Anjo Caído escrita por PixieCheryl


Capítulo 6
Capítulo 05


Notas iniciais do capítulo

Disclaimer: Naruto e seus personagens pertencem à Masashi Kishimoto. Fanfiction de minha autoria e sem fins lucrativos. Plágio é crime.
Sinopse: "Às vezes acho que estou sonhando. Você mudou a minha vida!"



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Anjo Caído

Capítulo 05

— I-I-Itachi? — Naruto berrou, não acreditando que, a sua frente, escorado na porta, estava Uchiha Itachi.

— Não, o lobo mal — respondeu irônico o Uchiha mais velho, erguendo a sobrancelha. Forçou a memória, afim de se lembrar o nome do rapaz loiro que o fitava de maneira desconcertada. O rosto dele não lhe era estranho... — Ah, claro. Uzumaki Naruto, certo? — Naruto confirmou com um aceno de cabeça, ainda sentindo as palavras fugirem de sua boca tamanha perplexidade — É impossível esquecer dessa sua voz irritante e cara de idiota.

Itachi sorriu com escárnio, observando Naruto fechar os punhos, bastante irritado. Vontade de socá-lo até fazê-lo perder aquele sorrisinho irritante não lhe faltava, mas teve que se controlar. Apesar do irritante sorriso, Itachi tinha um olhar cansado e o semblante mais pálido que o normal.

— Onde está o Sas... — Naruto ia perguntar, mas a resposta foi o próprio Sasuke quem deu.

— Quem está aí, Itachi? — o Uchiha mais novo perguntou ao irmão, descendo as escadas calmamente.

— Aquele seu amiguinho retardado — Itachi provocou, fitando Naruto com olhos venenosos. Lembrava-se que tinha como passatempo preferido implicar com o melhor amigo desprovido de inteligência do seu irmãozinho.

Naruto retrucou algo que ele não conseguiu compreender, mas que claramente era um palavrão, e empurrou Itachi para o lado, adentrando na casa dos irmãos. O Uchiha continuava a sorrir provocativo, no entanto, ao voltar seu olhar para a acompanhante de Naruto, seu sorriso se desfez no mesmo instante.

O queixo cedeu um pouco, deixando-o, literalmente, de boca aberta. Itachi tentava falar, mas nada saía de sua boca. Gesticulava com as mãos de forma aleatória, sem saber o que fazer. Fitava os olhos brancos de forma incrédula.

Reconhecia aqueles olhos. Reconhecia o anjo que o tirou das trevas.

— Mas... É você...

xxx


— Isso é ridículo! — bradou Jiraya — O Naruto não precisa de você, nem do seu dinheiro e muito menos das suas mentiras.

O homem mais velho tinha as mãos trêmulas fechadas em punho, apoiadas na mesa de mármore branca. Minato suspirou de forma audível. Entendia o ódio que Jiraya nutria por sua pessoa, mas, mesmo assim, precisava insistir. Sentia a morte cada vez mais lhe envolver com seus braços finos e o arrastar para o outro mundo. Precisava, à todo custo, do perdão do filho.

Somente assim poderia descansar em paz.

— Jiraya — chamou o Namikaze — Por favor, apenas me escute e entenda.

— Escutar, eu escutei. Entender, eu entendi. Mas aceitar, eu não aceito.

— Droga! — o loiro levantou-se de sobressalto, esmurrando a mesa. A mão latejava de dor tamanha a força que usou. Isso pareceu ter assustado Jiraya por uma fração de segundo, pois o mesmo logo se levantou. Minato tratou de se recompor. Não queria começar uma discussão — Desculpe-me, não queria perder a cabeça. Só não aguento mais isso. Exclui-me bastante da vida do meu filho. Não o vi dar seus primeiros, falar suas primeiras palavras. Fui um pai ausente, mas a única coisa que quero agora é vê-lo. Estar com ele. Você não pode me negar isso... — Minato enxugou uma fina e teimosa lágrima que escapou de seus olhos azuis.

