Defensores de Paris 2 - As Joias Perdidas escrita por Blue Blur


Capítulo 10
Pavão Misterioso


Notas iniciais do capítulo

A busca pelas joias de Ladybug e Chat Noir continua. Dessa vez, duas joias de Chat Noir caíram nas mãos de dois garotos rivais entre si. Os heróis novamente correm para a ação, mas uma nova figura emerge no campo de batalha. Seria amiga ou inimiga?



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Charlotte estava em seu escritório na delegacia de polícia de Paris, investigando algumas ocorrências e tentando juntas as peças do incidente no museu e o ataque de Inuwashi. Apesar de não se expor mais a tantos riscos de vida como quando era capitã, a comissária Charlotte ainda tinha que fritar os poucos neurônios que não haviam sido lesados com traumas pós-tiroteio para solucionar os casos. Imersa em seu trabalho, nem percebeu o detetive Masato se aproximando com um copo de capuchino

(Masato, sorrindo): Servida, comissária?

(Charlotte, pegando o capuchino): Obrigada, Masato. Ah, pode me chamar só de Charlotte. Você é um detetive, não um policial sob meu comando, então podemos ter uma relação mais de coleguismo.

(Masato): Bom ouvir isso, Charlotte. Teve alguma sorte?

(Charlotte): Nem. Você não faz ideia como as coisas se acumulam facilmente aqui nesse escritório. É sério, às vezes parece que só eu tento solucionar esses casos! E você, descobriu algo sobre as joias?

(Masato): Muitas parecem ter simplesmente ter sumido do mapa, como se os bandidos tivessem destruído, o que não faz muito sentido. Não tenho muita escolha também além de continuar investigando isso.

Ambos voltaram ao trabalho, mas Masato já não estava muito a fim de continuar folheando arquivos, ligando peças, montando esquemas...

(Masato): Charlotte, se a gente acabar isso, o que você acharia de nós dois jantarmos juntos?

(Charlotte, achando engraçado): Você está convidando a comissária de polícia para jantar? Isso é sério, senhor Nakajima?

(Masato): Bom, como você mesmo disse, eu não sou seu subordinado, então sua patente de comissária não significa muito para mim, por isso podemos ter “uma relação mais de coleguismo”.

(Charlotte, rindo): Verdade, obrigada pelo convite. Quando acabarmos isso, podemos jantar juntos sim.

Bem nesse momento, o capitão Roger entrou no escritório com um anúncio denotando bastante urgência.

(Roger): Comissária Charlotte, recebemos notificação de que uma criança está desaparecida! Segundo os pais, ela foi vista pela última vez na praça!

(Charlotte): Já estamos de saída, vamos Masato.

(Masato): Desculpe Charlotte, vou ficar por aqui. Preciso terminar algumas coisas, além disso não acho que eu esteja preparado para um possível confronto com aquele homem-águia dourado.

(Charlotte): Bem lembrado. Roger, vamos levar alguns policiais conosco.

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Um ônibus circulava pelas ruas de Paris, dentro dele estava Jacques Olivier, o filho de Charlotte. Ele estava saindo da Bibliothèque du Centre Pompidou, onde ele estava fazendo uma pesquisa para um trabalho da escola. No ônibus também estava a família de Pierre (o garoto do capítulo anterior, Jacques não conhece ele) e Alya. Jacques viu a garota da qual ele era a fim de pé à sua frente e ficou lá, olhando para ela, com o rosto levemente corado e aquele brilho nos olhos. Alya sentiu aquela estranha sensação de estar sendo observada e olhou para trás, mas Jacques acabou desviando o olhar, com vergonha de encará-la de volta. Alya deu um leve sorriso ao reconhecer o rapaz, mas Jacques acabou não vendo. Os dois jovens nem perceberam um idoso senhor chinês observando ao fundo aquela típica troca de olhares entre adolescentes

De repente, ouve-se o som de uma explosão e um carro derrapa na pista e dá uma baita trancada no ônibus, fazendo os passageiros caírem no chão. Outra explosão, mais outro carro derrapa na pista e bate contra o ônibus. Jacques ainda está atordoado e se levanta lentamente para olhar pela janela: ele vê um garoto que não conhece (Férnand, o valentão), acompanhado por Inuwashi. Os dois estão andando ao redor do engarrafamento formado por veículos que derraparam, como se estivessem procurando alguém. Pierre vê Férnand e sabe que o valentão quer acertar as contas com ele. Pierre usa o poder do seu anel para congelar a porta do ônibus, tornando-a quebradiça. Com a porta quebrada, todos começam a correr para fora.

