O Passado Sempre Volta escrita por yElisapl


Capítulo 41
Capítulo 40: Ultimas Badaladas do Sino.


Notas iniciais do capítulo

E aqui estamos nós no último capítulo da história! Preparem os corações.



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Mal sabe você que eu
Eu vou te amar até que o sol morra

Um ano atrás:  

Antes de ir para a mansão Wayne, eu peço para Selina e Bruce me deixarem resolver algumas coisas. Para minha surpresa, nenhum deles me questionou nada. Achei estranho, mas não dei atenção a isto, pois outras coisas precisavam de mim.  

Com isso, retornei até a casa onde fui treinada durante um ano. Voltei para o único lugar que acredito que Arkady esteja. E o meu palpite funciona perfeitamente.  O encontro na sala, bebendo uma taça de vinho e sentado na poltrona.  

— Estava te esperando, Felicity – Ele declara assim que me vê.  – Diga-me, qual é a sensação de realizar sua vingança? Vazio? Culpa? Felicidade? 

— Eu não a fiz. Bem, não completamente – respondo e o vejo frisar o cenho. – Eu decidi prender Blue Jones em vez de matá-lo – explico. – Eu só vim aqui para devolver seus instrumentos e agradecer, pois de alguma forma, você me ajudou - retiro a bolsa que contém diversos objetos cortantes que está pendurada em meu ombro e jogo no chão, na frente de Arkady.  

— Não tanto quanto você, minha querida – o vejo abrir um sorriso afiado.  

— O que quer dizer com isso? 

— Estou me referindo à lista que fiz - seu sorriso aumenta ainda mais. – Por quê? 

— O modo como falou deu a entender que havia mais coisa por trás disso.  

— Talvez sim, talvez não. Mas quem se importa? Você não conseguiu completar sua vingança. Você pode ter matado vários, porém, está longe de ser uma assassina profissional.  E isto significa que estive o tempo todo certo sobre você. Nunca se transformará em uma pessoa fria e sem emoção.  

— E daí? Qual diferença faz para você se eu tiver sentimentos ou não?  - Pergunto, cruzando os braços.  

— Nenhuma. Só estou satisfeito por eu estar certo. Como sempre estive. Não gosto de errar em minhas suposições.   

— Tanto faz – dou de ombros. – Já estou indo. Nós dois conseguimos o queríamos um do outro. E espero que nossa negociação seja mantida em segredo.   

— Sim, sim, isto é claro – Arkady se levanta da poltrona. – Mas espere, Felicity  -pede a mim e o vejo se inclinar para pegar algo que está na mesa. – Para sua sorte, eu me afeiçoei a você. Uma coisa que acontece raramente. Então, isto é seu – ele me entrega uma coisa grande e embrulhada.  

Pego o objeto e a desembrulho. Fico surpreendida com o que tenho em minhas mãos. Uma espada belíssima e no cabo dela está escrito uma palavra. Faqat.  

— Que língua é esta?  - Questiono me referindo à palavra.  

— Árabe. A língua natal de minha família – ele explica. – Quer saber o que está escrito em sua espada? – Concordo, pois não esperava isto. – Única.  

— Única? – Franzo a sobrancelha, não entendendo.  

— Você é a única pessoa que treinei. E, por mais que não tenha se transformado em uma assassina profissional, você continua sendo uma pessoa diferente, difícil de encontrar. Por isto nomeie a espada assim.  

— Se eu não te conhecesse, Arkady Duvall, diria que gosta de mim. Mas, uma pessoa como você nunca poderia se permitir gostar de alguém. Sentimentos não são para você.  

— Exatamente, minha cara – ele torna a abrir o seu sorriso afiado. – Agora vá e espero que nunca mais nos vejamos. 

— Digo o mesmo para você – o olho pela última vez. 

Por fim, começo a me retirar, levando comigo a espada.  

Assim que estou fora da casa, entro em meu carro e me dirijo para o local onde Hera e Arlequina estão ficando. Afinal, eu ainda devo a elas uma rodada de bebida.  

Quando encontro com as duas, conto todas as histórias que tive e elas também dividem suas diversas aventuras. Todas nós bebemos muito, mas ninguém ficou bêbada. O que foi triste, pois adoraria ver Hera bêbada, pois esta deve ser muito engraçada, diferente do habitual que sempre mantém o humor ácido.  

