Equívoco escrita por Lucca


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa é minha primeira história. Achei a ideia divertida e quis compartilhar com vocês. Perdoem-me o formalismo. Espero que gostem.



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Kurt estava terminando de preparar um café da manhã ou almoço ou café da tarde... ele já não fazia idéia de qual refeição era aquela. Eles estavam com fome, muita fome. E também tinha a medicação, estavam terminando os antibióticos prescritos para evitar infecções nos ferimentos contraídos durante a queda da Sandstorm. O sorriso não saía de seu rosto. As lembranças das últimas 48 horas estavam lá fazendo-o se sentir feliz de uma forma como ele nunca foi antes. Deus, nenhum de seus sonhos tinha sido capaz de reproduzir o que viveram, a forma como os dois se amaram. Era real, ela estava aqui. Ele podia tocá-la, abraçá-la, beijá-la...Comida, Weller, lembra-se?

Foi então que ela apareceu na cozinha, vestida apenas com sua camiseta, deu a volta no balcão e o abraçou:

— Esse cheiro está ótimo! _ se referindo à comida._ E este aqui também_ disse cheirando o pescoço de Kurt.

—Jane, eu preciso terminar isso aqui. Precisamos nos alimentar e manter a medicação. É pro nosso bem, lembra?

— Bem, eu acho que posso te dar alguns minutos, mas só porque estou faminta.

Jane se afastou e encostou na pia. Foi então que observou o panorama geral do apartamento:

—Kurt, nós fizemos tudo isso? Isso aqui está uma bagunça! Melhor eu dar um jeito nisso...

—Nada disso, não agora._e a segurou pela cintura_ Depois resolveremos isso. Agora você vai se alimentar._depositou um beijo em sua testa enquanto pegava as xícaras no armário acima deles.

Rapidamente os dois colocaram a louça sobre o balcão e começaram a refeição. A conversa fluiu, os olhares e toques também. Antes que tivessem terminado, já estavam novamente ligados num beijo, e outro, e outro. Logo o desejo já estava totalmente fora de controle. O quarto parecia longe demais. Ele queria beijar corpo inteiro dela ali mesmo, agora! Weller não pensou duas vezes, talvez nem tenha pensado, ele era um homem de ação: empurrou violentamente a louça para fora do balcão.

—Kurt!

Ele só respondeu com um olhar que parecia devorá-la. Despiu a camiseta que ela estava usando e a colocou sobre o balcão...

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5:45 PM

Zapata estava finalizando a papelada dos dias anteriores, como ela detestava toda aquela parte burocrática de seu trabalho. Foi quando seu telefone tocou.  Maliciosamente ela recostou na cadeira e preparou um arsenal de comentários antes de atender a chamada. Isso seria divertido:

— Olá, Jane. Então você está viva? Quando eu te falei sobre preparar o quarto quando fosse a pessoa certa...

Jane a interrompeu aflita:

—Tasha, por favor, eu preciso de sua ajuda. Antes de mais nada, não conte a ninguém.  Estou na 99th Delegacia Policial do Brooklyn. Eu fui detida.

Zapata deu um pulo na cadeira:

—Como isso aconteceu? Você já avisou Weller? Você disse que é um ativo do FBI?

—Tasha, eu não posso explicar tudo por telefone. Preciso que venha pra cá. É um grande mal entendido. Weller já sabe. Por favor, vem pra cá.

O tom de voz de Jane não deixou dúvidas sobre a seriedade da situação. Zapata só pensou que precisava agir rápido. Enquanto praticamente corria em direção ao elevador, esbarrou em Patterson que vinha distraidamente mexendo em seu tablete:

— Ei, Tasha, cuidado!

— Desculpa, Patterson, tenho um assunto urgente pra resolver..._ e a latina pensou: “Patterson poderia ser útil naquela situação. Jane pediu pra não dizer a ninguém... Weller não foi capaz de resolver. Melhor levar a Patterson.” Então disse _ Patterson, acho que você pode me ajudar. Por favor, não podemos chamar a atenção por aqui. Estou indo para a delegacia do Brooklyn. Jane foi detida.

—O que aconteceu?

—Eu te dou os detalhes no carro.

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Assim que entraram na delegacia, Zapata se dirigiu a uma policial que estava na recepção com cara de poucos amigos:

—Boa noite, estamos procurando uma amiga: Jane Doe.

