Quando Albus acordou sua cabeça estava tão pesada que precisou de alguns minutos para se concentrar e perceber que não estava em sua casa.  Ele se recordava da festa, obviamente. E se recordava, principalmente, de ter ficado com Dominique e aquele era o maior problema que teria que lidar aquele dia.

Não que estivesse arrependido, claro. Albus realmente gostou de estar com sua prima e se ele se considerasse uma pessoa aberta a compromisso, talvez resolvesse investir para vero que ia dar, mas não. Ele não era o tipo de pessoa que queria compromisso e definitivamente não iria assumir nada com Dominique, pois a última coisa que queria era magoá-la.

Respirando fundo, ele se levantou e se caminhou para o banheiro. Sabia que o momento em que cruzasse a porta teria que lidar com os acontecimentos da noite anterior e precisava estar bem acordado para isso.

~*~

Dominique não estava se sentindo tão mal, mas também não podia dizer que se sentia perfeita. Seu estomago ainda estava meio embrulhado, talvez pelo fato de ter bebido muito e comido pouco. Sua cabeça doía, mas nada que fosse muito sério.

Ela sabia que provavelmente haveria algo na cozinha para comer, mas o problema era conseguir chegar até lá. A mansão tinha tantos cômodos e tantos corredores, que em uma das tentativas ela foi parar na biblioteca e se espantou ao dar de cara com um quadro de Lucius Malfoy na parede.

Estreitando os olhos, ela observou a pintura de perto e sentiu os pelos de sua nuca arrepiarem. O avô de Scorpius era bonito e elegante, mas o olhar e a postura eram de alguém que não conhecia piedade. Lembrou-se de todas as histórias horríveis que seus pais e avós contaram e decidiu que não queria encarar aquele retrato por mais tempo.

 Para sua sorte, Dominique encontrou um elfo doméstico a caminho da cozinha. O elfo usava roupas e meias nos pés, e ela deduziu que a pequena criatura estava ali por vontade própria. Depois que sua tia Hermione lutou pelos direitos dos elfos, agora o tratamento que recebiam era justo e pacífico.

— Han-han – Dominique fez um barulho com a garganta, tentando chamar a atenção do elfo.

A pequena criatura de olhos verdes enormes a encarou e disse:

— Olá, senhorita. Wonka está aqui para servir. – depois de uma reverência exagerada, ele tentou sorrir e esperou as instruções.

— Ok. Hm... eu sou a Dominique Weasley. E eu estou com fome, mas não consigo encontrar a cozinha.

O elfo concordou e rapidamente fez um aceno para que ela o seguisse.

— Wonka adora servir os amigos do senhor Scorpius – o elfo disse – Wonka se sente feliz em ajudar a família Malfoy. O senhor Malfoy paga muito bem para que Wonka sirva a todos da melhor forma.

— E ele o trata bem?

Wonka fez um aceno com a cabeça, fazendo suas orelhas enormes balançarem.

— A família Malfoy é muito generosa com o Wonka. Eles deram roupas para que Wonka fosse livre, mas Wonka decidiu ficar.

Eles viraram à direita no corredor e finalmente estavam na cozinha.

Dominique olhou em volta e parecia um paraíso de comidas gostosas. Ela só percebeu que estava tão faminta no momento em que encarou o enorme bolo de chocolate que estava sobre o balcão.

 - Foi você quem fez isso, Wonka? – ela perguntou.

— Wonka apenas se encarregou de trazer as coisas da casa da Sra. Malfoy para cá. Mas se desejar outra coisa, Wonka pode fazer agora mesmo.

Dominique fez um rápido aceno com as mãos, indicando que estava satisfeita com aquilo. Sorrindo, ela se sentou em frente ao balcão da cozinha e antes que pudesse pegar qualquer coisa, Wonka se prontificou e arrumou um belo prato com bolo, pães e alguns biscoitos.

— Muito obrigada, Wonka!

— Wonka fica feliz em servir a menina Weasley. – rapidamente os olhos do elfo foram para a porta, onde mais alguém havia aparecido – Olá, Sr. Albus! O que deseja?

— Só um copo de suco, obrigado! – Albus sorriu e em seguida foi para perto da Dominique, que agora estava muito concentrada em seu prato.

Respirando fundo, ele tomou o lugar ao lado dela e roubou um dos biscoitos.

— Você não se importa, não é? – ele perguntou, antes de dar uma mordida.

Dominique balançou negativamente a cabeça e falou:

— Mesmo que eu dissesse sim, você comeria de qualquer jeito.

Albus deu uma risada baixa e agradeceu assim que Wonka trouxe um copo de suco de abóbora e uma poção para sua dor de cabeça. O elfo já o conhecia bem o suficiente para saber que sempre exagerava na bebida.

— Domi, você sabe que precisamos conversar sobre ontem, não é?

Dominique concordou.

— Sobre o que aconteceu, eu-

— Albus, nós bebemos e nos beijamos. E foi isso. Nós dois sabíamos que isso aconteceria um dia, não é? – ela falou, tentando parecer despreocupada – Você e eu não temos nenhum tipo de relacionamento. Estávamos juntos e aconteceu.  

— Eu não quero ferir seus sentimentos.

— Albus, por mais que eu goste de você, isso não significa que vou passar a gostar menos de mim. O que eu sinto ou deixo de sentir é algo que cabe a mim, não é? Eu sei que você vai se formar na escola e eu ainda tenho dois anos pela frente. E também sei que você jamais perderia tempo com uma garota como eu, que-

Albus interrompeu a prima e segurou sua mão. Quando ficava nervosa, Dominique falava sem parar.

