O Passado Sempre Volta escrita por yElisapl


Capítulo 8
Capítulo 7: O universo e suas surpresas.


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários,

Nanda LisboaUmb4nd4Queen
Olicity e Delena
juguimaraes.



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Eu prometo, você não tem que sentir medo 

Eu esperarei, o amor está aqui e está aqui para ficar 

Então deite sua cabeça em mim 

Oito anos atrás: 

Seguimos Blue sem hesitar, mas, ao ver que ele está nos levando para a sala que tem o nome ‘’punição’’ meu coração gela. Não, eu não estou com medo. Estou preocupada, se ele tentar algo contra mim, não me importo. Entretanto, a situação é diferente, algo pode acontecer com Amber, talvez sendo usada para apagar cigarros seja melhor do que ser punida. Sei pela Rocket que Sweet Pea havia passado por aquela sala e não saiu nada bem dali. Imagino que ninguém quer entrar naquele lugar, imagino que Amber não quer entrar naquela sala porque eu decidi ‘’salvá-la’’ de algo ruim. Mal sabia eu que tentando ajudá-la iria prejudicar nós duas. Bela intenção a minha, mas possivelmente não serviu de nada, a não ser claro, para nos ferir ainda mais. 

Ele abriu a porta para nós, indicou que entrássemos e eu peguei na mão de Amber. Não podemos enxergar muita coisa, pois as luzes estão apagadas. Contudo, não demora pra Blue ligá-las. Eu não sei se fico surpresa por a sala de punição se parecer mais como uma sala de consulta médica em vez de uma sala cheia de objetos que serão usados para tortura. Há quatro cadeiras no total, uma está atrás da mesa de madeira, duas estão em frente à mesa e a quarta cadeira posso se dizer que provavelmente é usada para a tortura, pois nelas possui algumas cordas para amarrar. Há também uma pequena cama de ferro com colchão, evito encará-la pensando nas vítimas de abuso que sofreram nela. As paredes desse cômodo são escuras, um tom preto ou marrom escuro, tanto faz, elas dão a mesma impressão de escuridão. No caso do chão, não tem piso, apenas o cimento. Realmente este lugar é memorável.  

— A conversa será breve. – declara Blue, enquanto fecha a porta atrás de nós. 

No que iremos conversar? Vamos falar da minha atitude imprudente ou falaremos das punições que iremos levar? Eu não posso fazer muita coisa contra ele, sua arma continua embaixo de sua camisa, quem sabe a próxima a perder os miolos não é eu? Não, de jeito algum posso morrer agora. Antes eu desejava a morte, mas agora desejo a plenitude da vida. Ainda há muitas coisas para  eu fazer, muitas coisas para se experimentar e aprender. A única vantagem que tenho aqui é que estou aprendendo a sobreviver a um bando de marginais que não sabem seguir a vida com ética e moral. Sério, quando saímos daqui, irei fazer algo importante, não só na minha vida, mas como na de outras pessoas, talvez eu possa seguir uma carreira de medica, sempre fui boa em matemática, talvez possa ser uma policial, do jeito que ando ultimamente, não duvido que eu consiga prender alguns idiotas. 

— Me deem bons motivos para que eu não puna vocês duas. – ele senta-se e indica para que nos sentemos nas cadeiras que estão à sua frente. Cuidadosamente sento, tentando ficar atenta a qualquer movimento, mas não largo a mão de Amber. 

Preciso apenas de bons argumentos, ele não levara isso adiante. Não pode punir nós duas, pois sabe que a culpa não foi nossa, a culpa foi daquele velho monstruoso. Eu nunca desejei a morte de alguém, além de meu pai, mas quando vi o corpo daquele homem sem vida, me senti erradamente feliz. Um monstro a menos nesse mundo. 

— O senhor não pode. – falo evasiva. 

