Consequências do Amor escrita por Rah Forever, Reh Lover


Capítulo 7
Capítulo 7 - Uma Preocupação, Um Desentendimento


Notas iniciais do capítulo

Oii gente! ❤ Aqui está o próximo capítulo, esperamos muito que vocês gostem.

Desculpem a demora pra postar, é que tivemos muitas provas e trabalhos pra fazer, então não deu pra escrever muito. ❤

Queremos agradecer a Gabriella Santos por ter favoritado a fic. Obrigada, linda ❤

Muito obrigada as lindas que comentaram:

- Leitora Tinista
- Duh Leon
- Germangie 17
- ViolettaS2
- Gabriella Santos
- Love Angie

Temos as melhores leitoras/leitores do mundo! ❤ Vocês não fazem idéia do quanto nos incentivam a escrever. Obrigada pelo apoio! ❤

POSTAREMOS O PRÓXIMO CAPÍTULO COM MAIS 7 COMENTÁRIOS ❤

Boa leitura ❤



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/738479/chapter/7

         

                      "Pages
                                 Between us
                                 Written with no end
                                 So many words were not saying
                                 Don’t wanna wait till it’s gone
                                 You make me strong"

                                      * Strong 

                               ( One Direction )

  

 

                                    NARRADORA

 


Nem German, nem Angie sabiam o que dizer naquele momento. Apenas se entreolhavam como se nunca tivessem se visto na vida.

 

Angie desejou que tivesse sido Olga ou Ramalho que atendesse a porta. Ou até mesmo Priscilla, mesmo que Angie não sentisse empatia por ela.

 

Ficar perto de German não era uma coisa que Angie considerava boa para sua sanidade mental.

 

German queria dizer tantas coisas à  Angie; queria se desculpar pelo que fizera, mesmo que soubesse que o beijo significou muito para ele, e mesmo que não devesse ter ocorrido, ele não fora de fato um erro. German se arrependia por ter ido contra seus princípios e pelo que fizera com Angie e Priscilla, mas não poderia - mesmo que devesse - considerar aquele beijo como um erro. O momento que tiveram foi de alguma forma especial e uma parte de si que German pensou estar adormecida veio a tona, sem que ele pudesse refrear aquele sentimento.

 

Angie pigarreou, não queria prolongar o momento embaraçoso.

 

— Olá, German. - A loira cumprimentou sem olhar nos olhos de German.

 

— Olá, Angie.

 

— Eu vim ver a Vilu. Ela me contou que não estava se sentindo muito bem. - Explicou, agora encarando German. - Como ela está?

 

— Não está muito bem, está com febre e um pouco de tosse.

 

O semblante de Angie tornou-se preocupado. A sobrinha raramente ficava doente.

 

— Não fique assim, Angie. - German disse, a voz calma. - Vamos torcer para que seja apenas um resfriado ou algo do tipo.

 

— Eu espero que sim.

 

German queria confortar Angie. Não gostava de vê-la tão preocupada, mesmo que ele não aparentasse estar se sentindo diferente. Afinal, Vilu era sua filha e tudo que afetava ela também o afetava.

 

— Posso entrar? - A loira perguntou com um sorriso leve, já que German estava impedindo sua passagem.

 

— Ah, é mesmo. - Ele devolveu o sorriso com um pouco mais de intensidade do que Angie, e abriu espaço pra que ela passasse.

 

Os dois subiram as escadas em silêncio.

 

Chegando ao andar superior, eles entraram no quarto de Vilu, que se mantinha deitada de lado com o cobertor cobrindo-lhe até os ombros.

 

Angie se aproximou da sobrinha com o coração na mão. Era difí­cil ver Vilu doente, por mais que talvez ela apenas tivesse contraído um resfriado. Quando elas se falaram não parecia que Vilu estava tão mal quanto sua aparência acusava.

 

— Angie! - Vilu disse com a voz um pouco mais baixa que o normal e rouca, abrindo um sorriso leve, enquanto se ajeitava para sentar-se.

 

— Ah, Vilu… Me dói tanto te ver assim. - Angie confessou ajudando Vilu a sentar-se confortavelmente, logo depois dando-lhe um breve abraço. - Como se sente?

 

— Melhor agora com você aqui, tia. - Falou carinhosa. - Vocês não precisam se preocupar tanto assim comigo. Vocês vão ver, o médico vai falar que eu tenho apenas um resfriado ou uma gripe. - Disse relanceando o pai e a tia.

