Recomeçar escrita por Flower


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAAAH EU VOLTEI DIGDIGDIM!!!!!!

Bom, primeiramente eu gostaria de pedir mil desculpas pelo meu desaparecimento!

O final do período foi muito pesado, tive muitas provas e estágios intermináveis, mas acabou e terei mais tempo com vocês.

Estou ficando velha, então não me recordo de ter dedicado um capítulo à maravilhosa Smoakingcanary pela recomendação, senão... Este capítulo é em agradecimento as suas lindas palavras, fique sabendo que fico muito feliz em receber esse carinho de vocês.

COMO EU SENTI SAUDADE DAS MINHAS FLORZINHAS, SENHOR. ♥.♥

Bom, esse capítulo ficou um pouquinho grande... Espero que não fique cansativo! Ah, e a Fanfic está caminhando para o seu fim, ainda devemos ter uns 4 capítulos + epílogo. ):

MAS MAS MAS MAS Talvez tenha uma Short-Fic vindo pela frente, o prólogo está quase finalizado e será uma comédia. :D

Não se esqueçam das "Notas finais" lá terá duas verdades e uma mentira sobre o capítulo 15!

Boa leitura. ♥



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Felicity Smoak

Minha cabeça dói um pouco.

Ainda estou confusa sobre o que aconteceu, a única coisa de que me lembro foi cair sobre os braços de Tommy, e tudo então escureceu de uma vez.

Oh meu Deus!

Sangue!

Eu preciso abrir meus olhos, acordar e me livrar de toda essa escuridão que insiste em me envolver.

Preciso saber.

Apenas preciso saber se perdi algo que já considerava o meu bem mais precioso. Receber a notícia de que estava esperando um bebê de início me deixou um pouco assustada, não estava esperando algo dessa proporção tão de repente em minha vida. Ser mãe não parecia estar em meus planos, na verdade, eu não me imaginava com os pés inchados e com a circunferência igual à de uma melancia, muito menos esperava um dia perder todas as minhas roupas por conta de um bebê.

Mas à medida que um pequeno espaço de tempo se passou, cada dia que eu me peguei observando meu próprio reflexo em frente ao espelho do banheiro reparei o quanto estava ficando ansiosa por cada centímetro que meu ventre crescia. Parecia mágica a velocidade com que o meu pacotinho evoluía, aos poucos ele ia demarcando seu território, não só em minha barriga, mas também em minha vida. Mesmo sozinha, guardando esse segredo somente para mim eu imaginava seu nome, como seria seu rostinho. Se iria parecer mais comigo ou com o gênio de Oliver, e eu pedia com todo o clamor para que não viesse a puxar o gênio estourado de seu pai.

Seria um menininho para embarcar nas aventuras de William? Ou uma menininha para ser protegida por seu irmão? Duvido, com meus genes essa menininha seria tão empoderada quanto eu, e com toda certeza, se protegeria e protegeria até mesmo William.

Como seria a reação de Oliver?

Ele gostaria?

Eu não sei... E talvez, eu nunca saiba.

— Meu bebê!

Meu grito afoito faz com que Tommy quase adormecendo no sofá ao lado, pule assustado.

— Loirinha! — o rapaz se aproxima rapidamente de mim, passando a segurar uma de minhas mãos.

— Eu o perdi?

Somente em passar pela minha cabeça a possibilidade de ter perdido meu bebê, sou capaz de sentir um árduo gosto amargo em minha boca.

— Espere uns segundos, irei chamar o doutor Cooper, ele estava esperando você acordar para nos dizer o que realmente aconteceu. Só tente ficar calma...

Tommy solta de minha mão, correndo para fora do quarto. Os segundos que me pediu para esperar estão se tornando minutos e esses minutos poderiam se tornar infinitas horas. E, então, um homem alto e de corpo atlético dentro de seu pijama cirúrgico azul entra com passos largos, aproximando-se de mim prontamente.

O homem pega em minhas mãos, deixando com que eu sinta sua suavidade. É incrível como esse quarto está gelado – poderia me imaginar em um polo Norte se não soubesse que estou apenas em um quarto de hospital -, mas sua mão está quente, é bom sentir outra temperatura estando aqui quase congelando.

— Desculpe pela demora, estava em uma cirurgia delicada.

Seus olhos são um esverdeado claro, e eles parecem tão transparentes. Eu o esperava entrar aqui com uma feição preocupada, mas não, eles me mostram o contrário. Será que isso quer dizer algo bom?

— O bebê... Eu o... — gaguejo em apenas pensar que realmente tenha perdido o bebê, e isso faz com que uma lágrima deslize pelas maçãs de minhas bochechas que devem estar pálidas.

Um sorriso casto sobressai pelos lábios finos do rapaz. — Não. Você não perdeu o bebê, mocinha.

Já jogaram aqueles jogos de torres de empilhamento? Em que você precisa retirar os blocos de madeira da torre sem deixar que ela desabe?  Ao escutar desse homem que não perdi meu bebê me traz um alívio tão grande, como se eu conseguisse tirar o bloco de madeira que sustenta toda a estrutura da torre sem que ela desmorone em minha frente.

Isso é tão bom de ouvir, como se meu peito inflasse e soltasse o ar todo de uma vez.

Como se eu retirasse o peso do universo de minhas costas.

— Eu não perdi? — as lágrimas agora descem com mais intensidade, eu não consigo ao menos impedi-las.

— Não perdeu. — ele olha para Tommy que está ao meu lado, desta vez, sorrindo. — Você é o pai?

— Eu? Não. Não tenho maturidade para isso. — ele nega.

— Não vamos falar a palavra pai por aqui, pelo menos pelas próximas horas. Ok?

Digo enquanto limpo as lágrimas em meu rosto.

— Tudo bem... — o rapaz diz um pouco confuso sobre a situação. — Primeiramente, eu gostaria de me apresentar para você. Sou o Dr. Seldon, mas pode me chamar de Cooper, minha especialização é ginecologia e obstetrícia, eu cuidei de você quando esse rapaz apareceu desesperado com você desacordada nos braços. Fiquei bastante assustado com a quantidade de sangue que parecia ter perdido, mas... A ultrassonografia nos mostrou que ainda é mamãe.

