,  cerca se oito meses depois do esbarram com direito a banho de cerveja, estava na casa dele atracado ao outro como um carrapato, tinham terminado de ver um filme de terror, dos quais morria de medo, e Sasuke o encarou e disse que estava tudo bem, que ele estava ali, que nada aconteceria, o beijo foi algo tão natural, tão certo, não houve constrangimento ou clima estranho, apenas aquela sensação gostosa de que naquele momento estava tudo em sua seus devidos lugares, “Feliz aniversário Sas, mas ainda não comprei seu presente." "Você tá aqui, parece um ótimo presente pra mim", foi o que disseram aonde se separaram, ofegantes. No dia seguinte deu uma gata para ele.

O relacionamento deles não mudou muita coisa, a diferença era que agora eles trocavam alguns amassos cheios de tensão sexual no sofá, na cama, contra a parede, debaixo de um carvalho centenário em um lugar isolado no parque da cidade, haviam mais toques, mais carinho, mais cumplicidade, mais amor. Todavia, também existia mais tesão, com o passar dos dias vinha sentindo mais e mais vontade de transar com o namorado. Ora que problema tinha nisso afinal? Eram adultos e Sasuke é um homem gostoso pra caralho, era natural que sentisse desejo por ele, mas esse tão esperado momento nunca chegou, sempre que a situação levava a algo mais sexual, quando a sua mão boba se tornava ousada demais, Sasuke se afastava, e não permitia que o tocasse de forma mais "íntima". Não entendia, mas o namorado dizia que ele iria entender, que quando estivesse pronto lhe falaria o porquê. Respeitava a decisão do namorado, tentava não deixar transparecer demais a frustração de quando, sem que notasse, suas mãos entravam sob a roupa alheia e eram impedidas de levar a exploração a frente. Estavam em uma situação assim quando finalmente soube o porquê, começou com um beijo inocente que evoluiu pra algo luxurioso e sexual.

Naruto, pare. - Ele pediu, mesmo que seus olhos refletissem o mesmo desejo que o seu.

—Por que?— Perguntou sem conseguir esconder a frustração desta vez.

Eu sou HIV-positivo— Disse de repente.

.I.

Continuou rolando as fotos, enquanto relembrava sua história com ele, havia Sasuke sorrindo, fazendo careta, dormindo, lendo, escrevendo, Sasuke rindo consigo, dormindo ao seu lado, Sasuke sentado sob o carvalho, fotos deles no cinema, no café, no barzinho, Sasuke tocando guitarra com Itachi, Sasuke tocando violão para ele, Sasuke com Kyuubi, seu cachorro, Sasuke com Amaterasu, a gata demoníaca dele.... Sasuke, Sasuke, Sasuke e mais Sasuke. Há muito tempo já não sabia o que era uma vida sem Sasuke. A quanto tempo não pensava em Sasuke, apenas como "O Sasuke"?

"Eu só queria que você soubesse a verdade antes de qualquer coisa, que esteja ciente de que eu não sou apenas um vírus, apesar de tê-lo em mim"

Recordou as palavras de Sasuke daquela noite, e percebeu o que estava fazendo à mais de uma semana, só sabia pesquisar sobre o vírus HIV e sobre o que significa ter a Contagem viral indetectável, a semana inteira só pensou na porra de um vírus e em si mesmo, não pensou no namorado, estava sendo egoísta e estúpido!

Era apenas a porra de um vírus microscópico!

Seu amor por Sasuke era tão pequeno assim para ser vencido por um vírus menor que um grão de areia!? Todos os momentos felizes que tiveram juntos, todas as discussões bobas, o carinho, a cumplicidade, um vírus é maior que o amor que dizia sentir?

"Eu amo você, seja qual for a sua decisão, eu vou aceitar."

Não! Não é! Não deixaria ser!

