Consequências do Amor escrita por Rah Forever, Reh Lover


Capítulo 4
Capítulo 4 - Um Momento Difícil, Um Consolo


Notas iniciais do capítulo

Oiii gente ❤ Mais um capítulo novo pra vocês.

Obrigada a linda Duh Leon por ter favoritado, ficamos super felizes em saber que a fic tem agora mais um favorito ❤

Obrigada também as lindas que comentaram:
- Duh Leon
- LeitoraTinista
- GabriellaSantos

Obrigada meninas, os comentários de vocês nos incentivaram muito ❤

IMPORTANTE: Postamos o próximo capítulo com 5 comentários.

Desculpa pela meta de comentários mas é que a minoria que lê comenta e nós queremos muito saber o que vocês estão achando ❤

Boa Leitura!



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"You're never gonna be alone
From this moment on
If you ever feel like letting go
I won't let you fall
You're never gonna be alone
I'll hold you 'til the hurt is gone"

* Never Gonna Be Alone
(Nickelback)

             

                                                   ANGIE

Hoje completou mais um ano desde a batida de carro. Desde o acidente que tirou a vida da minha irmã. Eu queria poder esquecer esse dia e todas as lembranças ruins que ele trazia com ele. E além disso, esse seria o mês que o meu pai estaria completando mais um ano de vida.

Foi difícil levantar da cama com todas aquelas lembranças me atingindo de uma só vez. Minha vontade era ficar o dia inteiro na cama. Esperando a dor passar. Mas eu precisava seguir em frente, um passo de cada vez.

Pouco depois de me levantar, recebi uma mensagem de Vilu:

"Oi Angie, te encontro em frente ao cemitério às 11:30? Preciso muito de você lá comigo."

Me partiu o coração ler a mensagem de Vilu. Não demorei para responder:

"Oi Vilu, combinado. Estarei lá, também vou precisar muito de você ao meu lado."

Logo após, fui me arrumar. Geralmente eu tomava um café reforçado de manhã, mas hoje por incrível que pareça, eu não sentia fome. Não consegui comer nem mesmo uma bolacha de água e sal. A simples menção de comer algo, fazia meu estômago embrulhar.

Quando encontrei Vilu, ela já estava em frente ao túmulo da mãe. Coloquei as flores que eu havia comprado antes de ir para o cemitério em cima da lápide da minha irmã e do meu pai e fui em direção a Vilu.

— Oi Angie. — Falou quando me viu e me deu um abraço bem apertado.

— Oi Vilu. Como está se sentindo? — Perguntei, mesmo já tendo uma ideia de como ela se sentia.

— Eu não cheguei a conhecê-los tão bem, eu não me lembro muito sobre eles. Eu queria tanto poder lembrar de mais coisas… Eu estou sentindo um vazio muito grande por que se não fosse pelo acidente, eu poderia ter lembranças com eles. — Desabafou, os olhos já marejando. — E você como está se sentindo? — Pegou minhas mãos.

— Eu me sinto vazia, triste. Eu não consigo deixar pra trás as lembranças do dia do acidente da sua mãe e da morte do seu avô. — Respondi, já que Vilu tinha sido sincera comigo, eu seria com ela também.

— Eu sinto tanto Angie. Não consigo nem imaginar o quanto isso é difícil pra você. — Ela falou e quando começou a chorar, a abracei mais forte.

Meus olhos começaram a lacrimejar. Mas eu tinha feito uma promessa pra mim mesma. Eu não iria chorar, Violetta precisava que eu fosse forte por ela. E era isso que eu faria.

Ficamos por alguns minutos assim, consolando uma a outra. Quando ouvimos passos em nossa direção. Nos viramos e vimos Germán se aproximar de nós.