— Eu estava com tanto medo de ter o perdido...

— Mas mocinha, precisamos ter uma conversa bem séria por aqui. Não seria melhor que ligasse para o pai da criança para conversarmos juntos?

— Como se ele soubesse... — murmura Tommy ao lado do médico.

Eu poderia lhe dar um chute no calcanhar neste momento.

— Como? — Cooper volta a perguntar de forma confusa. — Então o pai da criança ainda não sabe que é pai?

Franzo o cenho olhando para os dois homens a minha frente parados como dois patetas. — Olhem aqui vocês dois, a decisão sobre contar a Oliver que estou esperando essa criança depende estritamente de mim. Ninguém além de mim irá saber a hora certa para que isso aconteça, então, eu peço aos dois que não se metam nisso!

Um ruído soa em direção a porta, chamando nossa atenção.

E como se eu não estivesse nem um pouco surpresa avisto Oliver se aproximando como uma máquina mortífera.

— Você está brincando comigo?

Seu peito está subindo e descendo freneticamente e sua voz um pouco descompensada devido a inspiração e expiração pesadas.

— Acho que deveríamos deixa-los a sós. — Tommy murmura ao doutor Cooper.

— Vocês não vão a lugar nenhum antes de me explicarem o que está acontecendo aqui! — a voz de Oliver é gritante como se todos nós aqui fossemos deficientes auditivos.

— Acredito que Felicity precisa lhe contar algo importante a vocês dois. — Cooper me destina um olhar intimidador. — A enfermeira trará uma medicação para reduzir as cólicas. — ao respondê-lo com um sinal positivo, ele se retira levando junto consigo Tommy.

— O que ele quis dizer com isso? — Oliver torna a perguntar.

— No momento, nada que você precise saber.

— Eu preciso saber se você está bem ou então não vou ter paz!

— Estou bem, Oliver.

Observo seu semblante permanecer rígido mesmo com minha resposta. É claro que não acreditou em mim, ainda mais depois do que ouviu do Dr. Cooper sobre algo importante que teríamos que conversar juntos.

— Você sumiu Felicity! Eu a procurei em seu apartamento e você não estava lá. Cheguei a ir até a empresa, mas não tinha se quer rastro seu. Na verdade, em nenhum maldito canto de Starling City!

— Você já acabou?

— Como?

— Estou perguntando se você já acabou.

Minha pergunta de tom irônico aumenta a ira de Oliver.

— Não, eu não acabei. Estava ficando louco sem nenhuma notícia sua. Tudo porque você sumiu sem se preocupar em levar o celular, algum tipo de comunicação!

Ele arremessa sobre o sofá de canto minha bolsa.

— Eu não estava com cabeça para isso.

— Se Tommy não me avisasse que estava aqui, estaria até agora a sua procura. Será que não entende que eu não aguento perder mais ninguém?

A palavra perder me faz engolir a seco.

Depois de tudo que ouvi de Laurel, a forma como Oliver não me apoiou diante a minha imposição, eu realmente pus em dúvida nosso amor.

Nossa confiança.

— Em primeiro lugar você vai abaixar o tom de voz, estamos em um hospital. Em segundo, é você quem me deve explicações.

Oliver coloca suas mãos na cintura parecendo não concordar com minhas ordens, mas cede rapidamente.

Seus olhos comprimem, e então, ele abaixa a cabeça soltando todo o ar de seu peito.

— Desculpa. — sua voz é baixa, desta vez, até mesmo suave.

Agora sim consigo ver de trás da máquina mortífera o meu Oliver.

Por mais que a preocupação sobre meu estado ainda esteja rondando seus pensamentos, consigo trazê-lo de volta.

— Está mais calmo?

Oliver se senta à beira da cama ao meu lado.

Uhum.

— O que ela queria?

Minha pergunta direta não o assusta.

— O garçom me disse que uma mulher chamada Laurel me esperava na minha antiga suíte para falar sobre William. Eu pensei que ela tivesse descoberto algo sobre a doença, pensei que estivéssemos prestes a chegar a uma solução.

— Ela usou William para chegar a você.

Oliver faz um sinal positivo com a cabeça. — Ao chegar lá, ela desconversou sobre o que realmente tinha me levado a ela. Disse que nunca deixou de me amar e que estaria sempre ao meu lado, ela tentou me beijar mas a segurei pelos braços, foi quando você entrou pela porta.

— Se eu não tivesse entrado pela porta daquele quarto, vocês teriam se beijado?

Oliver arregala os olhos, e à medida que encosta suas mãos nas minhas, fecho meus olhos momentaneamente confortando-me com seu calor conhecido.

— Não me olhe assim, meu amor... É claro que não teríamos nos beijado! Você não confia em mim?

— E deveria confiar? Na primeira oportunidade que você teve de me mostrar que o que temos é algo sólido, que confia em mim como a pessoa que quer por perto em sua vida, você simplesmente não me apoiou.

Suas mãos apertam as minhas com certa força. — Eu errei e me arrependo por isso, mas nunca, nunca desacredite do meu amor por você. Felicity, você foi a única pessoa que conseguiu me tirar de uma escuridão que pensei que nunca fosse capaz de sair um dia.

— Na noite em que você me presenteou com um espaço em seu closet, foi um dos melhores presentes que já recebi. Foi algo tão simples, mas tão acolhedor... Nada precisou ser dito, porque seu olhar já dizia tudo me pedindo para entrar e ficar.

Oliver me interrompe. — Sei que devo explicações a você, e todas elas chegam a Laurel.

— Você não entende que essa mulher está se tornando um fantasma em nossas vidas?

— Só preciso que entenda que ela não significa nada para mim.

— Você tem total certeza do que está dizendo?

Oliver suspira profundamente. — Quando perdi minha esposa, decidi que o melhor para mim seria me isolar de qualquer tipo de relacionamento sério. Passei a sair com diversas mulheres, eu apenas não queria me apegar a nenhuma delas porque para mim, nenhuma chegaria aos pés de Samantha.

— E como conheceu Laurel?

— Por intermédio de meu pai. Na noite em que ele conseguiu se tornar sócio do Hospital de Starling decidiu organizar uma festa à fantasia em comemoração. Laurel estava lá, na realidade... Robert tinha tudo em mente.