Levantou em um pulo, já calçando as pantufas, pegou celular novamente e viu a data e as horas, 01:45 AM, de carro, eram 15 minutos até o apartamento do namorado, é madrugada e perdeu sua cópia da chave, não importava, o acordaria e pediria desculpas por ser um imbecil. Não trocou de roupa, apenas pegou as chaves no balcão da sala, trancou o apartamento, pegou o carro na garagem e saiu pelas ruas desertas da cidade pensando no que falaria. Será que ele o perdoaria, por ser uma idiota preconceituoso? E se não perdoasse? E se o tivesse magoado demais? E se ele estivesse com raiva? E se ele tivesse ido embora!?. Estava tão perdido em seus questionamentos torturantes, que quando notou já estava em frente à porta de Sasuke, tocando a campainha nervosamente. E se ele não estivesse em casa? Se estivesse, mas ao ver quem era o mandasse embora? .

O som da fechadura girando o arrancou de seu devaneios e logo o viu, eles estava com aquela cara de sono que tanto gostava, cabelo emaranhado, roupas amassadas, olhos negros surpresos. Mas para Naruto ele parecia mais lindo que nunca, seus olhos ardiam e logo se viu chorando.

—"Naruto? O que você tá fazendo aqui a essa hora?"- Ele parecia tão surpreso, que fez sentir-se envergonhado e se lançar sobre ele em uma abraço apertado, como se nunca mais fosse soltá-lo.

—Sas, Meu perdoa!—A fala saiu um tanto abafada, por estar com o rosto enterrado na curva do pescoço dele, sentiu tanta falta daquele cheiro— Me perdoa por ser um babaca, imbecil e preconceituoso— Continuava a falar entre soluços, mas se recusando a largar de Sasuke, que o puxou pra dentro do apartamento com certa dificuldade e trancou a porta -Eu, eu vou entender se você nunca mais quiser olhar na minha cara por ter saído praticamente correndo naquele dia. - Foi puxado para sentar no sofá da sala.

—Naruto, calma, respira.— Céus, como sentiu saudades do som da voz dele, do toque na pele, daquele abraço que não queria mais desfazer.

Eu não o devia ter ido embora daquele jeito, Sas, devia ter abraçado você, ter dito que não iria ficar tudo bem— Se afastou apenas o suficiente para encará-lo nos olhos — Eu também amo você, e deveria ter dito isso naquele dia, devia ter segurado a sua mão enquanto você me contava a sua história, ter olhado nos seus olhos e dito que agora eu estava ali pra você, com você. Eu devia ter dito que não me importo se nunca fizermos sexo, a gente pode viver sem isso, mas eu não posso viver sem você.

—Amor, devagar, você vai sufocar!

—Não fala nada, não seja legal comigo! — Grunhiu — Eu não fiz nada disso, eu só fiquei calado com medo de tocar em você e sumi por mais de uma semana!!!!!— exclamou —Eu sai praticamente correndo, quando deveria ter ficado, te beijado e dito que te amo— Sussurrou voltando a abraçá-lo - Senti tanta saudade de você - Sentiu Sasuke acariciar seu cabelos e apoiar o queixo em sua cabeça— Você me perdoa por ter te machucado? — A contra gosto deixou que Sasuke se afastasse do seu agarre, e se viu preso naquela imensidão negra, ele nunca viu um brilho tão feliz naqueles olhos, dedos pálidos percorreram os riscos em sua bochecha, os lábios finos e se rosados selaram nos seus, quase gemeu apenas com aquele toque, um alívio imenso percorreu seu corpo, enlaçou o pescoço do namorado, desenhando os lábios do mesmo com a língua e aprofundou o beijo, sendo correspondido com o mesmo desejo,  a mesma saudade, um alívio maior que o seu, ele esperava uma confirmação sua de que estava ciente do que queria, de que podia tocá-lo sem receio de que se afastasse. Beijá-lo de novo era como emergir do fundo do mar, como um gole de água depois do deserto, era como deixar o próprio corpo e viajar para outra dimensão. Simplesmente maravilhoso e inexplicável. Afastaram-se a contra gosto, trocando selinhos curtos, logo se viu atracado ao pescoço de Sasuke de novo.

