Intercâmbio escrita por nukke


Capítulo 6
Capítulo 06




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Depois de engolir duas cochinhas e uma coca, Chace foi pro quarto de Isa. Ela ainda dormia, com soro na mão e o tornozelo enfaixado pra fora do cobertor. Chace pegou uma cadeira e colocou do lado da cama e ficou olhando Isa dormir.
Como ela demorou a acordar Chace apoiou a cabeça na cama e segurou a mão de Isa que estava livre da agulha do soro.
Isa acordou sentindo o tornozelo latejar. Abriu os olhos devagar sem reconhecer o local que estava. Olhou pro lado e viu a cabeça de Chace encostada na cama, ele dormia profundamente apesar da péssima posição. Isa sorriu por ele estar ali. A presença dele fazia ela se sentir segura e protegida.
-Chace – ela sussurrou soltando a mão da dele e passando pelos fios dourados do menino – Deita no sofá, é mais confortável...
-Ahn? – ele levantou a cabeça sonolento e olhou o rosto de Isa sorrindo para ele – Isa! Você acordou! Como você está? Fome? Frio? Sono? Sede? O pé dói?
Isa riu da preocupação de Chace e continuou alisado seu cabelo.
-Eu to bem Chace. Meu pé dói, mas é pouco. E eu to com sede. Mas e você? Não deveria estar em casa dormindo e comendo?
-Vou pedir uma água pra você – ele apertou um pequeno botão vermelho perto do sofá – Eu estou bem, relaxe.
-Certeza? Posso me virar sozinha...
-Absoluta certeza que você não pode se virar sozinha.
Ele riu e deu uma piscadela pra Isa. A enfermeira entrou no quarto com uma bandeja vazia na mão.
-Precisam de algo? – ela perguntou educadamente.
-Uma água. Pra ela – Chace disse fazendo gestos.
-Ah, e você quer algo?
-Não, obrigado – ele sorriu enfiando as mãos nos bolsos da bermuda.
-Quando eu saio daqui? – Isa perguntou sentando-se na cama.
-Hoje mesmo o médico passa aqui para te dar alta. Já trago sua água, querida – e ela saiu fechando a porta.
-Não vejo a hora de sair dessa prisão – Isa bufou rolando os olhos.
Chace riu e sentou-se novamente na cadeira.
-Enquanto isso descansa um pouco, ok? – ele disse passando a mão carinhosamente na cabeça de Isa.
-Só se você dormir no sofá. Você vai quebrar o pescoço se continuar dormindo assim.
-Tá bom... – ele disse se levantando e deitando no sofá. Estava realmente cansado, queria tomar um banho, mas podia esperar até chegar em casa e se caso Isa precisasse ficar mais um tempo, pediria pra sua mãe levar roupas pra ele.
A enfermeira entrou novamente no quarto entregando uma garrafinha de água a Isa e colocando mais duas dentro do frigobar.
Os dois dormiram quase na mesma hora. Isa acordava às vezes quando a enfermeira entrava para colocar algo em seu soro, provavelmente algum remédio anestesiante, mas logo voltava dormir.
Por volta das cinco da tarde o mesmo médico que havia falado com Chace entrou no quarto e avisou que eles já podiam ir embora, e que felizmente não havia sido encontrado veneno no sangue de Isa. Ela só teria que passar uns remédios no local da ferida para não infeccionar, embora a ferida fosse muito pequena, apenas dois furinhos com bolas arroxeadas em volta.
Chace ligou pro pai que foi pegar os dois já que sua mãe estava no trabalho.
-Isa! Que bom que você já está em casa. E você meu filho, como está? – Elizabeth perguntou quando eles chegaram em casa – Fiz uma torta de chocolate com leite condensado deliciosa, está na cozinha, querem comer?
-Eu vou tomar banho, vovó. Depois eu como. Valeu – Chace agradeceu subindo as escadas.
Isa aceitou e comeu a torta na companhia de Beth enquanto contava a ela tudo que havia acontecido, detalhe por detalhe. Beth xingou Ben de todas as formas possíveis por ele ter deixado as coisas tão longe.
-Mas não estava tão longe, eu que sou bestona mesmo... – Isa ria das palavras que Beth usava como palavrões.
-Mas... Me conte, o Chace não te deu uns beijos não?
Isa corou e riu envergonhada.
-Não, Beth. Nós somos só amigos.
-Mas que menino besta, puxou ao avô da parte de pai, só pode. Perdido numa mata com uma menina linda, e não faz nada? Ou você que não quis?
