Faltava muito pouco para que a escuridão se dissipasse por completo no céu do Novo Mundo. O sol que raiava em mais uma manhã, parecia avisar de mansinho que o dia seria quente. Nas águas mais fundas que as da praia, embora ainda relativamente próximas à terra, o navio dos Chapéus de Palha se encontrava atracado.

― Isso! ― urrou, de alegria e alívio, Usopp, que tinha um palito em suas mãos, acompanhado do lamento de Nami, que segurava um menor.

― Bem, então quem vai ficar com o Luffy durante o dia é a Nami ― Franky pronunciou o anúncio, fazendo com que os outros Mugiwaras começassem a se dispersar para fazer o que lhes agradava mais.

― Boa sorte, Nami. ― Divertiu-se o atirador, risonho por ter escapado de ficar de babá do companheiro.

A ruiva apenas encarou de cara feia o moreninho, que vinha com sua mochila ― aonde guardava seu precioso lanche ― e logo percebeu a expressão nada amistosa da navegadora.

― O que foi, Nami? ‘Tá com dor de barriga? ― perguntou de forma inocente, o que fez algumas veias saltarem da testa da garota.

― Cala a boca e vamos de uma vez!!! ― berrou arrastando o amigo para fora do navio pela alça da mochila.

― Você ‘tá brava por que? ― reclamou enquanto era arrastado de mau jeito, mas não obteve resposta.

Assim que se ajeitaram dentro do mini-Merry, na água, a ruiva suspirou pesadamente, lamentando-se interiormente por ter tido o azar de tirar o menor palito.

― Da próxima vez que for sorteada eu ameaço o Usopp de morte pra ir no meu lugar ― murmurou para si mesma, resmungando. Os ouvidos de Luffy, no entanto, não deixaram aquela escapar.

― Eu gosto quando você vem comigo ― afirmou sem pensar muito no que falava. ― É mais divertido com você comigo! ― Animou-se, sorrindo, e deixando Nami um tanto quanto desconcertada pela grosseria anterior.

― Por quê? ― perguntou após pensar um pouco melhor sobre as palavras recém-ditas do capitão, o que o deixou levemente confuso. ― Por que é mais divertido comigo se eu sempre quero te impedir das coisas e controlar tudo o que você faz? ― repetiu a pergunta, agora de forma mais completa.

― Porque eu gosto de estar com você. ― Abriu um pouco mais seu sorriso. ― Eu não sei explicar, ― Parou por um segundo, levando a mão ao queixo, em uma careta pensativa ― eu só gosto muito de ter você do meu lado. ― Deu de ombros, voltando a sorrir abertamente.

Por alguns instantes, a ruiva observou seu capitão sorrindo-lhe amistosamente, demonstrando naquele sorriso o quanto estava sendo sincero. Por um minuto sentiu-se desconfortável, mas logo sorriu de volta, deixando a carranca mal-humorada de lado. Aparentemente, as coisas mais belas que ela ouvia sair da boca de seu capitão vinham nas palavras mais simples e nas situações mais inusitadas. Pensando melhor, talvez a partir daquele momento ela passasse a enxergar seus dias de “babá do Luffy” de um jeito diferente, porque era isso que ele fazia o tempo todo: mudar a perspectiva das coisas sem nem mesmo intencionar para tal.