Don't cry no more...

As esperanças não era mais uma alternativa a ser seguida. Fugir, chorar, se lamentar. Pode ser, mas essa também não era uma boa alternativa.
Só havia uma ser feita.

E essa única e pequena chance estava sendo agarrada com mãos, sangue de demônio e um pouco de sorte. E assim Samuel acreditou fielmente que poderia vencer o mal dentro de si.

Mas fora um pensamento errado. Não tinha a força necessária para derrotar aquela dor infinita.

O apocalipse acontecia dentro de si mesmo. E quanto mais o tempo passava, mais se sentia ligado de alguma forma ao Anjo do inferno.

Escondido e fraco, no canto de sua alma exprimida naquele corpo possuído pelo Diabo, Sam temia pelo pior. Pelo pior que aconteceria em breve.

Provavelmente não viveria para ver isso, não teria lembranças do fim do mundo. Mas seria eternamente marcado por ele. Por estar no início e no fim de tudo.

Já não era mais hora de se culpar pelo o que houve. Aquilo tudo estava predestinado a acontecer. Nunca tivera chance. Nunca!

Mas houve um momento, um pequeno momento em que toda sua vida pareceu vir com força em sua memória.

As lembranças pequenas que faziam parte de sua vida. Momentos tão singelos como brincadeiras infantis e discussões com Dean.

Sam pode ouvir, sentir e reagir dentro de seu corpo.

O apocalipse de Sam era sempre a sua escolha. A sua família, a sua carreira o seu desejo.

Ele não se arrependeu de ter abandonado o pai e o irmão. Mas descobriu que toda aquela luta era pela família.

Lúcifer e Miguel, irmãos lutando pela família. Dean e Sam lutando juntos contra o mal.

Finalmente ele entendeu! Finalmente Sam compreendeu que não era pela faculdade, não seria uma nova vida que o faria melhor. O que fazia especial no mundo, era ser parte daquela família.

Sentiu como se Dean estivesse abraçando-o, e o protegendo. Mesmo vendo-o apanhar das suas próprias mãos.

Proteger quem amamos. Era essa a definição de família. Estar sempre junto. Em todos os momentos.

Mesmo longe, Sam nunca esteve ausente. Sempre pensou e sempre desejou que a família estivesse junta. Mas apenas aquelas malditas criaturas atrapalhavam sempre.

Seu punho fora controlado. Seus olhos voltaram a brilhar. E deitado no chão, Dean viu seu irmão voltar.

Sentiu-se regojizado naquele instante. Ele conseguiu.

Dean sabia o que viria depois. Mas não o impediria. Lamentou apenas por não poder ter tido uma última oportunidade de abraçar Sam, pela última vez. Lamentou por não ter sido um irmão mais velho melhor. Lamentou por não poder fazer mais nada, além de cumprir com sua promessa.

Achou que morreria quando viu Sam cair nas profundezas daquele buraco sem fundo. O fim de Sam, era o fim de Dean Winchester.

Mas havia prometido. E com tal promessa, Dean viveria o sonho de Sam. Ter uma vida normal, ter uma família. E todas as noites, em que o céu estava iluminado pelas estrelas, Dean entrava em seu carro, e seguia para algum lugar onde ele pudesse beber cerveja, deitado no capô do carro e observar as estrelas, como fazia com seu irmão mais novo.

O irmão que lhe salvou a vida.

– Sam... – Passou tantos anos protegendo Sam, que no fim fora ele que protegeu Dean.

Don't cry no more...