— E me deixa adivinhar... Você não foi capaz de resistir ao impecável charme de Laurel Lance.

Não consigo evitar, mas o simples fato do nome dessa mulher sair pela minha boca me sobe uma enorme vontade de vomitar.

Além da ânsia que sinto, também não posso negar o meu tom sarcástico ao tocar em seu nome de merda.

— Laurel e eu nos envolvemos sim. No início, ambos queríamos apenas nos divertir... Pelo menos três dias na semana meus pais nos chamavam para jantar na mansão, e ficávamos por lá. A pressão que meu pai impunha para que eu assumisse Laurel me sufocava!

Oliver esfrega os olhos com lentidão, parecendo esgotado em tocar no assunto.

— Foi aí que decidiu dar a ela um espaço em seu closet e escovas de dente ao lado da sua assim como fez comigo?

Sim, eu preciso tocar nesse assunto. Afinal, eu realmente pensei que tinha sido a primeira mulher na vida de Oliver depois de Samantha.

Não que isso seja um troféu para mim, mas é importante.

Significa muito.

— Apenas pensei que tinha encontrado a pessoa certa. Estava me cansando da vida que tinha criado para mim, uma vida impessoal, sem raízes. Meus pais apoiavam Laurel, o que eu poderia pensar?

— E por que não deu certo?

— Laurel sempre foi muito possessiva, ela tinha ciúmes até mesmo de William. Na noite em que tomei coragem para leva-la para passar a primeira noite em minha casa, ela reclamou que teria que dividir minha atenção com William, isso foi a gota d’água!

Sinto rancor na voz de Oliver.

Uma pessoa que compete pela atenção de um homem com uma criança não é um ser humano respeitável.

Laurel Lance não deveria existir.

— Você fez um favor para si mesmo despachando essa mulherzinha!

Oliver deixa escapar de seus lábios um sorriso engraçado, me fazendo dar uma leve cotovelada em suas costelas.

— Tudo bem, isso não teve graça! — ele se recompõe. — Laurel não aceitou nossa separação, ela nunca superou.

— E mesmo assim você a escolheu.

— Que inferno Felicity, eu não a escolhi! Você é a mulher que amo, é com você que quero recomeçar a minha vida. Quero me casar com você, ter filhos e uma casa com um balanço em uma árvore.

Borboletas reviram meu estômago somente em ouvir pela boca de Oliver que ele deseja ter uma vida ao meu lado. É impressionante como uma simples noite foi capaz de me deixar tão insegura quanto o que sentimos um pelo o outro, Laurel conseguiu o que queria. Porém, ao sentir o cheiro almiscarado tão conhecido de Oliver próximo a mim novamente, suas palavras doces e cheias de promessa me fazem acreditar que realmente somos um do outro, pertencemos um ao outro.

Mas não posso mentir para mim mesma, ainda estou um pouco perturbada com tudo o que aconteceu. Preciso de um tempo sozinha para colocar meus pensamentos em ordem, para trazer de volta a certeza que necessito para seguir em frente.

Levo uma de minhas mãos até seu rosto, fazendo um leve carinho por ali. — Eu acredito em você.

Em um movimento rápido, Oliver me toma em seus braços cuidadosamente depositando sua cabeça em meu ventre, onde fica ali por alguns breves segundos até voltar com seus olhos levemente avermelhados em minha direção.

— Tive tanto medo de ter te perdido.

— Você não tem essa possibilidade, mas quero que entenda que eu fiquei extremamente chateada com o que aconteceu hoje.

— Laurel não é mais a oncologista de William.

Ouvir que Laurel não é mais a médica de William por um lado me deixa mais aliviada, no entanto ao mesmo tempo fico preocupada, essa mulher pode ser o maior embuste da face da terra, mas tem suas qualificações.

Ela é uma boa profissional, será que estou colocando a saúde de William a prova?

Isso seria um erro e eu não me perdoaria.

— E como ficará o tratamento de William?

— Sara me indicou um oncologista de Central City, ela disse que depois de Laurel ele é o melhor.

— Você tem certeza que quer seguir com isso?

— Minha única certeza é você.

Correspondo-o com um sorriso bobo de soslaio, quando sinto o polegar suave de Oliver percorrer pelo meu lábio inferior em um movimento ingênuo. Seus lábios expõem um sorriso um pouco tímido.

Deixo com que cada extremidade minha se arrepie por inteiro assim que Oliver impulsiona seu corpo pesado sobre o meu. Sua boca procura a curvatura de meu pescoço, depositando beijos calmos pela minha pele que grita por mais de seu toque.

O que está acontecendo comigo? Estou pegando fogo.

A ideia de transar em uma cama de hospital nunca me pareceu tão interessante, estou me sentindo uma pervertida. Meu Deus, eu sou uma pervertida.

E aquela história de precisar de um tempo para por meus pensamentos em ordem?

Felicity, não, não... Você precisa ser forte.

— Ligarei para Raisa...

A cada palavra languida sua ao pé de meu ouvido, deixo com que meu corpo reaja com um arrepiar diferente.

— Oliver...

— Direi que irei passar a noite aqui com você... — sua língua quente agora está passeando pelo lóbulo de minha orelha. — Em um hospital será novo para nós... Talvez eu seja o seu remédio.

Inferno, e não é que ele é mesmo o maldito remédio?

Mas tenho que ser forte.

— Não!

Empurro rapidamente o corpo pesado e já excitado de Oliver sobre mim, que corresponde de forma embaralhada.

— Como assim?

— Eu preciso de um tempo.

— Pensei que estivéssemos nos acertado!

— As coisas não são tão fáceis assim, não quero colocar a carroça em frente aos bois.

Oliver levanta da cama, passando suas mãos pelos cabelos curtos bem cortados. Ele anda de um lado para o outro parecendo pensativo, quando para em minha frente.

— Não vou te deixar passar a noite aqui sozinha!

Por que eu odeio tanto esse jeito mandão de Oliver? A todo instante ele parece querer impor suas vontades, como se não se importasse com a minha opinião, como se tudo fossem imposições. A vontade que tenho é chutar suas bolas quando sinto que está querendo mandar em mim, como se eu fosse uma garotinha mimada que precisa seguir as regras do Poderoso Chefão.