 

German se aproximou da filha e sentou-se na cama igual Angie fizera.

 

— Como você pode pedir a um pai que não se preocupe com sua filhinha? - Perguntou de maneira retórica.

 

— Não se preocupando, claro. - Vilu brincou, fazendo a tia e o pai rirem, aliviados. - Eu sei que a minha aparência não está tão boa mas não precisam exagerar.

 

German e Angie olharam um para o outro e sorriram, sorrisos que não duraram mais que alguns segundos já que Vilu teve um ataque de tosse logo em seguida, o que fez com que os dois imediatamente se preocupassem com a garota.

 

— Calma, já passou. - Vilu tentou tranquilizar os dois adultos, que olhavam pra ela com carrancas tão preocupadas. - Acho que vou tirar um cochilo, estou me sentindo um pouco cansada.

 

— Claro, meu amor. Descanse. - Angie afofou o travesseiro de Vilu e ajudou a garota a se acomodar, enquanto German ajeitou o cobertor sobre a filha.

 

— Vocês podem fazer um favor pra mim?

 

— Claro, filha. O que você quiser. - German afirmou e Angie assentiu.

 

— Podem cantar pra mim dormir? - Vilu pediu tão serena, que nem German nem Angie conseguiram negar o pedido.

 

— Que música você quer que a gente cante? - Angie perguntou acariciando o cabelo da sobrinha.

 

— Habla Si Puedes.

 

German não entendia porque de tantas músicas boas que existiam no mundo, a filha escolhera justamente aquela que ele menos se sentia a vontade em cantar. A música era bonita, mas diante do que se passava entre ele e Angie não julgava ser muito adequado cantarem ela. Mas ele nunca poderia negar o pedido da filha.

 

Angie também não se sentia muito a vontade em cantar com German. Dado os seus sentimentos por ele, ela não julgava ser uma boa ideia cantar com ele. Pra ela não importava se iriam cantar Habla Si Puedes ou Atirei o pau no Gato; o que realmente a preocupava era o fato de que ela teria de cantar com German e ambos já sabiam que sempre que eles faziam algo juntos as coisas acabavam saindo do controle. Mas ela era capaz de tudo por Vilu, e se a garota queria que ela e o pai cantassem para ela dormir, Angie não se iria se opor.

 

Vilu fechou os olhos e anunciou com a voz já embargada pelo sono:

 

— Podem começar.

 

Angie e German se entreolharam com certa intensidade, e coincidentemente, começaram a cantar no mesmo instante.

 

A principio eles até tentaram cantar olhando para qualquer outro lugar que não fosse um para o outro, mas não demorou nada para que seus olhares se encontrassem.

 

Por mais que os dois quisessem esconder seus sentimentos um do outro, não podiam. Os sentimentos que nutriam eram fortes demais para que passassem batidos, então naquele momento foi por meio da música que eles deixaram a mostra seus sentimentos um pelo outro. Já que não podiam dize-los cara a cara. Era mais fácil cantar do que assumirem o que sentiam em voz alta.

 

No meio da música Violetta já havia adormecido, mas nem German e nem Angie perceberam de tão envolvidos que estavam pela música.

 

German cantava olhando diretamente nos olhos de Angie, para aqueles olhos geralmente tão vivos, mas que ele os tinham feito derramar lágrimas no dia anterior. Lagrimas que nunca teriam caí­do se ele tivesse se afastado de Angie. Mas por mais que tentasse, não conseguia. Havia algo em Angie que sempre o fazia anciar estar com ela.

 

Com Angeles não era diferente. Ela se mantinha perdida nas profundezas dos olhos de German. Mesmo que lutasse para desviar o olhar, que já durava mais do que deveria, ela não podia. Queria poder parar de cantar, mas se sentia conectada ao momento e a todas as miríades de sentimentos que compartilhavam.

 

Mesmo após o último verso ter sido cantado, os dois ainda continuavam hipnotizados. Os sentimentos não ditos em voz alta ainda pairavam sobre eles. Tinham medo de que se dissessem algo poderiam estragar o momento que partilhavam.

 

Antes que pudessem dizer ou fazer algo, alguém bateu na porta, fazendo com que Angie e German saíssem abruptamente do estorpor em que ambos se mantinham presos.

 

— Entra. - German disse, se colocando de pé.