Após o fim da bebedeira, me despedi das meninas. Sem saber se voltaríamos a nos ver novamente. Por mais que gostasse delas, nós não fomos feitas para seguirmos caminhos juntos, pois temos uma visão de mundo totalmente diferente.  

Então, assim que terminei de me despedir delas, fui direto para a mansão Wayne. O sol já havia nascido e neste horário é para Bruce e Selina estarem acordados. 

Quando chego na mansão, sou recepcionada por Alfred que sorri ao me ver e depois me diz que Bruce havia saído para resolver umas coisas em sua empresa, já Selina estava tomando seu café da manhã. 

Caminhei até a cozinha, me questionando por diversas coisas. Como por exemplo, o que faria a partir de agora? Realmente arrumaria um emprego? Tentaria ter um próprio apartamento? Faria uma faculdade, mesmo não sendo necessário? O que as pessoas fazem quando não estão à procura de vingança?  

— Selina! - A chamo no exato momento que a vejo. Seus olhos que até então encaravam o nada, focam-se em mim. 

— Babydoll – ela fala, sem ânimo. - Conseguiu resolver suas coisas? 

— Sim – respondo, ficando em sua frente e estranhando o tom de voz dela. - Aconteceu alguma coisa?  

— Eu não sei... Acho que sim. O fato de você mentir para mim durante um ano inteiro conta como alguma coisa? - Pergunta, com o seu semblante se transformando em raiva.  

— Me desculpe, Selina - peço, realmente sentindo-me culpada. - Mas precisa me entender. Eu nunca poderia deixar que Blue saísse dessa livre.  

— É você quem não entende, Babydoll – ela se levanta de sua cadeira, parando de beber seu café. — Eu não me importo com o fato de você ter ido atrás de Blue. Eu me importo com as mentiras que inventou e com o segredo que guardou de mim.  

— Mas seu eu tivesse te contado, você iria tentar me parar. Você tentou fazer isso enquanto estive aquele tempo aqui. 

— Está errada – declara, apoiando suas mãos na mesa e seus olhos olhando friamente para mim. - Eu tentava te mostrar esperança, tentava te mostrar que havia um jeito de viver com tudo o que passamos. Porque você havia me dado essas coisas. Mas, é claro que depois eu perceberia que a única maneira de ajudá-la seria encontrando Blue. E eu a ajudaria. Porque nós duas ajudávamos uma a outra. Porque tínhamos confiança.  

— A gente ainda tem! - Afirmo, sentindo desespero com o rumo que esta conversa pode nos dar. - Nossa relação não mudou.  

— Não, Babydoll – ela nega e então percebo que está falando comigo como no começo, quando éramos desconhecidas. - Eu não sei mais quem você é e por isso, não confio mais em você.  

— Sweet Pea, pare com isto! - Peço com a voz tremula. - Sei que menti e guardei segredo, mas continuo sendo a mesma!  

A escuto dar uma risada áspera.  

— Não, você não é - ela balança a cabeça negativamente. - Quando me ligou, pensei que iria dizer que viria nos visitar. E eu estava louca para dizê-la sobre uma coisa importante, mas não pude, porque você apenas ligou para me contar que iria matar Blue Jones.  

— Eu realmente sinto muito – tento colocar a minha mão em cima da dela, mas ela retira assim que coloco. - O que era de importante que queria me contar? - Inquiro, tentando evitar que nossa conversa acabe.  

— Bruce me pediu em casamento – ela responde, sem expressão nenhuma. - Era para eu contar isto para você com uma animação no rosto. Mas, neste momento, não consigo dividir minha felicidade com você. 

— O que quer que eu faça, Sweet Pea? - Pergunto desesperada. - Diga-me o que fazer e eu faço. Farei de tudo para recuperar sua confiança e para provar que sou a mesma Felicity Smoak.  

— Não há nada que possa fazer. Eu estou brava e me sinto traída. Então, por favor, apenas me deixe sozinha. Só preciso de tempo, quem sabe assim eu consiga a perdoá-la. Mas, neste momento, nada do que fizer me fará ceder.  

— Certo. Você está pedindo espaço e eu darei – concordo, mas com vontade nenhuma de concordar com ela.  

Queria abraçá-la e mantê-la no abraço até que falasse que nós duas iríamos ficar bem. No entanto, não posso forçá-la. Eu errei e menti. Não há desculpas no mundo que faça a situação ser diferente do que é. Nunca deveria ter guardado segredo, pois isto tem o poder de destruir uma relação.   