(Férnand, apontando para Pierre): Ali está ele! Vamos pegá-lo!

Com uma velocidade estrondosa, Inuwashi foi correndo na direção de Pierre, agarrou o garoto e o imprensou contra a parede do ônibus.

(Mãe de Pierre): Larga meu filho, seu maníaco!

(Inuwashi): Você tem algo que me pertence!

Antes que qualquer um pudesse fazer algo, um leque foi arremessado e atacou Inuwashi pelas costas, como se fosse uma serra elétrica. Inuwashi largou o garoto e se virou para enfrentar quem havia atacado ele, era Le Paon.

(Le Paon): Prepare-se Águia de Ouro, eu serei sua adversária!

(Inuwashi): Não, você será a próxima a morrer pela minha espada!

Inuwashi começou a desferir vários golpes de espada, mas Le Paon se esquivava deles com uma elegância surpreendente, fazendo total jus ao pavão. Ela também usava seu leque para aparar alguns dos golpes de espada e desferir seus próprios golpes cortantes. Apesar de conseguir acertar Inuwashi, os golpes de Le Paon no geral eram pouco eficientes.

(Férnand, se dirigindo ao Pierre): É hora da revanche, moleque! Agora eu também tenho superpoderes!

Férnand deu um peteleco com os dedos indicador e polegar, criando uma grande explosão. Pierre nem teve tempo de reagir quando um zangão humanoide apareceu para bloquear a explosão com seu enorme corpo. Logo em seguida os quatro heróis de Paris apareceram para se juntar à batalha.

(Soldado-abelha): Majestade, aquele garoto tem um anel com o rosto de um gato, parece que esse anel é que lhe está fornecendo super-poderes.

(Queen Bee, se dirigindo ao Pierre): Você está bem?

(Pierre): S-Sim, obrigado.

(Chat Noir): Vá para um lugar seguro, nós cuidamos a partir daqui.

(Pierre): Ei, qual é? Eu tenho superpoderes agora, eu também quero ajudar!

(Chapolin Colorado): Não garoto, vai logo se esconder. Não se esqueça do ditado: Quem não arrisca vai à Roma. Não, pera, o certo é: Quem tem boca não petisca. Espera um pouco aí, o ditado é: Quem tem boca não arrisca, porque para ir à Roma tem que petiscar, e... Bom, a ideia é mais ou menos essa!

(Ladybug): Chega Chapolin, foco no combate!

(Chapolin): Sim, claro! *se dirigindo ao Férnand* Ei garoto, esse anel não é seu, devolva agora!

(Férnand): Me obriguem!

Férnand usava os dedos da mão como se estivesse dando petelecos no ar, que acabavam se convertendo em explosões monstruosas. Os quatro heróis, porém, eram bastante ágeis e se esquivavam habilmente das explosões lançadas pelo garoto. Em uma das investidas, Chapolin avançou com tudo para cima de Férnand, que já estava pronto para disparar sua explosão.

(Férnand): Pode vir, gafanhoto!

Mas Férnand não conseguiu disparar sua explosão, seus dedos usados já estavam semi-arroxeados e doloridos. Resultado: Férnand levou uma marretada e caiu para trás, deixando o anel cair também de sua mão!

(Le Paon): A jóia! Ela é minha!

Le Paon estava quase agarrando a joia quando um jato de gelo a cobriu.

(Pierre): Nem pense nisso, sua bruxa!

(Le Paon, irritada): Como se atreve!

Pierre jogou um novo jato de gelo. Le Paon reagiu soltando um assobio, fazendo uma varinha em forma de pena de pavão voar em direção ao ataque de Pierre.

