Entre o céu e o inferno escrita por Geovanna Machado, Lara A Cavalcante


Capítulo 16
Capítulo 16 – Quem sou eu? ( Miguel )




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Não dava para acreditar meus pais haviam morrido de uma forma horrível, seus corpos estavam queimados, eles sempre estavam com a gente, não teriam como ser melhores. Esse aniversário cada vez só piorava.

Desde a morte deles o tempo insistia em se arrastar, foram cremados e por escolha minha e do meu irmão preferimos não divulgar pela cidade, então em seus funerais só haviam eu e meu irmão, dois amigos do meu pai e os funcionários da fazenda. Logo com o passar dos dias a cidade ficou sabendo, recebi algumas mensagens de colegas, ligações do meu amigo Lucca mas preferi não o atender, não tinha cabeça para nada, nem Catherine eu havia respondido.

Isso era culpa do meu irmão, desde que matou aquela mulher as coisas ficaram bagunçadas, por conta disso evitei ficar em casa, meus dias eu passava em um bar afastado da cidade e minhas noites passava bebendo em uma casa abandonada perto da fazenda. Não conseguia olha em sua cara e assim permaneceu até aquele momento. Aquela carta.

— Charlie, que loucura é essa? Anjos? _ Estava perplexo, olhando a carta, mas essa não era a parte pior, me levantei.

— Eu não sei Miguel, isso é muita coisa. _ Ele segurava aquele colar com a pedra negra enquanto olhava para o nada.

— Se essa carta estiver certa nós sabemos quem fez isso com nossos pais. _  Minha cabeça latejava já que eu não dormia desde a notícia assassinato.

— Como a Catherine fez isso! Como nossos pais fizeram isso! _  Eu já estava gritando.

As mentiras de meus pais não eram nada perto da traição de Catherine, se aproximou apenas para me matar, a raiva era muito grande então subi correndo para o quarto do meu irmão, comecei a revirar as coisas procurando aquela faca, se funcionou com Suzana funcionaria com Catherine.

— Que diabos está fazendo Miguel? _Charlie entrou no quarto e segurou meus ombros e parando.

— Você conhece algum Blount Matteo? Eu conheço duas. _  Me soltei de suas mãos e abri a caixa de camisinhas dele. A faca estava lá, então a peguei.

Peguei meu celular e liguei para Catherine, Charlie me encarava. Ela atendeu no primeiro toque.

— Catherine preciso de você, me encontra na cachoeira. _Apertei os olhos ao escutar a sua voz.

— Certo Miguel, estarei lá. _ Ela respondeu calmamente e então eu joguei o celular contra a parede.

— Aquela desgraçada, matou os meus pais, eles nunca fizeram nada a ninguém e morreram daquela forma horrível. _Minha voz já estava novamente alterada, era impossível segurar as lágrimas, a raiva era maior que tudo naquele momento.

— Miguel para com essa merda, você vai chegar lá e fazer o que? Enfiar a faca no coração dela? _ Charlie gritava e se aproximava de mim.

Eu não sabia o que fazer, estava sozinho, não sabia nem quem eu era mais. A única certeza que eu tinha era que eu queria Catherine morta e todos que ela um dia tocou, ela merecia depois de matar os meus pais.

— Charlie eu não sei, só quero aquela vadia morta pelo o que ela fez, eu não me importo com nada. _Gritei com ele e tentei sair do quarto mas ele me segurou e tomou a faca de minha mão.

— Para de ser burro, se ela for como a Suzana ela te mataria em segundos. _ Ele me empurrou contra a parede. – Você não vai a lugar nenhum, não vai se matar por ai. _Ele gritava.

Abaixei a cabeça e tampei meu rosto com as mãos tentando me acalmar, mas nada iria me tirar essa raiva.

— O que a gente faz agora Charlie, com tudo isso? _ Falei baixo sentindo minha cabeça arder.

— Eu não sei Miguel, mas ir enfrentar seja lá o que aqueles malditos forem sozinho e sem nenhuma informação não é uma opção. _Ele ainda estava alterado.