— Eu não posso? – ele ri como se eu tivesse acabado de contar uma piada. – Explique mais este argumento, Babydoll. – pode se ver divertimento em seu olhar, ele provavelmente está se divertindo com tudo isso. 

— É simples. Se você me punir, irei perder meu valor. Se punir Amber, ela não conseguirá atender os clientes das maneiras necessárias, resultando em reclamações e possivelmente perca de clientes. Além do mais, a culpa nem sequer foi nossa, aquele velho quis fazer coisas que não deviam ser feitas e acabou pagando por isso. – falo orgulhosa de mim mesma por conseguir pensar em algo rapidamente. 

— Existem outras formas de punir alguém, Babydoll. Por exemplo, Amber, eu deixarei essa vez ser indolor, não irei praticar nenhuma tortura com você, mas não posso deixar isso passar em branco, à senhorita ficará responsável em lavar os banheiros, passar as roupas e arrumar todos os quartos que há nesse lugar. 

Não entendo sua mudança repentina de humor. Há segundos atrás eu poderia confirmar que Blue iria mostrar o quanto eu estava errada sobre ele não poder punir, mas ele simplesmente não fez isso, apenas cedeu. Será que eu realmente tenho algum poder sobre ele? Não, eu só devo estar imaginando. Será trabalhoso para Amber fazer todas essas coisas, contudo, é melhor do que ser abusada e espancada. 

— C-considere feito. – ela fala olhando para baixo. Sua mão está suando, mas acho melhor continuar segurando-a. 

— Agora saia e vá para seu quarto, descanse para amanhã fazer todas as coisas. – nós duas se levantamos para sair. – Babydoll, eu não acabei com você. É para apenas Amber sair. 

Amber olha para mim assustada, ela quer sair, mas, ao mesmo tempo não quer me deixar sozinha com ele. Apenas dou um sorriso para ela esperando que entendesse que não precisa ficar. Não podemos arriscar que Blue mude de ideia, antes dela sair, aperta minha mão mais uma vez, com aquele gesto, consigo coragem suficiente para agüentar o que for vir. 

Agora somos apenas eu e Blue, sonho e pesadelo, piedade e crueldade, liberdade e submissão. Cogito em fazer algum comentário irônico, mas me calo, sei que se eu fizer qualquer gracinha, ele irá vingar em Amber ou até mesmo em outras meninas. Eu só preciso escutar calada, dizer sim e tudo vai ficar bem. Fico surpresa por ele se levantar abrupto e se apoiar em cima da mesa para me encarar. 

— Como consegue ser assim, Babydoll? – sua voz soa baixa que quase não ouço. 

— Assim como? – franzo o cenho. 

— Ontem ameaçou de cortar a garganta do cozinheiro, hoje matou um velho. 

— Eu não matei ninguém, você que puxou o gatilho.  – defendo-me sem me importa se estou ofendê-lo. Eu tenho noção de que uma hora ou outra, aquele cozinheiro nojento diria para Blue, me preparei psicologicamente para qualquer castigo que ele quisesse me dar. 

— Yeah, yeah, mas fiz isso por você, então a culpa é sua. – ele pega em meu rosto. – Tem algo que faz a senhorita ser diferente de todas as outras. 

— Eu sou diferente das outras. – falo o desafiando. Sua expressão muda de engraçadinho para sério. Achei que eu fosse leva algum sermão ou ele iria me dar alguma ordem.... 

 Não pensei que ele fosse me beijar. 

Ele está me beijando... Ele está me beijando! Será que ele beijou todas as mulheres que estão aqui? Eu tinha que deixar ele me beijar? Não, eu não posso deixá-lo. Com este último pensamento, o empurro com a força que tenho, fazendo-o cambalear. 

— Por que fez isso? – grito ainda atordoada com o que tinha acabado de acontecer. 

— Ah, Babydoll, não precisa mentir, eu sei que quer me beijar. – ele ri e tenta se aproximar para perto de mim, eu apenas recuo até bater minhas costas contra a parede. 