— Escute — a voz de Jiraya era firme, mas o olhar que lançava ao pai de Naruto era brando — A única coisa que quero é protegê-lo. Naruto sofreu muito com sua ausência. E, de repente, você aparece querendo recuperar o tempo perdido, mas em seus dias finais. Como acha que ele se sentirá depois que você morrer? — indagou. Entendia as razões de Minato, mas simplesmente não podia fechar os olhos para o sofrimento de Naruto. — No entanto, essa decisão cabe ao Naruto, não a mim. Apenas quero que me prometa que não irá feri-lo ainda mais.

— Eu amo meu filho. A última coisa que farei é machucá-lo depois de desprezá-lo minha vida toda.

Minato ajeitou seu paletó e estendeu a mão a Jiraya. O cumprimento foi aceito pelo mais velho, que o acompanhou até a porta. Pronto para sair, o Namikaze se voltou mais uma vez para Jiraya.

— Obrigado. E... — Minato pausou, pensando se realmente deveria falar o que pretendia — Também peço seu perdão — Minato fez uma mesura antes de sair, sem esperar uma resposta. Entrou em seu luxuoso carro e logo sumiu das vistas de Jiraya.

O homem de longos cabelos grisalhos ainda estava parado à porta. Um sorriso amargo delineava seus lábios enrugados. Olhou para o céu e sussurrou para o vento:

— Quem sou eu para perdoar... Minha alma é mais suja que a sua...

xxx


Ao entrar na casa e ver Sasuke, Naruto logo se lembrou de Hinata, que ele esquecera completamente na porta após ver Itachi recuperado do coma de sete anos.

— Ah, Sasuke — o jovem Uzumaki correu até a porra, passando por um Itachi embasbacado — Essa aqui é a Hinata — Naruto falou e, não vendo nenhuma reação do amigo, completou — Você sabe. A garota do colar — o loiro preferiu não mencionar o acidente, mas gesticulava o volante de um carro. Sasuke rapidamente compreendeu quem era a garota que o acompanhava.

Instintivamente levou a mão esquerda ao bolso da calça jeans que vestia. Desde que ficara responsável pelo colar, sempre andava com o mesmo. Retirou do mesmo o fino colar de ouro junto com a pequena medalha feita do mesmo material. Aproximou-se de Hinata, rodeando o pescoço alvo da jovem com a corrente e, em seguida, prendendo-o.

Alheio ao irmão ainda parado na porta e a Naruto a alguns centímetros de distância, o Uchiha se viu perdido no mar leitoso que eram os olhos de Hinata. Ela o fitava de uma maneira peculiar, incomodando o rapaz. Ela parecia ler sua alma. Não conseguia desviar seus olhos, pois, da mesma maneira que ela tentava lhe desvendar, ele também o fazia.

Algo nela o enfeitiçava. Ela lhe era um enigma. Que estava tentando a desvendar.

— ... E ela está com amnésia. — disse Naruto. Essa foi a única parte do longo discurso do loiro que Sasuke escutou. Soltou o cordão, que somente agora percebeu ainda estar segurando, e afastou-se para fitar Naruto. O amigo não tagarelava mais, observando-o de maneira cautelosa. O mais novo dos irmãos Uchiha suspirou, sabendo que ele iria lhe pedir algo — Por isso, queria saber se há a possibilidade, mesmo que remota, de deixá-la aqui...

— O quê? — ele não conseguiu conter a surpresa em sua ante aquele pedido, fazendo com que Hinata recuasse um passo — De jeito nenhum!

Não queria soar rude, mas Naruto não tinha nenhuma ideia que prestasse. E, obviamente, aquela não era uma boa ideia.

— É claro que sim — Itachi interviu, sua voz firme atraindo com surpresa a atenção de todos, que sequer lembravam-se dele parado à porta.

— Não — Sasuke novamente se contrapôs à ideia — Nós sequer a conhecemos. E você disse que ela está com amnésia. Se um dia ela recobrar a memória e achar que nós somos sequestradores? Não mesmo. Leve-a para sua casa.

