Recomeçar escrita por Flower


Capítulo 28
Epílogo - Recomeçar


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, talvez vocês nem se lembrem que essa história um dia existiu. Sei que devia um final a vocês, prometi um epílogo. Mas minha vida ficou tão conturbada, comecei uma nova história e quando vi não conseguia dar um final merecido a minha primeira Fanfic. Então, mais calma, de férias, a expiração voltou e com ela me veio o fim com gostinho de quero mais dessa linda história.

Espero que gostem.

Obrigada a cada uma de vocês que estiveram comigo, as que ainda continuam comigo, vocês são o fruto da minha imaginação e sou feliz por poder interagir com vocês, tornando tudo isso uma verdadeira aventura.

Gratidão.

Boa leitura. ♥



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Felicity Smoak

Um ano. 

Exatamente um ano desde que nasci de novo.

Eu não sei explicar a sensação que é estar com os olhos permanentemente fechados e não conseguir abri-los. Eu ouvia tudo ao meu redor, o barulho que o choque do desfibrilador fazia sobre meu peito, vozes como de uma multidão que gritava uma sequência de números que pareciam ler em um dos monitores ligados a mim. Mas, sobretudo, eu ouvia com claridade a voz desesperada de Oliver que me pedia para voltar. Eu queria consentir, abrir meus olhos e mostrar que estava ali todo o instante, no entanto a força que mantinha meus olhos fechados era mais forte.

Foram minutos longos de inúmeras tentativas de acordar, eles se tornaram mais extensos à medida que senti a mão de Oliver que estava presa a minha se soltar. Seus dedos estavam entrelaçados aos meus, e assim que eles se distanciaram, eu perdi os últimos resquícios da força que estava nutrindo para jogar com o que tinha restado das minhas fichas. Porque a dor que nascia das minhas entranhas comprimia meus pulmões como se toneladas estivessem sido arremessadas em cima do meu tórax frágil. E, então, perguntas começavam a se formar dentro da minha mente, todas envolvendo o meu bebê que eu tinha visto apenas alguns segundos, mas que sabia que havia herdado os mesmos olhos do pai.

Eu estava os perdendo.

De uma vez só.

Era escuro onde eu estava, como um breu, eu não conseguia enxergar um palmo a minha frente. Possivelmente, isso se tratava da minha morte, porque depois de certo tempo eu já não conseguia mais ouvir nada como antes. Não havia nenhuma voz, nenhum barulho e tampouco impacto no meu corpo.  Embora eu estivesse aceito minha resignação, tudo o que eu gostaria era de ver pela última vez as pessoas que deram sentido a minha vida. Segurar a mão da minha mãe e agradecê-la por toda a paciência, por ter acreditado no meu potencial quando eu mesma não acreditava. Agradecer aos caminhos tortos que me levaram até Starling City, onde eu encontrei o amor, esse mesmo amor que me daria um novo sentido de viver. Oliver me deu uma família sem que eu precisasse pedi-lo, ele abriu as portas do seu mais íntimo e deixou com que eu entrasse. Ele sabia que eu encontraria dor, ressentimentos e lembranças que talvez não conseguisse deixar em um passado. Mas eu quis enfrentar todos esses obstáculos, porque no fundo eu sabia que valeria a pena, e valeu. Cada momento que partilhamos foi único e nada é tão sólido que consiga mostrar o quanto nos fez crescer.

Eu não entendia o porquê de estar indo embora, eu tinha fé, era ela quem me sustentava, me fazia acreditar que iria dar certo mesmo quando tudo parecia tão errado.

Será que minha fé era suficiente para me trazer de volta?

Para alimentar não só as minhas crenças, mas também as de Oliver?

Ele seria capaz de ter a fé que precisava para me resgatar?

Sim.

Porque Oliver conseguiu, o nosso amor me trouxe de volta.

— Tome isso e tudo se tornará mais fácil! — Caitlin me dá uma taça repleta de champanhe à medida que minha mãe dá os últimos retoques no vestido de noiva.

As borbulhas que o espumante faz são tentadoras.

Mas nem elas conseguiriam aliviar a tensão que esse grande momento está me trazendo.

— Caitlin, ainda não posso ingerir álcool. — me divirto ao observar o quanto Caitlin arregala os olhos.

