The Secret of Kiara escrita por Shadow


Capítulo 7
Segredo Revelado




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Acordei pela manhã e tudo parecia estar bem tranquilo, Jack não estava no quarto e agradeço muito por isso, ainda estava brava por ele ter mexido nas minhas coisas. Levantei da cama e fui trancar a porta para poder trocar de roupa e garantir que nenhuma surpresa desagradável aconteça, me vestir e fui procurar por Gibbs. Não demorou muito para achar ele, era até fácil já que quando ele não estava com Jack, estava gritando ordens ou bebendo com os outros homens, esse pensamento me fez rir sozinha.

—Bom dia Gibbs! - Disse assim que me aproximei.

—Bom dia Kiara!

—Aonde posso pegar algo para comer aqui? - Encostei em um dos mastros.

—A cozinha fica lá embaixo, mas pode deixar que eu mesmo pego. Alguns homens beberam rum de mais e está tudo uma bagunça. - Fiz careta.

—Dessa vez você pode pegar, mas dá próxima eu mesma vou lá.

—Tudo bem. - E saiu me deixando sozinha.

Olhei para o lado e dei de cara com o lindo nascer do Sol, eu não fazia ideia que tinha acordado tão cedo. Me aproximei da lateral do navio e apoiei meus braços lá e fiquei olhando para aquela linda paisagem, era tão bonito.

—Por favor, tome cuidado para não cair do navio, não estou a fim de pular na água para ter que te salvar. - Toda a calma e paz sumiram assim que Jack abriu a boca.

—Meu poupe Jack. - Falei me afastando dele e o mesmo se aproximou.

—Ainda está brava por eu ter mexido nas suas coisa? - E olhou de canto de olho.

—Então você admite que mexeu mesmo nas minhas coisas? - Perguntei me virando na direção dele cruzando os braços e erguendo uma de minhas sombrancelhas.

—Aqui está Kiara. - Gibbs chegou com uma bandeja com algumas frutas.

—Obrigada Gibbs. Bem que você podia ensinar ao seu capitão como ser educado, pelo menos as vezes. - Peguei a bandeja da mão de Gibbs e sentei na escada que dava até o timão.

Fiquei lá tempo o suficiente para terminar de comer algumas das frutas que estava na bandeja. Jack não ficou me perturbando o que foi muito bom, estávamos a dois dias naquele navio e eu não estava aguentando mais conviver com Jack, só precisava de um pouco mais de paciência e tudo ia dar certo, pelo menos era isso que eu achava.

Estava tudo tranquilo no navio quando do nada ele bate em alguma coisa fazendo com que todo mundo caísse.

—O que aconteceu? - Perguntei me levantando e correndo até a lateral do navio.

Uma ilha, tinha uma ilha bem na nossa frente. Jack conseguiu bater em uma ilha? Como ele não viu ela?

—Como essa coisa foi parar aí? - Jack apontou pra ilha.

—Você que é o capitão, deveria saber. Vai me dizer que bebeu tanto rum que não conseguiu ver uma ilha desse tamanho? - Falei um pouco debochada.

—Ora, você acha que eu sou cego? E eu não bebi nenhum rum, estou sóbrio. Essa ilha não estava aí. - E começou a andar pelo navio.

—Estranho, - Disse pensativa. - por acaso existe alguma ilha que se mova? - Olhei para Jack e ele encarava a ilha.

—Eu já ouvi falar em uma ilha que sempre muda de lugar, mas não sabia que ela realmente existia. - Gibbs falou.

—O que vamos fazer? - Jack saiu andando e foi até a sala de reuniões, navegações... Sei lá o que era aquele lugar, Gibbs e eu fomos atrás dele.

—Eu conheço essa história.. da ilha. Sei que tem alguma coisa aqui sobre isso. Essa ilha tem um dono, mas eu não consigo me lembrar. - Ele falava enquanto procurava e jogava várias coisas pra trás.

—Eu não vou arrumar essa bagunça. - Jack revirou os olhos com o que eu disse, me fazendo dar uma leve risada.

—Achei! - Ele pegou um livro que parecia ser bem velho, foleou algumas páginas e parou em uma que tinha o desenho de uma ilha. Passou o dedo pelas palavras e olhou para mim e depois pra Gibbs. - Vamos descer. - E jogou o livro pra longe.

—Como assim vamos descer? O que você achou? - Falei indo atrás dele, o mesmo parou do nada me fazendo bater contra as costas dele.

—Aquela bruxa. - Murmurou baixo e virou pra mim. - Parece que a nossa estimativa de viajem estava errada. Calypso está na ilha.

Eu fiquei perplexa com o que ele disse. Como assim ela estava na ilha? Tão rápido, quero dizer, eu não estava me sentindo preparada para saber a verdade, mas eu também não poderia desistir disso tudo agora, estava a poucos passos de todas as respostas para as minhas perguntas.

Eu, Jack, Gibbs e mais alguns tripulantes descemos do navio e caminhamos pela ilha, em determinado caminho, nós encontramos uma trilha de pedras e começamos a seguir. Depois de quase meia hora de caminhada, a trilha de pedras sumiu e logo a nossa frente tinha uma casa coberta por plantas, musgos, cogumelos e outras coisas.

