O Diário de Elizabeth Christie escrita por Nightshade


Capítulo 2
A Casa Abandonada


Notas iniciais do capítulo

Adelaide Kane como Lavínia Ashwood
Karen Gillan como Anastácia Grayson



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Em meia hora, Lavínia já havia conseguido afastar um considerável monte de trepadeiras e ervas mortas, que cediam facilmente. A luva que usava impedia machucasse sua mão, mas mesmo assim ficou dolorida. O ar cheirava a umidade e frescor, como terra nova, e com um quê de chuva - totalmente diferente mas ao mesmo tempo tão parecido com Missoula. Esticou os braços para cima, sentindo a coluna reclamar.  Tirou as luvas.

Por um momento, se sentou e observou o pequeno jardim da casa. Aquilo não podia exatamente ser chamado de um jardim, já que a grama estava relativamente alta, mas ainda havia indícios de que flores eram plantadas ali. Lavínia tomou consciência de um leve aperto na ponta de seu estômago, uma tristeza cada vez mais forte por nunca ter visto esse 'reino escondido'. Imaginou sua avó, do jeitinho que se lembrava, ajoelhada ali no canto da casa com uma pá de jardinagem. Relaxou levemente, permitindo que sua fantasia continuasse, e logo viu um homem ao lado de sua avó, curvado sobre flores - homem que reconheceu como sendo Landon, seu avô.

Lavínia pressionou a ponta dos dedos nas pálpebras e respirou fundo. Quando abriu novamente os olhos, a cena já havia se desfeito. Sentiu uma leve dor de cabeça começar a se formar, logicamente por conta de seu sono irregular. Na noite anterior ela quase não dormira, apenas permanecera deitada de olhos abertos encarando a escuridão. Devia estar exausta. Resolveu entrar na casa que a esperava.

A casa tinha exatamente o mesmo aroma que Lavínia esperava encontrar: cheirava a madeira, mofo e umidade. A maior parte da luz da tarde era ocultada por uma velha e gasta cortina que pendia da janela. Lavínia hesitou por um momento, deixando seus olhos se acostumarem ao ambiente mais escuro, enquanto o cômodo se formava em sua frente. A casa estava suja, realmente, mas não era nenhum sepulcro, felizmente. Andando para o interior, espirrou ao sentir a poeira.

— Meu Deus. - murmurou - Há quanto tempo isso aqui está assim?

O interior silencioso passava a impressão de ser tão atemporal, tão intocado, que parecia irreal.

No canto havia uma escada de madeira que dava para o andar superior; a madeira parecia resistente, mas ainda assim iria arranjar alguém na cidade que pudesse examina-la. Em si, a madeira do chão estava em ótimo estado, embora precisasse ser limpa e encerada. Um lustre de cristal se erguia na sala de estar, empoeirado como o resto dos móveis. Tirando algumas coisas, a casa em si parecia estar em boas condições, embora completamente imunda. Do lado esquerdo da sala de estar, Lavínia conseguiu perceber prateleiras cheias de livros cobertos de teias de aranha.

Fez uma careta; durante todo o verão, aquela seria a sua casa.

Ao ver o estado da cozinha, decidiu que seria o primeiro cômodo que limparia. Ficou feliz por ter trago vários objetos de limpeza, assim como um lanche, pois tinha certeza de que naquele dia não teria ânimo para cozinhar. Como se ela conseguisse cozinhar alguma coisa também...

Decidiu limpar também o andar de baixo todo, não queria se arriscar a subir as escadas e levar um tombo. Com sorte, avançaria bastante na limpeza até a noite e não enlouqueceria depois.

Voltando a sua caminhonete, vestiu o avental e as luvas, pegando todos os produtos de limpeza que tinha trazido. Aquela seria uma longa tarde.

***

O sol estava praticamente se pondo quando Lavínia terminou de limpar a sala; conseguiu até por uma lâmpada que, felizmente, estava funcionando, no cômodo. Sentia os braços dormentes e ainda teria que dar um jeito de lavar as cortinas e as mantas que cobriam o sofá. Pelo menos toda aquela poeira irritante havia ido embora.

Subitamente, batidas na porta da frente a fizeram estancar no lugar. Por que alguém iria bater a porta de uma casa abandonada? Se levantou do chão e foi abrir a porta, dando de cara com madeixas ruivas.

— Anastácia? - exclamou com surpresa - O que você está fazendo aqui?

Anastácia Grayson olhou para Lavínia com certa curiosidade; com certeza ela não estava em seu melhor estado depois de passar três horas dando faxina em uma casa imunda.

— Eu sei que você nunca veio aqui e provavelmente está ocupada. - começou - Por isso, queria saber se você gostaria de jantar comigo e alguns amigos meus? Poderia te apresentar para algumas pessoas e podemos ajudar você com a casa. - os olhos âmbar da garota mais baixa brilharam.

Lavínia franziu o cenho e pensou por um momento; talvez fosse melhor sair um pouco e respirar o ar limpo de Mystic Valley, depois de ficar trancada por horas em um ambiente empoeirado. E ela já podia começar a sentir sua alergia atacar.

— Claro, pode ser. - respondeu - Só me dê um momento para tirar esse avental e me ajeitar.


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