— Pretende ficar em Gotham? - Sweet Pea pergunta, me fazendo parar. Estava andando para fora da cozinha.  

— Não - respondo sincera. - Eu preciso de um recomeço. De um lugar novo, no qual posso ser melhor do que nunca fui. Onde seja apenas Felicity Smoak, sem Babydoll e meu passado. Apenas bondade.  

— Espero que encontre este lugar.  

— E eu espero que possa me perdoar um algum dia – a olho por alguns segundos. E depois disso, viro-me de costas. - Diga para Bruce que estou feliz por vocês dois e que sentirei saudades – ela não diz nada, mas sei que me escutou.  

Sem mais motivos, parto.  

Entro no carro que roubei há muito tempo e verifico se minhas coisas estão nele. Diversas peças de roubas, alguns eletrônicos, minha espada e muito dinheiro – este último item fora Alfred que me dera antes de eu sair da mansão.  

Sento-me no banco de motorista e olho para o volante.  

Para onde irei?  

Decido ligar a o carro, no entanto, a chave não está no contato. A procuro e quando encontro, percebo que a deixei em cima de um jornal que havia pego no apartamento de Hera e Arlequina. Havia pegado para ver as notícias do mundo, no entanto, não havia notado na primeira manchete que está na capa.  

Um homem de capuz verde está enfrentando vilões em Starling City.  

Decido ler a manchete e percebo que nesta cidade há um vigilante semelhante a Batman. Só que usa métodos diferentes como um arco.  

Passo a folha para o lado para ver se há mais alguma coisa sobre o vigilante, no entanto, há uma outra informação que mesmo não sendo dele, atiça minha curiosidade. Nesta noticia a uma imagem grande de um homem loiro, com os olhos azuis e barba feita. Embaixo desta foto, há um nome: Oliver Queen.  

E depois do nome, tem o conteúdo da matéria: O milionário Queen que havia sido dado como morto retorna para casa. Leio-a atentamente. Cinco anos este tal de Oliver passara na ilha. 

No entanto, não dou a mínima para o período que passou desaparecido. A única coisa que acho interessante é que no mesmo tempo em que ele volta, um vigilante surge.  

Isto não é coincidência.  

E sinto em meu coração que este é o único lugar para qual devo ir. Starling City.  

Atualmente:  

Com a morte de Blue Jones, os assassinos da Liga pararam de lutar e se retiraram no mesmo momento. E eu senti que podia fazer igual a eles. A minha luta acabou. Eu venci. Eu estou livre como tanto desejei.  

— Todo mundo está bem? - Pergunto assim que me aproximo de todos.  

— Preciso de curativos – Roy declara e o vejo pressionar sua barriga para estancar o sangramento. - Fui acertado.  

— Somos dois – Diggle retira uma faca da perna.  

— Três agora – Rocket acrescenta e sua mão está em seu ombro, pressionando o ferimento.  

— Seus amigos são bem mole, Felicity – escuto Hera comentar e eu reviro os olhos com o seu comentário nada carinhoso.  

— As coisas não são tão fáceis para pessoas que não possuem poder igual a você, Hera – respondo-a. - E obrigada por ajudar.  

— Sempre que precisar, pequenina! - Arlequina declara, fazendo um sinal de continência para mim. - Mas agora que a festa acabou, nós vamos indo, afinal, o Morcego está aqui e ele pode muito bem nos prender.  

— Hoje meu problema não é com vocês - Bruce diz, caminhando até Selina. - Mas é melhor irem, não me esqueci das coisas que aprontam em minha cidade.  

— Até uma próxima diversão, pequenina! - Arlequina vem até mim e me beija na bochecha. - E eu achei aquele cara de capuz um gato! Seu namorado? Espero que sim e por favor, não o deixe escapar – ela sussurra para mim. 

— Nem precisa pedir – respondo, contendo-me para não rir. - Se cuide. E você também Hera – falo para a ruiva que assente.  

Nos despedimos e as duas caminham para longe. Muito provável irão roubar um carro, já que as duas explodiram o que estavam dirigindo e depois irão para Gotham.  

— Temos que ir, Felicity – Oliver diz e eu concordo.  

— Nem vou perguntar de onde você conheceu aquelas duas malucas – Roy comenta, rindo e em seguida se arrependendo, pois força a barriga.  

