Coincidências escrita por Pirate Queen


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá! Bem vindo(a) ao primeiro e último capítulo da minha fanfic!
Boa leitura ♥



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            Naquela hora o restaurante ficava quieto. Se fosse sábado ou domingo o costumeiro grupo de colegas de escritório estaria no balcão tomando cervejas após o turno. Mas era segunda-feira e o único barulho presente era o do ventilador de teto. 

            Sanji já havia colocado as cadeiras em cima das mesas e varrido o chão. Secava as mãos com um pano encardido ao terminar de lavar a louça. Olhou o relógio na parede. Quinze para as onze. A placa na porta dizia que as atividades se encerravam à meia noite. Mas em dia de semana não fazia diferença se ele fechasse uma hora mais cedo. Por alguns anos de experiência ele sabia que depois das dez e meia nenhuma alma apareceria no recinto. 

            Desenrolou as mangas da blusa e se espreguiçou, esticando os ombros tensos. 

            - Calor de merda. - Resmungou. 

             Estava cansado e nojento. Iria esperar dar onze horas e subiria para seu apartamento. Deu uma última tragada no cigarro e o apagou. Sentou em um banco inspirando a fumaça. 

             Ele se sentia especialmente patético. Era seu aniversário. Nenhuma das mulheres com quem ele havia saído recentemente teve interesse em comemorar ao seu lado. Três delas deram a mesma desculpa esfarrapada. Estava levemente decepcionado, mas era de se esperar. Seus encontros eram meramente carnais, nenhuma delas tinha interesse em criar laços. 

            Seus olhos atravessaram a porta e se demoraram na comprida mesa de metal no centro da cozinha. Durante o dia ela era caótica, onde o loiro preparava habilmente as refeições ordenadas. Agora ela já estava limpa, os utensílios culinários organizados. No momento, tudo o que repousava nela eram os presentes que tinha ganhado. 

             Ele esboçou um sorriso. Talvez não se sentisse tão patético assim. Afinal, alguns de seus amigos antigos se lembraram de presenteá-lo. Nami, Luffy e Usopp passaram no restaurante no horário de almoço para mimarem um pouco o rapaz.  

             Ela comprara uma caixa com quatro gravatas em tons de azul diferentes. O obrigou a experimentar cada uma delas, falando que era a cor que mais combinava com ele. Luffy lhe trouxe um bolo. Ele teve que explicar que esqueceu de que Sanji era cozinheiro e poderia fazer quantos bolos ele quisesse para si. Mas para Luffy o bolo era a melhor parte de fazer aniversário, então era o melhor presente. Usopp deu-lhe alguns frascos com combinações de temperos. Ele tinha mania de misturar e criar coisas. E Sanji admitia que suas criações sempre davam certo. 

            Apesar de todos morarem na vila, era difícil que os quatro tivessem tempo livre para se encontrarem. Então a visita, apesar de curta, deixou um pouco mais alegre o dia do cozinheiro. 

            Apoiou os braços no balcão, inclinando as costas para trás. Zeff também o telefonara de manhã. Disse que passaria no restaurante de noite para dar seu presente pessoalmente ao moleque. Mas claramente o velho falou da boca para fora, porque já estava tarde e ele não tinha aparecido. Sanji devia ter suspeitado. Revirou os olhos ao pensar naquele velhote abusado. Tinha que passar no restaurante dele qualquer dia para checar sua saúde. Era para estar aposentado, mas não largava a sua cozinha por nada. 

            O barulho súbito do sininho fez Sanji pular na cadeira. Virou-se para a entrada e surpreendeu-se com a figura prostrada no vão da porta. Quem estava ali era o homem de cabelos verdes que morava do outro lado da rua, Roronoa Zoro. Não havia outra pessoa da vila que pudesse surpreender mais o loiro com sua presença do que aquele cara. Sanji tinha inaugurado seu restaurante há alguns anos e Zoro não tinha ido nele uma vez sequer. E decidira aparecer logo naquele horário deserto.

            A vila era pequena e seus moradores eram antigos, a maior parte deles viveram a vida inteira ali. Inevitavelmente, Sanji conhecia a todos. Entretanto, Zoro sempre foi um pequeno mistério. Ele sempre morou por ali. Sabe-se que foi adotado pelo mestre do pequeno Dôjo da cidade quando ainda criança, seus antecedentes eram desconhecidos. Quando seu pai adotivo morreu, Zoro herdou o pequeno espaço, continuando a ensinar o Kendo para as crianças. Pela janela de seu apartamento Sanji podia ver as aulas matinais que o outro lecionava. Ele parecia ser um professor pouco paciente, mas efetivo. Ficava sentado a maior parte do tempo, gritando instruções para os alunos. Hora ou outra ia até uma criança perdida para corrigir sua postura ou movimento. 