(Le Paon): CONTENÇÃO!!!

A varinha soltou uma espécie de onda de calor, que fez o jato de gelo se derreter inteirinho. Pierre ficou sem reação ao ver a facilidade com que seu golpe foi repelido.

O caos estava sendo a nota tônica naquele cruzamento: Miraculers se enfrentando, pessoas tentando fugir daquela confusão. Charlotte Olivier e Roger Raincomprix, que antes estavam em busca da tal criança desaparecida (que, ironicamente, era o próprio Férnand) agora haviam sido redirecionados para cuidar daquela anarquia no centro da cidade. Charlotte saiu da viatura com seu parceiro e logo trataram de tentar agir em meio àquele cenário de guerra.

(Roger): Charlotte, vamos ajudar os civis naquele acidente, temos que tirá-los de lá.

(Jacques): Mãe, mãe me tira daqui!

Jacques estava preso dentro do ônibus. Durante a luta, um carro havia sido arremessado e agora tapava a porta de saída. As janelas quebradas com cacos expostos também impediam a fuga por esta direção.

(Charlotte): Roger, me ajuda a tirar essas portas amassadas.

Os dois policiais começaram a fazer força para abrir as portas amassadas, mas a situação estava bastante tensa: o carro mal se mexia, a despeito de todo o esforço feito. Para piorar, o jovem Pierre havia corrido para perto do grupo, atraindo a atenção de Le Paon e Inuwashi.

(Inuwashi): Eu exijo que você me entregue essa joia!

Inuwashi acabou sendo surpreendido por uma marretada que lhe atingiu a cabeça. Apesar de ter “envergado” um pouco, o homem-águia se recuperou facilmente e revidou dando um murro no rosto de seu agressor, o Chapolin, derrubando-o. O gafanhoto, porém, não desistiu: se levantando ele aplicou uma chave de braço ao redor da cabeça de Inuwashi. O problema é que a chave de braço foi mal aplicada, permitindo que o homem-águia se livrasse facilmente e reagisse agarrando o herói pelas antenas.

(Chapolin Colorado): Nas antenas não cara, elas estão ligadas ao meu crânio!

Segurando o herói pelas antenas, Inuwashi deu um soco no queixo dele, arremessando-o para trás a uma boa distância.

(Inuwashi): Imaimashī batta wa, saishūtekini wa anata ga watashi no sosen ni taishi tenani o shita ka ni taisuru watashi no fukushū o motsu koto ni narimasu! (“Gafanhoto maldito, enfim terei minha vingança contra o que você fez contra meu antepassado! ”)

A cabeça de Diego girava sem parar. Apesar do poder de Tuggi ter absorvido a maior parte dos danos, o rapaz mexicano ainda sentia uma concussão braba. Enquanto tentava limpar a vista, Chapolin viu um enorme pé dourado de águia prestes a esmagar seu crânio. Diego rapidamente rolou para o lado e tratou-se de levantar rapidamente, mas quem disse que isso adiantou de algo? Inuwashi facilmente o agarrou pelas costas com suas mãos com enormes garras de águia. Diego não aguentou a dor e soltou um grito bem alto.

Enquanto isso, Chat Noir e Ladybug estavam lutando contra Férnand, que havia aproveitado o momento de distração para quebrar a película de gelo que Pierre criara para cobrir o anel. O valentão havia trocado o anel de mão, permitindo que ele voltasse a usar seus poderes normalmente, porém mesmo agora ele estava começando a ferir seus dedos por conta das explosões que causava. Chat Noir ouviu o grito do parceiro e viu que Diego estava tomando uma surra braba de Inuwashi.

(Chat Noir): Ladybug, cuida desse garoto, eu tenho que salvar o Chapolin!

Inuwashi, agarrando Chapolin pelas costas, começou a bater com a cara do herói num poste várias vezes. Mesmo o poder da não-letalidade de Tuggi não era capaz de evitar que aparecessem uns hematomas e uns cortes.

(Chapolin Colorado): Aí cara *cospe sangue* pega leve. Se continuar assim a minha namorada nunca mais vai querer beijar meu rosto!