— Eu ficarei por aqui – Sara comenta. - Para soltar os policiais e ver meu pai.  

— Sendo assim, eu fico também - Laurel se inclui. - Sammy provavelmente ficará triste por nós termos pego a missão dele. Você consegue dar a ele outra coisa para fazer, certo, Felicity? - Ela pergunta e eu anuo.  

Com isso, nós fomos embora. Todos direto para arque. E no momento que chegamos, pedi para Sammy ajudar nos curativos das pessoas, pois ele seria o nosso auxiliar médico. O garoto não ficou triste por ter recebido uma outra responsabilidade.  

Após fazermos os curativos, Thea surgiu magicamente com uma bebida. Especificamente um vinho. E deu o copo para todos. 

— O que é isso? - Pergunto curiosa.  

— Achei que seria bom comemorarmos pela vitória - ela dá de ombros e ri.  

— Achei esta ideia excelente – Oliver levanta o seu copo que já está com o líquido. - Proponho também um brinde para Felicity. 

— Para mim? Por quê? - Fico surpresa.  

— Por nunca desistir de lutar – ele beija a minha bochecha e depois volta sua atenção ao pessoal. - Um brinde para Felicity. 

— A Felicity! - Todos falam em uníssono.  

E por um segundo, sinto-me tímida.  

— E agora, o que pretende fazer com sua liberdade? - Selina pergunta para mim, curiosa. 

— Pretendo dormir. E muito! - Respondo sincera e isso faz com que rissem.  

Nós continuamos essa pequena comemoração por mais algumas horas. Conversamos sobre tudo, como a esperança de um futuro melhor para todo mundo e sobre continuarmos lutando por justiça.  

No entanto, todo mundo se cansou rapidamente, afinal, fora um dia agitado. Começou com o fato de eu estar possivelmente louca e terminou com a morte de Blue Jones.  

As coisas nunca acontecem como se esperam.  

E então, cada um foi para seu canto descansar. Roy e Thea ficaram na arque, juntamente com Diggle. Selina e Bruce foram para sua casa alugada. Sara e Laurel decidiram finalizar a noite na casa de seu pai. E por fim, eu, Oliver e Sammy fomos à mansão Queen.  

No momento em que chegamos na casa, o pequeno príncipe já estava dormindo. Nós o colocamos em seu quarto e em seguida, Oliver e eu caímos em nossa cama.  

Depois de tudo, os dias passaram rápidos. Novas mudanças começaram a ser feitas. De primeira, eu e Oliver ajudamos Sammy a enfeitar o próprio quarto, colocando os brinquedos de Batman e o papel de parede do Arqueiro-Verde e o levamos para escola finalmente (o pequeno vive dizendo que está ansioso para provar sua inteligência e virar milionário como Oliver). Depois de resolvermos as coisas com ele, cuidamos da empresa Queen que voltou ao sucesso que sempre fora - sem contar que ajudou diversas mulheres. E eu me mantive ocupada ao finalizar a construção da minha própria empresa em minha cidade natal.  

O departamento de polícia também melhorou em relação e os crimes diminuíram. Tudo estava seguindo em frente e as coisas melhorando. Cada pessoa do time teve seu próprio progresso pessoal, como exemplo, o negócio de dança de Thea arrumou mais clientela, Roy passou de ajudante para atendente, Diggle, além de ser segurança de Oliver também é segurança da empresa. Sara entrou para a polícia – um dos motivos pelo qual o crime diminuiu. Já Laurel continuou advogando e lutando pelos diretos de pessoa incriminada injustamente e contra pessoas que sofrem de opressão da sociedade.  

No entanto, todos estavam ansiosos para o grande dia. Para o casamento de Bruce Wayne e Selina Kayle. E após tanta espera, ambos arranjaram um dia perfeito. Assim que soube desta noticia, peguei a minha mala que continha algumas coisas e só joguei mais algumas roupas para usar.  

Para minha felicidade, Selina decidiu convidar todo mundo que participa do time Arrow. E então, todos nós fomos em uma van juntos para Gotham City e alugamos uma casa enorme para que todos divisíssimos. É praticamente como uma viagem em família.  

Assim que chegamos na casa, fui direto para o quarto que dividirá eu e Oliver e comecei a retirar as coisas de minha mala. Afinal, ficaremos cinco dias na cidade, dois comemorando o casamento e os outros três aproveitando as coisas boas que a cidade pode nos oferecer como entretenimento, apenas para manter os laços de amizade unidos. 