             - Na placa diz que fecha à meia noite. - Zoro disse. Trajava apenas uma regata, bermuda e chinelos. Segurava uma sacola de papel com um grande embrulho e não parecia preocupado em ser educado. 

            - Fecha à meia noite. - Sanji confirmou, ainda confuso com a aparição do outro. 

            - Bom, mas parece que já está fechando. - Apontou, gesticulando para as cadeiras em cima das mesas. 

             - Ia fechar mais cedo.

             - Não devia escrever na placa que fecha à meia noite então. -Sanji sentiu uma veia pulsar. Sem esperar por qualquer comentário, Zoro fechou a porta, adentrando no recinto. O cozinheiro o encarou enquanto ele sentava na banqueta do bar. - Não vai me dar um cardápio? - O loiro mordeu a língua para não responder de forma grosseira. Alcançou um cardápio agilmente e entregou para Roronoa. 

             Sanji observou enquanto ele lia as páginas plastificadas. Se lembrava de ter frequentado a mesma escola que ele. Só havia um colégio na vila, e era esse que todos os jovens dali frequentavam. Ambos tinham sido da mesma série, mas Zoro era fechado desde sempre, então nunca foram próximos. De certa forma ele sempre observou de longe o de cabelos esverdeados. Havia algo naquele semblante inflexível que o atraia. 

            - Não tem nenhuma bebida mais cara do que essas? - Zoro perguntou e Sanji ergueu uma sobrancelha. O esverdeado bufou. - Hoje é uma ocasião especial e eu gostaria de comemorar com alguma bebida decente. - Vendo que a expressão do outro não se alterou, ele tentou explicar melhor. - Olha, eu tentei passar no mercado, mas ele já está fechado. 

             - Que tipo de ocasião não pode esperar que o dia amanheça? - Perguntou. Estava cansado e sem muita paciência restante. Zoro bufou novamente, não contribuindo muito para uma melhora de humor do cozinheiro. 

             - Meu aniversário. - Disse e Sanji não conseguiu esconder sua surpresa. - Se você não tiver alguma bebida boa, nenhum outro lugar dessa vila vai ter. Dinheiro não é problema. - Acrescentou, colocando sua carteira em cima do balcão. Sem falar nada, Sanji se virou e adentrou na cozinha. - Ei! -Exclamou, irritadiço.

             Em um instante, o cozinheiro retornou, colocando uma garrafa na frente do rapaz. Zoro observou o rótulo, reconhecendo o sake. Era a mesma garrafa que seu mestre costumava guardar como um tesouro para ocasiões raríssimas. O velho não era do tipo que fazia cerimônia para beber um bom sake, então Zoro nunca precisou perguntar para saber que era uma bebida caríssima. Vendo que a garrafa estava lacrada, sentiu-se receoso:

            - Oi, tem certeza que isso está a venda? - perguntou, percebendo em seguida que foi uma indagação estúpida. Estava sentado em um bar, o intuito era justamente vender bebidas. Mas aquele sake lhe remetia a memória de algo proibido, então a pergunta foi involuntária.

            - Na verdade, não está a venda. - Antes que Zoro pudesse abrir a boca ele explicou. - É por conta da casa. - Deixou escapar um sorrisinho ao ver a expressão surpresa do cliente.

            - Eu já fui em restaurantes com promoção para aniversariantes, mas normalmente eles oferecem uma sobremesa, não um sake caro desses. - Zoro comentou mas sem reclamar. Sanji removia o lacre da garrafa.

            - É que na verdade hoje eu também quero comemorar. - O loiro olhou para o rapaz e sorriu. - Parece que fazemos aniversário no mesmo dia.

            - Sério? - Zoro piscou, surpreso.