— Já se passou um ano e o pequeno Dylan ainda continua mamando nas suas tetas? Ainda bem que a Smoak Technologies está dando lucro, porque você vai precisar levantá-las mais cedo ou mais tarde. — Caitlin ingere todo o líquido da taça de uma vez.

Eu rio.

Minha mãe termina com os alfinetes.

— Os filhos deixam o corpo de uma mulher ainda mais lindo, querida. Irá entender quando tiver os seus. — Donna sorri ao se dirigir a Caitlin.

— Meus? Filhos? Imagina! Um Tommy no mundo é o bastante, a civilização não merece uma cópia desse bastardo correndo de um lado para o outro!

Caitlin revira os olhos.

É engraçado como fala do seu relacionamento com Tommy, outra pessoa não entenderia, mas eu consigo enxergar o quanto seu tom irônico se contrasta com o amor que sente, principalmente em relação aos bebês. Ela nega para ela mesma, reluta quando meu irmão toca no assunto, diz preferir ter cachorros a pestinhas correndo pela casa. Mas todas as suas resistências se quebram assim que Dylan sorri para ela quando e a chama de ‘dinda’. Esse sorriso é tão transparente que mostra a essência de mãe que Caitlin acredita não ter, ela será uma das melhores, e também, uma das mais engraçadas.

— Não diga besteiras, Caitlin. — suspiro.

— Amiga, eu não nasci para limpar fraldinhas de nenê. — ela dá de ombros.

— Você está linda. — minha mãe pergunta ao prender o último detalhe do vestido, dos seus olhos nascem lágrimas tímidas que tenta esconder assim que me vê no reflexo do espelho.

O vestido é inteiramente bordado com pérolas brancas que se estendem por cada extensão do tecido adequado às curvas do meu pequeno corpo. O decote é comportado e coberto por uma renda fina que é desenhada até as mangas longas que chegam até os meus pulsos dando uma transparência incrível. Na minha cabeça há uma coroa em ouro rosé cravejada de pequenos diamantes que fora usada por Moira no seu casamento com Robert Queen, eu disse a Oliver que gostaria de uma coroa de rosas brancas e frescas ao invés de algo que foi tão marcante pela família Queen, mas ele me ignorou e disse que se eu não a usasse seria uma desfeita. Confesso que serviu perfeitamente, conversando com os detalhes impecáveis restantes do vestido que chega a arrastar pelo chão quando se une ao véu.

— Parece um conto de fadas...

— No qual você é a princesa, minha querida. — Donna entrega em minhas mãos trêmulas pelo nervosismo um pequeno terço. Agora as lágrimas deixam de serem tímidas descendo com mais força pelas peras ruborizadas da face, eu preciso me concentrar para que a maquiagem não borre, porque se minha mãe continuar chorando terei que acompanha-la. — Não é nenhuma coroa cravejada de brilhantes, mas sua avó usou esse terço quando pisou no altar. Ela me entregou e disse que era para eu usá-lo quando me casasse... Não tive essa oportunidade, foi uma escolha minha, mas quero que você entre com ele nas mãos, porque é um dia especial na sua vida e também está sendo o dia mais feliz de todas as mulheres da família Smoak.

— Mamãe...

— Obrigada por permitir que eu faça parte desse momento em sua vida, meu amor.

Os braços de minha mãe encontram o meu corpo com carinho me aconchegando, tarde demais, estamos as duas chorando como bebês. Esse abraço quente significa que realmente fechamos um ciclo de mágoas que ficou no passado, porque se estou aqui viva, respirando ar que passa pelos meus pulmões com harmonia, é porque ela esteve sempre por aqui me mostrando que sempre é possível e que nada conseguirá nos separar novamente.

— Ainda bem que a maquiagem é a prova d’água. — Caitlin brinca.

— Está preparada? — Donna pergunta entre risos divertidos enquanto limpa com cuidado nossas lágrimas fujonas.

— Na minha barriga parece que existe um amontoado de borboletas batendo uma nas outras. — franzo o cenho, mordendo levemente meu lábio inferior.

— Isso se chama frio na barriga, significa que está mais do que pronta para se tornar uma Smoak-Queen.

Caitlin bate palmas. — Chega de mi-mi-mi e vamos casar essa mulher antes que o noivo tenha um ataque do coração!

