"— Mas que droga, será que vocês poderiam me soltar? — Jade se irrita, tentando se soltar dos braços dos dois brutamontes mais conhecidos como guardas do castelo de Lorien.

Quando é que ela ia imaginar que a promessa que fez ao rei seria quebrada por seu irmão que saqueou os convidados do baile. No momento em que seu irmão lhe mostrou aquele monte de moedas de ouro sabia que alguém de sua família pagaria por aquilo. E tinha um pressentimento de que ela estava enrascada devido a promessa que fez.

— Uma jovem moça como você não deveria dizer coisas assim — Um dos guardas a repreende.

— Pra onde é que vocês estão me levando? Eu só estava dando um passeio pelas redondezas. — Ela se faz de inocente.

— Já estávamos avisados caso você aparecesse por aqui — O outro fala, ri e ela decide permanecer em silêncio pelo resto do caminho."

Jade volta do devaneio e vê que havia se cortado, pois manuseava a faca distraidamente.

— Mas que droga — Repete a expressão usada no devaneio e coloca o dedo na água corrente.

— Jadelyn, hoje não é um bom dia para que você atrase a comida. O rei está pisando em ovos — Emily, outra servidora do castelo adverte.

— Já disse para me chamar de Jade — Jade a repreende.

— Eu sei, mas tem tanto tempo que me acostumei a formalidade desse castelo que já me esqueci de usar a informalidade. A princesa Victoria é um exemplo, não posso chamá-la pelo apelido de forma alguma— Emily explica.

— Por quê? A "princesa" não permite? — Jade é irônica ao dizer princesa.

— Ela até permite, mas se eu me esqueço e a chamo de Tori na frente do pai dela não dá certo. —  Emily conta.

— Ah, entendo. — Jade começa a por a mesa.

— Bem, já vim te avisar. Então vou continuar meu serviço — Emily se despede.

— Tudo bem, só vou continuar na chatice de ficar ao lado da mesa servindo e depois estou dispensada — Jade fala revirando os olhos e as duas riem.

...

— Princesa Victoria, o rei me enviou para checar se está pronta para a refeição que está sendo servida na sala de jantar. — Beck chama sua amada, ansioso para vê-la.

— Estou sim, temos visita? — Ela questiona.

— No dia de hoje não, minha senhora. — Ele responde com formalidade.

— Hey, Beck. Já disse para não ser formal comigo, somos amigos! — Tori comenta e ele sente o coração doer.

— Sabe que não posso deixar minha formalidade de lado, Tori — Ele diz sendo informal.

— Ok, sinto que quer me perguntar algo. Fale... — Ela incentiva.

— Quando perguntou de visita, falava de David? — Ele é direto ao perguntar, mesmo sabendo que com certeza se magoaria com a resposta.

— Sim, era do meu prometido que eu falava... — Ela responde.

— Beck? Ainda está aí? — Ela pergunta, abrindo a porta do quarto.

—  Estou sim, minha senhora. — Diz ele recompondo a  seriedade.

—  Você sabe o quanto estou feliz com esse casamento, não estrague isso com bobeiras que cometemos no passado — Ela esclarece.

— O que vivemos no passado não é nenhuma bobeira, você se apaixonou por mim — Ele argumenta.

— Sim, mas agora estou com David e será assim para o resto de nossas vidas... — Ela alerta.

— Não desistirei de você — Ele insiste.

— Perderá seu tempo, Beck você é um homem maravilhoso e merece muito mais que alguém como eu. Sou apenas uma boa que se apaixonou pelo cara a quem sou prometida desde que me conheço por gente. — Ela conta.

— Vá viver — Tori insiste e beija a bochecha dele.

...

— Jadelyn seu nome, não é? — Tori tenta conversar com Jade pela milésima vez.

— Não posso falar nada durante sua refeição, minha senhora — Jade informa num tom entediado.

— Pois já falou, você não é muito de conversa né? — Ela diz observando Jade.

— Muito respeitosamente, a senhora poderia terminar sua refeição para que eu pudesse retirar a mesa e ir preparar o chá da tarde? — Jade usa o mesmo tom entediado.

— Oh, me desculpe! Eu sei que se demoro aqui te atraso, irei comer em silêncio. Porém ainda não desisti de falar com você. — Ela cede e volta a comer em silêncio.

...

Mais tarde Jade carregava uma enorme bandeja com café da tarde para o rei, o pior seria subir as escadas para chegar até o escritório. Mas ela deu um jeito e conseguiu chegar.

— Vossa majestade aceita um café? — Ela pergunta já adentrando a sala.

— Me desculpe, Philipe. Você poderia se retirar para que eu pudesse conversar com a minha serviçal por uns instantes.

— Com licença — O tal Philipe se retira da sala.

— Você não conhece modos? Antes de entrar numa sala que não lhe pertence, a senhorita deveria bater na porta.

— E ao entrar pedir licença? — Ela interrompe a advertência do rei — Eu sei de tudo isso, só não quis usar.

— Que ultraje, você sabe por que está aqui e o que eu posso fazer com sua família de meliantes. Então acho melhor seguir minhas ordens — Ele continua a advertindo.

— E isso inclui não me interromper quando estou falando! — Ele ralha — Não me faça perder a paciência.

— Me desculpe, meu caro senhor. Esse ato de irresponsabilidade não irá se repetir — Ela se esforça para não ser irônica, a vida de sua família estava em jogo.

— Estou interrompendo algo? Podemos voltar a nossa conversa, majestade? — Philipe entra na sala novamente.

— Não, vamos voltar a falar das novas formas de punição para roubos — O rei diz de forma provocante.

— Claro, como o senhor mesmo disse as prisões não estão sendo suficientes. Deveríamos achar uma forma de expor esses atos — Philipe anuncia.

— Você fala de envergonharmos quem comete crimes — O rei questiona enquanto Jade os serve.

— A população deve estar ciente de que atos como esse não serão perdoados — Philipe prossegue.

— A população deveria poder ouvir essas atrocidades que vocês falam —Jade murmura.

— Disse algo, senhorita? — O rei questiona, com uma cara nada boa.

— Nada, vossa majestade — Ela diz num tom provocador.

— Bom, enquanto não resolvemos esses assuntos. Que tal voltarmos para aquele? — Philipe pergunta.

— Sim... Jade, pode voltar aos seus afazeres e peço que coloque mais um lugar na mesa. Philipe estará no jantar — O rei avisa.

— Com toda certeza, senhor — Jade diz se retirando.