 

                                                GERMAN

Esse era um dos dias mais tristes do ano. Conforme os anos foram passando a dor parecia cada vez mais suportável. Até que eu consegui superar a morte da Maria. Mas Angie parecia não ter superado ainda, seu rosto estava pálido e sem emoção, acho que nunca a vi assim tão triste. Vilu também parecia mal, ela sempre sentiu muita falta da mãe e adoraria ter conhecido o avô melhor.

A princípio eu me encontraria apenas com Vilu e com Angie no cemitério e depois as levaria para almoçar. Mas Priscilla decidiu que queria ir junto, ela não me acompanharia no cemitério — segundo ela, odiava cemitérios —, mas estaria me esperando no restaurante na hora marcada. Eu não achava essa uma ideia muito boa, mas como eu não queria que ela fizesse escândalo, concordei.

Andei na direção das duas. Coloquei as flores que eu tinha comprado em cima do túmulo de Maria e depois, em cima do túmulo do seu pai. A cada ano parecia menos difícil enfrentar esse dia.

Vilu me abraçou e eu depositei um beijo em sua cabeça enquanto lhe abracei de volta. O abraço foi rápido, pois já tínhamos nos visto hoje.

Olhei para Angie e ela sorriu, mas pude perceber que seu sorriso não chegou aos seus olhos.

— Bom dia German. — Ela cumprimentou, se aproximando de mim.

— Nem tão bom, não é? — Perguntei.

— Bem difícil na verdade. — Respondeu, os olhos verdes sem brilho.

Me aproximei dela e passei os braços ao seu redor. Ela se permitiu se aninhar contra mim por um minuto.

— Eu sinto tanto por isso … — Angie parecia lutar contra as lágrimas.

— Eu sei. Com certeza você foi a pessoa que mais sofreu com tudo isso.

— Você também sofreu. — Ela respondeu.

— Sim, mas pra mim não dói mais tanto quanto ainda dói pra você. — Angie apenas balançou a cabeça e segundos depois, se desvencilhou do meu abraço.

Vilu se aproximou de nós e estendeu sua mão esquerda pra mim e a direita pra Angie. Nós unimos as nossas mãos e ficamos assim por vários minutos. Eu sabia o quanto isso era importante para as duas.

Quando Vilu soltou nossas mãos, ela se virou pra Angie e perguntou:

— Você vai almoçar com a gente no restaurante né? — Vilu fez uma carinha de cachorro que caiu da mudança.

Angie pareceu pensar por alguns segundos, mas acabou cedendo.

— Com você fazendo essa carinha é impossível te negar algo. — Ela sorriu.

— Bom saber, vou usar essa minha carinha mais vezes.

— Então vamos? — Perguntei.

— Vamos. — Ambas concordaram.

Percebi que Angie lançou um último olhar triste em direção aos túmulos do pai e da irmã.

Vilu pegou na mão de Angie, ambas entraram no meu carro e se sentaram juntas no banco traseiro. Logo depois, eu entrei e comecei a dirigir.

Ao longo do caminho até o restaurante fiquei o tempo todo olhando pra Angie pelo espelho retrovisor. Ela não se parecia em nada com a Angie alegre que eu conhecia. Doía em mim vê-la daquele jeito, eu queria tanto fazer algo por ela … Mas eu sabia que nada do que eu fizesse poderia fazer a dor que ela estava sentindo sumir.

 


                                                                  ANGIE

O restaurante de comida italiana era muito aconchegante. A decoração era simples, mas sofisticada. Como em todo o tempo que morei em Buenos Aires nunca tinha vindo aqui? O clima era tão agradável que me senti confortável no momento em que coloquei os pés lá dentro.

O cheiro que emanava do lugar era muito bom. Comida italiana era a minha preferida, mas mesmo assim eu não sentia muita fome. O que eu precisava mesmo era de uma boa taça de vinho para relaxar.

Quando nos aproximamos da mesa que havíamos escolhido, Germán puxou a cadeira para que eu me sentasse. Achei muito gentil da parte dele.

— Obrigada. — Agradeci com um sorriso.