Apesar de tentar fazer uma piada naquele momento crítico, Diego sabia que estava em sérios problemas. Mais algumas batidas daquela e ele poderia acabar inconsciente.

(Chapolin Colorado, quase desmaiando): Parece que esse é o meu fim... que saco... e eu esperando ter pelo menos uma morte mais heroica.

Chat Noir esticou seu bastão e acertou Inuwashi no rosto, único lugar onde era possível causar um pouco mais de dano (ênfase em “um pouco”) ao vilão.

(Chat Noir): Tá tudo bem aí, gafanhoto?

(Chapolin Colorado): Valeu pela ajuda, colega.

Inuwashi sacou sua espada e começou a duelar contra o bastão de Chat Noir. Devido às aulas de esgrima que tinha, o herói felino conseguia compensar sua força física inferior com mais habilidade. Inuwashi, porém, também usava técnicas de esgrimia inspiradas nos antigos samurais.

Diego aproveitou para se recuperar da surra que havia tomado e resolveu se juntar a Chat Noir na luta, mas Adrien foi bem incisivo quanto a isso.

(Chat Noir): Chapolin, vai ajudar a Ladybug a recuperar aquele anel que está com o garoto das explosões. Eu cuido desse cara.

Chapolin então foi correndo se juntar à Ladybug para enfrentar Férnand. O garoto havia conseguido acertar uma explosão no peito da heroína pintada, que caiu para trás. Quando Férnand ia saltar sobre Ladybug, ele acabou sendo atingido pela marreta biônica que foi arremessada contra seu corpo.

(Chapolin Colorado): Está tudo bem, Ladybug. A cavalaria chegou!

(Ladybug): TALISMÃ!!!

Um objeto estranho caiu nas mãos de Ladybug: uma simples garrafa de vidro

(Chapolin): Essa não me parece uma boa hora para tomar refrigerante.

Ladybug foi analisando o ambiente enquanto Chapolin enfrentava Férnand. Sua visão especial focou na marreta do Chapolin, em alguns pedaços de gelo jogados no chão, onde o anel de Férnand estava preso, numa pequena labareda acesa um pouco mais longe, na garrafa que ela criara e na mão de Férnand.

(Ladybug): Chapolin, quebra uns pedaços de gelo para mim!

(Chapolin): Deixa comigo!

Depois que Chapolin quebrou os cacos de gelo, Ladybug pegou eles e os colocou dentro da garrava. Usando o fogo que havia, ela conseguiu fundir o gelo em água, o suficiente para encher a garrafa.

(Ladybug): Ei, dinamite! Segura!

Ladybug jogou a garrafa e, como ela esperava, Férnand a detonou com uma explosão. A água escorreu por toda sua mão, e quando ele foi usar uma outra explosão, não conseguiu. Ladybug prendeu a mão de Férnand com o ioiô e pegou o anel que estava com ele.

(Ladybug): Agora vamos devolver esse anel ao seu legítimo dono.

Enquanto isso, Pierre estava tentando manter Le Paon afastada do grupo formado por Charlotte, Roger e Alya, que tentavam retirar o carro virado da porta do ônibus, sem sucesso. O garoto estava com o braço cheio de “queimaduras de gelo”, sem falar em algumas crostas de gelo que estavam presas em seu braço. O garoto não aguentava mais soltar jatos de gelo, que eram facilmente bloqueados graças ao poder especial de contenção da mulher. De uma forma até meio patética, Pierre tentou ir para cima da detentora do Miraculous do Pavão para resolver com força bruta. O coitado foi agarrado feito uma criança birrenta desobedecendo as ordens da mãe.

(Pierre): Solta meu braço, sua bruxa! Devolve meu anel!

(Le Paon): Esse anel não vai servir de muita coisa para você. Eu fico com isso.

Depois de pegar o anel, Le Paon viu que seu broche já estava apitando, então simplesmente foi embora, o que aliviou o resto do grupo, que achava que ela iria ataca-los. Enquanto isso, Charlotte e Roger já estavam ficando cansados de tentar empurrar o carro sozinhos.