 

Olga adentrou o cômodo e logo de cara percebeu que algo havia acontecido entre seu patrão e sua amiga, mas não era pra isso que ela subira até o quarto de Vilu.

 

— Com licença. - Falou educada. - O médico acabou de chegar.

 

— Mande-o subir, por favor Olga. - O moreno pediu, resoluto.

 

— Claro. - A empregada assentiu.

 

                                     (…)

 

                                   ANGIE

 

 

Eu queria ter ficado com Vilu durante toda a consulta, mas meu celular tocou e eu saí­ pra atender. Por outro lado era melhor assim já que o médico parecia estar um pouco irritado com as muitas perguntas que eu e German fazíamos à ele.

 

Logo que atendi a ligação, a voz de Brenda me cumprimentou, alguns decibéis mais alta:

 

— ANGIE! Que saudade! - Minha melhor amiga falou mais alegre que o normal, quase gritando; tive até que afastar o celular do ouvido. Ri com sua animação.

 

— Brenda! Também estou morrendo de saudades. - Confessei sorrindo.

 

— O apartamento fica tão vazio sem você.

 

— Aposto que sim. - Respondi e Brenda riu.

 

— Que convencida! - Devolveu.

 

Eu sentia tanto a falta de Brenda. Desde que nos conhecemos meses atrás quando eu me mudei pra Paris e comecei a trabalhar com ela no You Mix, ela foi a primeira pessoa que me fez sentir em casa na França. Viramos melhores amigas rapidamente e passamos a morar juntas. Brenda se provara uma amiga de verdade, com a qual eu sempre podia contar.

 

Conversamos por bons minutos. Logo que terminei a ligação, voltei pro quarto e encontrei German sentado ao lado de Violetta que pelo jeito voltara a dormir. O médico pelo jeito já fora embora.

 

German olhava pra ela com um misto de carinho e preocupação.

 

— É difícil vê-la assim, não é? - Falei quebrando o silêncio, evidenciando minha presença.

 

German ergueu o olhar até mim e com um sorriso que não lhe chegava aos olhos, respondeu:

 

— Demais.

 

Eu tive tanta vontade de abraça-lo naquele momento. Queria ver um sorriso verdadeiro em seu rosto. Queria tirar o olhar preocupado que nublava seus olhos tão lindos e profundos.

 

— O que o médico disse? - Perguntei me sentando de frente pra German, a uma distância confortável.

 

— Ele disse que Vilu apenas esta gripada. O Ramalho já foi comprar o remédio que o médico recomendou - Informou. - Em pouco tempo ela já deve estar melhor.

 

— Você está tentando convencer a mim ou a você mesmo? - Eu não pretendia de fato dizer isso, mas antes que percebesse o que ia dizer, eu já havia falado.

 

— Não sei. - Me espantei com sua sinceridade. Quem dera ele fosse sempre sincero com seus sentimentos…

 

— Desculpa. - Pedi. German não precisava de mais coisas para ocupar seus pensamentos.

 

— Não se desculpe. - Disse e voltou a mirar a filha.

 

Me partia o coração ver que mesmo sabendo que Vilu estava apenas gripada, German ainda aparentava preocupação.

 

Me desloquei alguns centímetros ­à frente.

 

— German… - Ele elevou o olhar a mim, de maneira quase automática. - Por que mesmo sabendo que é só uma gripe você está assim? Eu entendo que Violetta é sua filha e você se preocupa com ela… mas por que ainda está assim?

 

German não disse nada apenas respirou fundo e voltou a encarar Violetta. Pensei que ele não me responderia, mas antes que eu pudesse interoga-lo novamente, German começou a contar:

 

— Você sabe mais do que ninguém como perder Maria causou grandes impactos em mim… Perder alguém que se ama é um dos piores sentimentos que existem.

 

— Eu sei. - Concordei, mas German nem pareceu notar, parecia estar longe daqui, há quilômetros de distância. Seu olhar continuava focado somente em Vilu que descansava tranquilamente, totalmente alheia a intensidade do momento.

 

— Eu tinha tanto medo de passar por tudo isso novamente, que privei a pessoa mais importante da minha vida de seguir seus sonhos… - German fechou os olhos com força. Eu sabia que não devia estar sendo nada fácil pra ele dizer tudo aquilo. Era evidente que era doloroso pra ele me contar aquilo. - Durante anos velei o sono de Violetta, todo dia antes de dormir eu me sentava ao lado da cama dela e observava minha filha dormir. Ela foi o que me deu força para seguir em frente.