— Está louco? Nunca que eu vou querer beijar você.  – na realidade eu quero arrancar meus lábios por terem tocados nos de Blue. 

— Então, por que hesitou em parar o beijo?  

Sim, eu tinha hesitado. Mas não era o motivo que ele está pensando, hesitei por não saber o que seria correto fazer, nenhuma das garotas comentou comigo que Blue saia por ai beijando suas garotas, na verdade elas não me diziam se ele fazia quaisquer coisas com elas, além de torturá-las é claro. 

— Viu? Hesitou novamente em me responder. Está tudo bem, Babydoll. Uma hora ou outra terá que admitir que tem uma atração por mim e quando admitir, estarei aqui. Agora precisamos voltar a exibir você, a noite ainda não acabou. 

Não consigo formar qualquer palavra, então apenas concordo com a cabeça. Ele sai primeiro da sala, segundos depois eu o sigo. Preciso me manter forte, preciso sorrir, ainda tenho que realizar o plano para sair desse lugar.  

Tento esvaziar minha mente, mas é difícil com Blue do meu lado agindo como se ele não tivesse feito nada. Ele havia feito algo, algo terrível, quase tão terrível quanto matar o velho. Ele invadiu o meu espaço, beijou-me sem permissão, tocou em mim sem meu consentimento. Fiquei atordoada só com isso, imagine quando ele encontrar alguém com dinheiro suficiente para me comprar? Comprar o meu corpo, comprar o meu espaço pessoal... Isto acabará comigo. 

Atualmente: 

Demoramos um tempo para encontrar o lugar que aquele rapaz tinha dito e quando encontramos a reunião já tinha começado, não podemos dizer quantas pessoas estão participam, mas posso dizer que são por volta de oito pessoas ou mais. Conseguimos descobrir que eles já conseguiram resolver onde será o lugar de prostituição, a questão que agora eles estão discutindo é como irão divulgar seus negócios sem chamar atenção dos policias que não conseguiram comprar. Quase tudo estava resolvido, será que eles já tinham conseguido sequestrar algumas mulheres? Não recebemos nenhuma informação de que alguma mulher havia desaparecido. Sinto meu coração parar por um segundo quando escuto a voz de Blue. 

— Parem! – grita ele. – Se algum policial perceber os nossos negócios, nós o matamos, é simples assim. Starling City será a nossa nova casa, ninguém irá impedir a gente e quem tentar, morre. – coloca fim ao tópico. 

Agora o assunto que se inicia é sobre os vigilantes que andam nas ruas, estão tentando buscar soluções fáceis para eles, pois são os mais difíceis de matar. Um sentimento antigo renasceu em mim com tanta força que acho que eu irei explodir. Raiva começa a me consumir, então decido parar de escutar. Sweet pode pegar os restos das informações necessárias, eu não consigo mais ouvi-lo, porque se eu continuar, acabarei invadindo a reunião para tentar matá-lo e provavelmente serei morta. 

Nós estamos em cima de um prédio que não está tão destruído quanto os outros, ainda tem a cobertura. Viro de costas para o prédio do lado que está acontecendo à reunião e com isso consegui ver a sombra. Na realidade, duas sombras. Achei que fosse algo da minha imaginação, até é claro uma flecha vir em minha direção, o alvo não é eu. Essa flecha só serve de aviso. Ela avisa que o arqueiro está aqui. Me levanto rapidamente e Sweet fez o mesmo, ela já sabe que precisa se preparar, porque haverá outra luta. As duas sombras saíram da escuridão e eu posso ver Oliver e Roy, apontando seus arcos para nós. 

— Rendam-se de boa vontade. – Oliver diz se movimentando ainda mais para perto. Eu preciso admitir: vê-lo desse jeito todo macho alfa é realmente tentador.  

— Não gostamos de deixar as coisas fáceis. – falo sorrindo. Eu não consigo evitar. Eu gosto de contradizê-lo. 