(Charlotte): Saco, assim vamos ficar a noite toda tentando empurrar isso!

(Jacques, ainda dentro do ônibus): Mãe, tenta pedir ajuda para o Chat Noir.

(Charlotte): Boa ideia, ele pode usar o Cataclismo para...

A fala de Charlotte foi interrompida quando o próprio herói felino foi violentamente arremessado para perto de onde o grupo estava, logo atrás dele vinha o próprio Inuwashi em pessoa.

(Inuwashi): Você é corajoso garoto, mas lhe falta muita fibra! E o pouco que lhe resta eu vou arrancá-la de você agora.

Inuwashi agarrou Chat Noir pelos braços e o estendeu pelo ar, puxando em direções opostas, como se fosse arrancar os dois braços do herói felino. Chapolin ouviu os gritos do amigo, pegou a marreta e foi atacar o vilão pelas costas. Inuwashi, porém, já havia previsto tal manobra e bateu suas asas para trás, criando uma corrente de vento que impediu Chapolin de se aproximar.

(Chapolin Colorado): Droga, se eu não ir logo o Chat Noir vai ficar sem os braços

— Ei, seu monstro! Segura!

A voz era de Alya. Ela jogou uma garrafa de refrigerante em direção ao rosto de Inuwashi, uma garrafa que foi facilmente agarrada por ele. Porém, a garrafa jogou um jato de refrigerante em seu rosto, que acabou atingindo um pouco seus olhos e o deixou momentaneamente desnorteado.

(Alya): Chat Noir, usa o cataclismo para soltar o Jacques

Chat Noir seguiu a ordem da morena e libertou Jacques destruindo o carro com o Cataclismo. Inuwashi, mesmo estando com a visão limitada, conseguiu agarrar o pulso de Alya, cravando suas garras de ouro na carne da garota. O grito de dor que Alya deu impulsionou Jacques a ir para a luta, com um reflexo tão rápido que até mesmo surpreendeu Chat Noir.

(Jacques): Larga ela, seu animal!

Jacques, por ser um garoto de 17 anos, tinha um porte físico mediano. Não chegava a ser robusto, mas ainda era o suficiente para dar trabalho a um adulto numa briga. Jacques correu em volta de Inuwashi, pulou nas costas dele e viu a bainha da espada localizada entre as duas asas. Ele pegou a espada e puxou.

(Inuwashi): Não dessa vez, moleque!

Inuwashi arremessou Alya para o lado, obrigando-a a amortecer a queda com o braço ferido. O homem-águia agarrou o punho da espada em suas costas com uma mão, impedindo Jacques de puxá-la totalmente. Com a outra mão, Inuwashi tentava cravar suas garras em Jacques, que usava seus pés para chutar a mão de seu inimigo.

Ladybug, já de posse do anel, viu a situação de emergência que estava acontecendo e jogou o anel para Chat Noir, crente de que seu parceiro felino saberia o que fazer.

(Ladybug): Chat Noir, o tórax de Inuwashi está exposto! Acerta ele!

Chat Noir pôs o anel e pensou em alguma forma de fazê-lo funcionar, mas não sabia por onde começar.

(Chat Noir, desesperado): Como eu uso isso?

(Ladybug, desesperada): Eu sei lá! O garoto balançava os braços, dava socos, tenta alguma coisa, vai!

(Jacques): Ô gente, rápido! Esse cara quer meter as garras em mim!

(Chat Noir, desesperado): Sai logo das costas desse bicho!

O desespero não deixava os heróis pensarem direito. Apostando toda a sorte que possivelmente Ladybug pudesse ter, Chat Noir simplesmente se jogou contra Inuwashi e deu um murro no peito dele. O resultado foi fabuloso: o soco detonou uma explosão com a força de uma bombinha (que por sinal, não é coisa pouca), fazendo Inuwashi cair de costas, com um pequeno furo no lugar do impacto.

(Chat Noir): Não acredito! Deu certo!