 

German soltou o ar com força para logo depois levar uma lufada de ar ao peito. Quando ele abriu os olhos, tudo o que eu enxergava era dor.

 

Eu tinha total consciência de como doí­a perder alguém amado. Era uma dor que nos consumia, uma dor que parecia que nunca iria acabar.

 

— Sempre que Vilu ficava doente, mesmo que isso não acontecesse com tanta frequência, eu me preocupava mais do que o normal. Tinha medo de perde-la, por mais nocivo que fosse o estado em que ela se encontrava. Violetta é a coisa mais preciosa pra mim, tudo que a afeta, me afeta também. - Revelou. - Sei que pode parecer bobo mas… Mesmo ainda hoje em dia eu continuo me preocupando excessivamente com ela, sei que é apenas uma gripe e parece loucura... mas não consigo deixar de temer por ela.

 

German finalmente voltou seu olhar a mim. Por um instante ele pareceu mais velho do que aparentava.

 

Seus olhos intensos e cheios de emoção me fitavam, desolados.

 

Não consegui me conter. Me joguei nos braços fortes de German, que me receberam com uma urgência que eu não esperava. Seu pescoço se encontrava recostado em meu ombro. Eu conseguia ouvir suas respirações desreguladas, tão parecidas com as minhas.

 

Eu queria poder tirar aquele sentimento de medo e perda que German carregava consigo naquele momento. Partia meu coração ver o quanto o assustava ver a filha doente, mesmo que uma gripe estivesse longe de significar um risco grave à saúde de Violetta.

 

— Eu não acho que isso seja bobo. - Sussurrei próximo ao ouvido de German.

 

German respirou fundo e se afastou um pouco para me encarar.

 

Ele parecia bem mais calmo. Para meu alívio, parte da preocupação parecia ter ido embora de seu rosto másculo.

 

— Se sente melhor? - Perguntei entrelaçando suas mãos às minhas.

 

German me encarou, um sorriso iluminou seu semblante, pouco antes nublado de dor.

 

— Muito melhor. Obrigada. - Disse elevando minha mão aos lábios e depositando um beijo carinhoso, uma demonstração de afeto que não passou despercebida pelo meu coração, que bateu acelerado em resposta.

 

— German, eu te entendo. Perder alguém importante pra nós nos torna receosos em relação às pessoas que nós amamos. Queremos proteger elas a todo custo. Ter medo é normal, quem diz que não teme nada é hipócrita, todos tememos algo. Mas devemos sempre seguir em frente, é a melhor opção. Você não vai perder Violetta, não precisa se preocupar…

 

— Eu sei. É que Vilu nunca fica doente e eu fiquei apavorado com a possibilidade de… - Um resqui­cio de dor voltou ao seu semblante.

 

Eu sabia quais seriam as próximas palavras que sairiam de sua boca, então me antecipei e disse:

 

— Shiuu… eu sei. Não precisa dizer nada. - Uni suas mãos as minhas, numa tentativa de tranquiliza-lo de alguma forma. E pareceu funcionar, já que os cantos de seus lábios se ergueram em um sorriso capaz de virar meu mundo do avesso.

 

— Você é tão forte. - Disse, me lançando um olhar de admiração. Senti minhas bochechas queimarem. Eu não era muito boa em receber elogios.

 

— Obrigada. - Agradeci sorrindo timidamente. - Você também é German, só as vezes não se dá conta disso.

 

German me lançou outro de seus sorrisos. Dessa vez retribui com a mesma intensidade.

 

Meu olhar se desviou para nossas mãos entrelaçadas. German acariciava minhas mãos com os polegares em uma leve carícia.

 

Eu provavelmente deveria estar brava com ele por causa de tudo que aconteceu ontem, mas vê-lo naquele estado fez com que a raiva fosse embora, por hora pelo menos. O fato era que eu não conseguia ficar irritada com German enquanto ele estava naquele estado de preocupação.

 

Meu olhar se voltou para o moreno sentado à minha frente. Ele ainda me olhava com um sorriso capaz de derreter o Polo Norte e de fazer meu coração maluco palpitar.

 

— Adoro seu sorriso. - Disse, e imediatamente soltei minhas mãos das suas, saindo do estorpor em que me mantinha presa com German. O sorriso se esvaiu do meu rosto. Por quê ele tinha sempre de dizer essas coisas? Isso piorava tudo. E por que meu coração tinha de reagir à isso?

