Desencontros escrita por Luma Cahafi


Capítulo 2
Frio


Notas iniciais do capítulo

Escrevi essa depois de um sonho, e a adoro em particular.
Está um pouco maior que o outro.



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Chacoalhei meus braços em uma dança não tão coordenada com minhas amigas de plateia. Elas riam e escondiam seus rostos sob mãos enluvadas.

— Mas pare com isso, garota! Vai nos matar de tanto rir!

— Esse é o plano! Até a Lili devolver meu casaco, pelo menos. Tá muito frio!

— Ninguém mandou jogar neve em mim! É para você aprender!

Suspirei enquanto esfregava meus braços, agora gelados.

— Podemos pelo menos entrar em uma loja? Eu vou congelar...

— Ou você pode dançar mais um pouco!

— Mas as músicas já acabaram! Além do mais, eu tô cansada.

— Não me importo, bote uma música Lena!

— Ok!

— Traidora.

Mostrei-lhe a língua e comecei a dançar conforme o ritmo da nova música. Era um ritmo mais marcado, então consegui uma boa dança do ventre. E fez minha companhia rir ainda mais alto.

— Mas só você mesmo! Onde aprendeu isso?

— Durante as férias, uma amiga da minha mãe me deu uns cupons de presente de natal atrasado. Ela dava aulas lá, ou algo assim. Foi bem legal!

— Como eu disse, só você mesmo...

— Tudo bem, agora eu estou com muito frio! É sério! Eu vou pegar uma gripe!

— Você sabe que eu não me importo.

Meu corpo arrepiou-se e eu tremi.

— L-Lili

Ela sorriu comparsa com as outras meninas. O que elas estavam planejando eu não sabia, mas estava com frio demais para pensar.

Senti então algo pesado ser jogado sobre minhas costas. O frio passou quase instantaneamente quando virei-me e me deparei com um guarda. Sua face rosada denunciava sua vergonha. Ele também não me encarava.

— V-Você deve estar com frio. Pode ficar.

Também não estava na melhor das situações. Sentia meu rosto queimar, meu coração batia rápido e eu suava frio. Além dos conhecidos calafrios, não mais de frio.

Lembrei-me de um detalhe, quase crucial, e saí correndo, prendendo o casaco como podia. Não ia recusar, estava com frio, mas aquilo não era meu.

Alcancei-o e segurei seu braço.

— Ei, espere!

Ele se virou, ainda corado e tentando evitar o olhar.

— Para quem eu devolvo o casaco?

Seus olhos finalmente encontraram os meus e um sorriso cresceu em seus lábios.

— Meu nome é Marcus. Sexta-feira, 6:30. Eu te encontro aqui mesmo.

E com isso, ele saiu.

— E por sinal, você dança muito bem.

Meu rosto queimou e minhas pernas falharam. Ele viu.

— Uau, isso foi rápido – minha amiga havia parado ao meu lado.

— Você sabia?

Nós sabíamos. Ele estava te encarando faz algum tempo.

— E ninguém me falou nada?

Ela sorriu e piscou.

— Vamos! Sexta está perto e precisamos que você esteja linda!

— Ah! Não!

Elas riram e me puxaram em direção a uma loja.


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Notas finais do capítulo

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