— Disponha. — Ele respondeu retribuindo o meu sorriso e depois se sentou de frente pra mim.

Vilu que estava sentada ao meu lado, me lançou um sorrisinho travesso.

— O que foi? — Perguntei, me fazendo de desentendida.

— Nada. — Ela deu de ombros, mas o sorrisinho ainda continuava no seu rosto.

— E então já vamos pedir? Porque eu estou morrendo de fome.

— Acho melhor esperarmos a Priscilla primeiro. Ela não deve demorar. — German respondeu.

— Ela vai almoçar com a gente? Eu achei que seríamos só nós três.

— É, eu sei. Eu também pensei isso. Mas é que ela insistiu tanto que queria vir, que tive que concordar.

— Tudo bem, então vamos esperar. — Vilu disse numa voz entediada.

Ela pegou o celular e começou a digitar o que parecia ser uma mensagem. Não demorou nem um minuto e meu celular apitou. Pesquei ele do meu bolso e deslizei meu dedo sobre a tela para desbloquea-lo. Me deparei com uma mensagem de Vilu.

"Do jeito que a Priscilla demora pra se arrumar, eu vou morrer de fome."

Acabei rindo, Vilu sabia mesmo como me divertir. Digitei uma resposta e enviei.

"Seja paciente Vilu. Talvez ela já esteja vindo."

Vilu foi rápida pra responder.

"Eu duvido disso Angie. Até ela escolher uma roupa e se maquiar …"

Li sua mensagem e respondi:

"Bem, acho que vou ter que concordar com você."

"Com certeza vai rsrsrs. A Priscilla gosta de estar bem arrumada o tempo todo."

Vilu se virou pra mim, me lançando um sorriso cúmplice.

— Acho que estou me sentindo excluído. Por que vocês estão rindo?

— Coisas de mulher papai. — Improvisou. Não era uma boa ideia falar pra ele que estávamos conversando sobre a noiva dele.

— E isso quer dizer que você não pode falar na minha frente?

— Isso mesmo.

— Antes você me contava tudo. — Ele fingiu estar magoado.

— Não fique chateado papai. É só que tem coisas que a Angie entende melhor.

— Coisas tipo o que Angie?

— Eu não posso responder essa pergunta. — Eu disse com um sorrisinho de lado.

— Mas você é minha amiga Angie, e amigos contam tudo uns para os outros.

— Sim, mas … — Eu nem consegui terminar a frase, pois Priscilla tinha chegado.

German acenou pra ela e ela veio em nossa direção.

Quando chegou perto de nós ela cumprimentou German.

— Oi meu amor. — Eles trocaram um selinho.

Ver essa cena me incomodou, mesmo depois de todo esse tempo, o que eu sentia por German ainda era forte. Por mais que eu tentasse negar, eu sabia que não podia esquecê-lo. Era difícil para o meu coração vê-lo com outra.

Priscilla desviou o seu olhar do noivo e olhou pra mim e Vilu.

— Olá Angie, Vilu. Sinto muito pela perda de vocês. — Ela disse e nos abraçou, o que estava na cara que era só pra impressionar German.

— Obrigada Priscilla. — Ambas respondemos.

Ela se sentou ao lado de German e ele sorriu pra ela, aprovando sua atitude.

A mesa caiu num silêncio absoluto, ninguém parecia saber o que dizer. Até que Vilu resolveu se pronunciar.

— Que tal nós pedirmos a comida agora? — Sugeriu.

German concordou com um aceno de cabeça e chamou um garçom. Pedimos nossos pratos, uma garrafa de vinho e um suco para Vilu.

Não demorou muito e nossos pratos chegaram.

Eu, German e Vilu pedimos o macarrão á moda da casa. Priscilla foi a única que pediu apenas uma salada. Segundo ela, precisava estar em forma para entrar em seu vestido de noivado.

Eu não sentia muita fome, mas me forcei a engolir algumas garfadas, pois tanto Vilu quanto German estavam de olho em mim.

