V – Tento me transformar em menino.

Conseguimos chegar em casa antes da três, mas me arrependi de voltar pra casa ao ver a cara dos homens a minha frente.

— Percy, onde você estava? Te falei pra chegar cedo – Papai estava com raiva

— Mas eu cheguei no horário. Antes das três – Percy falava com indignação

— Tudo bem. Vamos logo começar isso, Poseidon- Hades falou com a mesma cara de paisagem de sempre.

— Vocês estão me ignorando completamente- Falei – Isso não é legal.

— Vocês foram caçar, não é mesmo? – Nico falou, me fazendo finalmente notar a presença dele -  E cadê a Caça?

— Nós comemos, ué.  Já passa do meio-dia. – Percy falou olhando torto pra ele

— Não importa, vamos logo começar essa coisa de uma vez – Hades parecia irritado.

— Começar o quê?- Eu e Percy falamos juntos

— A reunião para falar sobre a guerra – Papai falou. Ele olhou pra mim com pena – Estávamos esperando pelo Percy.

— E eu? Eu sempre participo dos conselhos de guerra. Por que justo agora eu não vou participar. – Eu falei me controlando para não gritar. Percy e Nico olhavam, mas preferiam não falar nada. Papai desviou o olhar de mim e Hades soltou um suspiro.

— O que foi um erro. Mulheres não devem participar do conselho de guerra. Isso é um trabalho para homens. Estamos deixando passar o fato de você está com essas roupas – Ele olhou pra mim dos pés a cabeça. Me lembrei que estava de calças e bufei.

— Do lugar de onde você vem pode até ter esse machismo ridículo no seu reino, mas você está no MEU reino, e aqui não temos o preconceito baseado no gênero – Respirei fundo tentando me acalmar - Acho que com isso ficará satisfeito.

Agora, caro leitor, eu fiz uma coisa que nem eu mesma estou acreditando até agora.

Com um movimento rápido desembainhei Contracorrente, a espada de Percy, que estava em sua cintura e cortei o meu cabelo (Só lembrando que meu cabelo passava da cintura) e agora ele estava como o do Nicolas, curto mas nem tanto, e repicado nas pontas.

— Agora estou como vocês - Sai batendo os pés até o escritório do meu pai.

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NICOLAS

Aquilo realmente me surpreendeu. Nem eu tinha coragem de enfrentar Hades. Gosto de pessoas ousadas.

Antes eu estava em dúvida, agora tenho certeza. Eu vou torná-la minha inimiga.

Sinceramente, estou em choque até agora, não só eu mas os outros também. Papai e o Rei Poseidon estavam surpresos e Percy estava sem reação, assim como eu, afinal ninguém espera que a própria irmã roube sua espada e corte o cabelo.

— Acho melhor irmos – falei e andei na direção em que ela foi.

Cheguei ao escritório de Poseidon, e encontrei Maya sentada de braços cruzados em uma das cadeiras da mesa. Sorri de canto.

— Olá, senhor. Creio que não nos conhecemos – Fiz uma mesura – sou Nicolas Di Ângelo.

Ela olhou pra mim com a cara fechada

— Vai pro Tártaro

Sentei-me na cadeira ao lado da dela. O próximo a entrar foi Percy, estava confuso, mas assim que me viu fechou a cara e sentou do outro lado de Maya. Ela devolveu a espada pra ele. Os próximos a entrarem foras Hades e Poseidon, eles se sentaram lado a lado e de frente para nós.

— Bom, vocês já sabem o porquê estamos reunidos aqui - Poseidon começou – Vamos discutir a proposta que Hades veio me fazer. A união temporária dos exércitos de Atlantis com o de Elísios. Juntos, talvez conseguiremos vencer a Guerra contra Olimpus.

— Entendo. Com a falta de soldados que estamos tendo no exército nós apelamos para aceitar gente da idade minha idade que é 14 anos – Maya falou – Conseguimos aumentar o número de soldados, mas não o suficiente. A sua ajuda vai ajudar bastante, Vossa Majestade.