Nós rimos.

Ao caminhar com a ajuda de Caitlin e de minha mãe conseguimos chegar ao carro responsável por nos levar até a porta da Mansão Queen onde o juiz de paz nos dará a benção e depois poderemos curtir a grande festa, eu preferia que acontecesse em uma pequena igreja da cidade para poucos amigos e conhecidos da família, mas alegaram que isso chamaria a atenção da mídia e não teríamos sossego, então decidimos fazer algo grandioso na própria mansão, longe de quaisquer paparazzi. Moira quem organizou cada detalhe da cerimônia para que não faltasse nenhum requinte, Tom, o motorista, também se encontra vestido como segurança de um lorde inglês, ele abre a porta traseira para nos aconchegarmos nos bancos macios revestidos de couro. Oliver queria que eu fosse levada até a porta da mansão em uma carruagem dirigida por cavalos brancos, mas eu ri da sua cara e logo ele entendeu que estava indo longe demais, então deixei que escolhesse um Rolls-Royce Wraith Presidencial, ele é perfeito.

~~~

— Vocês vieram de Marte? Oliver está impaciente lá dentro! — Tommy murmura.

— Nunca ouviram dizer que a noiva precisa se atrasar? É de praxe. — Caitlin revira os olhos.

— Eu gostaria de ter o visto entrar junto de Moira... — suspiro.

Ele deve estar lindo como jamais devo ter o visto, decidimos que não optaríamos no que cada um iria vestir, a cor, o corte do traje, nada. Simplesmente porque queríamos nos surpreender assim que nos víssemos, para que a imagem desse dia ficasse cravada em nossas mentes como se estivesse sendo riscada em nossa própria pele. Meu coração começa aos poucos descompassar, o frio da boca do meu estômago está se tornando mais intenso somente por estar prestes a cruzar o tapete vermelho assim que essas portas se abrirem. Elas são altas e estão cobertas por rosas claras como todos os enfeites do lugar, parece que estou em um grande jardim colorido cobertos de flores frescas. Sem contar o dia lindo que está fazendo, não há nenhuma nuvem no céu que esbanja o seu límpido azul, poderia dizer que é um dos dias mais felizes de toda a minha vida.

— Deslumbrante! — Gonzáles sussurra ao se aproximar, ele também está impecável. Sua barba é cheirosa e um dos braços enrosca no meu para que possamos finalmente adentrar.

Sorrio para ele. Eu não consigo falar mais nada, pois o nervoso está sucumbindo cada célula do meu corpo, de lá de dentro não consigo ouvir barulho se quer, há um silêncio perturbador.

— Felicity... — Caitlin surge com a voz baixa. — Temos um problema!

— Problema? — pergunto tentando manter a calma.

— Fomos buscar as crianças que entrariam com você, mas só encontramos as daminhas... — ela murmura.

— Dylan e William?

Um frio passeia pela minha espinha.

Meus lábios se tornam gélidos.

Cadê os meus filhos?

O ranger da porta me tira a atenção por breves segundos e me impacto com a presença de Oliver que interrompe seus próprios resmungos assim que me vê. Ele está paralisado permitindo que sua boca entreabra à medida que lentamente deixa que seus olhos escorreguem por cada detalhe do vestido que estou usando, os mesmos olhos que apresentam as íris de um azul tão cristalino quando se contrasta ao céu que nos ilumina.

— Você é a mulher mais linda... — Olive sussurra.

— Cara, ver a noiva antes do casamento dá azar! — Tommy tampa os olhos de Oliver rapidamente.

— Meus netinhos! — Donna corre em nossa direção após não encontrar os dois rapazinhos.

— Calma querida, nos explique o que está acontecendo! — Gonzáles tenta acalmar mamãe.

— O que está acontecendo aqui? — Oliver pergunta.

— Oliver! Não estão encontrando os nossos meninos! — minha voz falha.

— Como assim? — Oliver arranca as mãos que tampam seus olhos, aproximando do meu corpo. Seus olhos que antes eram transparentes se tornam levemente nublados. Meu coração se aperta dentro do peito de forma angustiante e lembranças de tudo o que fizeram para nos separar começa a passar como um filme dentro da minha cabeça, o frio que antes só estava no meu estômago, agora está por todo o meu corpo acompanhado de um gosto amargo na minha boca.