 

— O que foi? - German perguntou confuso.

 

— Por que você sempre faz isso? - Devolvi me colocando em pé abruptamente.

 

— Isso o quê? - Ele repetiu meus movimentos, parando de pé ao meu lado.

 

— Deixa pra lá. - Balancei a cabeça como se não fosse nada de importante.

 

— O que é que está te incomodando? - German perguntou, inspecionando meu rosto a procura de uma resposta.

 

— Você não vê? As coisas entre nós vão ser sempre assim: Nós nos aproximamos, algo inesperado acontece entre nós dois e você ou eu temos de nos afastar e negar o que sentimos. Eu cansei desse ciclo. - Revelei, minha voz soando um tanto triste e melancólica.

 

— Angie... - German tocou minha mão e abriu a boca para falar algo, mas eu dei um passo pra trás, me libertando do seu toque delicado.

 

— Eu vou ver se a Olga está precisando de ajuda. - Disse olhando pra qualquer ponto do quarto, evitando mirar German.

 

Caminhei até a porta e saí. Eu não podia ficar nem mais um minuto naquele quarto, que parecia pequeno demais pra nós dois, nossos sentimentos e as palavras que não estávamos dizendo. Existiam tantas páginas entre nós dois escritas sem fim… Tantas palavras que não estavamos dizendo...


            Eu precisava sair dali e esfriar a cabeça.

 

                                      (…)

 

                              NARRADORA

 


          Logo que Angie perguntara a Olga se havia algo que ela podia fazer, a empregada logo lhe delegou uma tarefa: cortar tomates, já que a mesma precisava ir ao mercado. Angie não cozinhava tão bem, mas cortar tomates lhe pareceu uma boa opção. Pelo menos assim ela poderia focar sua atenção somente em uma coisa, mantendo assim sua mente ocupada.

 

Angie cortava a fruta como se estivesse com raiva. E ela estava. Tinha raiva por ainda deixar que seus sentimentos por German Castillo viessem sempre a tona. Queria conseguir controla-los, mas quando estava perto de German era tão difícil controlar o que sentia e fingir que estava tudo bem.

 

Ela continuou executando a tarefa, até quando alguém adentrou a cozinha e disse:

 

— O que o pobre tomate fez pra você, Angie?

 

Angie fingiu que não ouviu o que German dissera e continuou cortando com mais vigor ainda.

 

— Angie. - Chamou e novamente a loira não disse nada, o ignorando completamente.

 

German se aproximou da bancada, parando apenas alguns centímetros da loira. O que foi suficiente para que Angie se sobressaltasse, mas ainda assim ela continuou o que estava fazendo.

 

German também não disse mais nada. Preferiu ficar ali apenas observando Angie.

 

Ele queria conversar com ela; estava muito claro que a conversa que tiveram há pouco estava longe de terminar.

 

Ela não tinha ideia do quanto ele precisava dela. Do quanto ela o fazia forte. Nem da batalha árdua que ele guerreava toda vez que via Angie e tentava se afastar, mas era claro que ele não ganhara nenhuma das batalhas que travara. E como poderia?

 

German estava imerso em pensamentos e só voltou a si quando ouviu a voz de Angie.

 

— Aiii… Que droga! - Resmungou.

 

— O que foi? - German perguntou alarmado, mas não precisou de uma resposta, já que seu olhar logo se concentrou na mão de Angie. Ela havia cortado o dedo.

 

— Você precisa lavar isso. - German apontou, enquanto a levava ela até a pia. Por sorte Angie concordou sem fazer alarde.

 

German abriu a torneira e deixou que a água corrente lavasse o machucado, que por sorte não era muito grande e nem profundo.

 

German percebeu que Angie mal olhava pro corte, parecia até que estava evitando fazê-lo.

 

— Angie, você tem aversão a sangue?

 

— Tenho. - Respondeu finalmente encarando German. - Desde de criança.

 

— Eu não fazia ideia.

 

— Tem muitas coisas das quais você não tem ideia. - Disse sem pensar.

 

— Então diga algo que eu não faço ideia. - Pediu, desligando a torneira, enquanto a loira secava as mãos - Vamos lá, Angie.

 

Por que ela sempre dizia coisas desse tipo nos momentos menos propícios? E agora, o que ela responderia? Que o seu coração maluco ainda acelerava quando ele estava por perto ou quando olhava pra ela? Ou que seus sentimentos por ele pareciam aumentar cada vez que eles se encontravam?