— Eu também tenho problemas com o Rei Zeus e tenho interesses nessa guerra. Uma ajuda para os dois lados – Meu pai falou. Eu sabia que tinha interesse, ele nunca seria bonzinho assim sem querer algo em troca.

— E o que você quer? – realmente o Rei de Atlantis estava desesperado

— As Aquamarine – Eu olhei pra ele não entendendo – Um reino litorâneo deve ter as explorações de joias preciosas marinhas.

Poseidon assentiu

— Entendo. E quanto de Aquamarine você quer.

— O equivalente a dez dracmas de ouro por soldados.

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Percy e eu não falamos nada durante a reunião toda, Foi basicamente uma conversa entre meu Pai, Poseidon e Maya.

Depois que Hades, Maya e Percy saíram, eu me aproximei do Rei, que estava de costas para mim.

— Vossa majestade

Ele se virou para mim e bagunçou o meu cabelo com um sorriso

— Sem formalidades, Nicolas. O que você quer?

— Eu quero saber se meu pai não pegou pesado com a troca?

— Claro que não. Além do mais ele vai ajudar na guerra. Nós conseguimos pagar, afinal somos um reino litorâneo.

— Claro. Sinto-me melhor – eu disse saindo do cômodo

— Ah, sim. Se você encontrar a Maya, diga que eu quero falar com ela.

Maya

Nicolas disse que papai quer falar comigo. Quando cheguei no escritório ele estava com uma cara séria.

— Pai, o que foi? Por que está preocupado?

Ele olhou pra mim e correu para me abraçar

— Oh, minha princesinha. Por que fez aquilo? Você não deve fazer aquilo na frente de Hades, você sabe que precisamos da ajuda dele para vencermos essa guerra.

Eu já não me controlava mais.

— Pai, até quando você vai defender aquele machista. – Gritei. E ele olhou pra mim surpreso – Você não devia o deixar mandar aqui. Ele é o convidado, não você. E ele está ajudando porque quer, e ele cobrou muito caro por isso. Eu acho que nós ganharíamos essa guerra sem a ajuda dele.

— Princesinha, você não tem ideia do poder do reino de Olimpus, o deus patrono deles é Zeus, eles tem mais poder – Ele falou mas eu o interrompi

— Mas Netuno está do nosso lado, ele é o padroeiro daqui. Além disso tenho acompanhado o treinamento dos soldados, eles estão muito bons – Ele levantou uma sobrancelha – Ok, não tão bons, mas se juntarmos ele com os guardas do castelo e os guardas de patrulha conseguiremos um bom número

— Filha, não se iluda. O número não chega nem na metade do exército de Zeus – Assenti, conformada – Mas vou seguir o seu conselho, vou fazer Hades me respeitar mais – Ele piscou um  olho – Mas isso não significa que você não receberá um castigo pelo que fez.

Eu olhei pra ele incrédula. Não fiz nada demais.

— Mas, por que?

— Você me desrespeitou – ele passou a mão no queixo – já sei o castigo perfeito.

******

Isso era totalmente injusto, por uma parte boa, mas por outra era insuportável.  E acabei levando Percy junto.

Quando sai do escritório e Nicolas estava próximo a porta.

— Levou uma bronca do papai, foi bebezinha?  - Ele falou encostado na parede. Olhei pra ele coma maior raiva do mundo

— O que foi, Aborto de Dracaena? Deu pra ouvir atrás da porta agora, foi? – Respirei fundo – Não enche o meu saco hoje, tá? Se não arranco as tuas tripas. – Dei um sorriso psicopata.

— Ui, o projeto de empousa tá com raiva, é? Ok, hoje não vou te perturbar? Mas só hoje -  Falou isso e saiu.

Bom hoje era sexta. Dois dias pro meu castigo começar. Eu simplesmente fui proibida de recrutar os soldados e vou voltar a ter aulas (coisa que eu não tinha desde a ameaça). Passar o dia todo estudando, quem merece? Pelo menos vou ter aula de história. Preciso avisar Percy sobre esse castigo.