— Dylan e Willian deveriam estar aqui com as daminhas para entrarmos, mas Caitlin e mamãe não conseguiram encontra-los. — abraço seu corpo firme afogando meu rosto no acesso do seu pescoço que está exalando o seu perfume almiscarado conhecido. A sensação de medo diminui à medida que sinto os braços de Oliver entrelaçarem minha cintura como sempre faz quando sente que estou aflita.

— Tommy e Caitlin vão procura-los pelo jardim. Seus pais na garagem, os pestinhas adoram brincar os carros do papai... — ele meneia a cabeça. — Tom, dê uma volta de carro pelo condomínio e caso não contatemos você em meia hora, ligue para a polícia. Leve os demais seguranças com você! E nós vamos procura-los pelo salão de festas, antes que meus pais se deem conta de que algo de errado esteja acontecendo. — apenas assinto com a cabeça, já estou pateticamente chorando. Não é nenhuma novidade. — Meu amor, eles devem estar apenas... Brincando conosco.

Todos assentem positivamente com as cabeças.

É claro que Oliver só está dizendo isso para me tranquilizar, ele sabe o quanto foi difícil chegarmos até aqui. Passou-se um ano desde que tudo aconteceu, mas ainda temos sombras das coisas ruins que nos perseguiram, a tentativa de nos separarem, o acidente de Oliver, a minha quase partida, e agora, será que depois de um ano teríamos que voltar a sofrer com o sumiço dos nossos dois filhos? Justamente em um dos dias mais importantes da minha vida?

— Uhum...

Concordo incerta.

E começamos a cassada andando com cuidado pelos meus saltos-altos e todo o vestido que está arrastando pelo chão. Meu estado de nervos aos poucos vai se tornando menos desesperado pelo simples fato de Oliver estar com suas mãos quentes presas as minhas, nossos dedos entrelaçados em um molde primoroso. Nós entramos no salão pela parte de trás, ele está vazio, pois todos os convidados estão nos esperando no interior da mansão Queen, e neste momento, devem estar se perguntando por onde andam os noivos que já deveriam estar por lá. Os meus olhos estão procurando minuciosamente cada parte do salão juntamente a Oliver, já passamos por toda a parte, mas não há nenhum rastro dos dois.

— Estou com medo. — minhas pernas travam.

— Vamos encontra-los, meu amor. — a voz de Oliver é falha, mas o fundo do seu olhar é tão compreensivo que consigo suspirar mesmo ainda dentro de todo esse furacão.

— Sim...

Voltamos a percorrer pelo salão chegando à área em que se encontra a mesa onde está o buffet escolhido a dedo por Moira, parece que está tudo no lugar. Os petiscos, os docinhos de todos os tipos que eu poderia imaginar feitos especialmente para o dia, mas algo não está no lugar, espera aí, nós paramos abruptamente e dos lábios finos de Oliver surge um sorriso. Logo, também sou capaz de sorrir, porque na mesa central não está tudo como deveria estar, o bolo de três andares está despedaçado e de baixo da mesa de vidro com detalhes de um fino ouro somos capazes de ouvir cochichos. Oliver dá a volta pela mesa e com cuidado se abaixa encontrando os dois pestinhas de bochechas sujas com o caramelo do bolo, eles ficam paralisados enquanto são pegos no colo pelo pai babão que continua sorrindo aliviado.

— Parece que encontramos os fugitivos. — meus pulmões expulsam o ar de uma só vez, tirando um peso que estava sobre eles. Meu Deus, será que até no grande dia das nossas vidas precisamos passar por um sufoco desses? Mas nada, absolutamente nada, consegue ser mais lindo que os meus três meninos juntos rindo de mais uma das suas aventuras.

— Está mais calma? — a voz de Oliver é a mais doce, ele encosta seus lábios nos meus em um beijo tão rápido que eu deixo escapar um grunhido da garganta em reclamação. O mais idiota dos sorrisos está estampado no meu rosto ao me aproximar de Dylan que com dificuldade me chama de mamãe, é sempre tão divino quando ele me dirige seu sorriso ingênuo junto com os olhos azuis idênticos aos de Oliver me fazendo lembrar de como sou a pessoa mais sortuda do mundo.

— Ele queria bolo, mamãe! — William diz escabreado.

— Sem problemas, meu amor. — sorrio abertamente para William.

— Acho que temos que nos casar...

Oliver me traz de volta do meu pequeno transe de mãe apaixonada.

É, precisamos nos casar.

