*LYSANDRE ON*

Ficamos ali por mais um tempo, ela pacientemente me esperava por para fora toda a frustração e angústia que vinha sentido em meu peito nesses últimos meses. Eu me sentia um bobo por desabar de tal maneira na frente dela, mas tudo o que eu estava precisando desde o começo do namoro entre Rosa e meu irmão era um lugar seguro e eu sentia essa segurança nela, mesmo sabendo de sua amizade com a Rosa. Ficamos ali até o final das aulas, o que provavelmente deve ter gerado comentários entre os nossos colegas, mas eu resolvi não me importar.

— Se sente melhor agora? - Ela disse em fim rompendo o silêncio.

— Um pouco sim... Apesar do constrangimento de ser reconfortado pela melhor amiga dela. - respondi enquanto concertava minha postura me recostando no tronco da arvore e apoiando minhas mãos sobre o joelhos. 

— Não há motivos para isso, você precisava de um ombro amigo e eu lhe ofereci o meu então não tem que se constranger.... E sobre ser amiga da Rosa, sim eu sou, mas sou sua amiga também... - ela subitamente se deu conta do que falará e olhou para mim um tanto encabulada. __Bom é o que penso. 

— Você é uma garota especial Analu e sempre foi uma ótima amiga, não duvide disso.

— Sim.... Sempre uma ótima amiga. - Por um instante eu senti que a voz tão confiante dela ficou um pouco abalada e quando me virei para ela vi um pouco de tristeza em seu olhar. Ela estava assim durante todo esse tempo em que estivemos no jardim?

— Analu? Às vezes você não parece nada bem também. - Ela né olhou sem saber o que dizer e pude perceber que seu rosto estava um pouco mais vermelho do que de costume.

— Está tudo bem. - Disse enquanto brincava com uma mecha de seu cabelo de seus longos cabelos negros. — Talvez eu ainda esteja um pouco distante afinal fiquei bastante tempo longe... e ainda teve o recesso então...

— Sinceramente não acredito que esse seja o motivo, as coisas não mudaram tanto assim nesse intervalo de tempo.

Por fim ela deu um leve suspiro como se estivesse se dando por vencida diante da minha insistência e então me encarou profundamente, como se tenta-se  ver dentro de mim através daqueles olhos.No entanto ela trazia consigo um olhar triste e carregado de pesar e foi então que me dei conta, eu conhecia aquela expressão, ela não estava distante, o olhar que ela trazia era o mesmo que o meu, o olhar de alguém angustiado por não saber o que fazer ou dizer, por mais que ela tenta-se tanto manter a calma.

— Você está certo. As coisas não mudaram tanto assim, e provavelmente não vão mudar tão cedo... talvez esse seja o meu grande problema. - Suas palavras não pareciam dirigidas a mim, era como se estivesse, mesmo agora em um conflito interno muito maior do que o meu. 

— Isso não soa muito justo, você está tentando me ajudar desde que chegou, mesmo antes de saber o que estava acontecendo, e agora eu não entendo o que se passa, quero retribuir o favor, ajudar você.

— Sabe Lysandre você é muito gentil, não acho que eu possa ser ajudada... por que para isso eu teria que admitir algo que mudaria muitas coisas, principalmente relacionada a nos... então não se preocupe o.k? 

— Impossível não me preocupar diante disso não acha? —Eu queria relutar e lhe perguntar um pouco mais, tentar entende-la.

Ela tocou de leve o meu casaco, como se busca-se por uma ligação. _ Lysandre... bem... eu tenho algo para te falar, mas você tem que escultar ate o final certo?  

Eu apenas acenti em sinal afirmativo, não ousaria se quer dizer nada diante da expressão que ela agora me mostrará, uma mão segurando firmemente a mim, enquanto a outra se apoiava na grama fresca do jardim, seu corpo apoiado a frente em minha direção, suas bochechas pareciam queimar e seus olhos me encaravam hesitantes. 

— Sabe Lysandre... na verdade e-eu. 