— Não posso. No momento estou desabrigado — sorriu sem graça. Ainda não sabia se Jiraya iria perdoá-lo pela besteira que havia feito.

— Agora vai querer abrigo também? Não me lembro de ter colocado uma placa de hospedaria na frente da minha casa. Acho que você errou o endereço — disse secamente.

— Imbecil! — Naruto disse mal-humorado, os punhos coçando para esbofetear Sasuke — Com o padrinho eu me entendo, mas a Hinata não tem com quem ficar. Qual é o problema? Por acaso você virou um taradão que vai agarrar garotinhas indefesas no meio da noite? Esperava mais de você, Sasuke. — finalizou Naruto, rabugento.

Mas Sasuke parecia irredutível. Dando-se por vencido, Naruto caminhou até Hinata e pegou sua mão, fazendo menção de partir. Sasuke não soube dizer por que, mas ficou tentado a voltar atrás na sua decisão.

— Espera! — Itachi novamente interviu, andando até o irmão e o arrastando para outro cômodo.

— Quer me largar? — Sasuke desvencilhou-se dos braços do irmão, bastante irritado.

— Sasuke, você não pode expulsá-la. Ela me salvou! — o mais novo encarou o irmão como se ele estivesse louco — Lembra quando te contei que senti um anjo me salvar da escuridão e acordei do coma? Pois então, ela é o anjo.

— Um anjo? — falou irônico, mas de repente as inscrições na medalham começaram a rodear sua mente. Será que seu irmão tinha razão?

Obrigou o lado racional do seu cérebro voltar a funcionar.

— Anjos não existem — disse cético e Itachi quase quebrou seu pescoço quando pôs a mão violentamente sobre sua boca.

— Não repita isso. Não acreditar em um anjo é o mesmo que matá-lo — o Uchiha mais jovem se perguntou desde quando o irmão se interessava tanto por anjos.

— De qualquer forma, minha resposta continua sendo não. Ela não ficará aqui?

— Pois então, saio eu — Itachi deu a cartada final. Sasuke o encarou estupefato. Ele não podia estar falando sério — Ela me salvou. Devo minha vida a ela, Sasuke. Mesmo que você não queira, sinto-me na obrigação de ajudá-la. É o mínimo que posso fazer.

O jovem bufou contrariado e finalmente cedeu às investidas de Naruto e Itachi. Porém, deixou claro que ela não seria responsabilidade dele.

— E se alguém perguntar? — Naruto questionou quando eles voltaram para a sala e anunciaram a decisão final — Quer dizer, os vizinhos vão comentar uma garota nessa casa com dois homens...

— E você pensa nisso agora? — Sasuke comentou de modo sarcástico. Ambos os três rapazes fitaram a figura de Hinata, alheia a conversa deles, observando uma réplica Dalí pendurada na parede da sala.

— Vocês não se lembram — começou Itachi — Da prima Hinata?

xxx


Já era madrugada quando Sasuke decidiu descer para beber um pouco de água. Estranhou quando, ainda na porta da cozinha, foi recebido por uma rajada de vento gelado. Não se lembrava de ter deixado a porta de acesso da cozinha para o jardim aberta. Armou-se de uma frigideira e, passo a passo, caminhou até a porta. Soltou a respiração aliviado quando reconheceu a silhueta de Hinata banhada pela luz da lua.

Sentada em um banquinho no verdejante jardim estava Hinata, admirando a beleza exótica da lua, tão bela e incomum quanto seus olhos. Cheia e brilhante, a lua fascinava e intrigava a jovem. Sentia que, se erguesse a mão, poderia tocá-la e sentir a textura sólida e irregular, como se já a tivesse tocado.

— Dizem que na lua vive um dragão — a voz de Sasuke atraiu a completa atenção da garota.

— Um dragão? — o timbre suave de sua voz, que mais parecia o badalar de um delicado e pequeno sino, preencheu a escuridão.