Inuwashi se levantou, pronto para usar o poder de regeneração da Pérola do Coração, mas seu Miraculous apitou, avisando que estava quase sem energia. Sem opção, o vilão saiu voando baixo em busca de um beco para se destransformar escondido.

(Chat Noir): Que alívio, até que enfim aquele brutamontes foi embora!

(Ladybug): Meu Deus, Alya, o que aconteceu com você?

Havia três ou quatro perfurações no braço de Alya, onde Inuwashi havia agarrado ela. A garota sangrava muito e estava com muita dor.

(Otis): Filha, temos que ir logo a um hospital, tratar dessa hemorragia.

(Jacques): Espera, senhor Césaire.

Sem fazer a menor cerimônia, Jacques tirou a camisa que estava usando. O físico dele não era lá tãããão especial assim, mas ainda assim deixou Ladybug e Queen Bee levemente coradas, talvez pelo susto de verem ogaroto fazendo aquilo. Jacques enrolou a camisa em volta do braço de Alya para estancar o ferimento.

(Jacques): Faça bastante pressão para estancar a hemorragia.

(Marlena): Obrigada pela gentileza meu jovem. Agora vamos para um hospital, filha!

(Ladybug): Eu ajudo vocês!

(Charlotte): Não Ladybug, seu tempo está acabando!

O brinco da heroína já estava apitando feito doido, mas só com o toque de Charlotte que ela foi perceber. O quarteto de heróis não teve outra escolha senão ir embora, de volta para suas casas.

Enquanto isso, o mesmo velhinho chinês que estava no mesmo ônibus de Alya e Jacques, havia observado tudo: a forma como Alya ajudou Chat Noir, e a forma como Jacques ajudou ela.

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Aproximadamente umas 19:30, Charlotte e Jacques estavam em na casa deles, se arrumando. Charlotte estava com um vestido social vermelho (https://tudocommoda.com/wp-content/uploads/2016/03/vestido-social-para-formatura-vermelho.jpg), sapatos de salto alto com brilho prata, além de um belo par de brincos com pingentes em forma de corações. Jacques, por outro lado, estava com uma roupa mais esportiva: tênis, bermuda e camisa sem manga. O garoto começou a estranhar a disparidade como eles estavam vestidos.

(Jacques): Mãe, você vai para algum encontro?

(Charlotte, rindo): Encontro? De onde você tira essas ideias, Jacques?

(Jacques): Você está toda elegante hoje, até batom está usando!

(Charlotte): Obrigada. Sabe aquele detetive japonês que eu te disse que estava trabalhando comigo? Pois é, ele me convidou para jantar. Nós marcamos para umas 20:00.

(Jacques): Puxa mãe, que legal! Mas eu não vou, vou?

(Charlotte): Não, esse é um encontro a dois.

(Jacques): Então porque você pediu para eu me arrumar desse jeito.

(Charlotte): Eu vou lhe explicar no caminho.

Charlotte levou Jacques até uma academia de karatê. Antes de descer do carro, ela deu a explicação que havia prometido.

(Charlotte): Jacques, eu vi a forma como você se arriscou hoje para proteger a filha dos Césaire. Eu pensava que todo aquele estardalhaço que você fez como super-herói e tudo mais fosse apenas um delírio de um adolescente problemático e incompreendido.

(Jacques): Ei, eu não sou problemático!

(Charlotte, rindo da reação do filho): Eu sei, você tem a mesma coragem que seu pai tinha quando era capitão da polícia. Mas Jacques, a vida me mostrou que apenas coragem não é o bastante. Sabe, houve uma época em que eu era sedenta por fazer justiça e ajudar aqueles que precisavam, como você deve se sentir agora, mas eu não tinha técnica, não tinha habilidade, não tinha nada.

(Jacques): Então você vai me ensinar?

(Charlotte): Não Jacques, a mulher desta academia vai.

Mãe e filho entraram na academia de karate. Lá dentro estavam uns 15-20 alunos de várias faixas treinando golpes de karate. A mestra, uma faixa preta, era uma mulher negra, de fortes atributos africanos, seus cabelos cacheados estavam presos em seu característico rabo de cavalo. Charlotte conhecia bem aquela mulher, nunca esqueceria da carateca que a ensinou a lutar, da carateca que a motivou a se tornar a grande capitã de Paris, da carateca que deu todos aqueles socos para lhe endurecer a barriga, motivo pelo qual ela botou as refeições para fora várias vezes.