Segundos depois duas flechas vieram na nossa direção, elas abriram redes para tentar nos prender. Claro que eu fui mais rápida, pois passei meses vendo seus modos de luta. Quando eles querem pegar alguém, usam essa rede para prender o inimigo. Puxei minha espada e corte rapidamente as redes antes delas se fecharem, outra flecha veio em seguida, nessa continha uma pequena bomba chata que tratei de desviar, mas Sweet não desviou, ela não passou meses estudando as táticas de Oliver e Roy. 

Desde a última luta, eu decidi melhorar meus brinquedinhos, puxei pequenas facas e arremessei neles. Uma acertou Roy, no entanto, não tive tanta sorte em acertar Oliver, mas o tempo que ele usou para desviar delas fez com que eu me aproximasse perto o suficiente dele e derrubar seu arco da mão. 

— Eu cuido do verde. – grito para Sweet que consegue recuperar seus sentidos parar ir para cima de Roy. 

— Claro, cuide muito bem dele. – ela disse soltando uma risada sarcástica, aposto que se eu tivesse a olhando, ela iria me dar um olhar que diria: sua safada. 

A questão é que desde que eu soube que Oliver é o arqueiro-verde, me pego imaginando nós dois lutando, corpo contra corpo, e bem, isto aqui é como realizar um desejo, não posso permitir isso passar em branco. Sempre quis saber quem levaria a melhor, mas não podia simplesmente chegar nele e falar para lutarmos, provavelmente ele teria pena de mim ou riria e falaria que eu não sei lutar. É claro que depois de lutarmos, haveria um bom sexo. Todos os dias me pego pensando nisso. Pelo menos uma parte do meu desejo eu conseguirei realizar. Lutar com Oliver Queen. 

Chuto o arco dele para longe e guardo a espada atrás das minhas costas. A resposta imediata dele é tentar me dominar, uma tática boa se eu fosse principiante. Seus braços se movimentam quase tão rápido quanto eu desvio deles. Mesmo com uma máscara posso ver seu olhar concentrado e mortífero, ele irá fazer o possível e o impossível para prender pelo menos uma de nós. Oliver me pega de surpresa dando uma rasteira e usando seu corpo para manter o meu preso no chão, suas pernas impossibilitaram os movimentos das minhas, suas mãos vão direto para meu pescoço. Se ele me apagar será muito mais fácil para me render. Eu preciso fazer algo antes que perdesse os sentidos. Olho em volta e vejo uma pedra grande o suficiente para bater na cabeça dele. Mesmo ela estando um pouco longe consigo pegá-la e acertá-lo com força necessária para que eu consiga empurrá-lo de cima de mim. Aproveito a oportunidade para pegar um impulso e prendo minhas pernas em seu pescoço, mas foi desajeitado e não consigo derrubá-lo, com isso fico em cima de seu ombro e começo a dar socos com a força que eu tenho. Não demora muito para ele me jogar com brutalidade no chão. 

 Não estou conseguindo usar todas as minhas habilidades, meus sentimentos estão me atrapalhando, mesmo que o toque dele não seja carinhoso, ainda sim é o seu toque e está me afeta. As memórias de nós dançando está girando na minha mente e me faz fraquejar, não posso me dar a esse luxo. Oliver nem sequer sabe que sou eu embaixo dessa máscara e se eu permitir ele saber, provavelmente não haverá mais toque nenhum para me afetar. Ele iria ficar bravo, não bravo igual fica quando eu o provoco, seria bravo por ter sido enganado. Não aguentaria ver o seu olhar de decepção para mim. Está resolvido, não posso permitir que ele saiba sobre mim, se descobrisse, adeus confiança. 