-Nem eu quis, nem ele tentou. Estávamos com muito medo pra pensar nessas coisas.
-JUSTAMENTE! Ele te agarrava e você se acalmava. O Chace é muito besta mesmo... Se tivesse morado um tempinho comigo e o avô dele, meu marido que faleceu, não seria assim...
Isa ria ainda envergonhada e depois de comer subiu pra tomar banho e ligar pras amigas pra contar tudo e dizer que estava bem. Depois ligou pra mãe e a tranqüilizou dizendo que era uma coral falsa e que estava morrendo de saudades.
Mallu ligou de volta contando sobre Ben e a briga com Lara, já havia contado pra Bec no caminho. Mas não falou nada sobre seu vício do passado, não queria preocupar Isa, ia esperar até amanhã.
Depois disso Isa desceu e ficou vendo televisão. Chace desceu e se juntou a ela.
-Tédio da porra. Quer jogar sinuca? – ele perguntou enquanto Isa mudava de canal sem achar um bom.
-Onde tem sinuca? – ela perguntou distraída ainda passando os canais.
-Aqui, você não sabia? Nossa... Vem, vamos jogar.
-Eu não sei jogar sinuca, vou enfiar o taco no seu olho e matar alguém.
-Eu te ensino, vem – ele ficou de pé e estendeu a mão pra Isa.
Os dois começaram a jogar. Isa tentava usar o taco de qualquer forma, mas sempre batia embaixo de mais e a bola pulava e caía fora da mesa. Ou batia certo e a bola não andava mais de 2cm. Chace já ganhava dela de cinco a um, sendo que um ponto Isa tinha feito utilizando o lado contrário do taco.
-Deixa eu te ensinar, não seja tão orgulhosa – Chace falou rindo da forma como Isa segurava o taco.
-Me ensinar o quê? Não tem o que me ensinar.
-Tem sim. Como segurar o taco – ele sorriu.
Isa olhou pra ele e riu com o duplo sentido das palavras dele.
-Caraca, Isa, nem tinha pensando em merda.
-Sei viu.
-Vai deixar eu te ensinar?
Isa não respondeu e bateu na bola, que mais uma vez pulou e foi pra fora da mesa.
-Tá bom...
Ele abraçou Isa por trás e ajeitou o taco pra ela. Encostou o queixo no obro dela. Isa podia sentir a respiração de Chace no pescoço dela e se arrepiou, se desconcentrando toltamente do jogo.
-Aí você faz assim e... Pronto! – ele disse batendo na bola branca e colocando uma ultima bola no buraco – Viu? É fácil.
Isa se virou pra encarar Chace. Ele colocou um braço de cada lado de Isa se apoiando na mesa de sinuca. Ela ficou sem graça por estar tão perto de Chace, seu coração batia descontroladamente rápido e suas mãos suavam frio. Borboletas na barriga batendo suas asinhas e fazendo cócegas, pernas bambas...
Chace inclinou a cabeça para o lado e se aproximou lentamente de Isa. Fixava o olhar somente em seus lábios enquanto seu coração tentava rasgar a pele e sair de seu corpo.
-Carãm!
Os dois se viraram assustados. Mary segurava o telefone em uma mão e a outra estava em sua cintura.
-Pra você, Chace – ele entregou o telefone ao filho – Isa, quero falar com você depois.
Chace pegou o telefone e atendeu enquanto Isa tentava recuperar o fôlego e os batimentos cardíacos.
-Quem é? Ah, oi Ben – ele rolou os olhos e olhou pra Isa que sorria sentada na mesa de sinuca – O que você quer? – ele se sentou do lado de Isa – Ahn... Sei, aham. Sei lá. Leva seu cachorro num veterinário eu não entendo nada de cachorro... Eu não sei, porra. Ta, tchau.
Isa riu da conversa deles e começou a guardar os tacos. Eles não jogaram mais naquela noite, e assim a semana se passou. Mallu contou pra Isa sobre as drogas, sob pressão de Bec. Mas Isa só pediu que isso não se repetisse e que ela não escondesse mais nada delas. O tornozelo de Isa já estava quase bom e ela saia com as amigas de vez em quando pra ir ao shopping ou na sorveteria e às vezes Chace e os amigos dele iam junto.
Já era domingo e no outro dia seria o primeiro dia de aula das meninas. As três estavam no mesmo colégio e a ansiedade crescia dentro delas por ser o primeiro dia de aula em uma nova escola em um novo país.


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