 — DROGA CARA!!! Então esse tempo todo você estava aqui !! 

Fomos surpreendidos pelo Castiel super irritado. Analu rapidamente se colocou de pé e abaixou a cabeça como em sinal defesa. 

. — Oh’ eu estou atrasado para o ensaio, sinto muito Castiel eu perdi a noção do tempo.

— Tudo bem chapa, nessa situação até eu me atrasaria. Não vou atrapalhar. Disse me lançando um sorriso petulante.

— Para de bobagem Castiel, você não está atrapalhando, aliás eu é que estou. Então vou aproveitar essa deixa e ir para casa. —  Eu olhava a cena sem entender muito, a postura dela havia mudado completamente e retornado a sua agitação habitual  _ Vejo vocês amanhã.

— Hey eu merecia alguma coisa por ter esperando tanto tempo vocês não acham.

Analu riu. — Vá com calma, não abuse da sorte garoto. Depois nos falamos Lysandre. 

— Vamos ensaiar ou não? - Ele voltou ao seu tom áspero assim que ela saiu

— Claro, mas desde quando são tão próximos... quer dizer, esse tom, vocês pareceram íntimos.

— O que é isso cara, o Lysandre está com ciúmes.

— Pare Castiel, Ela é somente uma amiga, mas é uma garota legal, não banque o conquistador com ela. - Ele me encarou por alguns instantes como se tivesse tentando entender se o que eu falava era sério ou não.

— Eu não acredito em você meu amigo…. Até hoje você não percebeu nada. – Eu o encarava  sem entender o que ele queria dizer.

— Nossa, dá até pena... Bem tanto faz não tenho nada com isso mesmo, vamos logo.

Disse se virando em direção ao pátio e me deixando mais uma vez confuso. Durante o resto do tempo ele não tocou mais no assunto e eu também resolvi deixar para lá, mais eu queria saber mais, se havia realmente algo a incomodando eu gostaria de podar ajuda-la, retribuir toda a sua gentileza. Talvez fosse isso que ela queria dizer sobre tentar sufocar algumas coisas em vão. De toda forma eu sentia que logo eu saberia.

*ANALU ON*

Idiota, idiota, idiota.... Como eu podia ser assim tão idiota? O que tornava tão difícil deixar claro o que eu sentia?

Eu passei três meses fora na esperança de que tudo fosse apenas uma paixão passageira, uma confusão de meus sentimentos, mas foi só vê-lo novamente que toda essa bagunça aqui dentro voltou ainda mais forte. Como eu podia aconselhar o Lysandre se na verdade eu que precisava de um conselho?

Eu odiava essa sensação, odiava sentir ciúmes da minha melhor amiga por ter conseguido fazer algo que eu não tinha sido capaz: me confessar,  odiava o fato de ter me apaixonado por um de meus amigos e odiava o fato dele se quer perceber algo. Andei em passos rápidos até chegar em casa, tudo que eu queria era um longo banho para afastar esses pensamentos  confusos de minha cabeça. Fechei a porta do box, na esperança de que essas dúvidas bobas ficassem do lado de fora. Liguei a ducha e deixei a água correr pelo meu corpo, levando embora o meu cansaço.

Ao sair do banho vesti um blusão e jeans desgastado, tentei fazer a melhor cara possível no jantar para evitar perguntas dos meus pais, afinal eles estavam um pouco preocupados comigo, ainda não entendiam direito o porquê do meu desejo repentino de viajar sozinha ou porque parecia sempre tão distante.  " concentre-se Analu, e apenas sorria..."

Por sorte meu pai estava muito animado falando sobre as novidades do trabalho pra me questionar,  melhor assim. Depois do jantar eu lhes disse que tinha muito lição e voltei para meu quarto, mas na verdade só queria imaginar um jeito de acertar as coisas. Talvez tudo melhoraria se eu cria-se o mínimo de coragem, pelo menos assim eu teria minha dolorosa resposta e seguiria instantes.