Sherlock caminhava para a saída do local aonde acabara de jurar votos a seu melhor amigo. A sensação não era das melhores, e por essa razão ele decidiu se retirar da festa para não ser motivo de comentários e questionamentos. Seu pensamento voltara na pequena ligação que fez a Mycroft e de como o irmão o cutucou por estar demais envolvido nas relações que mantinha, e por mais que não quisesse admitir, o irmão poderia ter razão. Quem sabe esse casamento seja a oportunidade de afastar as relações e ele conseguir voltar a sua vida de casos sem arrastar nenhum peso junto. Próximo já da saída do jardim, Sherlock ouviu uma voz o longe chamar seu nome. O tom feminino não negava sua dedução, era Molly quem o chamava, ele só não entendia o porquê daquilo, ainda.
— Hey – Molly o alcançou ofegante da corrida, estava descalça e o cabelo havia desfeito o penteado. Sherlock deduziu que poderia ser pelo fato de que ela estava aproveitando a festa e dançando, então o que ela estava fazendo ali?
— Molly, o que está fazendo? – ele a olha de cima a baixo assustado ao ver que ela estava corada e isso a destacava ainda mais naquele vestido amarelo.
— Eu... – ela começou a formular uma explicação enquanto se arrumava da corrida – Estávamos todos dançando e pensei que você iria também querer dançar, então quando olhei pelo salão não te vi lá fui te procurar e vi que você estava indo embora, por quê?
— Casamentos não são meu forte, Molly Hooper. A parte que Jonh me designou eu já cumpri e muito bem. A garota sorriu ao saber que ele estava na defensiva.
— Ok, mas você adora dançar – Sherlock fez outra careta surpresa e Molly sorriu – Não pense que não sei certas coisas sobre você, Sherlock Holmes. Ele então sorriu.
— Me parece que alguém andou falando demais ou vendo demais – ele continuava com um pequeno sorriso nos lábios enquanto mantinha sua pose habitual.
— Ora não seja bobo, Holmes. Isso não precisa ser segredo, dançar faz bem – Molly soltou os cabelos e se aproximou. Sherlock pensou como Molly mudou desde quando ele fingiu sua morte. A legista não tinha mais atitudes tão bobas e muito menos vergonha de seus atos, conversava naturalmente com o detetive e tinha se apoderado de sua sabedoria e conhecimento sobre Sherlock a favor dela. Talvez seja o fato dela estar noiva, ou que alguém a tenha dado a devida atenção que ela merece, e por isso sua autoconfiança estava sempre presente.
— O que pretende? – ele deu alguns passos para trás fechando a cara.
— Como assim o que pretendo? Quero dançar com você! – disse ela se aproximando novamente.
— Não estamos no salão Molly e eu já estava de saída – ele tentou dizer isso de maneira que parecesse o menos interessado possível naquilo, mas sua voz continha uma pitada de curiosidade e de vontade também, não poderia negar que ver Molly insistir nele sabendo que outro homem estava no salão esperando por ela era no mínimo intrigante – Além do mais, Tom deve estar te esperando para dançar.
— Eu já dancei com Tom, e terei muitos momentos para dançar com ele. Não posso dizer o mesmo sobre você – ela riu e fez uma careta. Sherlock não pode deixar de sorrir novamente, ela tinha se decidido e Molly no geral era bem teimosa em suas decisões. Ele tentou impedir com uma última cartada.
— Não acho que conseguiremos dançar sem música – jogou ele aguardando a resposta da morena.
— Provável que tem alguma música guardada aí no seu palácio, pode ativar que eu danço sem problemas – ela ajeitou sua roupa e pegou a mão do detetive. – É só uma dança, Sherlock – disse por fim olhando para ele. Aquilo fez o detetive engolir seco, Molly parecia muito a vontade e ele se sentia encurralado. Isso o surpreendeu, foi como se de repente os papéis foram invertidos, ele se sentia como Molly e ela agia como ele, dando investidas, sem amarras, solta. Nesse misto de pensamentos, Sherlock nem percebeu quando Molly passou os braços pelo pescoço do detetive e balançava devagar seu corpo. Ela encostou o rosto no peito de Sherlock e segurou forte a sua outra mão junto com a mão dele. Ele pode sentir o aroma que vinha dos cabelos dela, algo como lavanda e sem perceber ele a apertou num abraço mais forte. Nenhum dos dois notou que ao fundo ainda podia se ouvir um pouco das batidas do salão de festas, mas eles estavam mais envolvidos no momento e nos passos lentos que os corpos davam.
— Você estava muito linda hoje, Molly – Sherlock soltou a frase sem ao menos conseguir pensar.
— Você está sendo gentil, porque esse vestido é horrível – disse ela ainda encostada nele.
— Não estou falando do vestido, estou falando de você. Molly sentiu seu coração vacilar ao ouvir isso vindo de Sherlock. Sua mente avisou que isso poderia dar uma mensagem e tanto para o homem com quem dançava, mas já estavam abraçados e não tinha porque desfazer o momento. Absorveu o elogio e resolveu olhá-lo.
— Acha mesmo? – disse ela jogando de novo com ele, sorrindo levemente.
— Sim - Ele a respondeu firme, seguro. Aquilo fez os olhos da legista sorrirem junto com seus lábios. Sherlock admirou o rosto de Molly naqueles segundos, o olhar delicado e o sorriso e subitamente uma avalanche de sensações tomaram o detetive. Ele não soube dizer quantos minutos seguraram o olhar e porque tão rapidamente ele a puxou para si, mas quando sentiu um calor percorrer seu corpo foi que se deu conta que estava beijando Molly Hooper. Sherlock sentiu que a legista se entregou ao momento tanto quanto ele, e isso o deixou ainda mais a vontade, mas mesmo entregue ela quebrou o beijo mais rápido do que ele gostaria. Ela se soltou dos braços de Sherlock enquanto caminhava para trás.
— Obrigada pela dança – disse sem jeito enquanto tentava se recompor do beijo. Sherlock apenas manteve o olhar enquanto a legista ia se afastando.
— Boa noite Molly Hooper - foi o máximo que conseguiu dizer. Ela sorriu gentilmente.
— Boa noite, Sherlock.