Respiro fundo, guardo os sentimentos bons e puxo a raiva que senti ao ouvir a voz de Blue novamente. Levanto-me do chão rapidamente para evitar que ele tente de novo prender meu corpo, com agilidade chuto seu rosto e posso perceber que o acertei em cheio, pois ouço um gemido dele. Ótimo, isso é um bom sinal. Tento um soco, mas não consigo sucesso, ele desvia devolvendo um soco em meu estomago. A dor é suportável e uso para incentiva minhas próximas ações. Começo a socá-lo sem dar chances de responder, quanto mais eu avanço mais ele recua. Os socos vão um atrás dos outros, eu nem sinto mais minhas próprias mãos, Oliver apenas se defende e observa a mim, provavelmente tentando descobrir como sair dessa ou apenas está me deixando fazer isso para que eu me cansasse. Algo que ele não pensou é que estamos lutando em um lugar aberto e alto, com cada recuada que ele faz, mais perto ficou da ponta e, sem percebemos, nós já estamos na ponta. 

Ele recua novamente e cai. 

Bem, não exatamente, eu o seguro. 

— Segure firme. – grito preocupada. Se ele soltasse a queda poderia matá-lo. 

Uso toda a força que me resta do corpo e o puxo para cima de volta. Eu me esgotei, não tenho mais forças e por isso não consigo me desviar bem o suficiente para evitar ser jogada no chão. Minhas costas provavelmente ficarão com um vermelho. Novamente, Oliver fica em cima de mim, só que dessa vez, opinou por dar vários socos em meu estomago. Meu cérebro não consegue pensar em nada, não consegue pensar em uma maneira de sair, mesmo com ele gritando para eu tentar qualquer coisa. Eu posso pegar a pistola na minha cintura e atirar, mas o sedativo é forte e irá derrubá-lo, com isso eu teria que levar seu corpo comigo, senão iria entregar um vigilante de graça para os bandidos de Blue. Sinto que estou prestes a desmaiar, minha visão já começa a ficar desfocada, eu irei perder essa luta e ser descoberta. Não, eu não posso me render. Peguei a pistola da minha cintura e aponto em sua cabeça, os socos pararam e meu estomago agradece.   

— Saia! - mando e sinalizo com a arma para que ele ande rápido. Tento me levantar ainda com a arma apontada em sua direção e sinto uma terrível dor. Não sei se aguento lutar ainda mais.  

— Quem é você? - rosna para mim. -  Por que está na cidade? - ele tenta se aproxima, mas recua ao ver que minhas mãos apertaram a pistola.  

— Não somos... suas inimigas. - digo entre uma respiração e outra.  

Som de vozes conversando faz com que nós dois parássemos de nos encarar. As vozes vêm de baixo e do prédio vizinho. A reunião provavelmente se encerrou. 

— C-ara. – disse Roy surgindo e caindo no chão. 

Eu tinha me esquecido dele e Sweet, ambos estavam lutando e pelo que parece, Sweet levou a melhor. Roy está com alguns cortes no braço e a barriga sangrando. Espera, o quê? Não acredito que ela tinha ido tão baixo a ponto de feri-lo, eu precisarei conversa com ela mais tarde, caminho em sua direção para poder cuidar de seus machucados, contudo paro de andar ao perceber o que eu estou fazendo. Eu não posso ajudá-lo, sempre considerei Roy como um irmão mais novo e minhas responsabilidades são cuidar dos seus ferimentos, mas não agora. Mudo minha direção e vou até Sweet para conferir como está seu estado e como eu havia pensado, seu estado ela está bem melhor comparada ao de Roy. 

Quando me viro para encarar Oliver, percebo que não está mais aqui e nem Roy. Ambos sumiram novamente nesta escuridão. 

Com isso, nós fomos para o apartamento de Sweet para conversarmos sobre as informações que tínhamos conseguido e fazer curativo nos poucos machucados que obtemos. Entretanto, não demorou muito para receber uma ligação do pessoal pedindo para que eu me encontre com eles no esconderijo. Mas antes de ir, finalizo de ajudar Sweet em alguns de seus ferimentos. 