            Normalmente, seu aniversário era celebrado com bastante álcool na solidão de seu apartamento. Mas quando se deu conta, tudo o que restava em seu estoque eram cervejas baratas. Aquela já era uma forma de comemoração patética, mas tinha o mínimo de orgulho. Saiu de casa com o objetivo de comprar uma bebida de melhor qualidade, entretanto acabou desviando de seu caminho para o mercado e foi parar em um centro comercial desconhecido. Caminhou perdido por quarenta minutos até que subitamente uma loja lhe chamou atenção. Dentre outros artefatos, a vitrine exibia katanas lustrosas. Fazia algum tempo que Zoro estava guardando dinheiro para acrescentar mais uma espada na sua coleção. E era seu aniversário, então após ponderar por alguns minutos, entrou na pequena loja. 

            Uma hora depois, estava ele na frente do mercado. Fechado. Passou tanto tempo conversando com o vendedor e escolhendo sua katana que não se deu conta que já eram quase onze horas: o mercado fechava às dez. Se sentia feliz por ter comprado para si um presente que tanto queria, mas agora sua tradição de passar seu aniversário bêbado tinha morrido. Se sentindo frustrado, deu meia volta e caminhou em direção a sua casa. Que, por sinal, era três quadras do mercado. Sim, seu senso de direção não era o dos melhores.

            Em seu jardim, tentou apalpar suas chaves no bolso da bermuda, derrubando-as ruidosamente. Inclinou-se para pegá-las e parou no meio do caminho. Seus olhos repousaram no restaurante no outro lado da rua. Tinha dois andares e era espremido entre duas outras casas. As pessoas da vila diziam que a comida servida ali era deliciosa, de forma que Zoro sempre  teve curiosidade em experimentá-la. Sabia também que tinha um bar lá dentro. Isso pela porção de pessoas bêbadas que saiam dali no final de semana. Mas também sabia a quem pertencia o estabelecimento, e isso o deixava receoso.  

            Digamos que não era apenas o cozinheiro que observava o de cabelos esverdeados. Não é incomum que vizinhos bisbilhotem a vida um do outro. Mas no caso daqueles dois, a curiosidade era uma atração disfarçada. Zoro sabia que tinha semeado sentimentos pelo loiro quando eram adolescentes. Tinha por muitos anos sentido vergonha disso, mas com o tempo ele parou de tentar negar que aqueles sentimentos tinham existido. Não se lembrava de terem alguma vez trocado palavras, mas aquela paixonite platônica ardeu até sua formatura escolar.

            Lembrava-se de Sanji flertando com cada uma das garotas da escola e de como fantasiava que aquelas palavras fossem dirigidas a ele. Mas sabia que aquilo jamais aconteceria, o loiro tinha a palavra hétero tatuada em sua testa.

             Além disso, sua mente se martirizava. Era um homem, não deveria pensar naquele tipo de coisa. Claro que, dez anos depois, ele já tinha superado aquele conceito frágil de masculinidade.

            Atravessou a rua e leu a placa fixada na porta do restaurante "aberto das 08:00 da manhã à meia noite". Suspirou, ponderando. Era seu aniversário, não podia dormir sem beber alguma coisa. Sanji era seu vizinho, tinha que parar com aquele comportamento infantil de evitá-lo a todo custo. Afinal, tinha se passado literalmente uma década. Aqueles sentimentos adolescentes já tinham se esvaído, certo? 

            Claro que quando abriu a porta do estabelecimento ele não esperava que não fosse o único comemorando a data de seu aniversário.

            - Coincidência, huh? - Sanji disse, colocando dois copos de sake em cima do balcão. - Parece que nenhum de nós tem companhia para essa noite, então o mínimo que podemos fazer é dividir essa garrafa, certo, monsieur? - Zoro abriu um sorriso de lado.

            - Certo. - Concordou, pegando um dos copos.

            -  Às coincidências da vida e ao sake que nos uniu. - O loiro propôs, erguendo o seu copo. O outro soltou uma risada, brindando. Ambos engoliram todo o conteúdo de primeira. Roronoa sentiu uma imensa satisfação, entendendo imediatamente o motivo pelo qual seu mestre guardava a todo custo aquela bebida. Estava a tanto tempo vivendo à base de cerveja que não se lembrava da última vez que tinha tomado algo tão bom.  

            Sanji se sentiu subitamente nervoso. Sempre trabalhou também como barman, sem ter dificuldade para lidar com conversa fiada de bar. Ali estava o vizinho que por tanto tempo o intrigou, em um momento perfeito para bater papo. E ainda por cima, parecia estar de bom humor. Entretanto, todos os tópicos de conversa que ele sabia de cor desapareceram de sua mente. Zoro parecia à vontade, entretido com o álcool, mas o cozinheiro nunca foi do tipo que fica à vontade nesses momentos de silêncio. Sua cabeça começou a buscar ansiosamente algum assunto.

