Blackout escrita por Lucas Moraes


Capítulo 5
A Sirene




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/737894/chapter/5

JUNGKOOK

Kookie notou que realmente a distância entre o domo e o Departamento 2 era menor do que a distância entre o domo e o 3. Durante o caminho, Jungkook pensou ser ouvido batidas nos vidros do lado de fora, sua mente imaginou o espírito da Srta. Brekker batendo no vidro querendo entrar, mas ele não deu muito crédito. Sun não falou muito durante a caminhada, diferente de Kira, Koa e Hoy, que não pararam de cochichar. Kookie pensou ter ouvido o nome dele entre alguns sussurros trocados pelos três, entretanto, também deveria ser coisa da sua cabeça.

Kira ficou encarando Jungkook quase todo o percurso, o que o deixou desconfortável. Kookie odiava aquele garoto. “Odiar é pouco” pensava. Sun chegou ao Departamento 3 antes de todo mundo, seguido de Kookie e depois por todo o resto da equipe. “O mundo é bem melhor quando se tem uma lanterna” o garoto pensou. Kookie ficou imaginando como até as crianças do Ensino Fundamental I conseguiram achar lanternas, mas eles não. Os corredores do terceiro andar do Edifício 3 estava completamente vazio, assim como o segundo e o terceiro andar. Kookie estranhou, mas depois apenas aceitou que estavam todos no térreo.

Ao chegar aos pés da escada que descia ao térreo, Kookie ficou espantado com o que viu. Diversas pessoas sentadas descansando, outras várias apoiadas nas janelas e muitas outras conversando em rodinhas. Como se nada. Estivesse. Acontecendo. Sun andou na direção de uma das rodinhas de adolescentes e Kookie reconheceu os integrantes. Hope foi o primeiro a levantar e cumprimentar Sun enquanto Jungkook dava um aperto de mão com Jimin. Rap cumprimentou Kookie, Hope cumprimentou Kookie e Jimin deu um abraço apertado em Sun.

— Que saudade de vocês, caras – Jimin disse olhando para Sun e Kookie.

— Faz só algumas horas que a gente não se vê, idiota – Sun retrucou. – A gente se encontrou na entrada, lembra?

— Nossa que insensível – Jimin falou e Rap riu.

— Por que vocês estavam sentados aí como se nada estivesse acontecendo? – Perguntou Sun.

— Porque nada estava acontecendo – Hope respondeu.

— Rap estava contando para a gente da vez que ele foi pego na escada de emergência com aquela garota do terceiro ano – Jimin disse, ele parecia orgulhoso pelo amigo. “Eca” pensou Kookie. A maioria das conversas que Rap e Hope tinham eram sobre garotas, isso deixava Jungkook desconfortável.

— A garota que se matou? – Sun perguntou. Kookie engasgou com a naturalidade que a colega de classe disse aquelas palavras.

— Sun – Kookie disse. – Que insensível.

— É só a verdade, idiotas – ela retrucou.

— Mas não precisava falar assim – Rap disse. Ele parecia meio ofendido.

— Desculpa – Sun disse. – Não foi minha intenção... Ah, quer saber? Foda-se, ela fez aquilo porque ela quis – Kookie sentiu uma pontada de decepção. Às vezes Sun era fria demais.

— Okay – disse Jimin. – Sem problemas, vamos mudar de assunto – ele riu. – Vamos falar sobre o amigo gatinho de cabelo branco de Kira e Koa. Vi eles andando mais cedo hoje... Ai ai.

“Eca” pensou Kookie.

— Vocês meninos só sabem falar dessas coisas, eu heim – Sun falou brincando, mas seu tom de voz pareceu bem sério.

Sun começou a contar sobre o que havia acontecido no Edifício 2 e como eles tinham conseguido os rádios, etc. Por fim, ficou decidido que os cinco – Ele, Sun, Jimin, Hope e Rap – iriam procurar nas Salas de Segurança de todos os andares mais lanternas e mais rádios para poderem levar alguns para o Edifício 2. “Não podemos esquecer de pegar comida também” pensou Kookie.