— Eu os amava como você, perdi tudo com a morte deles, eu não sei qual seu problema comigo mas você está errado Miguel eu não fiz nada. _Ele ainda gritava parado na minha frente.

— A verdade é que estamos sozinhos, está aqui eu e você então para com essas ideias suicidas. _ Ele se sentou ao meu lado respirado forte.

— Eu preciso beber. _Enxuguei meu rosto com a blusa, peguei meu celular no chão e sai do quarto.

Desci para sala, sobraram algumas garrafas de whisky da festa, abri uma e comecei a beber direto na garrafa, me sentei na mesa de centro e voltei a olhar as coisas que estava na caixa destinada a mim. Haviam algumas fotos de família e um livro de capa de couro então o abri, era a letra do meu pai. Estava escrito em uma língua que parecia latim, apesar de querer saber muito o que era aquilo minha cabeça me impediu de tentar entender, joguei o livro dentro da caixa, coloquei aquela corrente com a pedra azul em meu pescoço e me joguei no sofá com a garrafa e uma foto da família nas mãos, senti meu celular vibrar em meu bolso, deixei a foto sobre meu peito e o peguei. Era Catherine, a raiva voltou a esquentar meu corpo então joguei ele contra a porta o escutando se espalhar no chão.

Charlie logo apareceu descendo as escadas, fez como eu. Pegou uma garrafa de bebida e se deitou no outro sofá.

— Não sabemos o que é isso e quem sabia morreu por saber. _Sussurrei e voltei a beber dando goles maiores.

— Nós vamos dar um jeito nisso e vingar a morte deles. _Charlie falava baixo e continuava olhando para o teto.

Logo após ele terminar de beber o whisky da garrafa ele foi para o seu quarto, me levantei joguei a garrafa para o lado, já estava bêbado mas isso não diminuía aquela sensação de não ter nada, apaguei as luzes da casa e voltei a deitar no sofá, apertei aquela pedra azul da corrente e logo adormeci.

Já havia passado 10 dias da morte dos meus pais, a fazenda agora tinha um administrador, meu irmão passava o dia ajudando o novo gerente e eu ficava aqui bebendo, não conseguia ficar sóbrio sabendo de tudo, a minha origem não era aquilo que acreditava, a garota que parecia valer a pena era um maldito demônio que poderia ter causado a morte dos meus pais.

Quanto mais me mantinha sóbrio mais a raiva aumentava. Passava o dia inteiro em meu quarto bebendo e observando a fazenda pela minha janela, acordei com Charlie puxando meu pé.

— Miguel anda, vamos voltar para o colégio. _Ele se sentou na beirada da cama.

— Voltar para que? As pessoas vão ficar nos olhando com pena e aquelas gêmeas assassinas estarão lá. _Esfreguei meus olhos e me sentei no meio da cama.

— Por isso mesmo iremos voltar, precisamos descobrir a verdade, se arrume. _Ele se levantou e saiu do quarto e puxou a porta.

Logo me levantei e vi uma garrafa com um resto de vodka a bebi e fui tomar banho, logo após o banho vesti uma calça preta, um moletom cinza e tênis preto, apenas ajeitei o cabelo com a mão e peguei minha mochila, desci a escada Charlie já estava lá me esperando, passei por ele até a cozinha cumprimentei a nova emprega, pois agora não tinha mais ninguém para cuidar da casa, peguei uma fruta e fui para a garagem.

— Charlie, irei no meu carro, não sei se vou voltar com você. _Gritei para Charlie que estava a conversar com a empregada, ele nem fez questão de responder.

Desliguei o alarme do carro, entrei e dei partida. Nos últimos dias não estava fazendo muita questão em dirigir com responsabilidade, sempre estava em alta velocidade. Logo cheguei ao colégio, estacionei o carro um pouco afastado, abri o porta luva, guardava um óculos reserva lá, já que Catherine havia jogado o meu em algum lugar.