— Oliver, você vai voltar para a mansão e passar o restante da noite com William! É seu aniversário ainda, sumimos da festa sem ao menos explica-lo o que estava acontecendo. Ele deve estar sentindo a sua falta, então você vai voltar para ficar com ele.

É engraçado como sempre franze o cenho e cruza seus braços rígidos quando percebe que tenho a razão, simplesmente porque tem uma grande dificuldade em admitir que esteja errado.

— Você está certa.

— Isso foi um presente de Natal?

Mordo meu lábio inferior impedindo que uma risada divertida escorra pelos meus lábios. Adoro escutar de sua boca que estou certa, é como se estivesse vencido uma batalha em Game of Thrones, arrancando a cabeça de um dos dragões.

Oliver revira seus olhos. — Eu voltarei pela manhã para leva-la para casa.

— Qual a parte de “Preciso de um tempo” você não entendeu?

— Você tem certeza que quer me manter longe?

— Eu não o quero longe, só preciso de um tempo para mim. Para as minhas necessidades!

Sua cabeça, desta vez, está baixa procurando as palavras certas. Sinto que toquei em uma ferida sua que está doendo, porque nesse exato momento estamos envolvidos em um enorme silêncio que deve está durando longos segundos.

Meu peito está um pouco angustiado a ver Oliver de costas para mim com o olhar fixo a persiana que nos dá a vista de toda a cidade. Ele permanece quieto e pensativo, a minha vontade é levantar dessa cama e trazê-lo para dormir junto de mim, mas eu não posso fazer isso. O que aconteceu mais cedo em sua suíte não foi uma banalidade, me senti ignorada e isso me machucou.

Não posso deixar que pense que as coisas são fáceis assim, que se pode magoar uma pessoa e somente depois de ver seu erro tentar corrigi-lo as pressas mesmo depois de ter a magoado. Na vida temos que calcular todas as nossas ações, para não fazermos as pessoas que amamos sofrerem.

— Tenha uma boa noite, Felicity.

Sem trocarmos um único olhar ele se encaminha até a porta colocando uma de suas mãos sobre a maçaneta.

— Não precisa ser assim.

— É você quem quer um tempo, não eu. Só peço que pense sobre isso, porque talvez não estejamos na mesma cronologia.

— Oliver...

Sendo assim sua mão vira a maçaneta se retirando com rapidez, me deixando apenas com o barulho que a porta faz ao ser fechada.

~~~

— Eu te chamei para me ajudar e não para me encher com seus sermões, Curtis!

Suspiro profundamente enquanto entro em seu carro sentando-me no banco carona.

— Felicity, você não ouviu o que o Dr. Cooper nos disse? Que foi por pouco que não perdeu a criança e que outra situação como essa pode te levar a um quadro de eclampsia. — posso sentir sua voz trêmula ao tocar na palavra eclampsia.

Entendo sua preocupação e acho que não tem culpa por isso, afinal somos amigos e amigos se preocupam um com o outro, mas já conversei e me resolvi com Oliver, acredito que não iremos passar mais por momentos como esse.

— Não haverá mais sustos, eu te prometo.

Curtis bufa. — Você não entende, isso é algo sério. Uma grande porcentagem de mulheres morrem durante o parto por conta de quadros de eclampsia. E no momento que você deveria conversar com Oliver sobre isso, está marcando uma reunião nas Indústrias Queen!

— Pare esse carro.

— O que?

— Estou pedindo para parar com esse carro antes que eu coloque minhas mãos nesse freio e cause um acidente.

Curtis assustado encosta o carro com cuidado no primeiro acostamento que avista.

— Você realmente está ficando louca!

O simples fato de me chamar de louca faz com que meus neurônios comecem a fritar dentro de minha cabeça e meu sangue suba até o ápice como de um vulcão acordando.

— Estou cansada! Cansada das pessoas me dizendo o que fazer, na hora certa a fazer e de como fazer sem ao menos se importarem com o que estou sentindo. Eu também tenho problemas, tenho meus medos.

— Felicity...

— Você não entende que ouvir pela boca de Cooper que outro estresse será crucial para perder o meu bebê doeu mais do que qualquer outra coisa? Que ter que pedir um tempo a Oliver e não saber o que ele está sentindo agora me apavora? Eu não queria ter que agir assim, ter que levar o mundo em minhas costas. Mas eu estou aqui sozinha e não é tão fácil assim como me dizer que é por minha própria escolha, minha mãe foi renegada por me ter em seu ventre, ela quase me perdeu em um parto e o meu William está com um maldito câncer! Então não pense que está sendo fácil para mim, porque não está sendo.

Uma lágrima escorre pelo meus olhos, porém mantenho minha postura para que eu não perca o controle.

Curtis está com os olhos pregados em frente ao volante. De sua boca ainda não saiu nenhuma palavra e nem mesmo dirigiu seu olhar para mim depois de tudo que o disse.

— Robert Queen já foi avisado sobre a reunião e o motivo, ele parece bem animado sobre sua conquista. Malcolm nos espera na sala de conferências, disse que iriamos passar em sua casa para um banho e roupas limpas, logo estaríamos a caminho.

— Certo.

— Está bem para proceder com tudo isso?

— É o maior passo que já dei em minha carreira, estou pronta para fazer isso desde o meu primeiro dia nas Indústrias Queen Consolidated.

Curtis suspira e me destina um sorriso compreensivo, seu silêncio sobre meu desabafo me conforta, eu precisava colocar para fora o que estava me atordoando. E ter alguém para me escutar sem estar pronto com armas nas mãos para me julgar é reconfortante.

~~~

Curtis com seu cavalheirismo abre a porta onde haverá a conferência e assim que adentro a sala, sinto um leve frio em minha barriga. Estar aqui significa muito, desde que me formei pensei que não conseguiria seguir em frente como qualquer outro universitário formado, mas eu fui forte e tive pessoas que acreditaram em meu potencial, se estou aqui não é um mérito só meu e sim de todos aqueles que também estão ao meu redor. Conseguir essa aliança com a Merlyn Corporation quando até mesmo o dono de toda a Indústria Queen Consolidated não conseguiu é um grande passo, me mostra que estou no caminho certo e que só tenho a crescer estando ao lado de pessoas tão importantes.