No entanto, ao terminar de tirar tudo da minha mala, noto que há uma carta. A pego e vejo que é a carta que minha mãe havia me escrito e que Sammy havia me entregado, mas naquele momento, não estava pronta para ler o que minha mãe queria falar e por isso guardei no fundo de minha mala.  

Respiro fundo. Acredito que agora eu esteja preparada para o que estiver escrito nesta carta. Sei que aguentarei ler as palavras de uma mulher que não está mais viva.  

‘’Minha Felicity, eu programei para que esta carta seja entregue apenas quando tivesse seus vinte e seis anos. Uma idade que achei suficiente para o que tenho que te contar caso eu não tenha lhe dito, caso eu esteja morta. 

Não posso me limitar às palavras, tenho que ser direta e provavelmente dura com você. Porque deve ter aprendido com a vida que a verdade é algo dolorido. Se eu estiver certa, você passou por muitas coisas das quais tentei te proteger. Mas sou humana e sendo assim, também sou falha.  

De início, lamento por dizê-la através de palavras, mas não posso esconder de você a vida inteira. Infelizmente, Felicity, eu não a gerei como filha. Mesmo que considere você como minha, não sou sua mãe biológica e nem seu pai é’’.  

Pauso a leitura por um momento, sentindo o impacto dessas palavras. Então, este tempo todo, Kurt, o monstro que matou minha mãe e minha irmã, realmente dizia a verdade sobre não ser meu pai. Por isso não tinha remorso em fazer nada comigo.  

‘’A segunda coisa que devo lhe dizer é que eu e seu pai mentimos para você. Nós não éramos pessoas normais. Nós trabalhávamos para o governo. E ambos fomos designados a cuidar de você (pois como éramos um casal de agentes que trabalhavam juntos, acharam mais fácil para criar uma criança e fazê-la acreditar que era nossa).  

Os nossos chefes não explicaram muita coisa, só disseram que você havia sido deixada por uma mulher - a qual nunca encontramos – e com o seu verdadeiro nome. Nossa tarefa até então parecia ser fácil, apenas precisávamos criar você e mantê-la segura seja de quem estivesse atrás de você. 

Fizemos isto por um grande tempo e fora fácil, realmente a tratamos como nossa filha. E após anos, achamos que não havia perigo em relação a você, sendo assim, eu e seu pai decidimos ter Diana. Tudo estava bem. Continuamos com nossos trabalhos do governo e com a sua guarda. Éramos uma família.  

Até que em uma noite, quando você tinha dezesseis anos, um homem invadiu nossa casa e entrou em seu quarto. Seu pai conseguiu impedi-lo de fazer qualquer coisa que fosse. No entanto, as invasões não pararam por aí, com isso, enviaram mais agentes para mantê-la segura, mas não era suficiente, diversos agentes morreram e nossos chefes continuavam sem nada dizer sobre sua origem, sobre o porquê de quererem você.  

Aguentamos isto por um ano, mas Kurt estava enlouquecendo, com medo do que pudesse acontecer com Diana por manter você a salvo. Portanto, quando um homem invadiu nossa casa, Kurt conversou com ele. Perguntou de tudo, sobre a razão de quererem levá-la e este homem ofereceu uma proposta a seu pai. Disse que se levassem você ao hospício de Gotham City e a deixassem lá, o restante de nós seríamos poupados e até mesmo recompensados.  

Faz apenas alguns dias que este homem ofereceu o acordo. E Kurt anda agindo como um louco, mas não posso denunciá-lo para o governo, pois não tenho provas e quero tentar convencê-lo de que não é certo fazer isto com você.  

No entanto, caso eu não consiga, caso eu morra, quero que saiba sua origem, pois não sei o que acontecerá com você se for para o hospício de Gotham. Não sei se esses homens pararão de ir atrás de você e preciso garantir que alguém saia vivo desta situação’’.  

Sinto-me como se estivesse revivendo o passado. Como se ouvisse a minha própria mãe contando esta história. Respiro profundamente e decido terminar esta carta.  

‘’Seu nome é realmente Felicity Smoak, este nome fora dado pela sua mãe - a mulher que nunca conseguimos localizá-la e que provavelmente foi morta pelo seu pai ter fugido com você e tirado dele. Nunca soubemos quem era a sua mãe, mas descobrimos o nome de seu pai e o porquê de irem atrás de você.  

