Te encontro no céu? escrita por Sam


Capítulo 1
⍣ Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Tive essa pequena ideia enquanto tentava escrever uma outra história, e resolvi postar. Boa leitura!



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(➸)

Ela havia ido embora. Da terra para o céu. Não houve um adeus, um acenar ou palavras calorosas deslizando por sua boca sempre ressecada, apenas a dor. Mamãe parecia devastada, papai não demonstrava controle emocional suficiente para lidar com tudo o que acontecia. E eu? Sinceramente, não sabia. Luiza era meu segundo eu, então, não, eu não a enxergava morta, os pulsos cortados... ela estava aqui. Como poderia estar morta? Ela não faria isso. E mesmo vendo seu corpo, o sangue e o desespero que tomava o ar como seu único dono na noite em que a encontramos deitada sob a morte, eu acreditava que ela estava aqui.

Luiza, Luiza, minha doce Luiza.

— Escute, irmã. — minha boca soltou as palavras docemente, enquanto meus olhos molhados permaneciam no céu mostrado pela janela aberta de meu quarto. — Papai, ele sente sua falta. Mamãe... bem, está tão desesperada. Sei que foi difícil para você, mas e para nós? Por favor, pare de brincar. Venha para... casa... — eu chorei, claro que chorei. Luiza tinha golpeado meu coração, porém como esteve o dela?

Fui uma estúpida! Minha irmã implorava por ajuda, embora sua boca só soltasse sorrisos. Luiza pediu silenciosamente para que nossas mãos auxiliassem as delas na missão de recolher caco por caco de seu próprio coração, e agora ela tinha ido sem os cacos... então percebi: Luiza não voltaria. Nem agora, nem nunca. Foi quando o desespero me abraçou tão apertado que não consegui respirar. Meus olhos se esbugalharam e meus dedos deixaram cair nossa foto. E se eu... E se todos... Luiza partiu para longe.

— Acabaram os piqueniques? — perguntei para mim mesma. Era como apertar a própria ferida, como arrancar a unhadas a casquinha mal formada sobre o corte e cutucá-lo até que ardesse. E eu fazia aquilo por que a culpa era minha! Luiza só queria ser ajudada e eu... céus, o que eu fiz?

— Luiza, por favor... por favor... — a foto jogada ao chão havia se espatifado e espalhado cacos de vidro, e eu os peguei com minhas mãos nuas, sendo ferida aqui e ali e apreciando as linhas vermelhas que nasciam para piorar meu merecido tormento. — Eu não pude te ajudar, mas eu sei que... Ah, Luiza, eu mereço essa dor!

E choveu a noite inteira, os pesados pingos abafando meus ruídos de dor. Poderia ser um devaneio meu, mas aquela chuva toda pertencia a Luiza. Ela estava chorando, porque eu, assim como ela, havia me tornado uma suicida.

E naquela mesma noite, Luiza e eu fizemos parte do mesmo universo, do mesmo plano. Cheguei de braços abertos, só não imaginei que ela choraria tão triste a me ver.

Inocentemente, encarei as nuvens empalidecidas e fofas, focando-a com amor:

— Quando papai e mamãe virão para cá? Será amanhã?

E Luiza desabou-se em lágrimas a noite inteira, causando um grande temporal.


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