O caso  Dearbon

            Frank e Alice estão diante do velho  prédio , o  espaço ao redor remete a sentimentos de solidão e saudade. Os trouxas  costumam evitar até mesmo olhar na direção do lugar. A construção é solida e antiga, a pintura desgastada e as paredes rachadas fazem uma combinação desagradável com o terreno arenoso ,  tufos de vegetação aqui e ali dão o toque de desolação final.

            O casal de idosos se aproxima da recepção , a mulher baixinha atrás do balcão olha com estranheza, não está acostumada com visitas, na verdade nunca houve visitantes  no Instituto.

            -Somos enviados do Ministério, não se preocupe podemos provar. – Frank passa um pergaminho à mulher, ela examina com atenção , acena afirmativamente.

            _ Então, no que posso ajudar?

            _ Precisamos ver as fichas dos pacientes. Também queremos reuni-los  e fazer uma avaliação. Você pode nos ajudar? Não queremos alterar muito a rotina, qual a melhor maneira de fazermos isto sem perturbá-los?

            _ Bem, eles estão se preparando para o chá das dez, vocês podem observar enquanto eles se acomodam.

            Amélia Fortuna é dedicada e realmente se importa com aquelas pessoas, mesmo que eles não consigam se expressar  sente que precisam dela e que de algum modo, ficam agradecidas,   simpatiza com Alice, o modo como ela se preocupa com o bem estar dos pacientes inspira confiança, vai cooperar no que puder.

            Enquanto Alice se concentra nos registros dos pacientes  Frank  anda entre as mesas e tenta reconhecer alguém. Os rostos  inexpressivos e macilentos  parecem não pertencer a seres humanos, são como espectros, os olhos sem brilho e a falta de atitude são perturbadores., acrescente-se ainda a passagem dos anos e o reconhecimento se torna quase impossível.

            _ Não sei se consigo reconhecer alguém, faz muito tempo._confidencia Frank.

            _ Vamos nos concentrar nos registros, acho que devemos  investigar  um caso  por vez._ aconselha Alice e  volta às fichas de registro dos pacientes. Depois de um longo tempo ela acena para ele.

            _Veja encontrei um nome familiar,  Lancaster Dearbon, 48  anos. Seu pai serviu a Ordem da Fênix, poucos sabiam da ligação da família Dearbon com a resistência, mas Voldemort acabou descobrindo e deu sumiço em Theodoro Dearbon. Olhe veja aqui.

            No registro havia um recorte do Profeta Diário, mostrava a foto de pai e filho sorridentes, numa pescaria, o garoto parecendo ter uns quinze anos e o pai por volta de cinqüenta. Em letras graúdas podia se ler ainda: “ Pai e filho estão desaparecidos a dois meses, terão sido vitimas de mais um ataque do Lord das Trevas? E prosseguia em letras menores... testemunhas afirmam que viram um grupo de Comensais da Morte cercarem os dois e os levarem a força para destino ignorado, as testemunhas confirmaram que o grupo os chamou de simpatizantes de rebeldes, depois disso nunca mais foram vistos...”

            _ Pela fotografia é possível perceber a semelhança de ambos, veja como é parecido com o pai, mas não vi Theodoro por aqui, acho que só o filho sobreviveu, mas só saberemos se conseguirmos reverter e maldição.

            Alice faz algumas anotações.Os dois decidem que este será  o primeiro caso  a ser investigado. Eles decidem voltar a cidade , precisam informar Gina sobre os próximos passos. Escutam a buzina do táxi e  se apressam em  sair, sabem que se demorarem muito o feitiço de proteção do lugar poderá fazer com que o motorista os deixe. O retorno é breve. Eles se hospedaram em uma agradável pousada, com poucos quartos e donos muitos discretos. Frank prepara o relatório e convida Alice para saírem para comer.  

O casal de idosos anda de mãos dadas pela calçada  como típicos  turistas  trouxas.

Enquanto almoçam começam a planejar os próximos passos: visitar a cidade, a casa da família Dearbon e tentar saber mais sobre o jovem Lancaster, tudo isto sem chamar atenção e sem levantar suspeitas sobre o motivo de perguntas na vizinhança.

            _ As pessoas estão mais otimistas , não vão desconfiar , precisamos apenas de uma boa desculpa para as perguntas. E eu já estou a pensar em uma boa desculpa. – Alice demonstra entusiasmo.

            _ Com este brilho nos olhos você parece a minha Alice dos primeiros anos, cheia de ideias. – Frank a olha com adoração e os dois não precisam de mais  palavras.