— Você está muito mais melhor do que a mim. - diz ela enquanto termino de enfaixar seu braço. Apesar dela saber todo o procedimento, insisti em ajudá-la, para garantir que esteja bem, para minha mente não se preocupar tanto.  

— Mas a senhorita está muito melhor do que Roy. Você o machucou muito! Se houver uma luta outra vez, tente não machucá-los! - peço com um pouco de irritação. Contudo, minha exasperação se torna diversão para minha amiga.  

— Sinto muito, mas não dá para lutar sem sair com algumas feridas. Além do mais, ele tem muito o que aprender. Você bem que podia ensiná-lo. - provoca ela. Para tirar o sorriso de seu rosto, aperto um pouco sua ferida, apenas para que faça sentir uma mínima dor e vejo seus lábios se fecharem.  

— Nós duas sabemos muito bem que eu não posso deixar ninguém saber sobre as minhas habilidades de luta. - afirmo e ela revira os olhos.  

— Desde o início você devia ter contado. Nós duas sabemos que você luta tão bem quanto eles. Ouso dizer que até melhor.  

— O que está querendo de mim? - dou uma risada e vejo ela fingir uma falsa cara de quem se sentiu ofendida. - Nunca me elogia. - explico.  

— É porque eu sempre prefiro irritá-la. - friso a testa. Por que diabos todos gostam de me ver irritada? Até Oliver gosta de me ver deste jeito.  

Termino de ajudá-la e troco minhas roupas. Antes de sair,  Sweet me alerta novamente para que eu acoberte qualquer coisa, caso eles tenham conseguido alguma informação nossa. Nós duas concordamos em se encontrar amanhã à tarde, enquanto isso, ela verá mais alguns detalhes sobre seu casamento e tentará buscar possíveis lugares que Blue poder criar seu ninho novamente. Sorri em saber que apesar de tudo isso, ela tem tempo para pensar no seu futuro que será juntamente com o amor da sua vida. 

Ultimamente meus únicos pensamentos estão sendo consumidos por culpa. Eu realmente não quero ter que mentir para as pessoas que confiam em mim os seus segredos e que continuam confiando. Quando decidi fazer pare do Time, precisei omitir e esconder sobre minhas outras habilidades. Opinei em ficar apenas atrás das máquinas e ajudar o quanto der, sem me envolver fisicamente, nunca fora necessário. Há o outro fato, não quero que saibam as coisas que fiz, eu tenho noção de que todos eles fizeram coisas ruins, mas para mim, falar de todas as escolhas e ações ruins que fiz, é me mostrar por completa, permiti-los ver o quanto minha alma está podre. O quanto sou uma falha. Sou gananciosa, não quero que eles saibam de mim, pois sei que quando soubessem, me olhariam diferente, com repugnância. No entanto, pego me perguntando se vale realmente a pena – pois estou mentindo para todos eles enquanto eles confiam suas vidas a mim. A minha pessoa é indigna de tamanha confiança.  

— Elas de novo? – pergunto entrando na arque e  avisto Diggle limpar os ferimentos de Roy. Caminho até os dois e começo ajudá-los nos ferimentos.  

— Sim. - responde Roy a contra gosto. - Eu sou tão estupido, aquela mulher lutou comigo como se eu não fosse nada.  

— Ei, relaxe. Você ainda está aprendendo. - digo pegando em sua mão. - Além do mais, se ela te fez parecer que você não é nada, eu a contrário. Você é o Arsenal! - tento animá-lo. - Não podemos nos esquecer que chutou a bunda de vários ladrões! 

— Obrigado, Felicity. - vejo um pequeno sorriso aparecer em seu rosto. - Mas podemos ver que há muitas coisas para eu melhorar. - concordo. 

— Aposto que ficará tão bom quanto aquelazinha! -  pisco para ele.  