Logo que desci percebi os olhares sobre mim, aquilo era pena e eu odiava, abaixei a cabeça e entrei direto para a sala de aula, me sentei no meu lugar e fiquei olhando para frente até que Lucca se aproximou.

—  Miguel cara, eu sinto muito, não sei como é mas conta comigo para qualquer coisa. _ Eu só balancei a cabeça, acho que ele entendeu e se afastou.

Mas para minha infelicidade Catherine e Charlotte se aproximaram.

— Miguel estava tão preocupada com você. Não me atendeu aquele dia.  _ Catherine disse e logo me abraçou, fechei os olhos pois não podia deixar a raiva me dominar novamente.

Então a afastei de mim e abri os olhos, ela estava me olhando com um olhar perdido.

— Você poderia morrer Catherine, poderia morrer as duas. _ Falei baixo e a soltei e logo sai da sala.

Era tarde aquela raiva havia voltado estava andando e nem vi  para onde, até que bati em alguém que com o impacto caiu no chão.

— Seu sonso olha para onde anda. _Era uma garota, nunca tinha a visto por aqui, certamente era uma novata, suas coisas se espalharam pelo corredor, limpei meus olhos e me abaixei para ajuda-la.

— Me desculpe, eu não te vi. _Ela havia percebido que tinha enxugado os olhos, entreguei seus materiais.

— Tudo bem, algum problema? _Ela então segurou meu braço.

— Não, eu só estou com raiva, muita raiva. _ Sorri fraco e me levantei junto com ela.

— Posso te ajudar? _Ela ainda segurava meu braço, antes de responder ouvi uma voz atrás de mim.

— Miguel! _Catherine se aproximava.

— Pode sim, vamos sair daqui. _Peguei na mão da menina e a puxei comigo, logo que olhei para trás Catherine havia ficado para trás então soltei a mão dela.

Estávamos no pátio do colégio, perto de uma arvore com raízes grandes, me sentei no chão e apoiei a cabeça na arvore, ela se sentou na minha frente.

— Então... Você se chama Miguel? _Ela abraçou suas próprias pernas.

— Sim, Miguel e você? _Tirei meu óculos e ela me olhava com um olhar tímido.

— Emília Creek. _Ela sorriu fraco.

Emília era pequena, pele branca como a neve, olhos verdes e cabelos compridos ondulados negros.

— Belo nome para uma bela menina. _Sorri fraco. – Tive uns dias complicados, meus pais foram assassinatos, algumas descobertas, tá tudo uma bagunça.

— Eu sinto muito, não posso tentar calcular sua dor, mas a compreendo. _Ela me olha de forma acolhedora.

— Minha mãe morreu há alguns anos e meu pai, bem... Ele achou que a culpa era minha. _Ela sussurrava, era nítido o que ela havia sofrido, então preferi não prolongar esse assunto.

Conversamos por algum tempo, ela era cativante, seu sorriso acolhedor então contei como havia tentado superar a dor da perda nos últimos dias  e então decidimos voltar para a sala, a aula já havia começado, então entramos juntos como ela era novata entregou sua autorização para a professora, ela me olhou com pena e pediu para que nos sentássemos, sentei no fundo da sala com Emília, Catherine ficava olhando uma vez ou outra, tentei evitar o contato visual pois ela me fazia lembrar tudo o que tentava esquecer.

Meu irmão se sentava perto perguntou apenas se eu estava bem, respondi positivamente, mas passei a aula conversando com Emília isso me fazia esquecer tudo o que aconteceu, mesmo que fosse por instantes.

Quando terminou a aula, Emília pediu meu número de celular então me lembrei que eu o havia quebrado e não tinha comprado outro.

— Emília, tive um problema com meu celular, quer me acompanhar ao shopping para poder comprar outro? _Coloquei a mão no bolso procurando a chave do carro.

— Sim, claro. Só preciso fazer uma ligação. _Catherine e Charlotte estavam paradas na calçada esperando o pai como sempre, logo que Emília desligou sua ligação fomos caminhando até o carro, passei sem olhar para eles. Entramos no carro e fomos em direção ao shopping.


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