A policial olhou as duas de alto a baixo. No meio da correria, Patterson esqueceu de tirar seu jaleco de laboratório.

—Uou, então vocês são as “amigas” de Jane Doe: a “engravatada” e a “médica”. Hum, isso tá ficando interessante. Trouxeram os documentos de sua amiga ou também estavam sem eles na tal “festinha” do senhor agente do FBI?

Tasha e Patterson trocaram olhares interrogativos e tentavam conter o riso. Patterson tirou o jaleco imediatamente.  Zapata tirou suas credenciais e procurou falar da forma mais séria possível:

— Nós somos do FBI. Jane Doe é uma consultora nossa e estamos aqui para esclarecer toda essa situação.

—Federais... aff._ e quase gritando para o interior da delegacia, a policial chamou: _ Rickson, traz a tatuada pra conversar com essas federais aqui!

Patterson não se conteve:

— Por favor, só mais uma coisa, você se referiu a um agente do FBI. Por acaso, Kurt Weller está por aqui?

A mulher fechou a carranca e disse:

— Está. Porque? Vão querer aliviar pra ele também? Por favor, vocês são mulheres também, não deveriam defender um cara assim! _virou de costas e saiu

O policial Rickson conduziu Zapata e Patterson a uma sala privada. Jane foi trazida algemada. Enquanto Patterson se lançou sobre ela pra um abraço, Zapata se dirigiu ao policial:

—Misericórdia, tire isso dela!

Assim que o policial se retirou, Jane explodiu:

— Por favor, vocês precisam nos tirar daqui. Primeiro eles prenderam Kurt. E pediram meus documentos, mas eu não estava com eles. Então, parece que acharam que eu era algum tipo de...prostituta.

Zapata estava tentando manter a seriedade naquela situação. Mas tudo isso já era demais. Ela não conseguia mais conter o riso. Kurt Weller e Jane Doe detidos para averiguação e uma acusação de prostituição! Tasha se sentou confortavelmente na cadeira e olhou para Jane:

— Jane, precisamos de detalhes do que aconteceu.

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Após os eventos no balcão da cozinha, tudo continuou no quarto. Mas era hora de dar um trégua e tentar colocar toda a bagunça em ordem. Jane resolveu começar pelo quarto, enquanto Kurt terminava seu banho. Ele ficaria responsável pela sala e cozinha. Foi quando alguém bateu na porta:

—Polícia de NY. Por favor, abram!

Jane estava usando apenas a camiseta de Weller, impossível atender a porta nessas condições. Então, foi até o banheiro:

—Kurt, a polícia está aqui.

Ele já estava se secando e rapidamente se vestiu para atender a porta:

—Por favor, fique aqui no quarto.

Weller abriu a porta tranquilamente e saiu, atendendo os policiais no corredor. Não era bom verem a bagunça no interior do apartamento:

—Boa tarde, em que posso ajudá-los.

—Boa tarde, senhor, estamos atendendo a uma denúncia de agressão. O senhor está sozinho?

—Vocês devem ter se enganado de endereço.  Não ocorreu nada aqui.

—O endereço é esse mesmo, senhor , e você não respondeu: está sozinho?

—Não, estou com...minha namorada. Mas está tudo bem.

—Podemos falar com ela?

—Ela está no banho.

—Por favor, senhor, precisamos dos seus documentos. Também precisamos entrar e falar com sua namorada para verificar se está tudo realmente bem.

Weller respirou fundo. Deixá-los entrar aumentaria o problema. Expor Jane estava fora de questão.

—Bem, eu sou um agente do FBI e garanto que tudo está bem aqui.

—Senhor, tivemos três queixas de barulhos estranhos nesse endereço nas ultimas 48 horas. O último telefonema levantava suspeita de agressão. Então, sendo o senhor agente do FBI ou não, temos um mandato e precisamos verificar se sua namorada está bem.

O segundo policial empurrou a porta. Weller começou a se irritar.

O cenário era comprometedor: cadeiras caídas, a louça quebrada sobre a pia e no chão... Foi quando Jane se aproximou timidamente, sem saber se estava fazendo a coisa certa após ele pedir para ela ficar no quarto.

