O calor tomava conta do ambiente, o sol estava forte e radiava sobre meu rosto. Quase passando a hora do almoço e todos do Sunny Go estavam sofrendo com aquele clima pesado.

Nós esperávamos o Sanji, que estava na cozinha acabando de preparar o almoço, enquanto isso Robin lia um livro, sentada em uma mesinha, onde ela usava um chapéu para se proteger do sol. Chopper estava sentado na outra cadeira daquela mesinha, encarava a morena e ficava resmungando sobre o quanto calor estava. Não muito longe deles estava Zoro tirando um cochilo.

Franky estava fazendo reparos no navio, mas estava tão irritado com o calor que as vezes ele aparecia por lá para entrar na cozinha e pegar um refrigerante gelado para se acalmar. Já Brook estava com seu violino na mão, mas não conseguia tocar. Mesmo ele sendo feito só de ossos ele sofria também com o clima.

Eu estava encostada no deck e sentada no chão, encarava Luffy que estava deitado e resmungando. Mesmo ele sendo sempre animado até me irritar, hoje o calor tinha vencido ele.

— Nami... — Ele virou a cabeça e olhou para mim. — Está muito calor.

— Sério? Eu nem percebi! — Virei meu rosto para o lado, não conseguia ficar animada em uma situação dessas.

— Nami, você pode me abanar?

— Eu posso te bater em troca? — Ele acabou nem respondendo, só resmungando outra vez.

Eu olhava o Luffy reclamando do calor, era uma cena interessante de se observar, pois o moreno sempre estava empolgado por alguma coisa, pulando por aí, enchendo o saco das pessoas, inclusive o meu, mas hoje ele estava quieto, reclamando quieto no seu canto.

— Pessoal! — A voz vinha de cima, do ninho da gávea, onde Usopp estava. Todos olharam para cima e encontravam o atirador com um binóculo. — Estou avistando uma ilha!

E então toda aquela desanimação de Luffy que eu tinha dito anteriormente tinha sumido. Não se importando com o calor e mais nada, ele se levantou em uma fração de segundos e correu para a borda do barco.

— Uma ilha? Como ela é, Usopp? — Ele esticou os braços e tirou o binoculo de Usopp e tentou ver alguma coisa, mas logo desistiu pois não enxergava, talvez seria porque ele segurava o binoculo de ponta cabeça. Voltou ao deck e sentou na cabeça do leão do navio e abriu um grande sorriso.

Eu acabei levantando e fui até ao seu lado. Depois da animação de Luffy, os outros voltaram a fazer o que estavam fazendo antes. Olhei para Luffy e ele estava com um grande sorriso em seu rosto.

Aquele sorriso era de animação, que uma nova aventura iria começar, que ele estava empolgado para encontrar algo novo e diferente naquela ilha. Um sorriso que não podia desmanchar do rosto de Luffy por nada, nem pelo calor que fazia naquele momento.

Um sorriso como se fosse uma onda se chocando como uma pedra, que não poupa esforços, se espalhando grandioso por seu rosto, demonstrando cada batida acelerada de um coração que busca por novidades e aventuras. Um sorriso fácil, de quem já viu muita coisa e por isso sabe que ainda há muito para se ver.

— Ei! — Todos olharam em direção a cozinha onde se encontrava Sanji. — A comida está pronta.

E mal pude notar que Luffy já tinha saído do meu lado e tinha corrido para a cozinha. Logo voltou segurando um pedaço enorme de carne, todo feliz e animado para comer logo aquele pedaço de carne.

Nem me dei conta quando Sanji me chamou para comer, pois estava pensando como era engraçado aquela cena. O sorriso de Luffy era apressado, afinal, logo seria interrompido por mordidas que fariam aquela carne ser esquecida, mas ainda assim era engraçado, meio nervoso, como se estivesse encarando algum tipo de formalidade ou algo especial para ele, diferente da descontração que ele apresenta em momentos realmente sérios.