— Bom dia senhores.

Sento-me ao lado de Robert que sussurra em meu ouvido.

— Está se sentindo bem minha querida? Soube que esteve no Hospital de Starling.

— Com o tempo tudo voltará ao seu devido lugar.

Na verdade não estou nada bem, as preocupações rondam minha cabeça como se eu não conseguisse me desligar dessa parte de mim ainda incomodada por um só segundo. E por outro lado, me sinto desconfortável com meu próprio corpo como se eu estivesse incompleta, como se estivesse faltando alguém aqui ao meu lado para mostrar que acredita em mim, em meu potencial.

Oliver é essa pessoa, ele sempre esteve por perto em todos os momentos.

Malcolm Merlyn se manifesta. — Senhorita Smoak estou ansioso para assinar os papéis, será que poderíamos começar a conferência?

— Todos já estão presentes? — pergunto observando a lista dos sócios e outros funcionários da empresa.

— Tommas Merlyn ainda não está presente, querida. E os acionistas franceses tiveram o voo cancelado, não poderão participar. — Robert explica.

— Então esperaremos mais alguns minutos até Tommy aparecer e daremos inicio a conferência.

Aviso aos senhores a minha frente, mas sou interrompida por Malcolm que parece não concordar com o que digo.

— Isso não será necessário, Tommas com certeza deve ter ido a uma noitada e perdido a hora, é um irresponsável.

Sinto raiva nas palavras de Malcolm Merlyn em relação a Tommy.

Como um pai consegue ter tanto repudio em relação ao seu próprio filho?

É incompreensível.

— Senhor Merlyn, sou a diretora executiva dessa empresa, então, o início da reunião será dado assim que eu achar necessário. E se não for pedir muito, tenha mais respeito e ética quando se referir aos meus funcionários! Certo?

Os olhos de Malcolm se arregalam diante o meu pedido, posso observar as veias de seu punho saltarem.

— A senhorita tem toda a razão. — Malcolm tenta esconder sua incompreensão por de baixo de sua extrema educação.

— Minha querida, temos muito que discutir sobre esse contrato praticamente encaminhado, seria melhor começarmos. As pessoas que estiverem faltando poderão nos acompanhar assim que chegarem... — Robert sussurra em meu ouvido.

Ele parece estar certo, por mais que eu queira que todos estejam presentes temos uma longa reunião pela frente e para não tornar tudo exaustivo é melhor que comecemos o mais rápido possível.

— Senhores, devido ao horário eu e Robert Queen, nosso sócio majoritário acreditamos que o melhor a se fazer é dar início a reunião.

Os acionistas e demais funcionários presentes me respondem com um sinal positivo, e começamos a lermos juntos o contrato a ser assinado. Seria tão fácil se tudo se resumisse a uma simples assinatura, mas a burocracia que nos separa de um ato simples se torna exaustiva.

A primeira hora se passa, e não posso deixar de me estressar com algumas cláusulas contratuais impostas por Malcolm Merlyn, parecem que ainda estamos em uma ditatura, não posso deixar que isso aconteça em minha empresa e acredito que Robert Queen concorda comigo.

Malcolm por sua vez não parece tão feliz com minhas imposições em relação a seus termos, mas parece aceitar que eu os retire, afinal de contas ter uma aliança com as QC nesse momento é muito vantajoso para ele, Malcolm Merlyn como um macaco velho dos negócios sabe que não deveria ferrar com tudo por apenas algumas cláusulas contratuais negadas por mim.

A conferência parece soar como o esperado, uma vez que a Malcolm Corporation já tinha tudo arquitetado para um possível união, mas em questão de segundos a porta se abre com um estrondo chamando nossa atenção.

— Parece que estou um pouco... Atrasado! — Tommy completamente bêbado se aproxima de nós. — A festinha está boa por aqui?

— Chamem os seguranças para retirar esse rapaz daqui! — exige Malcolm Merlyn com sua voz gritante.

— Tommy você está bêbado. — levanto-me da mesa me aproximando com cautela. — Ninguém chamará os seguranças.

— Loirinha... Quem não pode ter contato com o álcool aqui são vocês.

Minha boca do estômago se aperta com a insinuação de Tommy.

Era só o que me faltava, ter minha gravidez exposta por um bêbado em plena conferência com todos os acionistas aqui, menos Oliver Queen, o pai da criança.

Seria engraçado se não fosse trágico.

Merlyn fala algo no celular e rapidamente se dirige a Tommy. — Você é patético, acha mesmo que assim irá chamar a minha atenção? Neste momento todos os seus cartões foram cancelados e os meus seguranças estão subindo para arrancarem você daqui.

Tommy reage com uma risada sarcástica. — O meu papai está envergonhado? Olhem só meu amigos, o grandioso Merlyn está envergonhado de seu próprio filho!

— Tommy, meu afilhado, peço que venha comigo tomar um café e se reestabelecer! — Robert tenta acalmá-lo.

— Não será necessário... A minha vinda aqui é rápida. — Tommy avança em uma garrafa de conhaque no pequeno bar ao lado da mesa. — Estão vendo esse homem? Ele é o meu pai, mas não, não é o meu herói.

Ele anda até o centro da mesa dando goladas demoradas na repleta garrafa de conhaque, continuando. — Nunca foi um homem presente para a mamãe... Você vivia fora de casa!

— Cale a boca, não toque no nome de sua mãe! — Malcolm se levanta, pondo a mão na fivela de seu cinto ao meio das calças.

— Vai me bater? Da mesma forma que fazia quando eu era criança? Eu ainda tenho as marcas, papai! Tudo isso para me impedir de falar sobre suas amantes? Quais eram os nomes delas?

— Eu vou acabar com as suas mordomias, você não passa de um mimado inconsequente!

A jugular de Malcolm está engorgitada em seu pescoço e seus olhos estão pegando fogo como o inferno.

— Você matou a mamãe!

Tommy, desta vez, está com a sua voz em um misto de emoções. E rapidamente é abordado por dois homens fortes vestido de preto que o seguram por trás com violência.

