É engraçado como as coisas sempre mudam para mim. Em uma manhã eu era apenas Elizabeth Feels uma jovem de 19 anos em busca de emprego, hoje, menos de 24 horas depois, sou Elizabeth Feels uma jovem de 19 anos e estou no inferno. Como isso aconteceu? Simples! Fui atropelada em frente ao café, onde fui deixar meu primeiro currículo e tomar café da manhã. Pensando bem pelo menos não morri com fome.
O engraçado foi que eu não senti dor alguma, não gritei em pânico ou vi minha vida passar diante de meus olhos, eu simplesmente morri em uma pancada turbulenta contra um carro qualquer que passou em alta velocidade.

Agora vem a pergunta que todos devem está se fazendo, como sei que estou no inferno?
Outra resposta fácil, conheci pessoalmente o diabólico Lúcifer ーnem um pouco auto explicativoー um cara, se é que posso chamar ele assim, com temperamento narcisista e um ego do tamanho de sua fama.
Agora estão se perguntando da aparência dele, certo? Bom, Lúcifer não é como todas as pessoas pensam, não tem chifres, pele vermelha,um rabo pontudo, asas assustadoras ou cascos de bode. Não, ele é basicamente parecido com um homem humano bonito de 30 anos, pele e olhos claros como  dos Europeus, cabelos na altura dos ombros em um castanho dourado ondulado e possuía asas. Asas essas com penas brancas que quase brilhavam na escuridão da masmorra.

Agora outra pergunta deve estar ecoando em suas cabeças, por que diabos eu estou em uma marmora? Essa é um pouco complicada de se responder. Eu não sei exatamente, mas ao que tudo indica, não era pra mim ter morrido nesse acidente. O poderoso chefão, veio pessoalmente me ver depois que eu “acordei” em uma das salas de “boas vindas”.

ー Nem sei por que estou no inferno. - resmunguei sentada em uma cadeira no que parecia ser o escritório da masmorra, um lugar pouco iluminado por sinal.
ー Você criança, cometeu pequenos roubos, desejou a morte de semelhantes, riu de calamidades e contou inúmeras mentiras. Ainda quer saber o porquê de estar no inferno? - sua voz grossa e fria me respondeu enquanto me encarava com olhos verdes brilhantes, olhos estes que brilhavam de maneira sobrenatural.
ー Mas e todas as coisas boas que eu já fiz? Não anulam as coisas ruins? - cruzei os braços em irritação por pouco tempo, já que me lembrei com quem estava lidando.
ー Criança tola, não existe essa de anular as coisas ruins que já fez com coisas boas, você fez coisas que o seu Deus julga errado, por isso ele não te aceitou no reino dos céus. Eu por outro lado, não tenho escolha a não ser recolher sua alma em meu reino em troca de lealdade. - sua aura transbordava escuridão e promessas de quão assustador seria se eu não me juntasse a ele.
ー E o que acontece com aqueles que não aceitam sua oferta? - minha voz saiu em um sussurro medroso, não sei dizer exatamente o porquê disto, mas a aura que seu corpo transmitia me fez temer. Sua risada me fez encolher na cadeira, era uma risada maníaca, quase como a de um louco psicótico.
ー Por que você acha que estamos em uma masmorra? Não consegue ouvir os gritos? Sentir o calor sobre humano? Ouvir as lamentações, rezas, pedidos de ajuda e clemência? Essa é minha prisão. - fez uma pausa se deleitando com os olhos fechados de algo que eu não conseguia escutar ou sentir. ー Aqueles que me negam, são presos em sua versão particular de inferno. Alguns estão no inferno tradicional com rios de fogo e demônios, outros em um lugar escuro com criaturas horrendas, no entanto todos sabem quem eles devem chamar e aceitar para sair de seu inferno. Mas nem todos são inteligentes o suficiente para aceitar o caminho mais fácil para o seu destino.

Quando terminar de falar consigo escutar os gritos e o calor insuportável. Tudo ecoa em minha mente e corpo de forma tão repentina que sinto minha cabeça doer e ânsias , não sou capaz de viver assim. Sou fraca demais pra viver em meu inferno. Quando olho novamente para Lúcifer sei minha resposta e tenho certeza que ele também, seu sorriso perverso diz isso.

ー Qual a sua resposta, criança? - a ansiedade estava estampada em sua face angelical/demoníaca.
ー Você tem minha lealdade, Lucifer.
ー Então temos que assinar o acordo. - o grande “homem” se levanta e suas asas se arrumam elegantemente em suas costas, seu terno preto completamente alinhado a sua estrutura o faz parecer sexy, mas o que é que eu estou pensando, Lúcifer não pode ser sexy, ele é o mal no mundo! Percebo tarde demais que ele está parado em minha frente com um sorriso arrogante.
ー Está pronta para assinar o acordo de lealdade, Elizabeth Fells?

Concordo com a cabeça desviando o olhar para sua mesa em busca do tal acordo para assinar. Sou pega de surpresa quando sua mão toca meu rosto, o seu calor atinge meus ossos e solto um suspiro estrangulado. Seus dedos vagam por meu rosto e não consigo desviar meus olhos de seu rosto, sua mão esquerda segurou meu queixo enquanto a direita envolve minha cintura aproximando nossos corpos. Nossos lábios se tocam e sinto uma corrente elétrica me atingir vindo de seu corpo me passando fogo líquido, sua língua invade minha boca a procura da minha e travamos uma batalha onde nenhum ganhador é necessário.
Mesmo com os olhos arregalados em espanto não consigo me afastar dele, é como se uma atração fatal nos aproxima um do outro. E como tudo começou acabou, Lúcifer se afastou de  com o sorriso arrogante de vitória em seu rosto devido ao espanto estampado no meu.

ー O acordo é fechado com um beijo no diabo.