Ergui minha taça de vinho e levei-a a boca. A sensação do líquido âmbar descendo pela minha garganta foi muito bem-vinda. Me senti menos tensa.

— Me desculpa pelo atraso meu amor. É que eu fui pegar os convites do noivado pra nós assinarmos e enviarmos para os convidados. — Priscilla disse, relanceando seu olhar em mim.

— Não tem problema. — German respondeu, parecendo tenso. Se Priscilla notou, não disse nada.

— Você precisa começar a assina-los ainda hoje. São pelo menos uns 300.

Ela olhou pra Vilu e disse:

— E você precisa experimentar o seu vestido Vilu para poderem fazer os ajustes.

— Vou tratar de fazer isso o mais rápido possível. — Vilu respondeu e um sorriso satisfeito apareceu no rosto de Priscilla.

Meu celular vibrou. Era outra mensagem de Vilu.

"Você ainda não viu o meu vestido não é? Porque eu tenho que te mostrar. Parece que foi feito para uma criança usar. Tem tantas plumas que mal dá para me ver debaixo de tudo aquilo."

Vilu enviou uma foto em anexo para mim. Um sorriso discreto surgiu no meu rosto ao ver a imagem. Respondi sua mensagem.

"Uau, é quase impossível te ver em baixo de tudo isso. Por que você não usa o vestido rosa da sua mãe que você usou no seu aniversário anos atrás?"

Vilu não demorou pra responder.

"Eu sugeri exatamente isso pra ela, mas a Priscilla não gostou muito da ideia. Acredita que ela disse que traria má sorte usar a roupa da "ex-mulher" do meu pai?"

"Nossa, como ela pode dizer uma coisa dessas?"

"Pois é. Pensei a mesma coisa"

German lançou um olhar de "socorro" para Violetta e paramos de trocar mensagens. Pelo jeito Priscilla estava falando sem parar sobre o noivado.

Vilu me mandou uma última mensagem:

"Tive uma ideia. Papai vai ficar me devendo uma e você também Angie."

Não tive nem tempo de perguntar porque eu também ficaria devendo uma pra ela, pois Vilu começou a colocar seu plano em ação.

 

— Priscilla, você poderia ir comigo ao banheiro? É que depois do almoço eu estou pensando em ir encontrar o Léon, e como eu adorei a sua maquiagem, eu gostaria que você me ensinasse a fazer uma igual.

Priscilla não pareceu muito feliz em deixar German sozinho comigo, mas não negou o pedido de Vilu. Ela não seria capaz de negar na frente do noivo.

— Claro, posso te ajudar com a maquiagem.

Vilu lançou um olhar de "você está me devendo uma" para o pai e seguiu junto com Priscilla para o banheiro.

— Acho que a Vilu te salvou de ter que ouvir todos os detalhes do noivado. — Brinquei.

— Salvou mesmo, mas acho que ela não tem outra ideia para que eu não tenha que assinar os 300 convites.

— Quando você me contou que a Priscilla queria um noivado grandioso, eu não imaginei que fosse para tantas pessoas assim.

— É, eu achava que iam ser umas 100 pessoas, mas pelo jeito ela se superou.

Eu estava prestes a respodê-lo, mas meu telefone tocou. E ao ver que era minha mãe, pedi licença e fui atendê-lo.

Depois de uns dez minutos falando com ela, retornei para a mesa e me sentei.

— Você está bem Angie? — Ele perguntou parecendo preocupado após lançar um olhar para o meu rosto.

— Estou sim, é só que eu acabei de falar com a minha mãe. A conversa foi bem … triste, como você já deve presumir.

German estendeu suas mãos sobre a mesa e segurou as minhas.

— Sinto muito Angie, ela sofreu tanto quanto você com tudo isso.

— Obrigada. Ela estava prestes a embarcar de Madrid para Buenos Aires pra ficar comigo, mas por causa de uma tempestade repentina, as vias aéreas estão bloqueadas. — Soltei um suspiro frustrado. — Acho que eu preciso de mais um gole do meu vinho.