Os cinco colegas então fizeram uma ronda pelo primeiro andar e conseguiram coletar seis lanternas e três rádio comunicadores. Estavam indo bem. Kookie podia ouvir o burburinho de vozes no andar de baixo. Os alunos mais velhos pareciam menos preocupados e menos responsáveis do que os do Fundamental 2, percebeu o garoto. Jungkook pensou que logo seria ele a estudar nesses corredores, ele não via a hora. Entretanto, uma onda de pensamentos ruins tomou conta de sua mente.

“E se nunca sairmos daqui? E se o nosso destino for acabar como a Srta. Brekker e todos os outros adultos do local?”. O garoto tentou afastar aquelas ideias de sua mente, mas elas sempre voltavam. Quando chegaram ao segundo andar, Kookie não deixou de notar que haviam mais corpos do que o normal. Se é que existe uma quantidade “normal” de corpos para o segundo andar. Esse pensamento foi quase engraçado, se não fosse trágico.

Jungkook então lembrou do que os três colegas e V haviam dito: alguns alunos do terceiro ano haviam sido “desligados” junto com os adultos, todos eles tinham mais de 18 anos. Aquilo ainda não fazia sentido para ele... Nada daquilo fazia sentido. Como estava tão escuro se em alguns minutos daria meio dia? Como todas as janelas e portas, de todos os andares e salas estavam emperrados? E por que os celulares não estavam funcionando, mas os rádios sim? Por que a porta do Departamento 1 estava trancada? Por que proibiram o trânsito de pessoas pelas Passarelas por tanto tempo se não havia nada de errado lá?

— Kookie, pode segurar isso daqui para mim – era Sun. Ele estendeu a mão sem nem olhar para o que a garota estendia em sua mão. Sentiu uma superfície metálica e gelada em sua mão. Olhou e tomou um susto. Era uma arma! Kookie soltou o objeto instanteneamente no chão e Jimin soltou um grito de susto. Sun começou a rir. – Presta atenção no que você está fazendo, idiota, poderia ser uma cobra. Não aceite tudo que te oferecem sem conferir antes do que se trata.

— Mas... – Ele tentou se explicar.

— Foi engraçado, admito – Hope disse entre risinhos.

— Eu levei um susto, isso sim! – Jimin acrescentou. – Vai que esse negócio disparasse e acertasse alguém.

— Ela estava travada, Jimin – Sun falou. – Você acha mesmo que eu daria uma arma carregada para o Jung idiota Kook?

— Ouch – Kookie disse.

— Mas o que uma arma estava fazendo aí – Rap Monster perguntou.

— Eu não sei – Sun respondeu. – Mas vamos levar com a gente, para caso algo dê errado. – Aquelas palavras causaram um arrepio em Kookie. Como assim algo desse errado? Por que eles precisariam de uma arma?

Kookie já havia se acostumado com a escuridão, entretanto, toda vez que o grupo virava uma esquina ou abria uma porta de uma sala vazia, o coração do garoto acelerava. Não que ele tivesse medo do escuro, mas nunca se sabe o que pode estar te esperando em meio à escuridão. Chegaram a sala dos seguranças do terceiro andar e encontraram mais alguns objetos. Eles possuíam agora 10 rádios para comunicação, dezoito lanternas e, para tristeza de Kookie, quatro pistolas carregadas.

Eles estavam chegando na escada para voltar para o térreo quando um barulho ensurdecedor invadiu seus ouvidos. De todos os lados, vindo de dentro de todas as salas, uma sirene bastante conhecida por todos os alunos do Colégio. Parou. Os amigos se olharam entre si.

— Isso foi o sinal do almoço? – Perguntou Sun. “Mas como?” Jungkook pensou. A energia do prédio não havia sido cortada?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!