—Pode deixar, Felicity. Eu termino aqui. - declara Diggle rindo. Apenas assinto e vou até o resto do pessoal que está olhando os computadores.  

— O que estão vendo? - questiono à Laurel.  

— A gravação que conseguimos da luta de Oliver com a vigilante. - afirma ela e tento não arregalar os olhos.  

Não acredito que havia deixado de me lembrar que Oliver e eu instalamos câmeras nos Glades, é para não perdemos nenhum movimento da cidade. Então foi por isso que eles conseguiram encontrar a mim e Sweet. Fui traída pela minha própria tecnologia. 

A câmera não estava perto, mas, ainda dava para me ver lutando contra ele. Posso perceber que eu não estava lutando nada bem, não sei como ele não tinha acabado comigo nos primeiros cinco minutos. No entanto, percebo outra coisa, no canto do vídeo dá para se ver alguém. Trato de dar um zoom e tento reconhecer quem é. Para os outros, eles não saberão quem é este homem, mas eu conheço a pessoa bem o suficiente, é Blue, mesmo com a falta de iluminação, eu posso reconhecê-lo muito bem, ele estava nos assistindo lutar. Isto significa que ele sabe que eu e Sweet estamos na cidade. Eu preciso avisá-la, eu preciso sair daqui. 

— Felicity, tem como conseguir identificar a pessoa? – Sara pergunta me fazendo sair dos meus pensamentos. 

— Não, a imagem não está boa e nem visível. – tento soar calma, não posso entregar que eu já sei quem é o homem na gravação. 

— Droga! – reclama Oliver batendo na mesa com raiva. Quando seu momento de raiva se acaba, ele se vira e na luz posso ver o estrago que consegui fazer em seu belo rosto, eu realmente bati bem nele. – Não consegui pegá-las, Felicity. Estava tão perto de pegar uma e... Simplesmente não peguei. 

Eu sei que ele iria dizer que não prendeu porque preciso tirar Roy da luta, mas iria soar como se fosse culpa de Roy e não tinha necessidade disso, todos nós sabemos que Oliver nunca foi de culpar alguém, somos um time, se um falha, os outros falham juntos. A culpa é de todos ou de nenhum, é assim que nós funcionamos. 

— Não é sua culpa, Ollie. - declara Laurel tentando acalmá-lo. - Aquelas mulheres lutam realmente bem, as técnicas delas são boas.  

— Isso não há como eu contrariar. - declara pensativo. - No entanto, a mulher com quem lutei estava se segurando e mesmo assim quase me derrotou. - senti uma pontada de orgulho. Eles estão elogiando a mim e Sweet, mesmo não sabendo que somos nós. Pelo visto anos de práticas realmente levam a perfeição.  

Decido me sentar na cadeira mais próxima de mim, meus pés não estão aguentando. Dessa vez eu nem vim com salto alto, não consigo nem pensar em usar um. As minhas costas estão ardendo e creio que continuará assim por pelo menos dois dias, precisei usar um vestido com gola alta, caso o contrário iria dar para ver os vermelhos no pescoço, meus braços sofreram uns arranhões, então opinei usar um sobretudo, mesmo não estando frio. 

— O bom é que vocês dois estão bem, isso é o que realmente importa. – disse sincera. – Há mais alguma coisa para mim poder ajudar? - preciso saber se eles conseguiram alguma outra informação.  

— Na realidade, não. Chamei você caso o ferimento de Roy estivesse profundo e para ver se conseguia algo a mais além do que conseguimos.  – a maneira como ele fala, diz que esta chateado. Eu realmente quero poder dar a ele alguma informação, mas, melhor não. 

— Espero que amanhã tenhamos mais sorte, tentarei melhorar a imagem e quem sabe eu consiga alguma dica? - disse tentando animá-lo, porém não tenho nenhuma reação diferente, ele apenas concorda com a cabeça. – Como não tenho muita coisa para fazer aqui, vou voltar para o meu apartamento. 