Tomei o restante do vinho que estava na minha taça.

— Quer que eu encha a sua taça? — German ofereceu.

— Acho melhor não, porque senão você vai ter que me carregar daqui.

— Isso seria engraçado. — Ele riu.

— Só pra quem estivesse apenas olhando, porque a ressaca que eu teria não seria nada engraçada.

Continuamos jogando conversa fora até que Vilu e uma Priscilla muito entediada, voltaram do banheiro.

No mesmo momento soltei a mão de German que estava enlaçada na minha e parei de sorrir pra ele. German, confuso, se virou para trás e pareceu entender o meu gesto.

Aproveitei a deixa para me despedir, eu não queria ter que ouvir Priscilla falar mais sobre o noivado perfeito que ela e German teriam.

Vilu insistiu para que eu não fosse embora, mas eu disse que era melhor. Ela acabou compreendendo o motivo de eu não querer continuar no restaurante. Mas disse que não me deixaria sozinha, então ela passaria o resto do dia comigo. Acabei concordando, nada do que eu falasse a convenceria do contrário.

 

                                                       (…)

 

O resto do dia passou rápido. Ter Vilu comigo fez um dia triste ficar muito melhor. Ficamos a tarde inteira assistindo filmes na minha casa.

Quando já estava de noite, levei Vilu até a mansão e de tanto ela insistir que não queria que eu ficasse sozinha hoje em casa, acabei aceitando sua oferta de ficar na mansão essa noite.

Como todos já estavam na cama, sussurrei um boa noite pra minha sobrinha e logo após subi as escadas e entrei no quarto de hóspedes.

Eu achei que poderia me manter forte o dia todo por Vilu e não chorar, mas foi só entrar no quarto que o que eu achava caiu por terra.

 

                                         NARRADORA

Angie tinha se mantido forte o dia todo. Prometera pra si mesma que não choraria, que seria forte. Mas ela sabia que não conseguiria fazer isso por nem mais um segundo. Tinha sido frustrante ficar a beira das lágrimas o tempo inteiro.

Ela sentiu as lágrimas chegando com força, tão forte que respirar parecia difícil. Ela se encolheu até estar sentada no chão com as costas apoiadas na parede. E então ela chorou tudo o que estava segurando o dia todo.

Ela deixou que toda dor viesse a tona. Toda angústia e tristeza. A falta que Maria e o pai faziam a ela, era muito grande. Doía só de pensar.

Enquanto isso, German estava passando pelo corredor indo em direção ao seu quarto. Ele tinha ido dar boa noite a Vilu, que lhe contou que ela e Angie tinham acabado de chegar e ido para os seus respectivos quartos.

Quando ele passou em frente ao quarto de Angie, ele pensou ter ouvido um choro baixo. Foi como se ele tivesse levado um soco no estômago, ele odiava saber que ela estava machucada emocionalmente. Ele sabia que ela estava chorando bem baixo para que ninguém ouvisse e se preocupasse com ela. Mas ele se preocupava, muito mais do que devia.

Ele sabia que ela provavelmente queria ficar sozinha, mas ele estava determinado a ficar ao lado dela. Ele abriu a porta do quarto dela e a cena que viu, acabou com ele. Ela parecia tão frágil e tão machucada… Ele não suportava vê-la assim.

— German?! — Sussurrou ao vê-lo entrar em seu quarto.

— Eu ouvi você chorar. — Disse, se aproximando.

— Eu estou bem. — Mentiu enquanto se levantava, a voz não mais que um sussurro.

— Não é o que parece. Você não está bem. — Respondeu, agora de frente pra ela.

— Não se preocupe, eu posso lidar com isso sozinha. — Ela respondeu, mesmo sabendo que o que disse não passava de uma mentira.

— Me deixe te ajudar com isso, por favor. — Pediu, olhando diretamente nos olhos dela.