— Não ouse repetir isso! — Malcolm faz um sinal para os seguranças.

— Largue ele agora, estou mandando.

Estou assustada com tudo que está acontecendo, mas não posso deixar que esses dois brutamontes segurem Tommy dessa forma, eles não me parecem ser confiáveis.

Robert Queen reforça minha ordem. — Homens, larguem esse rapaz agora ou eu chamarei a polícia!

Os homens vestido de preto soltam Tommy. — Eu não quero mais nada que vem de você. Por muito tempo eu cedi as suas vontades por suas chantagens, medo de perder as regalias, perdi até a mulher que eu amo por suas ordens!

Caitlin reage assim que sente que Tommy se referiu a ela, mas se mantém quieta em sua poltrona.

— Você não é nada sem o seu Mustang e os cartões ilimitados. — Malcolm solta uma risada maquiavélica.

— Eu não preciso de mais nada que venha do senhor, papai!

Tommy arremessa sobre a mesa as chaves do carro e sua carteira com documentos e cartões. Ele está tonto e fora de si, mas rapidamente vai desabotoando a camisa social molhada com o que parece álcool, também a jogando em direção a Malcolm que não parece acreditar no que seu filho está fazendo.

Ele retira os sapatos caríssimos que está calçando deixando-os de canto. Por fim, arranca sua calça ficando apenas com a cueca samba-canção estampada com patinhos.

— Desculpem senhores, não queria frustrá-los com meu físico imponente... E também peço que me perdoem pela cueca aqui embaixo, ela é um dos meus charmes! — Tommy soluça, parecendo se divertir com a situação.

— Chega Tommy, você não está bem! — o seguro por um dos braços. — Você não é assim, não deixe se levar pelas besteiras que seu pai diz sobre você, apenas me ouça... — sussurro em seu ouvido de forma que apenas ele possa ouvir.

— Ele não é meu pai, aliás, nenhum ser humano deveria ter esse homem como pai! — Tommy puxa cuidadosamente seu braço de minhas mãos. — Tenham uma boa reunião!

Trajando somente uma peça de roupa intima e meias se retira da sala um pouco cambaleante, e assim que sai pela porta, começa o burburinho entre os acionistas.

— Caitlin, você poderia ir atrás dele? — pergunto preocupada.

— Claro! — ainda assustada com o que aconteceu, Caitlin pega as peças de roupa pelo chão e corre para fora da sala em direção a Tommy.

— Senhores, eu peço desculpas pelo que aconteceu aqui... A reunião por hora está cancelada!

Estou exausta com tudo que acaba de acontecer por aqui, preciso de um tempo para digerir as palavras agressivas que Tommy destinou a seu pai, e claro, a forma dura como Malcolm reagiu, sem se importar com os sentimentos que seu filho estava colocando para fora, querendo apenas um pouco de atenção da única pessoa que tem em sua vida depois da morte de sua mãe.

— Senhorita Felicity, eu é quem devo pedir desculpas a todos presentes aqui. Meu filho não passa de um irresponsável, isso foi apenas um show de um mimado inconsequente. Peço que continuemos com a conferência, visto que o contrato tem um período de validade, e até que possamos tirar uma nova via isso nos demandaria tempo.

Malcolm Merlyn se manifesta com toda a tranquilidade do mundo, como se nada tivesse acontecido. A frieza desse homem chega a me assustar um pouco, depois de tudo que ouviu de seu próprio filho agir como um lorde em seu trono impecavelmente é mórbido.

— Não há condições de permanecermos como se nada tivesse acontecido, senhor Merlyn. — continuo irredutível.

— Minha querida, Malcolm está certo... Precisamos entrar em um acordo dentro da validade contratual ou isso demandaria um tempo maior. — Robert sussurra ao pé de meu ouvido.

As pessoas não entendem o que acabou de acontecer aqui? Não foi apenas um show de um rapaz bêbado reivindicando a atenção de seu pai, foi algo grave. Devemos levar em consideração o sofrimento de Tommy, porque passar por cima de seus sentimentos me faz ser tão fria e calculista quanto Malcolm Merlyn.

— Isso não é humano, Robert. — o respondo.

— Querida o mundo dos negócios é uma selva e só os fortes conseguem chegar ao topo! — Robert coloca sua mão em meu ombro, confortando-me.

O celular em minha bolsa vibra freneticamente ao meu lado, chamando minha atenção.

— Um instante.

Pego em minha bolsa o celular e avisto que são mensagens de Oliver, isso acalenta meu coração por breves segundos. Ao abrir a caixa de mensagens sou capaz de lê-las:

“Não queria incomodá-la, mas William está no Hospital de Starling.”

“Eu não sei do que se trata ainda, mas ele está chamando por você desde que chegou.”

“Por favor, precisamos de você aqui.”

Ao ler as mensagens meu coração acelera as batidas incessantemente não me deixando pensar em outra alternativa a não ser correr para os braços de Oliver e William.

As palmas de minhas mãos suam e meus pés estão formigando, as vozes ao meu redor estão baixas, como se meu subconsciente pouco se importasse com elas no momento. A boca de meu estômago está apertada assim como a angustia que cresce a cada extensão de meu corpo.

Eu queria um tempo para mim, para me recolocar no caminho certo. Simplesmente para que eu pudesse ter a certeza do que eu queria, da vida que eu poderia ter ao lado de Oliver, sobre a confiança que um dia coloquei em suas mãos, mas que eu tinha dúvidas se ele ainda tinha a guardado para si. Porém, ao ler essas mensagens senti o medo que estava por trás daquelas palavras, me fazendo ter a resposta que queria. O meu lugar é onde Oliver e William estiverem, e nada irá me afastar do que eu acredito estando com eles por perto.

— Felicity? — Robert me resgata dos meus pensamentos avulsos.

— William! — pego minha bolsa ao lado, preparando-me para ir atender aos pedidos de Oliver.

— Sim, ele está no Hospital de Starling passando por uma série de exames. Não se preocupe, meu neto está bem assistido. — Robert me responde de forma tranquila.

— Como assim? Você sabia sobre o estado de William e não me disse nada? — pergunto diretamente.

— Querida, não devemos misturar a vida pessoal com a profissional... Temos algo importante para resolvermos por aqui e eu sabia que se soubesse sobre o estado de William isso não a deixaria seguir com a conferência!