—Vejo que chegaram. - Calypso falou sorrindo enquanto saia de dentro das casa. - Entrem.

Todos nós entramos​na casa, tinha algumas plantas pela parede, mas nada como o lado de fora da casa. O que me agradava lá dentro era o cheiro de terra molhada, não era uma coisa forte, era agradável.

—Não sabia que você era tão... Mãe natureza. - Jack falou olhando o local.

—A natureza é um bom lugar para ficar quando você quer estar sozinho, ou até mesmo quando você quiser se acalmar. - Calypso falou sentando em uma cadeira.

—Rum também é um ótimo calmante. - Jack disse sorrindo.

—Vocês mortais não sabem aproveitar da melhor forma os lugares. Mas o meu assunto não é com você Jack e sim com Kiara. - Ela levantou da cadeira e pegou na minha mão e começou a me puxar para algum lugar, mas parou e olhou para os outros visitantes. - Fiquem a vontade, mas não tanto.

Calypso me guiou pela casa e me levou até os fundos da mesma, onde tinha uma espécie de jardim fechado, com árvores frutíferas, lago com peixes, flores e diversas outras plantas. O jardim era incrivelmente bonito e cheiroso, pela primeira vez desde que embarquei nessa viagem, nunca me senti tão bem.

—Esse lugar é muito lindo. - Disse ainda admirando o jardim.

—Sim, ele é mesmo. Venha, vamos nos sentar. - Eu não tinha visto, mas tinha umas cadeiras e mesa de madeira em um lado do jardim.

—O que está acontecendo Calypso? - Perguntei quando nos sentamos.

—É algo um pouco complicado e muito importante. Sei que você não vai gostar do que irá ouvir, mas admito que a culpa é minha, eu fiz as coisas sem pensar e...

— Calypso, por favor, vá direto ao ponto. - Eu estava começando a ficar nervosa com a situação.

—Tudo bem. Existem duas espécies de sereias umas que nascem sereias e outras que se tornam sereias. As que tornam são por causa de acordos não compridos com o Deus do mar, maldições e muitos outros casos. Quando era uma criança, você estava muito doente, estava quase morrendo, sua mãe me procurou desesperada por ajuda, ela queria que eu te curasse e foi o que eu fiz, mas eu disse pra ela que teria alguma consequência o que ela me pediu. Eu te levei até o Mar Sagrado e as águas de lá te curaram, mas não fizeram só isso, te fizeram protetora e juíza das sereias, de alguma forma, o Mar Sagrado conseguiu ver a pessoa justa e bondosa que seria.

—Você quer dizer que eu sou um tipo de sereia que comanda outras sereias? Como se eu fosse uma rainha? - Comecei a rir. - Você só pode estar brincando comigo.

—Isso não é brincadeira, é algo sério e não tem como você desistir disso porque faz parte de você. As sereias são caçadas como animais, porque elas são criaturas espécias, são usadas para receitas de magias ou até mesmo são caçadas por diversão. A outra espécie de sereia elas não atacam os homens, elas cuidam da vida marinha, são criaturas muito bondosas, não que as outras não sejam, mas elas são muito mais.

—Então tudo o que me falaram é mentira? As mulheres da minha família não tem esse poder de escolha, por que mentir pra mim? - Nessa hora eu já estava muito irritada.

—A culpa é minha. Eu aceitei que você fosse escolhida e eu não poderia contar nada para ninguém, nem mesmo para você, seu segredo só poderia ser revelado para os outros, quando você fizesse o ritual. Eu manipulei a mente da sua mãe e fiz com ela contasse toda a história que você sabe, fiz o mesmo com Margot..

—Quem é Margot? - Perguntei confusa, eu não me lembrava de conhecer nenhuma Margot.

—Quando você completou 16 anos, você foi procurar ela porque ela sabia quem poderia fazer o ritual, você morou por 5 anos com ela e depois foi procurar a Valquíria, que por acaso era eu.

—O que? Você era a Valquíria!? Você é tão mentirosa Calypso.

—Sobre a perda de memória é verdade, ela foi uma outra consequência. - Calypso olhou para o nada e depois voltou a olhar para mim. - Sinto muito em ter que te dizer isso e agora.. a sua mãe, ela morreu.

Senti uma dor crescer no meu peito, meus olhos começaram a arder e logo em seguida se encheram de lágrimas. Levantei da cadeira e segui em direção a saída da casa, não parei em nenhum momento para nada, passei por Jack, Gibbs e outros e segui a trilha de pedras de volta para praia. Aquilo não poderia ser verdade, não poderia estar acontecendo comigo, ela não sabia o que estava acontecendo comigo, queria poder falar com ela, contar tudo o que estava acontecendo, eu nem conseguia me lembrar quando foi a última vez que eu a vi; agora ela se foi e nunca mais vai voltar, eu nunca mais vou poder ver ela.

Eu não me lembrava por quanto tempo eu estava andando,eu ainda continuava na praia, mas em um outro lugar, eu deitei na areia e desabei por completo, não ligava se estaria completamente cheia de areia, só queria parar de sentir aquela dor, depois de alguns minutos chorando, eu acabei dormindo.


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