— Não! Esse é um dia difícil pra você também. Não é sua obrigação me consolar. — Respondeu, sentindo mais lágrimas a caminho. Ele tinha sido tão fofo…

Ele se aproximou ainda mais e tomou o rosto dela delicadamente em suas mãos. Olhou dentro dos olhos dela e disse:

— Não quero que você carregue essa dor sozinha. Você não merece passar por isso Angie. Me deixe ao menos abraçá-la, por favor. — Ele pediu novamente. E dessa vez, ela não pôde negar.

— Ah German... — Foi a única coisa que ela disse antes de ele passar os braços ao redor dela.

No exato momento em que ele a tomou nos braços, ela voltou a chorar. O som dos soluços dela preenchiam o quarto. Ela estava inconsolável.

German se sentiu inútil perante a situação. Ele sabia que nada podia fazer além de abraçá-la. Se pudesse transferir toda a dor que ela estava sentindo pra ele, sem dúvida, o faria. Ele nunca tinha visto ela assim.

Angie começara a tremer e ele com medo de que as pernas dela cedessem, pegou-a no colo e se sentou com ela na cama.

Angeles pensou em protestar, mas percebeu que nem pra isso tinha forças. E estar abraçada com ele fazia a dor parecer mais suportável.

Ela apoiou a cabeça no peito dele, as lágrimas ainda rolando pelo rosto dela que agora devia estar todo borrado por conta do rímel. Ela se segurou à camisa dele, como se precisasse de mais proximidade. Então ele abraçou-a com mais força e começou a fazer cafuné no cabelo dela. German realmente esperava que ela se acalmasse logo.

Ele continuou fazendo isso até que os soluços diminuíram e ela se acalmou.

— Você não precisa ficar aqui comigo. — Levantou o rosto, depois de alguns minutos.

— Eu sei, mas é que eu quero ficar aqui com você. — Sorriu.

— Obrigada, com você aqui é muito mais fácil lidar com isso. — Tentou sorrir.

— Não me agradeça, eu sei que você faria o mesmo por mim. Somos amigos, lembra?

— Faria mesmo. Mas a Priscilla não se incomoda com isso? — Questionou, duvidava que Priscilla gostasse que o noivo ficasse no quarto de uma mulher àquela hora da noite.

— Não se preocupe com ela. Como você está se sentindo agora? — Perguntou, mudando de assunto.

— Estou melhor, de verdade. — Ela respondeu e por um momento o olhar dela se encontrou com o de German.

O olhar que eles trocaram foi tão intenso que Angie se sentiu derreter nos braços dele. Ele parecia olhar pra Angie como se ela fosse a única coisa que importava naquele momento.

O olhar dele se desviou por um momento para os lábios dela, tão lindos quanto ele se lembrava. Ele se repreendeu mentalmente por isso. Não era certo olhar para ela dessa forma, ainda mais com ela tão frágil e estando noivo de outra mulher.

Angie não queria admitir, mas ela sabia que German ainda tinha o poder de mexer com os seus sentimentos. Ela não queria se iludir, German estava noivo de Priscilla. Só de lembrar dela o encanto do momento se desfez e Angie se lembrou de que estava no colo de German.

Ao constatar isso, ela saiu rapidamente do colo dele. Sentiu o rosto esquentar na hora.

— Me desculpa, eu… — Ele nem sabia o que dizer.

— Não, tudo bem. — Desviou o olhar para o chão. — Acho que é melhor você ir para o seu quarto.

— Eu só vou ir para o meu quarto quando você parecer melhor ou tiver adormecido. — Ele estava preocupado com ela e não sairia do seu lado por nada.

— Mas… — Ela começou a protestar, mas German logo a interrompeu.

— Mas nada. Eu não vou discutir isso com você.

— Eu já perdi essa discussão não é? — Ela já sabia a resposta e o que mais a surpreendeu foi que ela não queria que ele fosse para o seu quarto. Queria que ficasse ali com ela.