~~~

"Quando a noite tiver chegado

E a terra estiver escura

E a lua for a única luz que veremos

Não, eu não terei medo. Não, eu não terei medo

Desde que você fique. Fique comigo."

 Stand By Me - Ben E. King 

É chegada a hora.

Decidimos entrar todos juntos, Oliver está segurando o pequeno Dylan vestido com o seu smoking feito um homenzinho. Sua outra mão está agarrada a minha, nossos dedos voltam a entrelaçar perfeitamente, e do outro lado, me encontro de mãos dadas a William que já grandinho ajeita a gravata borboleta no seu pescoço como um príncipe. As daminhas carregando cestas de pétalas de rosas brancas estão a nossa frente esperando ansiosas para a abertura das grandes portas. Assim que as mesmas se abrem o coral inicia a canção Stand by me e todos ao redor se levantam em sintonia para nos receber.

Oliver encosta a ponta do seu nariz no meu fazendo um leve beijinho de esquimó, garantindo um sorriso bobo. Ele sussurra baixo se podemos continuar e eu apenas faço um sinal positivo dando o primeiro passo em direção ao pequeno altar em cristal localizado no final do extenso tapete vermelho aveludado. Está tudo muito além da minha imaginação, há flores por todos os lados e as pessoas vestem roupas claras deixando o ambiente leve como um verdadeiro jardim. Nós caminhamos com nossos filhos nas mãos onde sempre deveriam estar, há tanto amor, cada pedacinho do meu corpo grita para fora o quanto sou apaixonada pelo homem de mãos fortes que me conduz até o altar. Ela está quente, um pouco molhada, aposto que o grandão está tão nervoso quanto eu e esconde toda a emoção atrás da sua irredutível armadura de machão.

Ao chegarmos ao altar o coral termina a música que nos envolveu até a chegada, meus pais de um lado pegam William pelas mãos o levando com eles. Do outro lado, Dylan é entregue a Moira e Robert Queen. E, finalmente, consigo entregar ambas as minhas mãos as de Oliver que está lindo como previ, o terno em um azul claro se adequa perfeitamente aos músculos bem definidos.  Sua barba está feita, tudo lisinho por ali, Oliver passou a aderir a “cara limpa” porque Dylan quando mais novinho se assustava com a barba por fazer.

Todos ao redor estão sentados, o juiz de paz inicia a cerimônia com certo humor nos arrancando risadas divertidas a cada ponto abordado. Agora estou mais calma, minhas mãos não tremem mais e também não estão suadas enquanto são seguradas pelas de Oliver. Nossos olhares não se perderam desde o momento em que nos encontramos, uma conexão inexplicável e o que poderia falar do seu sorriso completamente alinhado? Eu gostaria de ser engolida por ele, mas vou deixar esse momento impróprio para o horário para mais na tarde quando estivermos na nossa noite de núpcias.

— Vocês têm votos? — o juiz de paz pergunta.

— Sim... — Oliver é o primeiro a se manifestar. — Posso?

— Claro, meu rapaz. — o senhor grisalho assente.

Ai meu Deus.

É agora que desmorono feito um castelo de areia.

— Você já ouviu falar sobre as estrelas, meu amor? Cada estrela é uma grande e luminosa esfera de plasma, elas ficam lá encima iluminando cada noite quando não são ofuscadas pela claridade do grande sol. O sol também é uma estrela e é a mais próxima da Terra, ele é a fonte da maior parte da energia de todo o planeta... E você, Felicity Smoak, é o meu Sol. Todas as vezes pela manhã sou acordado por você com os cabelos selvagens em um dourado maestral e basta você sorrir esbanjando essas pequenas sardinhas na superfície das bochechas que é capaz de ser a fonte de toda a minha energia. Antes de você chegar, a minha vida era apagada demais, não havia se quer um raio de sol... — Oliver suspira para pegar um pouco de ar nos pulmões. O grandão está com a voz embargada de quem segura as lágrimas nos olhos, assim como eu. — Mas só foi você aparecer que tudo clareou, da mesma forma que os raios de sol fazem quando escapam pela persiana. Os meus dias se tornam mais intensos simplesmente porque me lembro de que acordei com você e se tornam ainda melhores quando me dou conta de que também irei dormir com você. Felicity Smoak-Queen, você dá luz a minha vida, o seu colo é o meu abrigo. Um porto seguro para onde eu me refugio todos os dias da minha vida... Obrigado por me tornar um homem melhor. Eu a amo mais do que minha própria vida.

