Diante de um pôr-do-sol magnífico, os dois garotos aproveitavam a brisa fria e tranquila no topo de um penhasco. A visão á frente dos dois não era o foco principal deles, já que ambos estavam fazendo outras coisas totalmente aleatórias - como Killua, que estava cochilando.

Era aniversário dele, e mesmo que tenha dito um milhão de vezes que não precisava de presentes e de até mesmo uma festa, Gon se recusou a deixar aquele dia em branco, e prometeu com todas as forças que lhe daria o melhor aniversário de toda a sua vida! E como o prometido, Gon passou o dia inteiro preparando algo que Killua não podia ver de jeito nenhum. Corria de um lado pro outro segurando caixas enormes, falava com alguém desconhecido no telefone, sumia do nada e só aparecia de novo uma hora depois. Tentou até perguntar a Leório ou a Kurapika o que ele iria fazer com tudo aquilo, mas fugiam de um jeito bem tosco da pergunta e falavam de algo totalmente aleatório.

E quando o Freecs finalmente terminou toda aquela bagunça, convidou o amigo para ver o sol se pondo, sem mais nem menos.
— isso faz parte da surpresa? - O zoldyck perguntou, mesmo sabendo a resposta.
— Que surpresa? - Gon respondeu, risonho.

E lá estavam eles agora, no penhasco.

Killua não queria deixar evidente, mas já estava perdendo a paciência pela tamanha demora do amigo. De vez em outra, o albino abria um dos olhos apenas para espiar o que seria aquilo que Gon segurava, mas era impossível, já que este estava de costas pra si, e qualquer movimento brusco que fizesse poderia entregá-lo - mesmo que usasse Zetsu.

— Terminei! - o moreno anunciou. Killua agradeceu mentalmente por acabar finalmente com seu sofrimento.

Gon se levantou bruscamente, e com uma das mãos deu dois tapinhas leves em seu short, limpando seja lá o que estivesse sujo.

— Pode se levantar? - pediu, ainda de costas para o amigo. Killua se levantou no mesmo minuto.

— O que foi? - agora já estava ao seu lado, teve uma rápida chance de ver o que havia nas mãos do moreno, mas foi como se Gon tivesse lido sua mente e o escondeu subitamente atrás de suas costas, antes mesmo de tentar.

— Feche os olhos!

— Por que?

— Fecha logo!

— T-Tá... - obedeceu, mesmo não querendo.

Assim que seus olhos já se encontravam tampados, sentiu outra mão envolver a sua e o puxar, levando-o para algum lugar fora do penhasco. Não soube ao certo quanto tempo ficaram andando, mas toda vez que perguntava, Gon ria travesso e o mandava esperar mais - foi a mesma coisa todas as três vezes seguidas.

Killua estava começando a pensar que aquilo tudo não passava de uma brincadeira, e que uma hora ou outra Gon iria abandoná-lo no meio do nada! E todas as vezes que tentava espionar, o moreno o impedia imediatamente, como se pudesse ler cada pensamento que passava por sua mente.
Então, de repente, Gon parou de andar, e antes de perguntar qualquer coisa, sentiu algo macio e fofo envolver sua cabeça, algo parecido com uma pétala de flor.
— Pode abrir.
E ele o obedeceu.
— Surpresa! - Seus amigos gritaram em sincronia, sorrindo, todos com um chapéu de aniversário.

Killua sabia que Gon planejava uma festa surpresa - já que o mesmo não era nada discreto- mas se surpreendeu muito mais do que esperava.
Aquilo não nem um pouco comparado aos aniversários que passou com sua família, aquilo não era uma sala de tortura cheia de sangue e facas, aquilo era uma festa, uma festa de verdade, uma festa pra ele. Com um bolo, balões, e amigos.

Não conseguiu esconder nem um pouco sua cara de total surpresa, nem tentou, não se importava com seu orgulho besta agora. O moreno riu com a face engraçada que o albino fez, e sorriu ainda mais, não precisando nem perguntar se o outro tinha gostado da "surpresa", sua cara já dizia tudo. Da esquerda, surgiu Kurapika, com um bolo médio escrito "Feliz aniversário, Killua" com chocolate e quatro velas ao redor em suas mãos.
— Assopre as velas e faça um pedido. - O loiro sugeriu.

O Zoldyck encarou aquele bolo feito com todo carinho possível e reparou no quanto aquelas letras estavam bagunçadas e desorganizadas, mas tudo bem, não importa. Inspirou com vontade, fechou os olhos e assoprou.

Não fez desejo algum, não tinha o que desejar, tudo o que queria estava bem ali.