The Secret of Kiara escrita por Shadow


Capítulo 11
Ciume




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—Você ainda continua lutando muito bem, tenho que admitir. - Will falou enquanto duelávamos.
—Sempre treino quando posso. Agora mais do que nunca eu tenho que me defender. - Falei enquanto parava a espada dele com a minha.
—Você está certa, mas agora você não precisa se defender sozinha, eu e Jack vamos te ajudar. - Bati minhas costas no mastro, o que me fez perder um pouco da atenção e logo em seguida a espada de Will foi parar na minha garganta.
—Acho que você não está treinando o suficiente. - Ele sorriu vitorioso.
—Você só venceu porque o mastro me distraiu. - Sorri.
—Eu acredito nisso. - Will tirou a espada do meu pescoço.

Subimos as escadas até o timão, eu estava no Holandês Voador dessa vez, Will me convidou para conhecer o navio e aceitei o convite. Olhei para o outro lado e vi Jack no Pérola Negra, ele olho e acenei para o mesmo e ele me ignorou, o que me fez ficar confusa com sua atitude.

—Acho que ele gosta de você. - Olhei para trás rapidamente encarando Will que estava com os braços apoiados no timão.
—O Jack? Não - Ri. - ele gosta dele mesmo. Eu não sei o que somos, mas acho que posso considerar ele como um amigo, mesmo o nosso relacionamento sendo um pouco estranho.
—Se você está dizendo...
—Então, você tem notícias da Elizabeth? - Perguntei curiosa.
—Não tenho, é meio difícil receber notícia das pessoas da terra quando você vive no mar. - Ele falou um pouco desanimado.
—Eu entendo, mesmo que nossas situações sejam totalmente diferentes.  - Um silêncio pairou sobre nós, eu estava começando a me sentir desconfortável e decidi quebrar o silêncio. - Acho que me lembrei de você, quero dizer, não de você, mas de uma lembrança com você.
—Você está falando sério? - Um sorriso apareceu no rosto dele, o que me fez sorrir também.
—Sim! Estávamos em uma praia e você me segurava no colo e me jogou na água, mesmo depois de eu falar que fazia o que você quiser se não me jogasse na água. Quem nega uma oportunidade como essa? - Brinquei e ele riu.
—Você sempre falava aquilo, eu tive mais oportunidades como essa.
—Eu não acredito que deixava as coisas chegar a esse ponto, isso é humilhação demais. - Rimos.
—Então, você é o tipo de sereia que canta atraindo os homens para um mergulho mortal?
—Fique você sabendo que não sou assim, nem eu e nem as minha protegidas, só cuidamos do nosso lar e de seus outros moradores. Esse tipo de coisa fica para as outras sereias, as rebeldes. Elas querem a guerra e nós queremos a paz, principalmente com os humanos. As coisas são muito complicadas para todas nós é tudo difícil. O único lugar em que nos sentimos seguras é em nossas casas. Algumas de nós vive no meio dos humanos e nunca volta para água, elas ficam com medo de ser elas mesmas. Os humanos nos tratam como animais - Senti um bolo se formar na minha garganta e as lágrimas descerem pelo meu rosto. - mesmo aquelas que não podem transformar a calda em pernas... Todas nós também somos humanas, todo nosso corpo é usado de alguma forma, desde nossas lágrimas até nossas escamas. - Will se aproximou de mim e me abraçou forte.
—Vai ficar tudo bem, as coisas vão mudar, eu vou te ajudar no que puder. - Will se afastou e segurou meu rosto, fazendo com que eu o encarasse. - Eu vou sempre te ajudar no que puder, é só falar comigo. - Abracei ele novamente.
—Obrigada Will. - Falei enquanto me afastava e secava as lágrimas. - Será que falta muito para chegar?
—Não, chegamos na ilha no máximo em um dia. Acho que é melhor você voltar para o Pérola, você deve estar com fome e aqui não tem nada para você comer.
—Sim, você tem razão. Acho que é melhor você ter comida aqui da próxima vez que eu vier, você tem que tratar os convidados melhor. - Will riu.
—Obrigado pela observação, prometo que dá próxima vez haverá comida aqui.

Os navios tiveram que parar para que fosse colocado uma tábua e eu pudesse atravessar.

—Como foi passar um tempo com o seu antigo melhor amigo? - Jack perguntou parecendo desinteressado.
—Foi legal, eu contei para ele que lembrei de um tempo que passamos juntos.
—Imagino que ele tenha gostado de saber.
—Sim, ele ficou. Eu vou pegar algo para comer na cozinha, você vai querer?
—Eu já tenho algo para comer. - Jack falou apontando para a garrafa de rum na mão dele e eu saí em direção da cozinha.

Algumas horas tinham se passado e Jack continuava agindo estranho comigo e aquilo estava me incomodando, eu não conseguia entender porque ele estava daquele jeito. Eu estava deitada na cama do quarto dele lendo um livro qualquer quando o mesmo entrou e ficou me encarando da porta.

—Aconteceu aconteceu alguma coisa? - Perguntei abaixando o livro.

—Não, não aconteceu nada. - Ele continuou parado na porta.

—Tem certeza? Porque você não está parecendo um pouco normal hoje.

—E por que você acha isso? - Jack fechou a porta e sentou ao meu lado na cama.

—Porque dês da hora que eu estava no Holandês você está me ignorando.

—Não estou fazendo isso.

—Está sim Jack.

—A minha tripulação não está feliz com o seu abandono repentino.

—O que?

—Você abandonou a minha tripulação quando o peixe fora d'água apareceu aqui. - Revelou cruzando os braços, ele parecia realmente mal humorado com aquilo.

—Você quer dizer a tripulação ou você? Jack, você está com ciumes? - Sorri de lado.

—A tripulação! E eu não estou com ciumes, a única coisa pela qual eu sinto ciumes é o meu navio e nada além disso.

—Você pode falar com a "tripulação" que eu não vou abandonar ninguém, que todos eles são meus amigos e estão me ajudando a muito tempo. Mesmo que a maioria só pense no ouro que pode ganhar. Eu e Will só estamos nos conhecendo, de novo, eu só quero poder lembrar de tudo o que eu esqueci. 

—Você quer lembrar do seu sentimento por ele? - Perguntou me encarando.

—Eu não falei isso. Eu só quero me lembrar dos momentos e não dos sentimentos, essa coisa é muito estranha de acreditar.

—E se você lembrar dos seus sentimentos amorosos por ele?

—Isso não vai acontecer, e ele é casado com Elizabeth.

—Mas isso não te impediu de se apaixonar por ele quando era mais nova.

—Jack, pelo o que Will me contou, eu nem sabia que ele gostava da Elizabeth quando me apaixonei por ele, e você falou certo, 'quando eu era mais nova', eu não tenho mais 16 anos, e como eu disse, ele é um homem casado. - Falei irritada. - Agora se você me der licença, eu irei dormir. - Coloquei o livro no chão e me virei de costas para ele enquanto me enrolava com o lençol


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