Merda.

Estou chorando novamente.

Estamos chorando juntos.

E sorrindo juntos.

Eu quero beijá-lo.

— Você tem um discurso? — o juiz de paz se dirige a mim.

— Eu? — sugo as lágrimas que insistem descer pelo meu rosto.

— Se tem outra Felicity aqui, precisamos encontra-la. — o juiz de paz brinca.

— Sim, eu tenho um discurso. — reúno as forças, cessando o choro. — Quando eu era criança gostava de me deitar na grama e assistir as estrelas. Elas brilhavam tanto e chegavam tão pertinho que eu me imaginava pegando todas para mim, queria coloca-las para iluminar meu quarto que era escuro demais. Mas em uma noite que parecia normal avistei um rastro luminoso cruzando o horizonte, minha mãe dizia que se eu visse algo parecido era para fechar os meus olhos bem fechadinhos e fazer um pedido, porque se tratava de uma estrela cadente. O meu pedido de criança era que um dia eu pudesse ter uma família, mas parecia muito distante, por toda a minha vida, até que encontrei você. Hoje eu entendo que uma estrela cadente significa boa sorte e mudanças, ela me trouxe você, de brinde me trouxe William e Dylan, nossos filhos. Todos os dias me pergunto se sou merecedora da família que recebi das estrelas... E você sabe qual é a resposta? É que já estrava escrito, meu amor. Sempre esteve escrito.

Meu peito está em festa.

Não há alegria maior.

Não há sonho maior.

— Eu te amo... — sussurra Oliver.