— Dominique, você é uma garota incrível e não deveria pensar menos. Não existe essa de “garota como você”. O fato de eu não querer um relacionamento não é culpa sua ou de qualquer outra garota. Eu decidi seguir minha vida assim e nunca enganei ninguém. E eu não faria isso justamente com você, que é uma das minhas melhores amigas. E não pense que estou te colocando na friendzone por ser mais nova ou por não fazer meu estilo, porque você faz o estilo de todas as pessoas que podem enxergar. Você é linda, inteligente e divertida. E foi muito bom ficar com você, mas...

— Mas você não quer se comprometer. – Dominique falou e sorriu em seguida – Albus, eu não pedi para você se comprometer e isso nem passou pela minha cabeça. Eu sei que você não gosta de compromisso e não precisa perder seu tempo fazendo discursos para que eu me sinta melhor. Imagino que você não faz discursos para suas outras ficantes.

— Eu geralmente não me importo com elas o suficiente para pensar em dizer algo no dia seguinte e elas também não.

Ela balançou a cabeça e terminou de beber o suco que Wonka havia deixado sobre o balcão.

— Eu não me importo. E espero que também não se importe.  

— Mas Domi...

— Por favor, Albus. Chega de discursos.

E dizendo isso, Dominique se virou e saiu da cozinha, torcendo para encontrar rapidamente as escadas e o caminho até o quarto. Precisava acordar Rose para que saíssem de lá o mais rápido possível.

Confuso, Albus olhou para Wonka, que estava parado próximo ao fogão, e disse:

— O que foi que eu disse?

~*~

Rose tinha acabado de sair do banheiro quando ouviu algumas batidas em sua porta. Respirando fundo, ela abriu e deu de cara com Scorpius, que vestia apenas uma calça de moletom e uma regata branca.

— Você tem noção do quão injusto é você ter roupas limpas e eu não? – Rose perguntou, fazendo um aceno para que ele entrasse.

Scorpius deu uma risada e concordou, se sentando na beira da cama.

— Essa casa é da minha família, não sei se você sabe.

— Uau! Obrigada por mencionar, Scorpius Malfoy, que a mansão dos Malfoy pertence à família Malfoy. – Rose frisou bem a palavra Malfoy, o que fez Scorpius rir – E então, o que você faz aqui?

— Vim saber como está! Se dormiu bem e essas coisas.

Rose arqueou a sobrancelha enquanto abria a cortina do quarto e em seguida se virou para encará-lo.

— Eu dormi muito bem, obrigada. E não, eu não estou sem graça e nem pensando nada errado a respeito de termos ficado ontem à noite.

— Você é bem direta, não é?

— Gosto de coisas sem rodeios. – Rose disse e se sentou – O que disse ontem é verdade. Nos beijamos, foi ótimo e estamos seguindo a vida. Eu não vou mudar a forma que te trato só por causa de um beijo. E espero que você faça o mesmo.

Scorpius concordou e esticou a mão para Rose.

— Então isso quer dizer que somos amigos, Weasley?

Rose apertou a mão de Scorpius.

— Não, Malfoy. Nós apenas nos toleramos. – ela sorriu e completou: - Claro que somos amigos.

Rose estava prestes a falar algo sobre o café da manhã – que, no caso, já era café da tarde – quando Sebastian apareceu à porta do quarto.

— Você também veio se desculpar pelo beijo? Porque olha, eu já disse que...

— Não! Porque eu me desculparia por algo que nem você e nem eu fomos obrigados a fazer? – ele perguntou – Eu vim aqui saber se é normal a Scarlett e o Will estarem aos berros.

Scorpius deu uma risada e se levantou.

— Esses dois deveriam parar de fogo no rabo e se assumirem. – ele disse – Toda vez é a mesma coisa. Se beijam, bebem, transam, se beijam mais e depois agem como se fossem dois estranhos. – ele revirou os olhos – Eu vou lá impedir que eles se matem. Vocês dois podem ir à cozinha. Wonka já me disse que tem várias coisas para comer lá embaixo.

Assim que saiu, Sebastian olhou para Rose que parecia pensativa.

— Hmm.. desculpe, mas você queria que eu me desculpasse pelo beijo? Eu não quero ser ríspido, eu só –

— Não! Não, Sebastian. Não se preocupe. O problema é que só agora eu me dei conta de que alguém vai se importar com os acontecimentos de ontem à noite.

— Sério? Quem?

Antes que Rose pudesse responder, Dominique empurrou Sebastian para o lado e entrou no quarto bem irritada.

— Podemos ir embora? – ela perguntou para Rose.

— Mas eu ainda não comi nada. – Rose respondeu – Nós podemos...

— Podemos ir embora e comer em qualquer outro lugar? Eu preciso tomar um banho, trocar de roupa e ficar bem longe daqui.

Respirando fundo, Rose concordou e se levantou. Olhando rapidamente para Sebastian, ela falou:

— Você pode avisar ao Albus e ao Scorpius que eu já fui?

— Claro!

Puxando a prima pela mão, Rose saiu do quarto, desceu as escadas e em seguida foi para o jardim. Assim que atravessaram o portão da Mansão, andaram poucos metros e em seguida aparataram.

N/A: Olá, olá! Mais um capítulo curtinho, eu sei. Mas achei melhor encerrar a etapa da festa do Scorpius nesse e deixar os novos acontecimentos para o capítulo 4.

Espero que tenham gostado. Me desculpem pela demora, minhas últimas semanas foram complicadas.

Muito obrigada por acompanharem e serem gentis nos comentários.

Beijinhos e ótimo final de semana,

Marls McKinnon.