Ronald escrita por Honora
Rony Weasley nem sempre foi corajoso.
Era comum vê-lo se esconder quando os gêmeos Weasley tentavam lhe pregar uma peça, ou quando a Sra. Weasley estava tão furiosa, porque Rony havia comido doces antes do jantar, que o menino precisava se esconder em algum lugar.
Era num velho guarda-roupas, onde haviam tralhas de trouxas que seu pai costumava colecionar, em que agachava-se e mantinha-se em silêncio por horas, até sua mãe achar que ele havia caído no sono lá dentro ou Fred e Jorge perceberem que ele não sairia de lá tão cedo.
Percy chamava-o de medroso; mesmo que o momento não envolvesse aranhas. Ele costumava dizer que Rony seria o único Weasley que não pertenceria a Grifinória, pois o menino não passava de um garoto franzino, falante e medroso – “provavelmente irá para a Lufa-Lufa”, dizia Percy.
Arthur, no entanto, sempre acreditou no filho; o mais velho era tão bondoso quanto Molly e por mais que não insistia em dizer aos seus filhos o quão orgulhoso era por tê-los, seu olhar carinhoso pairava sobre cada cabeça vermelha, por cada Weasley sentia um carinho diferente.
Com Rony não era diferente. Sabia que o garoto traria orgulho, mesmo que isso demorasse trinta anos, ou talvez apenas treze. Era um garoto de fibra e disposição, muito resmungão, mas com um coração grande e único de sua própria maneira.
Quando Rony caminhou pela estação King’s Cross, sentiu um aperto no peito; como se o olhar de Percy soubesse exatamente o que se passava em sua cabeça. Sentia medo de que não fosse para Grifinória ou que fosse mal nas provas e trabalhos estudantis – ainda que estivesse animado para o quadribol.
Quando conheceu Harry Potter, uma felicidade alarmante preencheu seu corpo, imagine só o que Percy diria quando visse que Harry James Potter era amigo de Rony Weasley.
E então o chapéu seletor havia gritado: “Grifinória!”, e uma salva de palmas ecoou por Hogwarts, fazendo com que seu nervosismo fosse embora no mesmo momento. Caminhava até a mesa da Grifinória com um sorriso no rosto e os olhos voltados para Percy, com seu silencioso “viu só, Percy?”.
Orgulhosos e corajosos, grifinórios possuíam sangue fervente e olhos destemidos, era sem dúvida a Casa mais divertida e incrível de Hogwarts, Rony tinha total certeza disso.
Fosse ou não fosse um verdadeiro grifinório, lá estava ele, usando o uniforme vermelho e dourado, com olhos orgulhosos ao lado de Harry Potter.
Percy achando-o ou não corajoso, lá estava ele, salvando Hermione Granger de um trasgo enorme e pavoroso, com a ajuda de Harry.
Seu pai sentiria orgulho se o visse jogando xadrez para salvar a vida dos amigos e a sua própria, sem medo aparente em seu corpo, apenas a coragem de um típico Grifinório.
Ele não parou por aí, mas também não fez mais coisas surpreendentes. Necessitava da ajuda de Hermione para prosseguir com os deveres de casa e as poções engenhosas. Necessitava de Harry para se sentir parte de algo, pois temia que ninguém lembrasse quem ele era caso não tivesse cabelos cor de fogo e amigos como Harry Potter.
Harry era poderoso; havia conjugado um patrono no terceiro ano, algo incrivelmente surreal para um garoto novo como ele.
Hermione era inteligente; os dois jamais estariam vivos caso a amiga não possuísse tamanha capacidade de armazenar informações.
Rony era... Rony. Claro, havia enfrentado aranhas e um basilisco, mas ainda continuava sendo o alívio cômico do grupo, apenas mais um Weasley, e não era o mais chamativo.
Ainda que tivesse amadurecido, não foi capaz de lidar com uma horcrux, a raiva e maldade eram um peso que não parecia capaz de carregar, mesmo que Hermione e Harry conseguissem.
Foi somente quando Dumbledore confiou a ele um testamento que sentiu que era importante, não somente para Harry e Hermione como também para o mundo bruxo e trouxa, dependiam também dele para que a guerra tivesse um fim.
Talvez sempre fora corajoso, talvez houvesse adquirido isso com os anos; uma força transcendente, como se houvesse surgido na necessidade de sempre ajudar e querer o bem dos amigos.
O guarda-roupa estava no passado, não era mais necessário utilizá-lo, porque Rony era agora corajoso, não era à toa que o Chapéu Seletor havia o selecionado para a Grifinória.
Afinal, era ele, Rony Weasley, quem havia salvado Harry Potter e destruído uma Horcrux. Era ele quem havia beijado Hermione Granger. Era ele o então corajoso e grande Rony Weasley, como o Profeta Diário havia citado após a guerra.
Era ele pai de dois filhos geniais e engenhosos. Era ele auror de competência e tesoureiro do F.A.L.E. Era ele audaz e significativo.
Não era mais somente o amigo de Harry Potter ou o esposo de Hermione Granger. Era ele Ronald Bilius Weasley, ou apenas Rony, como queira.
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