Numa certa manhã, numa praça na cidade de São Paulo, um homem estava sentado à uma mesinha de jogo sob uma frondosa árvore cujo tronco era extremamente grosso e as raízes profundas.

Junto a ele estava uma mulher de cabelos grisalhos, com mãos calejadas e as marcas de longos anos de árduo trabalho. Estavam sentados um de frente para o outro.

O homem sorria e olhava com certo encanto para aquela mulher. Ela representava a conquista de todos os seus sonhos. Ela era seu motivo, seu porquê.

“Há tempos que eu queria te encontrar”, disse o homem, carregado de felicidade.

“Eu sabia que logo poderíamos nos ver”, ela respondeu, a voz embargada pelo choro preso em sua garganta.

“Tenho tanto para te contar. Eu vi tanta coisa nas minhas viagens. Mas antes eu quero te dar algo”.

O homem tirou do bolso do paletó uma pequena caixa enfeitada com um laço branco e o colocou na mesa. Olhou para a mulher cuja expressão era de interrogação.

“Eu me lembro que uma noite, quando nós estávamos conversando na sala, você havia dito que sua família possuía um anel com o brasão da família, mas ele se perdeu um dia. Bem, você me mostrou o brasão e disse que gostaria de ter um anel com aquele símbolo novamente, pois representava algo que fora muito importante para sua família. Eu nunca me esqueci daquilo”.

“Eu também me lembro dessa noite”, a mulher sorriu, nostálgica. “A energia havia acabado e estávamos os dois na sala, tomando sopa”.

“Sim. Naquela noite, eu guardei aquele brasão comigo e prometi que um dia realizaria o seu sonho. Você não se permitia ter as coisas, pois estava trabalhando duro para ter condições de me dar o que eu precisava”, o homem pigarreou. “E você conseguiu. Eu tenho tudo o que quero e que necessito hoje graças as você, que quase se matou de trabalhar para que eu pudesse realizar o meu sonho”.

O homem abriu a caixinha revelando um anel prateado com um símbolo. Uma ave saindo de um ovo.

A mulher não conteve as lágrimas.

“Agora é hora de eu realizar seus sonhos. Agora você não precisa mais trabalhar como uma condenada. Eu estou aqui por você, para que se apoie em mim, do mesmo modo que eu me apoiei em você”.

A mulher chorava, mas aquela cena deixou o homem feliz porque aquelas eram lágrimas de orgulho e alegria. E era tudo o que ele queria ver, o que o impulsionaria a ser melhor a cada dia.

“Eu te amo, mamãe. Você merece”.