Domínio dos Pesadelos escrita por Carlos Coelho


Capítulo 3
Incerteza




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“16 de março de 1995 - Próximo a 01:00 hora da manhã

Não importa quanto álcool eu consuma, ou quanto eu tente lutar para racionalizar as visões que tive, em meio a escuridão e sujeira daquela abandonada mansão… Minha mente pouco consegue se desligar do ocorrido.  Nos breves momentos em que consigo, de alguma forma dormir, aquelas imagens me vêm à mente. Talvez seja a mera obra da imaginação e do fantástico… Mas pouco consigo me desligar, mesmo assim, da insanidade que tudo se parecia.

Não sou experiente o bastante para me considerar um veterano de longa data, mas minha mente não mais sofre da impressão abrupta de encontrar um corpo morto, corrompido, de um assassinato que se tenha ocorrido. Por mais cruel que seja, a natureza de um investigador não pode ser a da fraqueza. Mas… pela primeira vez em muito tempo… Senti a verdadeira sensação de medo. De estar em frente a algo desconhecido e indecifrável.


Os motivos por trás do assassinato, não é de longe algo misterioso - Algum tipo de culto obscurantista, dos diversos que podem existir, e seus rituais profanos. Pouco adianta se questionar, sobre esse aspecto, sobre o real motivo desse ato, além do que se vê. Apenas resta, em circunstâncias normais, de se buscar os culpados, e levá-los a cadeia… Mas em frente a isto, há algo novo. Não apenas as circunstâncias são estranhas, mas a própria natureza é obscurecida por razões indescritíveis.


O corpo, ao qual se encontrava no centro, mesmo presente a toda a dor que o indivíduo aparenta ter sofrido, mantinha-se rigidamente erguido, como se ele tivesse buscado permanecer naquela posição enquanto morria. Embora nos braços da cadeira em que sentava houvessem marcas, claramente indicando sofrimento, não havia sinais de qualquer tipo de amarras. Ele permanecerá livre em todo o processo. A cabeça apresentava sinais de queimadura, indicando que o óleo, que se encontrava dentro da urna, na qual a sua cabeça estava aprisionada, estava a altas temperaturas… possivelmente até mesmo queimando, quando fora despejado sobre ele. E mesmo assim, em seu estômago, esse mesmo óleo se encontrava, como se ele buscasse beber o mesmo, enquanto encontrava seu fim.


E se tudo isso parece insano, a própria natureza da urna era misteriosa. Seu formato não permitia a abertura do mesmo, ou a passagem de uma cabeça, mas ainda assim, ele se encontrava tão firmemente preso ao pescoço, que mais parecia que ele havia sido feito ao redor dele, com as medidas quase perfeitas dele. Diversos símbolos estranhos se encontravam esculpidos, dentro e fora, e gravuras adornadas cobriam suas extremidades.



Talvez isso tudo esteja afetando a minha mente demais.
Mas quanto mais me recordo do ocorrido, mais o meu sangue gela, e me recordo, da repulsa e da sensação de insignificância. De estar diante de algo sobre o qual não se tem poder.


Infelizmente, essa é uma realidade que todos enfrentam na linha de frente. Mas… mesmo assim, não há nada que eu consiga comparar com o que vi ali. Nem nos sonhos perturbados das mentes mais insanas, poderia tal…


Não sei nem o que pensar sobre o caso.

Talvez seja o melhor não pensar…

Se apenas minha mente me permitisse…

Nos poucos momentos em que consigo retornar ao meu sonhos, me encontro naquela sala de novo. Ouço no ar os gritos de desespero, e os sons de algo que não se consegue observar. Não, algo que não quer se observar. Aqueles olhos, agora em formas autônomas, levitando no ar, conectados a uma rede disforme, como se formassem uma constelação de sangue e vísceras. E, tal quais conjurações obscuras, cânticos inenarráveis eram pronunciadas por criaturas disformes, em um idioma impronunciável.

Dos cantos mais profundos, daquela escuridão, um clamor longo e ensurdecedor, estremecia a terra, abalando os pilares de pedra que sustentavam a construção. E dos escombros revelava-se uma cidade submersa esculpida nas trincheiras oceânicas, nas profundidades abissais do oceano.

 

Pouco tem se alterado de um sonho para outro, além das sensações de desespero, terror e um fascínio sobrenatural… Talvez o fascínio da loucura e da insanidade.


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