Os hematomas ainda estavam muito evidentes. Os policiais se entreolharam.

—Senhor, por favor, seus documentos. Vocês terão que nos acompanhar até a delegacia para colhermos depoimentos...

Jane olhou assustada para Kurt.

—Kurt?

—Calma, Jane, é só um mal entendido. Eu vou acompanhá-los até a delegacia. Fique e tente descansar um pouco.

O policial interrompe:

— Senhorita, precisamos que nos acompanhe também. Precisamos de seu nome e de seus documentos.

—Jane Doe, eu não tenho documentos... mas tenho algumas credenciais que ... não estão aqui no momento.

Os policiais se entreolharam, pensando ter compreendido a situação. Um deles se aproximou e pegou Jane pelo braço:

—Por favor, nos acompanhe.

O sangue de Weller ferveu instantaneamente. Não importava o quão delicada fosse aquela situação, ninguém ia tocar daquela forma em Jane ou sugerir que ela era uma prostituta. Foi impossível conter sua reação. Ele segurou o policial pelo colarinho:

—Tire suas mãos dela!

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— E acabamos aqui. _Jane  puxou o ar pesadamente.

— Calma, Jane, já estou puxando suas credenciais por aqui. _Patterson e seu tablete era milagrosos!

—Eles não consideraram seus depoimentos? _ Zapata estava se divertindo demais com tudo aquilo.

— Eles nos colocaram em celas privativas e me deram o direito a um telefonema. Então liguei pra você. Ainda não fomos interrogados. Acho que Weller também não.

— Hora de resolver todo esse mal entendido.

Após quase uma hora de tramite burocrático, tudo estava resolvido e as meninas aguardavam Weller. Quando ele entrou na sala, Jane correu pra abraçá-lo enquanto Tasha e Patterson olhavam para o chão tentando evitar o aumento do constrangimento que aquela situação trazia. Elas sabiam com quem estavam lidando e não era o momento de deixar sequer transparecer o lado cômico de toda aquela situação. Mas Zapata usaria isso numa outra oportunidade com certeza!

— Você está bem, Jane? Eles te respeitaram?

—Estou bem, Kurt. Vamos sair daqui, por favor.

Weller coçou o pescoço desconfortavelmente e se virou para Patterson e Zapata:

—Muito obrigada, meninas! Espero que possamos deixar tudo isso aqui.

—Em minutos, todos os registros estarão apagados, Weller, e isso tudo nunca terá acontecido. Eu sou boa! _ Patterson garantiu.

Weller só concordou com um gesto. A situação era tão constrangedora que ele não foi capaz de verbalizar nada.

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Todos estranharam quando Zapata estacionou em frente à casa de Jane.

—O que? Ela precisa pegar algumas roupas e, além disso, a conselheira da delegacia pediu discretamente que eu a deixasse segura em casa._Patterson deu uma cotovelada forte nas costelas de Tasha.

Jane olhou triste para Weller. Doía ter que deixá-lo mesmo que momentaneamente.

—Meninas, obrigada! _disse já abrindo a porta do carro, Weller também abriu a porta do seu lado.

—Zapata, Patterson, devo uma a vocês._ e desceu com Jane.

Sentindo-se mais segura dentro do carro, com o motor já ligado, Zapata não se conteve:

—Sabe , Weller, acho que você deveria cogitar comprar uma casa. É bem mais discreto na dispersão de ruídos._ e riu alto. Patterson corou instantaneamente. E o carro saiu.

Os dois mal passaram pela porta, Kurt já abraçou Jane como se quisesse evitar que qualquer outra situação ou pessoa fosse capaz de separá-los. Ela olhou pra ele e riram juntos.

—Ok ok, acho passamos da conta nas últimas 48 horas, Diretor Assistente Weller.

—É? Sua casa parece bem em ordem pra mim...

Ela colocou os braços ao redor de seu pescoço.

—Moderação é uma virtude. Vamos tentar manter o controle por aqui_ e o beijou.

Ele trancou a porta sem interromper o beijo que rapidamente se tornou muito mais quente. Moderação e controle foram esquecidos rapidamente, enquanto Weller levava Jane, que estava entrelaçada em sua cintura, para o quarto:

—Merda!

— O que foi, Kurt?

— Tasha tem razão, melhor eu considerar uma hipoteca.


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