— Eu acompanho você.  – Oliver fala enquanto pega suas coisas. 

— Por quê? – pergunto franzindo o cenho. 

— Por que não? – responde com outra pergunta. 

Eu não tenho uma resposta para aquilo, nenhuma resposta construtiva para evitar que ele venha comigo, mas, não faz sentido ele querer me acompanhar... Será que ele descobriu algo e quer me pegar sozinha para fazer seu próprio questionamento? Não, de jeito algum. Eu conheço Oliver o suficiente para saber quando começa agir estranho ou diferente. Quando age estranho, significa que descobriu algo importante. Quando age diferente, significa que quer expressar seus pensamentos. Ele está agindo diferente, então, provavelmente quer me contar algo. 

Deixei que ele dirigisse meu carro, não estava a fim de me preocupar com os semáforos e ele sempre dirige rápido. 

— Felicity, eu queria conversar. – declara saindo do carro. 

— Estava demorando. – murmuro mais para mim mesma do que para ele. 

— Vou acompanha-la até o apartamento. – apenas concordo com a cabeça. – Hoje precisei lutar com duas mulheres que nunca apareceram. Pensei e cheguei a uma conclusão. – fala evasivo. 

— Que conclusão, Oliver? – pergunto tentando não demonstrar o quanto estou nervosa com o que acabará de me falar. 

— Diga-me, você conhece realmente bem a Srta. Wayne? – o olho surpresa. 

— É claro que conheço. Não estou entendendo seu ponto. – desvio meus olhos dos seus, não consigo mentir olhando neles. 

— Comecei a reparar nos portes físicos delas, Felicity. Ambas loiras, altas, estrutura corporal em forma, entretanto, reparei uma diferença nelas, os olhos. A mulher que lutei tinha seus olhos azuis e a mulher que Roy enfrentou tinha os olhos castanho claro. Adivinhe em quem lembrei que bate com essas características? 

Eu sei que Oliver não é burro, mas, ele está prestes a descobrir uma de nós apenas por suposições, apenas por observar. É por isso que na maior parte em que lutamos, ele sempre estava observando, tentando memorizar nossas afeições. Ele tinha acabado de descrever a mim, mas nunca em sua cabeça passaria que eu, Felicity Smoak, seria um grande desafio para ele, porém ele não hesita em pensar que Sweet Pea pode ser a mulher de olhos castanhos.  

Eu preciso matar essa suposição. 

— Oliver, não tem como ser ela. Sei disso porque quando ela não está cuidando dos detalhes do casamento, ela está cuidando de seu noivo, duvido que arranje um tempo para lutar contra você. – tento soar o mais convicta possível, meu ponto de vista possui lógica, mas não é um dos melhores. 

— Eu não sei. É coincidência demais, entende? Ela chegou à cidade e na mesma noite duas vigilantes apareceram... – não o deixo que termine sua linha de raciocino. 

— Não é ela! – afirmo com mais veemência. – Eu estive com ela o dia inteiro e estava na casa dela antes de ir para o esconderijo. Precisa de mais provas? – reviro os olhos para ele, para parecer que estou irritada por não acreditar em minha palavra.  

— Está bem, está bem. Confio em você, não irei mais pensar nisto.  

Eu não mereço essa confiança, mas não penso em dizer o contrário, colocamos fim ao assunto quando cheguei na frente da minha porta. Nos despedimos casualmente e suspiro aliviada em saber que ele não tinha descoberto nada, eram apenas suposições que não iriam para frente, entretanto eu preciso conversar com Sweet Pea, precisamos arranjar uma maneira de tirá-la da reta, para que não haja mais nenhuma outra teoria, mas por agora não irei fazer nada a não ser descansar o corpo. Eu mereço um descanso. 

Só que o universo decide que ainda não está na hora de descansar. 

Digo isso porque no momento em que abro a porta do meu apartamento, avisto Blue sentado e meu coração congela.

 

 


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