As noites de lua cheia nunca seriam fáceis para Remus, seu corpo se transformando em um monstro e machucando a si mesmo era o que o garoto menos gostava, mas toda vez que ele ia para a Casa dos Gritos, agora, ele tinha ainda mais medo. Seus amigos se colocavam em risco para que suas transformações fossem menos monstruosas e sozinhas. E o castanho magricela e cheio de cicatrizes odiava aquilo. 

Odiava pensar que poderia machucar alguém que significava para ele o mundo. 

Porque era isso o que os outros Marotos eram para ele. James, Sirius e Peter eram seu mundo. Sua calmaria em meio a tanta dor e inutilidade. 

Os meninos sempre tentavam mostrar a ele que ele não era isso, ele não era um fardo. 

Remus John Lupin era muito mais do que apenas um pobre garoto amaldiçoado pela licantropia. 

Ele era forte. 

E doía em seus amigos ver o quão fraco ele se denominava. O quão boba ele era por se achar menos que alguém. 

Continuava a lutar mesmo com todas as dores e arranhões. Lupin sempre caia, sempre se arrastava no chão e sempre chorava a noite em seu travesseiro. 

Mas ele nunca desistia, mesmo que as vezes fosse a única coisa que ele realmente quisesse fazer. 

"Você vai continuar me encarando desse jeito?" perguntou a Sirius que tinha seu rosto apoiado em suas mãos e encarava o magricela deitado em uma maca.

"Queria te ajudar, Moony" o menino de cabelos pretos e cumpridos informou.

"Vocês já ajudam, Padfoot" resmungou ao sentar-se com dificuldade na cama. "Mais do que deveriam".

"Cale a boca" o outro respondeu e revirou os olhos. "Não fazemos nada demais"

"Arriscam suas vidas por mim, isso é a única coisa que eu pedi para não fazerem e ainda sim..."

"Você não é um fardo, sabe disso certo?" a voz de James se fez presente pela primeira vez na enfermaria.

"Eu sou um fardo desde que fui contaminado, Prongs".

"Por Merlin, pare de falar besteiras" Potter falou levantando-se. "Se você fosse um fardo e um zero a esquerda nós não estaríamos aqui, Rem. Nós não arriscaríamos nossas vidas. Nós não teríamos noites mal dormidas" esbravejou e tomou um ar, colocando-se ao lado do amigo. "Fazemos isso porque você merece, porque você é parte do grupo".

"Porque você é importante" Peter concordou ao terminar de comer um bolinho de abóbora. 

"Vocês são idiotas" Remus disse revirando os olhos.

O garoto nunca acreditava nas palavras dos amigos após aquelas discussões, que aconteciam mais frequentemente quando entraram no quarto ano, porém aquela noite quando ficou sozinho na enfermaria, depois de tomar uma poção para as dores, ele conseguiu sorrir. 

Eles faziam-no sentir importante. E isso era o que ele queria desde aquela fatídica noite.