            Olhou para o lado e percebeu a sacola que Roronoa trouxera. Dentro dela havia uma caixa retangular comprida, que mal cabia no saco de papel. Sanji não teve que pensar muito para adivinhar o que era aquilo:

            - Então o samurai foi às compras? -perguntou. Zoro desviou sua atenção de seu copo e seguiu o olhar do loiro até seu embrulho.

            - Como adivinhou? - respondeu, retirando a caixa da sacola.

            - Você é dono de um dôjo, o que mais seria? - o cozinheiro gostava de parecer esperto. - Foi presente de aniversário? - perguntou.

            - De certa forma sim. Um presente que eu dei para mim mesmo. - ele abriu a tampa da caixa. O interior dela era revestido de veludo e nela repousava uma katana de capa avermelhada. Sanji assobiou:

            - Bonita. Eu devia ter me dado algum presente também, é uma ideia legal.

            - É uma ideia legal para quem não tem amigos. - Zoro cortou, de forma amarga.

            - Se você está tão melancólico tem que beber mais. - O loiro disse, colocando mais sake para seu companheiro noturno. - Não tem espaço para amargor nesse bar. Roronoa suspirou e bebeu rapidamente o líquido. Já não sabia mais quantos copos havia tomado, mas podia ver que o conteúdo da garrafa estava praticamente na metade. Pigarreou:

            - Mas então, não parou de trabalhar nem no seu aniversário? - Zoro questionou e o outro se sentiu feliz por ele estar puxando assunto.

            - Não é como se eu tivesse muito mais o que fazer. O meu ajudante teve algum problema na família e teve que viajar essa semana. Não quis deixar o restaurante fechado. Segunda-feira não é um dia de muito movimento mesmo. -explicou.

            - Com esse tempo infernal não deve ser muito agradável trabalhar na cozinha. - Comentou Zoro.

            - Um pouco. Eu gosto muito do meu trabalho então não me importo tanto. - Sanji falou, e era verdade. Se o kendo era arte para Zoro, a culinária era arte para ele. - Você também não tirou folga no trabalho. Te ouvi gritando com os pirralhos logo de manhã.

            - Quando eu tenho que cancelar alguma aula os pais das crianças reclamam no meu ouvido, então não valia a pena. - Ele já tinha que ter paciência durante as práticas, não conseguia ser paciente com os pais também. - Além disso, nunca tenho com quem passar o dia, então sempre fico sozinho. - O loiro ergueu uma sobrancelha enrolada:

            - Você sempre passa seu aniversário sozinho?

            - É. - Respondeu, monossilábico.

            - Nunca tem quem comemore contigo? - Perguntou abismado.

            - Qual parte de eu não tenho amigos você ainda não entendeu? - Disse irritado.

            - Nenhuma namorada? - O loiro perguntou, tentando soar o mais casual possível. Tinha bebido o suficiente para começar a demonstrar seu real interesse.

            - Não. - Respondeu passando a mão no seu cabelo esverdeado.

            - Namorado? - Reformulou.

            - Não, eu não saio com ninguém. - Zoro disse. Estava bêbado, mas mesmo assim falar aquilo em voz alta foi um pouco humilhante. No geral, era surpreendente que um homem de vinte e sete anos não tivesse qualquer tipo de relacionamentos amorosos. Essa situação não se dava para Zoro por falta de pretendentes. Sua aparência esbanjava masculinidade e tornava frequente o flerte alheio. Mas de fato não era nem um pouco bem apessoado. No geral sua personalidade rude afastava rapidamente tentativas de interação. Seu temperamento era algo que ele era incapaz de mudar. Então não se dava o trabalho de passar uma imagem falsa para os outros. Se alguém se assustava apenas com uma resposta ríspida dele, não valia a pena qualquer esforço. - Mas e você?

            - O que tem eu? - Sanji indagou.

            - Bem, quem me surpreende por passar o aniversário sozinho é você. - Zoro ergueu as sobrancelhas. - Está sempre com alguma namorada. Nenhuma delas quis passar a noite com você? - Perguntou, um sorriso sarcástico estava estampado em seu rosto.

            - Nenhuma delas é minha namorada. - O loiro disse, sua expressão fechada. - Nós saímos de vez em quando, mas não tenho nada sério com elas.

