As ondas batendo contra a costa um tanto fortes era o único barulho por ali no momento, seus olhares se cruzaram ao longe e ambos pararam estáticos sobre a areia quente dos fortes raios de sol da manhã.

Fazia tempos desde que Atena não encarava o mar turbulento que os olhos de Poseidon tinham a oferecer; desde o dia que ela havia abandonado o Monte Olimpo às pressas depois que ele a acusou de romper seu próprio juramento de pureza ao selar os lábios com os dele, coisa que a deusa julgava um absurdo!

— Seu comportamento ridículo não me impressiona, se quer saber! – disse aquele dia para o deus dos mares, que deu um sorriso de canto que ele julgava ser sedutor – por acaso andou tomando algumas com Dionísio novamente?

— Eu apenas estou lembrando você do que fez, Atena! – retrucou, molhando os lábios e obtendo sucesso ao chamar atenção dela para lá.

— Convenhamos que se eu realmente houvesse provado de seus lábios, provável que me lembraria da pior sensação da minha longa existência, não? – a deusa não se deixou abalar, cruzando os braços e deixando sua postura impecavelmente reta.

— Deixa eu te lembrar do que sentiu, então – Poseidon disse segundos antes de puxa-la para um selar de lábios que a deixou sobressaltada e assustada de início, mas logo sentiu-os formigando com uma sensação esquisita e boa ao mesmo tempo; lembrando-se perfeitamente do gosto de canela com avelã e o cheiro forte de maresia que ele tinha.

A loira voltou a si novamente, balançando a cabeça para se livrar dos incômodos flashes de seu último encontro com Poseidon e assumiu um semblante inexpressivo ao vê-lo se aproximar calmamente pela praia, de vez em quando chutando a areia que se acumulava em seu chinelo.

— Atena – cumprimentou, desprovido dos formais tirar de chapéu para uma garota.

— Poseidon – ela respondeu no mesmo tom, dando um pequeno aceno com a cabeça.

A deusa não perdeu tempo e passou por ele, determinada a sair do radar do moreno e ir para o mais longe possível, porém seu braço foi segurado por uma mão calejada que ela sabia que era de Poseidon, o que a fez olhar por cima do ombro curiosa.

— Eu posso perguntar se você já esqueceu do que fez? De novo? – o deus dos mares a olhou atentamente, analisando qualquer mudança em seu rosto angelical.

E ali, Atena se tocou que, pela primeira vez na história, Poseidon havia sido mais rápido em questão de raciocínio do que ela, já que ele estava fazendo tudo de propósito para provar dos doces lábios da deusa.