(Charlotte): Boa noite, Anansi.

(Anansi, abraçando Charlotte): Charlotte, há quanto tempo amiga! A que devo sua visita?

(Charlotte): Anansi, você lembra daquele garotinho que eu tinha? Que você me ajudou a cuidar dele? Bem, ele está aqui.

Jacques ficou admirado, não porque não conhecia Anansi, mas porque ele a viu tão poucas vezes que vê-la daquele jeito, ensinando karatê, era algo surpreendente.

(Jacques): O-Oi tia Anansi.

(Charlotte): Eu quero matricular ele na sua academia, Anansi. Por motivos pessoais, eu quero que você ensine meu filho a lutar.

(Anansi): Eu entendo, amiga. Não precisa me explicar nada, eu serei a tutora de seu filho. Mas por favor não me obrigue a dar a ele o mesmo treinamento que dei para você, eu me sentia mal fazendo aquilo com minha melhor amiga, não me obrigue a fazer isso com o seu filho.

(Charlotte, sorrindo): Essa época já passou, Anansi, não vou exigir algo tão brutal para meu garoto.

(Jacques): Mãe, isso é sério? Eu vou treinar karatê?

(Anansi): Claro, mas só depois que você for lá e pagar 20 flexões e 20 abdominais.

(Jacques, animado): Sim, senhora!

(Charlotte): Agora Anansi, vamos cuidar da matrícula logo, eu ainda tenho um encontro para ir.

(Anansi, rindo): Ah, sua safadinha, já está paquerando seus subordinados, é?

(Charlotte, rindo): Eu vivi para ver você fazer piadinhas! Agora posso morrer em paz!

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Às 20:00, Charlotte havia chegado ao Ze Kitchen Gallerie, restaurante onde Masato havia marcado para os dois se encontrarem juntos. Masato já aguardava a mulher, sentado em uma mesa a dois com uma garrafa de vinho já na mesa. O detetive japonês vestia um terno chique, com um broche de rosa vermelha no peito.

(Charlotte): Desculpe o atraso, eu tive que deixar meu filho num lugar.

(Masato): Você não está atrasada. Pelo contrário, chegou na hora certa. O vinho acabou de chegar.

(Charlotte, sorrindo): Vinho caro, terno fino, restaurante chique. Sério que tudo isso é só para um jantar entre colegas de trabalho?

(Masato, sorrindo): O que posso dizer? Gosto de causar boas primeiras impressões nas pessoas. Escolhi este restaurante de propósito, dizem que aqui há uma mescla perfeita entre comida francesa e comida asiática, algo que certamente combina com nós dois. E falando em combinar, o jeito que você veio vestida mostra que, assim como eu, você também gosta de causar uma boa primeira impressão.

Charlotte não sabia porque, mas aquele comentário havia deixado ela levemente corado, era estranho porque já fazia muito tempo que um homem não a fazia corar. Mas ela soube “reverter a situação” puxando outra conversa.

(Charlotte): Então Masato, me fale mais sobre você.

(Masato): Bem, eu nasci em Tóquio, no Japão. Quando eu era criança, meus pais notavam que eu tinha uma... capacidade especial para resolver problemas.

(Charlotte): Tipo um superdotado?

(Masato): Não, isso não. Eu era mais do tipo de resolver problemas do dia-a-dia. Eu era um rapaz curioso. Além disso, eu adorava histórias de mistério, isso meio que me influenciou a ser um detetive.