Seu pai se chama Ra’s Al Ghul, ele é líder de uma Liga de Assassinos. E o motivo de irem atrás de você é porque querem a transformar em uma assassina profissional, mas para isso, precisam quebrar o seu espírito, destruir seus sonhos e esperanças. Por isto querem levá-la para o hospício. Nele há um homem que fará com que você perca a si mesma, sendo fácil transformá-la em um monstro. E assim que ele conseguir, levará para seu pai. 

Esta é a sua origem, Felicity. No entanto, não é quem você é. E eu espero que as informações que te dei possam ajudá-la em algo ou mostrar algo. Só peço que se mantenha segura e nunca se permita perder a esperança.  

Eu espero poder dizer essas coisas pessoalmente e com Kurt ao meu lado, assim, saberei que consegui protegê-la e que mantive nossa família unida. No entanto, se eu falhar, saiba que nada disto é sua culpa. Eu escolhi ficar com você, pois sabia que você merecia amor, carinho e uma família. Saiba que te amarei sempre e mesmo não a gerando, você é minha filha. Você é minha felicidade’’.  

A carta chega ao fim e eu vejo as lágrimas caírem em cima dela.  

De repente, todas as peças do quebra-cabeça que eu descobria começaram a se juntar. O fato de meu pai ter mudado comigo e de sempre me culpar, o motivo de ter ido parar no hospício de Gotham City e também de Blue continuar me perseguindo implacavelmente.  

Era para Ra’s Al Ghul que Blue Jones estava me levando naquele dia. Era por isso que eu era chamada de objetivo e de um projeto. E por isso Blue tinha os assassinos consigo naquele dia. Para me levar. Para provar que havia conseguido.  

Decido rasgar a carta. Nada disso importa mais. Acabou. Blue Jones falhou. E eu não preciso mais me preocupar com isto. Se sou filha de Ra’s Al Ghul, ele tornará a vir atrás de mim, mas estarei preparada. Avisarei a Oliver e Selina, eles me ajudarão.  

Para a infelicidade de Blue, ele não conseguiu em quebrar, pode ter chegado perto, mas não conseguiu tirar a minha esperança e nem me transformar em um monstro. Muito pelo contrário, me colocou em um caminho na qual conheci pessoas maravilhosas. Eu não seria nada sem essas pessoas que estão em minha vida.  

Limpo o meu rosto e saio do quarto. Me encontro com Oliver conversando com o pessoal e assim que ele me avista, me pergunta o que havia acontecido, havia percebido que tinha chorado. No entanto, não contei a ele, pois naquele momento, Sweet Pea e Rocket entraram no local e me roubaram, dizendo que estava na hora de nos prepararmos para o casamento. O mesmo aconteceu com Oliver, Alfred veio pegá-lo para vestir o terno.  

Com isso, só veria Oliver no casamento. E para mim não tinha problemas, pois nada é mais importante do que o casamento de minha melhor amiga. Com este pensamento, esqueci de todas as informações que havia na carta.  

E como Sweet Pea e Rocket estão tão ansiosas pelo casamento, nem sequer perceberam que havia alguma coisa de diferente em mim. E isto me deixa aliviada.  

Sendo assim, estou agora sentada em uma cadeira, enquanto a maquiadora me prepara. Ao meu lado, está Selina e Maggie que também sendo maquiadas.  

— Não acredito que isto está realmente acontecendo! - Exclama empolgada. - Nossos pais ficariam orgulhosas de ver você casando com o bilionário Bruce Wayne! Quem diria? 

— Você falando desta forma parece que estou me casando com ele por causa de dinheiro – Selina ri. - E nossos pais pensariam o mesmo – sinto um leve tom de amargura na voz dela ao se referir nos seus pais que estão mortos.  

Pelo que sei da história, eles não eram boas pessoas. E foram mortos por policias, um tempo depois das meninas serem sequestradas. Os pais dela trabalhavam com tráfico de drogas – a única coisa que conseguiam fazer para manter suas filhas alimentadas e em troca, elas ajudavam a entregar os pedidos (fora por este o motivo de Maggie ter fugido) e como os pais delas estavam sem entregadoras, foram pegos no ato do tráfico e tentaram fugir e até mesmo lutar com os policiais e por isso acabaram mortos.  