Senti tanta saudade sua—Sussurrou suavemente - Des....

Se você pedir desculpas de novo, juro que vou te jogar pela janela— Sasuke o interrompeu - Também senti saudades, seu idiota— Sentiu o abraço ser estreitado e o outro aspirar o cheiro dos seus cabelos - Agora cala a boca e me escuta.

Pedindo com toda essa educação — Resmungou e ganhou um beliscão -Aii.

Quieto— Não pode deixar de rir, que saudade sentiu daquela dinâmica estranha que era tão deles - Não vou te dizer que não fiquei magoado, que sua reação não me machucou, seria mentira— Sabia disso, mas ouvir fez as lágrimas voltarem aos seus olhos, era um babaca. Sasuke se remexeu no sofá e logo estavam deitados, ele sobre o peito do namorado o encarando com arrependido. - Eu esperava por aquela reação, entenda Naruto, eu contei isso pra poucas pessoas, muito poucas, e as reações não foram das melhores, por isso demorei tanto pra falar disso com você, eu já tive rejeições demais por ser soropositivo, estava com medo. E ter te contado daquele jeito não foi a melhor forma de abordar o assunto, mas foi de repente e sem pensar, eu realmente achei que você não fosse me escutar, que fosse sair correndo no segundo seguinte .- O sentiu respirar fundo, talvez lembrando que quase fez isso — Mas você ficou,  mesmo chocado, mesmo cheio de dúvidas e receios, você ficou, e me escutou, cada palavra do que disse, você foi uma das poucas pessoas que não me agrediu física ou verbalmente quando eu disse ser soropositivo, seu silêncio e sua falta de ações me magoaram sim, mas você me deixou te tocar de novo, quando eu achei que você fosse me empurrar e gritar que não te tocasse.- Iria dizer que não faria isso, mas era mentira, e lembrou que Sasuke já havia passado por situações parecidas, as quais devem ter ocorrido daquela forma negativa, bem mais negativas. — Eu fiquei lá, observando você ir embora, quis correr pra você, pedir que não fosse embora.— Os dedos pálidos brincavam com seus cabelos - Mas você não olhou para trás, fiquei repetindo pra mim mesmo que você só precisava de um tempo pra digerir tudo, mas na verdade achava que tinha te perdido, e essa certeza só aumentava a medida que os dias foram passando e você não aparecia e não ligava.— Seu rosto foi acariciado com suavidade e olhos negros e fitavam com carinho - Qual não foi minha surpresa de ser acordado as duas da manhã, pronto pra mandar o infeliz à casa do caralho, para me deparar com meu namorado, desaparecido a mais de uma semana, de pijama e pantufas de raposa, com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança em dia de chuva. - Naruto grunhiu e afundou o rosto no peito do namorado, não imaginava que estava tão péssimo assim — Você me abraçou tão forte e desesperado, que só saí do choque quando percebi que você 'tava chorando e pedindo desculpas pela forma que agiu, pelo que não fez, por tudo que não disse. - Ele riu de leve - Você é tão imprevisível, eu já estava certo de que nunca mais te veria, e agora você tá aqui, me pedindo desculpas, me tocando, me beijando, atracado a mim como um Carrapato. — Mostrou a língua pra ele - Claro que eu perdoo você, porque você tá aqui, e eu sei que você ainda tem receios, dúvidas, medos e preconceitos, mas apesar de tudo isso você tá aqui, no meio da madrugada, dizendo que me ama. Isso é tão você! — Completou e sorriu apertando o abraço em seus ombros. — Eu te amo.

Eu sei que sou irresistível - Brincou.

—Não se achei demais— Retrucou - Mas agora vamos dormir, já são quase quatro da manhã e temos que trabalhar amanhã—Lembrou dando tapinhas no seu ombro para que levantasse.

Quando já estavam devidamente acomodados na cama de Sasuke que Naruto lembrou de um dos fatores que o fizeram pular da cama e dirigir até a casa do namorado no meio da madrugada.