— Estou satisfeito! — Luffy deitou-se no chão e se espreguiçou. Como era normal dele, ele iria tirar um cochilo ali mesmo e foi assim que fez, fechou os olhos e começou a dormir, já roncando, que até todos ali olharam e riram.

Encarei Luffy e ele esboçava um terceiro sorriso, diferente de antes quando ele estava empolgado ou comendo, seu sorriso era menor, mas ainda assim me fez perceber algo, dizem que relaxamos os músculos quando dormimos, não? É como se o natural dele fosse estar sempre sorrindo, sem preocupações, otimista mesmo nos seus sonhos, tão inocente. Só ele para desafiar o senso comum assim, me perguntava com o que estava sonhando.

Cada sorriso de Luffy era diferente, pelo menos para mim. Eu comecei a notar eles aos poucos e quando fui perceber eu só pensava nisso. Comecei a dar nome as emoções e expressões que ele expressava, comecei a achar que estava louca fazendo isso, mas admiti a mim mesma que só gostava de observar.

As expressões de Luffy iam das mais calmas até as mais empolgadas, como quando ele estava em uma luta. Mesmo sério, ele se sentia empolgado a lutar contra o inimigo, e assim as vezes escapava um sorriso de seu rosto.

Era como se fosse um instinto animal onde se exibe algo para intimidar seu inimigo, grande e confiante, sorrindo e encarando o perigo. Embora se tratando dele, sei muito bem que aquilo poderia ser usado para dar uma mordida em alguém despercebido. Mas, talvez, para mim não seja intimidador, se ele está sorrindo mesmo em luta, é porque tudo está bem.

Outro sorriso interessante de Luffy era quando ele sorria até gargalhar, depois de uma brincadeira besta que ele fazia com Chopper e Usopp, ele não aguentava e começava a rir alto, era um riso gostoso, empolgante, se fosse em uma situação realmente engraçada diria que era impossível não acompanhar seu riso.

Não somente isso, seus olhos pareciam acompanhar o momento, fechados e apertados, um conjunto como uma obra de arte, de um grande palhaço, perdendo o ar e se debatendo, era mais fácil rir da sua risada do que da própria piada.

E pensando assim, Luffy tinha um carinho especial com seus companheiros, ele mostrava confiança e amizade em apenas um sorriso. Nesse sorriso todos pegavam sua força, como uma fonte, um gole de determinação para cada.

E a reciproca era a mesma, ter alguém para aquele sorriso parecia ser importante para ele, quando estava frente a algo, virar para a gente e sorrir, naturalmente, seu icônico sorriso largo e espontâneo, era a salvação para os bons e maus momentos pelos quais nós passamos, um sorriso que deveria estar estampado na nossa bandeira.

Luffy é uma caixinha de surpresas, mesmo eu citando todos essas expressões dele, sempre algo novo surgia quando se tratava dele, mas tinha algo que eu tinha certeza que nunca mudaria, algo que só eu poderia notar e ver todo dia. Tinha apenas um sorriso que só eu poderia ver, ele era exclusivo para mim.

Como poderia explicar com palavras? É como se por uma fração de segundos ele olhasse em meus olhos antes de decidir sorrir, ao contrário das outras vezes que seu sorriso tomava conta de seu rosto naturalmente, é como se ele quisesse sorrir, por quê? Nossos olhos se encaravam, ele deveria apenas fechar os olhos como sempre faz, não sei dizer exatamente o misto de emoções que esse sorriso me traz, mas de uma coisa eu sei, esse é o meu sorriso.

E quando eu percebi, Luffy tinha acordado e estava me encarando, sorrindo. Eu senti minhas bochechas queimarem um pouco e olhei para o lado.

— Por que está me olhando?

— Nada. — Ele me respondeu, dando uma risada leve. — Seu sorriso é diferente Nami.

— O que está querendo dizer? — E quando olhei para ele de novo ele já tinha fechado os olhos para dormir de novo. Demorei um tempo para entender o porquê ele tinha dito aquilo, mas por fim só sorri.

Ele estava sorrindo daquele jeito de novo, só para mim. E por causa disso eu tenho a total certeza que eu sou o motivo para esse sorriso.