            - Sei. - Roronoa disse, se sentindo um pouco aliviado. Foi dar um gole em seu copo mas ele já estava vazio novamente. Pegou a garrafa para colocar mais, mas apenas quando nenhum líquido escorreu pelo gargalo que ele percebeu que ela também estava vazia. Sanji pareceu perceber a mesma coisa:

            - Seu rosto já está vermelho de qualquer jeito. - Riu. Zoro também soltou uma risada.

            - O seu não está muito diferente. - Acrescentou. Eles se encararam. Ambos sabiam que agora que o sake tinha terminado não tinha mais motivo para que continuassem ali. Mas mesmo assim, nenhum deles ousou quebrar o contato visual.

            - Parece que alguém tem me observado. - O loiro disse.

            - Te observado? - Indagou, sua expressão era levemente desafiadora.

            - É. Você parece ter notado bem com quem eu saio, Marimo. - A cabeça do cozinheiro gritava para que ele se calasse. Mas a sua consciência tinha sido inundada com sake. Zoro estremeceu ao ouvir aquele apelido maldito. Era o nome que os garotos usavam para provocá-lo na sua época colegial, comparando a cor do seu cabelo com uma alga.  

            - Bem, você parece guardar lembranças boas de mim para me chamar por esse apelido antigo, Ero-Cook. - Sanji sorriu maliciosamente. O outro também se lembrava do apelido que seus colegas usavam quando ele ainda trabalhava no restaurante de Zeff. Apoiou seu queixo na palma da mão, se aproximando do Marimo.

            - E que história é essa de não sair com ninguém? - O cozinheiro provocou. - Quantos anos você tem? Doze?

            - Ninguém é interessante o suficiente. De qualquer jeito, não é da sua conta. - O outro respondeu, curto e grosso. Sentia sua respiração acelerada com aquela aproximação súbita.

            - Não, doze não. Deve ter oito anos, aposto que nem beijar alguém você beijou.

            - Claro que eu já beijei pessoas. - Respondeu, sem conseguir se controlar com aquelas provocações. 

            - Então me mostre. - Sanji se encontrava a centímetros de Roronoa. Zoro quis arrancar aquele sorriso da cara do loiro, sentia sua cabeça quente.

            Mas ao invés disso ele simplesmente obedeceu e quebrou a distância que separava seus rostos. Sanji arregalou os olhos. É claro que era o que ele queria, mas não achava que fosse de fato acontecer. Foi questão de segundos para que ele processasse a informação e se movesse. Não foi particularmente bonito, foi um beijo molhado e urgente de um desejo que aguardou dez anos para se realizar.

            Foi quando suas mãos começaram a explorar lugares interessantes que o sino tocou, fazendo-os pararem com um pulo.

            Sanji olhou para a porta e se deparou não apenas com Zeff, mas com a velha equipe do Baratie inteira congelada na porta. Todos piscaram perplexos com a cena, seguravam balões e bombas de confeti.

            - Feliz aniversário...? - Zeff disse, parecendo mais confuso do que nunca e em um instante todos se espremeram para sair correndo, fechando a porta com um ruído.   

            Zoro rapidamente desceu da banqueta, agarrando seu embrulho, desleixado.

            - Bom, eu - Gaguejou, seu rosto corado. - eu já vou indo. - Disse. Aquele susto evaporou o álcool que impedia que seu cérebro funcionasse da forma devida. Rapidamente caminhou em direção a saída.

            - Espera! - Sanji exclamou. Zoro se virou para ele com a mão na maçaneta. - O que você gosta de comer na ressaca? - Perguntou. Roronoa piscou, sem conseguir processar a pergunta aleatória:

            - Na ressaca? - Indagou, estupidamente.

            - É. O que você vai ter amanhã. - O loiro falou, balançando a garrafa de sake completamente vazia. - O prato do dia amanhã é rámen. Talvez você queira almoçar rámen. Por causa da ressaca. - O outro piscou novamente:

            - Rámen é bom. -Disse simplesmente, sua língua se enrolando nela mesma. Em seguida saiu.  Sanji tentou conter um sorrisinho persistente.

            - Calor de merda. - Murmurou, sentindo seu rosto queimar.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler minha história, espero que tenha gostado.

Espero também que deixe um comentário. Caso tenha encontrado erros de ortografia ou queira fazer alguma crítica construtiva, não hesite. ♥

Até a próxima :)



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