Hey Sas—Chamou baixinho, tentando se outro estava acordado.

—Hunnnn?

—Feliz aniversário...-

—O que. ?

—Seu aniversário, 26 anos hoje lembra?— Pela cara dele, não, ele não lembrava - Não tive tempo pra comprar nada mas...

Você ‘tá aqui -Começou e o puxou para deitar em seu peito, e foi alegremente — É um ótimo presente pra mim. — Completou vago e sonolento. Naruto riu, lembrando que essas mesmas palavras foram ditas há um ano, e tinha certeza que Sasuke sabia que ele apareceria com um presente ainda nesse dia, do mesmo forma que apareceu com Amaterasu no ano anterior, segundos depois Naruto sentiu a respiração dele se tornar suave e compassada, se aconchegou melhor, pouco antes de dormir embalado pelo som do coração de Sasuke, pensou que o caminho deles ainda seria difícil, haviam dúvidas, medos e receios diferentes e de ambas as partes, haviam preconceitos a serem superados, mas que conseguiriam se sobrepor as dificuldades juntos. Afinal, o que era um vírus tão pequeno comparado a um amor tão intenso?

Nada!


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Notas finais do capítulo

# HIV é diferente de Aids, o HIV é o vírus que causa a deficiência no sistema imunológico, as defesas do corpo.
# A Aids é um estado avançado em que o vírus não foi tratado e doenças oportunistas se aproveitaram disso, como a gripe do Sasuke ou algo bem mais grave, podendo causar a morte se não for tradado corretamente.
# Contagem viral indetectável significa que o paciente está seguindo o tratamento direitinho e respeitando o horário dos remédios religiosamente. Quando um tratamento que tá sendo feito corretamente e o paciente começa a trata-lo com descaso
o vírus muta e se descontrola e o individuo adoece, sorte do Sas que ele pegou apenas uma gripe e foi tratado logo, ele podoa ter morrido.
# Meus amores, a forma mais comum e certeira de se contrair HIV é através do sexo desprotegido, mas existem outras, como durante a gestação, mães com HIV passam para os fetos se não fizerem tratamento corretamente, contato de sangue contaminado em ferimentos expostos.
# Através de ferimentos com perfurocortantes contaminados, mas é uma uma chance com porcentagem baixa, e a contaminação por contato com a mucosa bocal ou ocular é ainda menor, mas o risco ainda tá lá, e vamos dizer que o suigetsu tinha os fatores de risco e que o Sas tava todo cheio de machucado e sem nem um pouco de sorte.
# Os medicamentos de Sas tomou é de algo chamado Profilaxia, um tratamento emergencial contra DST's que dura 28 dias.
# E não, não é perigoso tocar, beijar, e abraçar uma pessoa com HIV, e se esta estiver indetectável a contaminação por sexo protegido é QUASE nula.
# HIV ainda não tem cura, mas tem tratamento que, se seguida corretamente a pessoa pode seguir a vida normalmente, não é uma sentença de morte.
Mas com sem ou com tratamento, USEM CAMISINHA SEMPRE, até mesmo com seus parceiros ~nunca se sabe~. Além do fato de que HIV não é a única doença que você pode pegar através do sexo, existe a Sífilis, a herpes, gonorreia, cândida, hepatite entre outras. sexo sem camisinha é gostoso sim, mais não vale a pena pegar uma doença por isso, e se você for mulher ainda existe o risco de uma gravidez indesejada.
...
Então meus amores como vão?
Olha quem tá de volta! isso mesmo EU, não que eu seja famosa ou algo assim.
Sei que tenho algumas fics pra terminar, mas quem disse que as idéias fluem para elas.
Enfim, contem-me o que acharam, criticas construtivas são muito bem aceitas.

Edt: Corrigi alguns erros que tinham pela fic graças a duas lindas que me deram um toque quanto a isso. Mas se deixei passar algo, se sintam a vontade pra me dar um puxão de orelha.

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FELIZ ANIVERSARIO PRO SASUKE!!!



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