— Que tal nós focarmos em algo mais importante, como por exemplo, você vai se casar hoje, nesta tarde! Depois passará a se chamar Selina Wayne! - Falo animada, me esforçando para que nada estrague este dia. Nenhuma memória antiga ou qualquer coisa pode estragar o nosso presente.  

— Por mim, eu e Bruce nos casaríamos em um cartório e em um lugar simples. No entanto, ele achou apropriado nós termos algo normal, como casar em uma igreja. Até parece que as pessoas fazem isso nos tempos de hoje – Selina fala debochada e a olho de soslaio e vejo que está sorrindo como boba. - Mas estou feliz do mesmo jeito.  

— É claro que está, mana – Maggie concorda rindo. - Você tem amor. O meu, o de Felicity e o de Bruce. Você merece e aproveite, pois é o seu dia!  

Subitamente, sinto uma mão tocar na minha e viro-me para encarar os olhos de Selina. 

— Quem diria que nós chegaríamos aqui, não é? - Ela pergunta com ternura. - Mas nós conseguimos. Graças a você e sua força de lutar.  

— Não conseguiria sozinha – aperto sua mão e sorrio. - Agora é melhor nós ficarmos paradas, caso o contrário, vamos dificuldade ainda mais o trabalho das maquiadoras.  

A vejo assentir e voltar a fechar os olhos. Faço o mesmo, para que assim eu não borre a maquiagem e que também o processo seja rápido.  

Depois de longas duas horas, as maquiagens ficaram prontas e com isso, colocamos nossos vestidos. A Rocket vestira o mesmo que eu e seu acompanhante será Alfred.  

Sem notarmos, o tempo passou rápido e com isso, o tão grande momento do casamento havia chegado. Só faltava Selina para estar pronta. Com isso, sai do quarto e a deixei com a irmã, pois Rocket não havia visto o vestido de noiva ainda e decido procurar por Oliver.  

Não demoro a encontrá-lo, ele está na porta, aguardando por mim (uma coisa que infelizmente Bruce não pode fazer) e assim que Oliver me vê, um sorriso enorme surge em seu rosto e seus olhos brilham. 

— Vou me casar agora e nem sei? - Ele pergunta orgulhoso. - Porque, Felicity, você está simplesmente fantástica.  

— Mas não chego aos pés da noiva, não quero roubar a atenção que será dado a ela – brinco e o beijo nos lábios, deixando uma leve marca de batom neles. - E você também está incrível, o meu maravilhoso deus-grego.  

— Deus-grego? - Ele levanta a sobrancelha, curioso.  

— Um apelido que dei a você em meu subconsciente sempre que o vi sem camisa – sorrio provocando e pisco para ele.  

— Eu amo você, Felicity Smoak! - O escuto afirmar e me puxar para um beijo intenso. - E um dia irei me casar com você, guarde minhas palavras – ele declara após nos separarmos e isto faz com que diversas borboletas surjam em meu estômago.  

— Eu acredito em você - envolvo nossas mãos um no outro. - E estarei ansiosa para o dia que isto acontecer. 

— Oliver e Felicity! - Ouvimos Sammy nos chamar. - Isto aqui está me apertando – ele se refere a gravata.  

— Eu ajudo você - falo, abaixando-me para arrumar. - Preparado para entregar as alianças? - Pergunto enquanto arrumo. Selina e Bruce chamaram Sam para ser o entregador dos anéis de casamento.  

— Preparadíssimos - ele abre um enorme sorriso.  

— Pessoal! - Rocket surge no cômodo. - A noiva está pronta! É melhor nós irmos!  

E com a declaração, uma belíssima noiva aparece em meu campo de visão. Selina está simplesmente fantástica. E seu cabelo, que ela havia deixado crescer no último ano, está curto, no tamanho do ombro e as cores dele voltaram para o preto.  

— Está perfeita, Sel – digo, sorrindo.  

— Eu sei – ela ri, debochadamente. - Agora é melhor irmos, já me atrasei o suficiente – sem dizer mais nada, nós saímos da casa e fomos em direção ao carro. 

De primeira, entra a mim, Oliver e Rocket na igreja. E todos nós ficamos no nosso posto como padrinhos.  

Após alguns minutinhos, a música da noiva começa e Selina entra na igreja. A expressão de Bruce fora simplesmente de apaixonado e ao mesmo tempo agradecido. 