 

Ela preferiu não responder. Apenas se afastou e foi até a sala. German a seguiu.

 

Angie abriu sua bolsa e retirou um band-daid, logo envolvendo-o ao redor do corte.

 

— Temos que conversar. - German falou, resoluto.

 

— Eu não acho que seja uma boa hora. - Ela devolveu. Não estava a fim de falar com ele naquele momento, precisava aliviar a mente antes.

 

— E quando será uma boa hora? - Quis saber, soando um tanto irritado. - Não podemos mais adiar essa conversa.

 

— E se eu não estiver com vontade de falar com você? - Respondeu, no mesmo tom que German usara. - O que você vai fazer? Me beijar de novo?

 

Antes que German pudesse lhe responder, ela saiu pisando duro. Sair da mansão e tomar um ar era tudo de que ela precisava.

 

Enquanto andava até seu carro a passos rápidos, sentiu uma mão forte agarrar seu pulso delicadamente. O simples toque, por mais delicado que fosse, fez Angie gemer de dor.



         - Aii. - Ela massageou o pulso dolorido, deixando German confuso e preocupado.

 

— O que foi, Angie? - Preocupou-se. - Eu te machuquei?

 

Ele ficava tão fofo quando ficava preocupado com ela, que Angie quase se esqueceu de que estava brava com ele. Quase.

 

— Não foi você. Eu bati hoje de manhã. - Explicou.

 

German tocou levemente o local dolorido, massageando o pulso machucado.

 

Angie quase gemeu, mas dessa vez não de dor, mas de alivio. Os movimentos eram tão leves e relaxantes, tão sutis e delicados comparados a mão forte e calejada de German.

 

Angie entre-abriu os lábios e suspirou, fazendo o olhar de German recair aos lábios avermelhados da mulher parada à sua frente.

 

Angie fechou os olhos, ampliando as sensações que aquele simples toque provocava.

 

German se aproximou, ficando a poucos centímetros de Angie, que notando a proximidade do moreno, abriu os olhos e o encarou.

 

Sustentaram aquele olhar por alguns segundos. Nenhuma palavra fora dita.

 

German observava Angie com fascínio. Ela era tão linda por fora quanto por dentro. Os olhos claros brilhavam. A luz do sol refletia nos cachos loiros criando nuances em dourado. Ele precisava tocar aquelas madeixas.

 

Sua mão criou vida própria e afastou delicadamente uma mecha dourada que caía sobre o rosto angelical de Angie, prendendo-a atrás da orelha. A tarefa era rápida e fácil, mas German a realizou como se tivesse todo o tempo do mundo, sem em nenhum momento desviar o olhar do de Angeles. Era como se ele estivesse acariciando a pele exposta do rosto dela.

 

Angie suspirou e German sentiu a respiração dela se encontrar com a sua. Estavam tão próximos.

 

Seguindo o exemplo de German, Angie tocou o rosto dele, sentindo a barba por fazer resvalar por entre seus dedos. Era uma carícia leve, mas para German a mão delicada e macia de Angie parecia fogo. O toque dela parecia criar um rastro de chamas por onde passava.

 

Em um movimento rápido e ágil, German enlaçou a cintura de Angie, e ela por sua vez, descansou a cabeça no peito forte de German.

 

Angie podia sentir as batidas descompassadas do coração dele, tão parecidas com as suas.

 

Ambos sentiam uma paz imensa os invadir. Todos os problemas que tinham deixaram de ser tão importantes naquele momento. O abismo que os separava, não existia mais.

 

O abraço se estendera por mais alguns poucos minutos.

 

— Angie… - German sussurrou, a respiração acariciando a pele da loira.

 

De repente Angie fechou os olhos com força, balançando a cabeça em negativa e se afastou, como se estivesse sonhando e de repente acordasse, tendo de voltar para a realidade.

 

— Eu tenho que ir. - Angie falou, a voz desprovida de qualquer emoção.

 

— Você não precisa ir embora.

 

— Eu não estou indo embora. Vou pra minha casa pegar algumas coisas pra passar a noite cuidando de Vilu, quero garantir que ela vai ficar bem. Isso se você não se incomodar. Tudo bem pra você? - Ela explicou, encarando os próprios pés.

 

— Sem problemas. - Ele respondeu cruzando os braços.