Robert tenta me acalmar, mas a raiva que estou sentindo por ter me escondido o verdadeiro estado de William está crescendo dentro de mim.

— Não ouse nunca mais esconder algo de mim dessa proporção, entendido senhor Robert Queen? — minhas palavras saem tão lentamente que sou capaz de sentir o senhor a minha frente se afastando cuidadosamente.

— Oliver estava de acordo, eu só fiz o que qualquer outro profissional faria, minha querida!

— Eu não quero participar dessa selva que envolve os negócios, eu cheguei aqui sem ter que passar por cima dos outros, e eu não vou mudar para chegar ao topo! Esconder sobre William é algo que ultrapassou os limites! — pego uma das canetas sobre a mesa e em uma folha em branco assino meu nome. — Eu passo ao sócio majoritário a responsabilidade sobre continuar a conferência para a fusão entre as Indústrias Queen Consolidated e a Merlyn Corporation, e claro, todos os méritos a essa aliança.

— Felicity Smoak, isso não é necessário! Chegaremos ao fim dessa conferência em poucas horas, William está bem assessorado, e então, poderemos ir até o hospital.

— William está precisando de mim, nada me fará ficar.

— Isso é antiprofissional.

— Não, isso é ser humano.

Sem olhar para trás, sigo em direção à porta me retirando o mais rápido possível, indo em direção as pessoas que precisam de mim tanto quanto eu preciso delas.

~~~

O Hospital de Starling está cheio devido a um acidente que aconteceu na via principal que liga Starling City a Central City, as pessoas estão desesperadas para encontrar seus familiares acidentados, mas eu não consigo enxergar nada a minha frente a não ser o número do quarto em que William está que se aproxima de mim a cada longo passo que dou, quando sinto uma mão forte segurar pelo meu braço impedindo que eu adentre ao quarto.

— Está feliz? — a voz é feminina e poderia reconhecê-la a um raio de cem quilômetros.

— Não sei do que está falando. — puxo meu braço das garras de Laurel.

Uma gargalhada irônica escapa dos seus lábios. — Oliver me tirou do caso de William por culpa sua.

— Culpa minha? Você pouco está se importando com o estado de William, o seu interesse esteve em Oliver o tempo inteiro.

— Eu sou a melhor oncologista em Starling City, você não sabe o que está dizendo!

— Não, eu sei exatamente o que estou dizendo. Agora, se você tiver o mínimo de amor próprio entenderá que Oliver me ama, sempre esteve esperando por e mim e você foi apenas um erro de percurso! Então, saia da minha frente ou eu vou tirá-la com chutes nessa sua bunda magra.

Cruzo meus braços em sua frente.

— Pode ter ganhado uma batalha, mas a guerra não está perdida.

Com passos lentos Laurel vai se afastando de mim, deixando bem claro em um sorriso em seu rosto que não me deixará em paz.

— Vá para o inferno!

Ignoro sua presença levando minha mão até a porta, à medida que a abro vejo William deitado sobre a cama com uma série de aparelhos ligados em seu corpo. Ele parece desacordado e a imagem a minha frente é tão marcante que o impacto me faz ficar com os pés fixados a entrada.

 — O que houve com o nosso menino?

Oliver está na cadeira ao lado da cama em que William está deitado parecendo em um sono profundo. Seu semblante parece devastado, há umas semanas que não o via assim sem total expectativa. A esperança que havia nutrido durante cada sessão de quimioterapia que William superava como um verdadeiro guerreiro estava descendo pelo ralo o sucumbindo.

— Eu não sei, assim que cheguei a mansão ontem à noite, Raisa já havia colocado William para dormir em minha suíte. Pela manhã ele acordou engasgado com a própria saliva e com uma tosse estranha, havia sangue em seu travesseiro. — sua voz é baixa e em momento algum recebo um olhar seu.

— O que os médicos disseram? — levo uma de minhas mãos até os fios dourados de William, depositando um breve carinho.

— Sara está avaliando os últimos exames que William fez assim que chegou, para nos dar um parecer. — Oliver levanta sua cabeça procurando por mim e pela primeira vez desde que cheguei, consigo olhar no profundo azul de seus olhos. — Eu não queria incomodá-la, sei o quanto essa conferência é importante para você e meu pai concordou, mas Will precisava de você aqui.

O azul em transparência dos olhos de Oliver não existem mais, eles estão nebulosos como um dia de chuva, não há nenhuma esperança ali.

Não há mais o meu Oliver.

Eu preciso trazê-lo de volta para mim, resgatar a esperança que sempre o fiz acreditar.

A porta atrás de nós se abre. — Desculpe incomodá-los, mas Ollie eu avaliei os exames de William e falei com Cisco de Central City que me ajudou a chegar a um resultado, você poderiam me acompanhar até minha sala? — pergunta Sara.

— Sim.

Oliver para ao meu lado, esperando com que eu o acompanhe até a sala de Sara.

Ao entrarmos na sala Moira que parecia estar esperando por nós se levanta da poltrona em que estava sentada correndo em direção a Oliver, o envolvendo um abraço forte.

— Meu querido, me diz que o meu netinho irá fica bem, por favor. — implora Moira.

— Eu não posso...

A voz de Olive está embargada como de quem está segurando um choro acumulado.

— Eu avaliei com cautela todos os exames feitos por William mais cedo e os resultados não foram tão positivos, peço desculpas por isso Ollie. — Sara tenta confortar Oliver que ao se afastar de Moira, se aproxima da mesa de centro.

— O que aconteceu? — ele pergunta tentando controlar seus impulsos.

— As células neoplásicas se espalharam por alguns órgãos como baço e fígado, mas isso na Leucemia Linfóide Aguda é comum de acontecer, pois são células do sangue. Não é como uma metástase que acontece na maioria dos outros canceres, o que me deixou um pouco mais aliviada! — Sara explica.

— Então, o que isso significa? — pergunto confusa.

— Significa que mesmo que isso não seja tão grave como a metástase de outros canceres, é resultado que as sessões de quimioterapia não estão tendo resultado e que a única forma de salvar William é através de um transplante.

— E o doador deveria ser 100% compatível? — torno a perguntar.

— As chances de William ter um doador seria de sua mãe Samantha, as mães costumam ter uma grande compatibilidade, diferente do pai. Outra possibilidade seria um irmão ou uma pessoa com pelo menos 25% de compatibilidade a William e isso é muito difícil de obter em tão pouco tempo, existem pessoas na fila a anos... — Sara respira fundo de forma frustrada.

— Isso não é justo! — Oliver bate com toda sua força seus punhos sobre a mesa de vibro que racha em uma de suas mãos, machucando-a.

— Querido! — Moira reage assustada.

— Ollie, isso é complicado mesmo. Mas todos nós do hospital estamos nos submetendo a testes, os resultados sairão o mais rápido possível! Só tente ficar calmo. — Sara se aproxima de Oliver com o intuito de acalma-lo.

— Está errado, tudo está errado. Isso é uma grande merda! Não queiram me enganar dizendo que vai dar certo, porque eu sei que não vai. Meu filho está prestes a morrer por causa de um maldito câncer então não me peça para ficar calmo! — ele chuta o vaso de plantas a sua frente e com passos largos sai pela porta de forma furiosa.

— Oliver! — assustada com sua reação inicio passos em sua direção quando sou impedida por Moira.

— Ele não vai te ouvir, minha flor. Não vai ouvir ninguém agora... — ela acaricia minha mão tentando me acalmar.

Meu nervoso é colocado para fora em forma de lágrimas. — Ele está machucado, Moira. Está precisando de mim, preciso ir até ele, preciso o trazer de volta!

— Felicity, Moira tem razão. E eu preciso de um exame de sangue seu para agora, amanhã à tarde teremos os resultados, você poderia?

— Oliver precisa de mim.

Estou como uma televisão fora do ar.

Oliver saiu fora de si dessa sala e machucado, não entendo a tranquilidade das pessoas ao meu redor.

— E o William precisa de você mais do que nunca, talvez você possa ser a saída!

Respiro fundo tentando focar nas palavras sábias de Sara.

E ela tem razão, por mais que seja quase impossível eu ser compatível a William, talvez o meu bebê seja, talvez eu realmente possa ser a saída.

Terminando de colher o sangue Oliver será a minha saída.