— Sim — disse, como se conversasse com uma garotinha de cinco anos. Sentou-se ao seu lado e ergueu o dedo indicador na direção da lua — Para proteger a lua do dragão, vive um santo e seu cavalo.

— São Jorge — em um lapso momentâneo, o nome lhe veio à memória.

— Então você conhece a lenda — ele disse, parecendo frustrado. Porém, Hinata não se lembrava de São Jorge como uma simples lenda. Para ela, ele era mais que isso. Era real.

Mais uma rajada de vento rodeou-os, brincando com as folhas caídas do grande carvalho do quintal. As folhas levantaram voo, para, em seguida, voltarem a tocar a grama molhada com o orvalho. Hinata tremeu levemente com o frio. Ainda estava vestida da mesma forma de quando chegara aquela casa: um vestido branco de mangas curtas e pantufas da mesma cor. Sasuke retirou o robe negro que usava e rodeou os ombros frágeis dela com o mesmo. Hinata sorriu para ele timidamente, agradecida.

O Uchiha voltou a observá-la, dessa vez o perfil iluminado pela luz celeste enquanto voltava os olhos novamente para a lua. Não entendia como ela o tratava daquela maneira tão gentil se, horas antes, ele estava repudiando a presença dela dentro de sua casa. Sentiu-se constrangido.

— Gostaria de me desculpar — ele começou sem jeito, bagunçando os cabelos na região da nuca. Fazia isso quando se sentia embaraçado.

— Pelo quê? — ela o fitou, os olhos resplandecendo a mais pura inocência. Sasuke novamente se perdeu neles. Ao mesmo tempo em que seus olhos lhe traziam conforto, vinham acompanhados de uma sensação incomoda. De certa forma, temia que ela realmente conseguisse ler sua alma, descobrisse seus medos, visse seus sofrimentos. Não acreditava em vidência nem em algo do gênero, mas sabia que Hinata conseguia desvendá-lo com apenas um olhar.

— Por hoje cedo — ele quebrou o contato visual, olhando para a lua — Não me portei da devida maneira.

— Não há o que ser desculpado — ela pegou as mãos dele entre as suas — Não se preocupe com isso. O fato de algo ser designado a você, não quer dizer que você não possa recusar. É um direito seu. As pessoas creem que sempre tem que acatar as ideias alheias, mas se você não se sente à vontade, não tem porque aceitar — ela lhe disse, encarando-o firmemente. Logo um sorriso gentil adornou os belos lábios de Hinata — Mas você aceitou. E me deixou feliz.

Sasuke a encarou, sem conseguir conter o espanto estampado claramente em sua face. Hinata parecia ser a personificação da inocência, porém as palavras que ela usava, o modo como ela as pronunciava, intrigava o moreno. Ela parecia possuir uma vasta sabedoria, mesmo sendo tão jovem.

Com a voz ainda rouca de surpresa, Sasuke conseguiu apenas pronunciar uma pequena frase:

— Obrigado... Por me entender.

Secretamente, de uma janela do andar superior, a cena era observada por Itachi, que tinha um belo sorriso desenhado em seus lábios.

Quem sabe Hinata também não conseguia salvar Sasuke das trevas?

Continua...


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Notas finais do capítulo

Olá!
Depois de mais de um ano sem postar nada nessa fanfic, eis que surge um novo capítulo. Gostaria de agradecer aqueles que não esqueceram Anjo Caído e que acreditavam em sua ressurreição. Foi difícil reencontrar inspiração, mas ela finalmente voltou. E, se minha imaginação estiver funcionando normalmente, em Fevereiro posto mais um capítulo. Espero que esse capítulo tenha ficado bom. Eu, particularmente gostei bastante. Perdoem qualquer erro de ortografia, mas estava com vontade de postá-la o mais rápido possível e não me contive. Aí está o resultado.
Não esqueçam de suas reviews dizendo o que acharam...
Beijos, PixieCheryl



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