 

Angie não esperou que a conversa se prolongasse. Virou de costas e caminhou até seu carro, sentindo que German ainda a observava.

 

Logo que entrara no carro, colocara a chave na ignição e a girou, mas o motor não ligava.

 

Ela tentou outras vezes, mas nada acontecia. A cada tentativa frustrada, ela ficava mais irritada.

 

Após tentar uma última vez e receber o mesmo resultado frustrante, Angie segurou o volante com força e recostou-se no banco. Ela ficou assim até ouvir duas batidas na janela do motorista.

 

Ela olhou para o lado e viu que era German que batia.

 

— Quer uma carona? Eu te levo. - German perguntou. - Depois chamamos o mecânico.

 

— Não precisa. Eu vou a pé. - Angie disse e saiu do carro, batendo a porta do mesmo com força.

 

German bufou, como se estivesse cansado.

 

— O que custa você aceitar a carona?

 

— Essa não é a questão. Eu posso muito bem ir andando. - Falou e começou a caminhar.

 

— Por que você é tão teimosa? - Ele resmungou passando as mãos pelo cabelo, em um gesto de frustração.

 

Angie parou de andar e virou-se na hora.

 

— Eu não sou teimosa! - Levantou a voz.

 

— É sim, claro que é. - German respondeu no mesmo tom irritado.

 

— Não, não sou.

 

— É sério que nós vamos ficar discutindo uma coisa que já é um fato? - Ele perguntou, retoricamente.

 

— Sabe o que é um fato também? - Ela se aproximou, furiosa.

 

— O que? - Ele quis saber, irritado.

 

— A sua covardia.

 

— Eu não sou covarde!

 

— Faça-me o favor, German! - Devolveu, exaltada. - Como você pode negar?

 

— Da mesma maneira que você nega que é teimosa!

 

Angie lançou um olhar mordaz para German, o qual ele devolveu com a mesma raiva e intensidade.

 

— Não dá pra conversar com você, German Castillo! - Quase gritou.

 

— Como se desse pra conversar com você, Angeles Carrara!

 

— Quer saber de uma coisa? Me deixa em paz! - Angie disse irritada, virando-se e voltando a andar.

 

German respirou fundo e tentando se acalmar, chamou:

 

— Angie, por favor espera.

 

Ela parou e o encarou, para a surpresa de German, já que ele pensara que a teimosia dela não deixaria que ela parasse para escuta-lo.

 

— O que você quer? - Perguntou, a voz consideravelmente mais baixa.

 

— Eu levo você até a sua casa. - Propôs. - Podemos deixar nossas problemas de lado por pelo menos uns minutos?

 

— Tudo bem, eu concordo. - Ela cedeu. Era muito mais lógico aceitar a carona do que ir a pé, quanto mais rápido ela chegasse em sua casa e pegasse o que precisava, mais rápido voltaria para ficar perto da sobrinha.

 

— Vamos. - German disse, e ele e Angie seguiram até o carro de German estacionado poucos metros atrás do dela.

 

O trajeto até a casa de Angie fora silencioso. Nenhum deles ousou dizer uma única palavra.

 

Chegando a casa, Angie fora rápida e pegou tudo de que precisava para passar a noite.

 

Ela não considerava uma ideia tão boa dormir na mansão Castillo, mas por Violetta ela faria qualquer coisa, mesmo que isso significasse passar por cima do seu orgulho.

 

Logo que saiu de sua casa, avistou German que a esperava do lado de fora.

 

— Tudo pronto? - Ele perguntou.

 

— Sim. - Ela simplesmente respondeu.

 

German estava prestes a abrir a porta do carro para que Angie entrasse, quando a loira acabou se desequilibrando.

 

German fora rápido, enlaçara a cintura dela, dando-a apoio.

 

Angie recostou-se no carro; os braços fortes e rígidos de German ainda envolvendo-a.

 

Estavam tão próximos que suas respirações se cruzavam…

 

                                 (…)

 


                               * TRADUÇÃO:

 

                      "Páginas
                                 Entre nós
                                 Escritas sem fim
                                 Tantas palavras que não estamos dizendo
                                 Não quero esperar até ir embora
                                 Você me faz forte"

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? ❤ Comentem pra gente saber o que vocês acharam. ❤

POSTAREMOS O PRÓXIMO CAPÍTULO COM MAIS 7 COMENTÁRIOS ❤

Beijos, até mais❤



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Consequências do Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.