~~~

A porta da casa de Oliver está entreaberta não há se quer algum barulho vindo de dentro. Além de um total silêncio a casa está sem nenhuma iluminação, o que me arranca alguns calafrios.

Empurro a maçaneta com cautela adentrando a casa, apenas o que posso escutar são os toques que os meus saltos agulha fazem ao tocar o chão de porcelana. Até que o abajur sobre um criado mudo acende me deixando enxergar com certa dificuldade Oliver jogado sobre a poltrona com a camisa levemente ensanguentada e em uma de suas mãos uma garrafa de uísque pela metade.

— Pensei que estávamos dando uma merda de tempo.

— Você bebeu?

— Bingo, você realmente é mais inteligente do que eu senhorita Smoak.

Oliver gargalha ironicamente dando uma demorada golada em seu uísque.

— Meu amor... — aproximo-me de Oliver que permanece sentado em sua poltrona com seu olhar perdido. — Desculpa, eu não deveria ter o deixado...

— Você fez certo, sou um fracassado!

— Não, você não é. — retiro a garrafa manchada com o sangue de Oliver a deixando de lado. — Apenas não perca a esperança, por favor.

— Todos os dias pela manhã assim que entrava pelas portas das Indústrias Queen as pessoas me viam como um Deus! À noite quando chegava em casa, William me via como um herói, mas é tudo uma fachada, a porra de uma fachada!

Oliver levanta diante de mim indo para uma parte da casa mais escura.

O seguro pela mão que está machucada, fazendo-o virar em minha direção.

— Você sempre irá ser um herói para William, você é o melhor pai que conheço! Eu não sei o que é ter alguém por perto para chamar de pai, mas se eu pudesse um dia eu gostaria que essa pessoa fosse tão importante para mim como você para William.

Finalmente um choro cansado é liberado por Oliver. — Herói? Eu mal posso ajudar o meu filho, me sinto impotente. Estou me sentindo um peso morto e sozinho nessa grande porcaria de vida!

Seguro seu rosto em minha direção, forçando-o a olhar para mim mesmo com a iluminação baixa entre nós. — Você não está sozinho, eu nunca irei me afastar de você novamente se quer um segundo, só olhe para mim meu amor...

— Estou sem esperança, porque a única luz que eu tinha está parecendo tão distante... — a voz de Oliver sai com dificuldade devido às lágrimas incessantes. — Você é a minha luz, Felicity...

— Estou aqui! Por favor, só acredite em mim. — o envolvo em meus braços trazendo seu corpo gelado para perto de mim, seu coração está batendo lentamente. Oliver deixa com que o peso de seu corpo caia sobre mim em um abraço abafado.

— Eu senti sua falta.

— Acredite que juntos podemos ser a solução para William, não deixe ele sentir que está sozinho, porque ele não está!

— Por que sempre tem tanta força em acreditar que irá ficar tudo bem?

— Porque eu não preciso ter o mesmo sangue de William percorrendo em minhas veias, não importa se somos compatíveis ou não a ele, o que importa é que estamos dispostos a derramar sangue por ele, dar a cura em forma de esperança e eu vou lutar com você para que tudo fique bem.

Oliver afoga seu rosto na curvatura de meu pescoço, deixando com que eu sinta sua respiração pesada e os soluços de seu choro como de um menino desesperado.

— Não me deixe pensar que não tenho mais você...

— Não, porque sempre nos encontraremos um no outro.


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Notas finais do capítulo

Minhas florzinhas, o próximo capítulo (Capítulo 14) será uma narração de Tommy Merlyn muito importante para a história.

Mas voltaremos a Oliver e Felicity no capítulo 15, então teremos 2 verdades e 1 mentira quentinhas:

1) Oliver renegará o bebê de Felicity;
2) William entrará em coma;
3) Felicity descobrirá quem é seu pai.

#SPOILLER ALERTA BB'S

Espero vocês nos comentários. ♥ SAUDADES E AH, vou responder os últimos comentários assim que puder, mas irei! ♥.♥



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