(Charlotte): Legal, um investigador por vocação. E como um grande detetive como você veio parar aqui em Paris? O Japão é tão calmo assim para você vir procurar trabalho no exterior? *risos*

(Masato, rindo): De fato, a criminalidade japonesa é bem baixa, mesmo assim eu sou um detetive bem requisitado: viajei por Osaka, Nagasaki, Hokkaido... até que um dia recebi uma mensagem do governo chinês, pedindo ajuda com um caso envolvendo relíquias que poderiam ser roubadas a qualquer momento. Por uma questão de jurisdição eu não iria aceitar o caso, mas ao ouvir que havia a suspeita de participação da Yakuza, a máfia japonesa, eu tive que pegar o caso. Bem, as relíquias vieram para uma exposição aqui então eu tive que vir também.

(Charlotte): Uau.

(Masato): Nas horas vagas, eu gosto de ler livros de História Antiga, Arqueologia, e sobre mitos e lendas japoneses. A cultura do meu país é muito rica e eu gosto de saber mais sobre ela.

(Charlotte): Que legal.

(Masato): Mas agora vamos falar sobre você. Como você se juntou à polícia?

(Charlotte): Bem, antes eu era instrutora fitness. Um dia eu conheci um capitão da polícia, nós começamos a namorar, nos casamos, e o Jacques nasceu.

(Masato): Você nunca me apresentou seu esposo. Como ele é?

(Charlotte, séria): .......................... Ele morreu.

(Masato): Ah Charlotte, desculpa, eu não sabia.

(Charlotte): Não, tudo bem, você não tinha como saber. Não se sinta mal pelo que aconteceu comigo, eu estou gostando de estar aqui, dessa nossa conversa, desse jantar. Está sendo tudo muito agradável, obrigada.

(Masato): De nada Charlotte, que bom que você gostou. O garçom vai trazer nossos pedidos em breve.


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Notas finais do capítulo

Rapaz, escrever essa fanfic tem sido uma experiência bem diferente do que foi escrever "Defensores de Paris 1". Minha escrita acabou seguindo um ciclo: Eu fico com preguiça de escrever--> leio os comentários e fico motivado--> começo a escrever, de forma meio capenga--> Vou me empolgando e crio uma narrativa incrível--> Termino o capítulo, posto e já fico pensando no próximo. Além disso, essa história em alguns momentos parece ter vida própria: desde que começou essa parte de ação dos heróis em busca das joias perdidas, planejar com antecedência o capítulo não tem dado certo porque à medida que vou escrevendo parece ter uma voz falando "faça desse jeito. Assim não vai ficar bom. Use esse ato como gancho para o próximo capítulo. Desenvolva mais esse personagem". Várias vezes o resultado final acabou ficando bem diferente do que eu havia planejado, no bom sentido, é claro.

Aos leitores, uma pergunta cuja resposta de vocês é crucial para o desenvolvimento da história: mesmo eu tentando manter o suspense, é bem capaz que agora vocês já saibam quem serão os próximos miraculers. A pergunta é: quando esses novos heróis ganharem seus Miraculous, eles devem apresentar suas identidades secretas aos seus parceiros logo de cara, ou devem mantê-las escondidas? A resposta com mais votos vai decidir a forma como eu vou desenvolvê-los.

Antes de mais nada, gostaria de agradecer à MusaAnônima12345 por fazer os desenhos de alguns dos personagens dessa nova fanfic. A Anansi, mencionada nesse capítulo, é uma personagem oficial de Thomas Ástruc, mas eu dei a ela uma participação mais importante, que vocês poderão acompanhar na one-shot "Por Baixo da Farda".

Esse é o esboço original de Thomas Ástruc: https://vignette4.wikia.nocookie.net/lady-bug/images/b/b9/Anansi.png/revision/latest?cb=20160813202256

Esta é a releitura feita pela MusaAnônima12345: http://pre06.deviantart.net/2cdb/th/pre/i/2017/188/0/0/releitura_de_anansi_by_12345laurakarolyne-dbffgz8.jpg

Este provavelmente será o único capítulo desta semana. Estou viajando e já estamos nos arrumando para voltar para casa, além do fato de que segunda feira eu já volto para a faculdade, então não sei se terei muito tempo para atualizar com tanta frequência. Mas com o apoio de vocês prometo que Defensores de Paris 2 terá novos capítulos, novas surpresas, novos personagens, muita coisa nova. Fiquem ligados e até o próximo capítulo!



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