— Obrigada.

~~~

A vista é linda, lembro-me que foi aqui de frente para esse lago que contei a Oliver uma das minhas maiores tristezas. Ele se ajoelhou na minha frente, me abraçou e disse que tudo ficaria bem... É engraçado, porque àquela tarde era o nosso primeiro momento juntos nos permitindo conhecer um pouquinho das nossas histórias. Nessa mesma cadeira de madeira em um tom branco eu chorei feito uma garotinha quando disse com dor no coração sobre o erro que tinha cometido com a minha mãe ao vir para Starling City sem ao menos avisá-la, e ao invés de receber críticas eu tive o calor dos seus braços me acalentando, seus polegares secando minhas lágrimas com cautela. Eu gostaria de conta-lo o quanto estava se tornando especial na minha vida naquele simples momento, mas eu decidi guardar para mim com medo de sofrer ao entregar meu coração. Mas hoje eu vejo que aquele dia foi o início da nossa vida juntos, não fazia ideia que seria tão difícil chegar onde estamos, porém valeu a pena cada obstáculo que enfrentamos. Isso nos fortificou, nos deixou ainda mais próximos, digamos que agora, somos nos tornamos um só.

— Então você está se escondendo aqui, mocinha? — a voz de Oliver me resgata.

— Gosto daqui.

— Eu já a disse que perdi minha virgindade nesse lago?

— Não caio mais nas suas pegadinhas.

Ele ri.

Magicamente.

— Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida.

— Sou suspeita para opinar sobre o dia de hoje.

— Nossos pequenos nos deram um baita susto, isso estava nos scripts? — Oliver volta a se ajoelhar na minha frente, abrigando-se entre as minhas pernas cobertas pelo tecido do vestido de noiva. A iluminação é baixa, porque o sol está se pondo lentamente, é fantástico o reflexo que as árvores formam no lago, mas mesmo sob a  pouca iluminação consigo enxergar o belo azul dos olhos de Oliver que são duas bilhas brilhantes, ele está com sua camisa social branca impecável com os primeiros botões abertos. Sua boca está entreaberta sorrindo em minha direção permitindo que minhas unhas deslizem pela pele macia do seu maxilar que se encontra perfeitamente lisa.

— Deixe-me pensar... Pedi a Caitlin que inventasse toda a história para deixar a minha entrada mais triunfal. — brinco. Minha boca não se comporta até sentir a de Oliver em um beijo lento, não há presa, estamos apenas brincando com nossos lábios enquanto nossos narizes passeiam um no outro deixando com que possamos sentir a essência que exala dos nossos corpos ao nos tocarmos.

— Espertinha... — Oliver sussurra entre o beijo.

— Você se lembra da primeira vez que passei a noite na sua casa?

— Claro, o sexo foi incrível.

Ele ri divertidamente se gabando.

Odeio quando ele fica se achando.

Ao mesmo tempo isso o deixa tão gostoso.

— Não estou falando dessa parte... — suspiro. — Você me disse que eu era o seu recomeço, mas estava muito enganado. Quando eu te conheci naquele bar com toda aquela gente envolta, já sabia que você seria o homem da minha vida. Não precisava te conhecer mais para saber disso, nem mesmo sobre o buraco que eu havia encontrado no seu peito. Você pode até dizer que eu curei a sua dor, que fui a luz na sua escuridão... — deixo minha mão direita descansar sobre o lado esquerdo do seu peito que vibra ao senti-la. — Se eu fui capaz de colar os pedacinhos do seu coração despedaçado, acredite que eu só consegui fazer isso porque você se tornou o meu recomeço. Você me deu os melhores presentes que tenho hoje.

— Quero te dar o mundo. — sussurra.

— Não preciso do mundo se eu tiver vocês.

— Nos tornamos uma linda família, não é?

— Você acha que essa família tem espaço?

Meu coração voltar a perder o compasso.

Mais cedo menti a Caitlin quando me ofereceu a taça de espumante tentadora dizendo que era porque ainda estava amamentando Dylan, mas a verdade é que há dois meses descobri que estava esperando um novo pacotinho. Eu decidi não dizer nada a Oliver até que nosso obstetra me desse a certeza que seria uma gravidez saudável, eu não queria assustá-lo nas vésperas da cerimônia. Mas na segunda consulta ao Doutor Cooper que continua sendo o meu mais fiel amigo e obstetra, constatou que a minha vida saudável depois que tive Dylan me livrou de qualquer suspeita de uma possível eclampsia. E, para completar, também descobrimos o sexo do bebê.

— William fez com que você aceitasse a ideia de termos um cãozinho?

— Digamos que no momento não estou me referindo a isso, porém estou pensando no caso.

O pequeno William quer um labrador, ele viu na TV que essa raça adora diversão e colocou na cabeça que quer um. Disse a ele que pensaria no caso, Dylan ainda é muito pequeno e tenho medo que não consiga acompanhar o irmão com um novo integrante da família. No entanto, depois da peça que nos pregaram mais cedo, decidi que William é capaz de cuidar do pequeno irmão e um cão trará alegria à família que estar prestes a crescer.

Minhas mãos encontram as mãos de Oliver as trazendo para meu ventre, a respiração célere faz com que elas fiquem subindo e descendo com rapidez. No início os seus olhos se arregalam me arrancando uma gargalhada divertida, sua cabeça pende para o lado e, então, o sorriso tão cristalino quanto a luz dos seus olhos surgem nos lábios marcados pelo meu batom.

— Deus... — um sussurro quase inaudível escapa da sua boca.

— Uma menininha, meu amor. — sou traída por uma voz embargada.

— Quando você soube?

— Há dois meses. Estou encrencada? — mordo meu lábio inferior esperando pelo sermão do papai Queen.

— Não... Você está linda. — ele suspira deitando sua cabeça no meu ventre. — Agora terei que me inteirar sobre o mundo cor de rosa.

— Prometo que tentarei fazer com que ela tenha um gênio menos forte!

A cabeça de Oliver se levanta e nosso olhar volta a se conectar.

— Quantas vezes vou ter que agradecer a você por ter surgido na minha vida?

— Quantas vezes estivermos dispostos a recomeçar.

— Eu te amo.

— Mais do que tudo.

FIM.


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Notas finais do capítulo

Obrigada, minhas florzinhas. ♥



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