Duff

Designated Ugly Fat Friend

Acabar o ensino médio deveria ser uma tarefa simples. Mas de fato não é. Tenho amigos legais, populares. O que é ótimo sendo que eles podem me proteger de qualquer perigo eminente. Mas tem um perigo de que ninguém poderia me salvar... a tal da verdade!

Tudo começou em uma festa ridícula e sem noção que eu não queria estar de jeito nenhum. Mas negar algo aos meus melhores amigos é o mesmo que um cachorro começar a falar.

Scott e Isaac. Batman e Robin. Modelo da Calvin Klein um e dois. Ambos estavam dançando com várias garotas na pista de dança enquanto eu estava humildemente tomando chá gelado e me certificando que nenhum dos dois engravide uma dessas garotas. Mais uma noite normal na minha vidinha normal.

Tudo estaria fodidamente normal se não fosse por um ser particularmente irritante e burro.

— Olá _ disse o ser particularmente irritante e burro.

Revirei os olhos e tomei um gole do meu chá.

— É nessa hora que você diz “olá”.

— O que você quer Derek? _ perguntei, com tédio.

Ele sentou em um banquinho do meu lado. Fingi que a mancha na camiseta do barman era mais digna de merecer o meu olhar do que o deus grego da santa academia.

— Então, como você está? _ insistiu ele.

Bufei. O que ele quer?

— Estava ótimo até você aparecer. 

Derek riu.

— Olha, se você me ajudar eu te ajudo.

Encarei-o intrigado.

— Eu entendi muito que nada _ respondi.

Derek me olhou confuso. Maldito viado que não entende as referências.

— Fala logo o que você quer e se manda.

Ele inclinou o corpo para perto de mim.

— Eu quero o Scott ou talvez o Isaac e você vai me ajudar. 

Cuspi um pouco de chá que estava na minha boca e comecei a gargalhar. Lágrimas saiam dos meus olhos. Ele ficou impassível. Aos poucos fui me recuperando.

— Essa é boa, mas o que você quer? _ perguntei ainda abalado.

— Isaac ou Scott _ respondeu ele, resoluto.

Arrumei a minha postura e olhei bem nos olhos dele.

— Não sei se você sabe, mas nenhum deles é gay.

Derek deu um sorriso sacana.

— Isso é o que veremos.

Se ele diz que os dois são gays quem sou pra negar?

— Vamos à parte que deveria me interessar... como eu deveria te ajudar?

— Sendo meu amigo e dizendo que eu sou legal e fofo.

Derek Hale estava chapado nas drogas.

— E por que eu faria isso? _ perguntei, mantendo a classe o máximo que eu pude.

Ele suspirou e tomou um gole do meu chá, sem permissão.

— Porque você é o DUFF.

— O que raios é um Doff?

— DUFF _ corrigiu _ É uma sigla para amigo, designado, gordo e feio.

Dei um giro na cadeira e fiquei de frente pra ele.

— Você está muito chapado. _ tantas ofensas lindas e eu só consegui dizer isso.

— Não precisa ficar nervoso, ok? É só você olhar os fatos _ ele apontou para os meus amigos que estavam dançando _ Você não precisa ser gordo, mas ainda sim é o DUFF do seu grupo e por isso você vai me ajudar a pegar aqueles dois.

Ele tomou mais um gole do meu chá. Obviamente na cabeça dele eu deveria estar de boa, muito suave.

— Sem falar que isso te ajuda com a gata da Lydia.

Senti meu sangue ferver. Dei um sorriso cumplice e peguei meu chá delicadamente das mãos dele e coloquei no balcão. Derek sorriu também.

Me levantei e coloquei a minha jaqueta com uma calmaria estranha. O barman deu um olhar preocupado, mas não disse nada. Ainda sorrindo peguei meu copo de chá e joguei em Derek.

— Você tem problema? _ perguntou ele, gritando. 

Sai andando confiante e sem olhar para trás. Infelizmente a música eletrônica estava ao ponto de surdez e quase ninguém viu aquela cena.

Cheguei em casa e encontrei um bilhete do meu pai colado na porta do meu quarto.

Filho, eu tive que fazer um turno extra essa noite. Não fique até tarde e apague as luzes antes de dormir.

Te amo,

Papai.

Que merda! Mais um turno extra?

Mas não é como se eu pudesse ficar com raiva dele. 

Entrei no meu quarto e tomei um banho bem quente. Eu deveria ficar com raiva do meu pai por estar enfiado no trabalho, mas eu só consegui pensar nessa porra de DUFF e na desgraça gostosa que era Derek Hale.

Sentei na minha cama e pesquisei no meu notebook o que era um DUFF.

Quase quis cometer suicídio quando eu vi o que apareceu. Aparentemente, era uma pessoa nerd, gordo, desajeitado e feio que tinha a serventia de tornar os outros amigos mais atraentes. Ah, tinha que ser sempre legal.

Levantei e encarei meu reflexo no espelho. Gordo eu não sou. Feio também não. Desajeitado talvez. Peguei uma foto que Scott havia tirado de nós três e fiquei comparando. Ok! Eu definitivamente eu não era o centro das atenções quando era comparado...

Voltei meu olhar para o espelho e quase chorei. Eu era a porra do DUFF.

Cobri o espelho com uma coberta e sentei na cama. Como eu nunca percebi isso antes? Será que durante todo esse tempo Isaac e Scott sabiam disso? Será que eu era usado para aumentar o tesão que as garotas sentem por eles? Não!

Meu celular tocou. Olhei no visor e uma foto muito zoada do Scott apareceu.

— Fala.

Scott: Cadê você?

— Em casa.

Escutei Isaac me xingando ao fundo. Otário era ele.

Scott: Como você acha que iremos pra casa? E você não ia dormir na minha casa?

Porra! Esqueci disso.

— Já to chegando ai.

— Onde é “ai”?

Isaac: No bar, sua anta.

— Não começa que eu deixo você voltar andando.

Isaac: Olha, o Derek ofereceu uma carona e...

— JÁ ESTOU CHEGANDO.

Desliguei o celular e coloquei um casaco sobre o pijama. Mas esse tal de Derek Hale não vai encostar um dedo nos meus amigos!