Em resposta, ele apenas anuiu com a cabeça, com um sorriso vencedor no rosto.

Quando Angie olhou pra ele, percebeu que sua camisa estava molhada por culpa das lágrimas que ela deixara cair.

— Me desculpa por ter molhado a sua camisa. — Ela falou, sentando-se ao lado dele.

— Não se preocupe, a minha camisa é o que menos importa agora. — Ele sorriu, para comprovar o que tinha dito.

— Eu não sei o que deu em mim. Eu nunca me descontrolei assim, me desculpa por isso. — Ela desviou o olhar para as mãos que estavam apoiadas em seu colo.

— Angie, olhe pra mim. — Ele pediu, segurando as mãos dela nas dele. — Está tudo bem, hoje é um dia difícil pra você. Você não tem que se desculpar por isso.

— Eu só queria ser forte, lidar com isso sem me sentir tão mal e chorar. — Ela se sentia decepcionada com ela mesma.

— Você é a pessoa mais forte que eu conheço Angie, apesar de tudo você sempre está sorrindo. Sempre tentando ajudar os outros. Muitas pessoas deixam a dor destruí-las por muito menos, mas você mesmo tendo sofrido muito com a morte do seu pai e da sua irmã, não deixou isso acontecer. Você é mais forte do que imag…

Antes mesmo que ele terminasse de dizer a última palavra, Angie o abraçou. Ela não conseguia entender como ele sempre sabia o que dizer. Ninguém no mundo parecia entendê-la tão bem. Ela sentiu German abraçá-la de volta. O outro abraço tinha sido de consolo, mas esse era de agradecimento, de carinho. O momento foi tão doce e agradável que Angie permitiu-se relaxar pela primeira vez naquele dia e fechou os olhos.

German também sentiu-se relaxar, Angie trazia paz para ele. Uma paz que só ela era capaz de trazer. Ele andava tenso nos últimos dias por causa do noivado, mas com ela ali em seus braços, ele nem mais se lembrava disso. Era tão fácil estar com ela…

Depois de um tempo, German sussurrou:

— Você nunca vai estar sozinha Angie. Eu sempre vou estar aqui para o que você precisar. — Ele depositou um beijo no topo da cabeça dela.

Angie já estava meio sonolenta, mas sorriu ao ouvir isso. Em resposta ela o abraçou mais apertado e afundou a cabeça em seu pescoço.

— Você é a melhor pessoa que eu já conheci. — Ela respondeu com a voz já grogue por conta do sono.

Ele sorriu e balançou a cabeça, ele duvidava que a Angie totalmente consciente admitiria isso.

German esperou ela adormecer, como ele prometera. Ele deitou-a na cama e depois tirou os sapatos dela tomando cuidado para que ela não acordasse e logo após, colocou um cobertor sobre ela.

Ele não queria deixá-la ali sozinha. Doía nele ter que fazer isso, mas ele sabia que eles eram apenas amigos, então ficar abraçado a Angie a noite toda não era certo. Priscilla não gostaria nada se soubesse. E que tipo de homem ele seria se fizesse isso?

Ele ficou ali velando o sono dela por alguns minutos. Ele não pôde deixar de notar que ela parecia mesmo um anjo. German decidiu que já tinha passado da hora de ele ir para o seu quarto.

Ele deu um beijo casto na testa de Angeles e sussurrou:

— Boa noite Angie, durma bem. — Falou e foi em direção a porta.

Antes de sair, ele deu uma última olhada nela e saiu de seu quarto, fechando a porta.

E agora sim ele poderia realmente dormir tranquilo.

 

 

                                         *Tradução:

 

 

 

"Você nunca vai estar sozinha
De agora em diante
Mesmo que você pense em desistir
Eu não vou deixá-la cair
Você nunca vai estar sozinha
Vou te abraçar até a dor passar"

 

 


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Notas finais do capítulo

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