Em um momento, enquanto Selina entrava, os meus olhos se encontraram com o de Oliver e eles diziam que um dia seria a gente.  

E então, Selina parou ao lado de Bruce e em seguida Sammy entrou, todo envergonhado, caminhando na direção dos noivos com a aliança.  

Ao chegar e entregar as alianças, o padre começa a cerimonia.  

Passei a maior parte do tempo emocionada e prestando atenção. Contudo, em um momento, minha intuição sente algo estranho, sente uma sensação de sermos observados por alguém ruim e com isso, meus olhos desviam do casal e olham para a parte de cima, onde não havia nenhuma pessoa. Ou ao menos, era para não haver.  

— E assim os declaro, marido e mulher – o padre declara. - Pode beijar a sua noiva – Bruce e Selina se beijam e meus olhos continuam focado na mulher de cabelo preto e com o olhar cheio de fúria. Ela me parece alguém familiar. Suas roupas estão iguais aos que trabalham na cozinha, mas há algo de errado nela.  

Por um momento, desvio o olhar e comento com Rocket:  

— Tem alguma coisa errada. 

— O que quer dizer com isso? - Ela pergunta e meus olhos voltam para onde a mulher deveria estar, porém, não está mais. - Felicity? O que foi? 

Procuro pelo olhar e encontro a tempo antes do acontecimento.  

— Ali! - Aponto para a mulher que está segurando uma sniper perfeitamente apontada para Selina. - SELINA! - Grito e no mesmo momento, o tiro é disparado.  

Eu consigo empurrar Selina para fora da mira, porém, sinto algo me atingir.  

— Felicity! - Diversos gritos se iniciam por causa do tiro. Subitamente, minha visão fica fraca e sinto uma pressão enorme em meu peito. - Felicity?! Por favor, fique comigo.  

— Está tudo bem, Selina... - afirmo, com a voz baixa. - Está tudo bem.  

— Não, fique comigo! Você me salvou... De novo.... Sempre arriscando sua vida por mim! - Ela toca sua mão em meu ferimento.  

— Eu disse que morreria por você, não é? - Pergunto abrindo um sorriso dolorido. - Que trocaria a minha vida pela sua facilmente.  

— Não, não, pare de dizer isso. Você ficará bem – ela chora e vejo sua maquiagem se desafazer. - Bruce está indo atrás de quem fez isso, apenas poupe folego.  

— Nós duas sabemos que não há chances de eu sair viva disto – falo e vejo que o vestido dela está se sujando de sangue. - O tiro foi certeiro, é questão de minutos para que eu morra. Então, deixe-me despedir de você e de Oliver corretamente.  

— Pare, por favor.  

— Eu amo você, Selina. É minha melhor amiga. Não deixe que este momento estrague seu casamento. Prometa-me que terá muitos filhos com Bruce e que envelhecerá com ele. Prometa-me que terá uma vida fabulosa e cheia de coisas boas que merece.  

— Felicity... - ela murmura.  

— Prometa-me, Selina! - Mando desesperada. 

— Eu prometo, Felicity - ela beija minha testa enquanto chora – Eu amo você – declara e rapidamente, sai do meu campo de visão.  

Em minha frente, entra Oliver, com a expressão de desespero.  

— Aguente, Felicity, a ambulância já está chegando – ele começa a pressionar o meu ferimento. - Mantenha seus olhos abertos.  

— Oliver – o chamo. - Eu preciso te agradecer – inicio. - Obrigada por tudo que me deu. Obrigada por ter me amado... 

— Felicity, fique quieta. Poupe ar, poupe esforço. Você poderá me agradecer assim que estiver melhor – ele pede, com os olhos molhados e preocupados.  

— Eu não irei melhorar, Oliver – falo, sentindo-me triste. - Eu irei morrer, Oliver. 

— Você não vai. Nós já enfrentamos situações iguais a esta, certo? E você viveu em todas as vezes – ele tenta manter-se esperançoso.  

— Esta é diferente. O tiro acertou em meu peito. Ao lado de meu coração - declaro, com dificuldade em respirar. - Deixe-me agradecê-lo. 

— NÃO, FELICITY! - Ele afirma, desesperado. - VOCÊ JUROU NÃO ME ABANDONAR! PROMETEU NUNCA ME DEIXAR ENQUANTO EU PRECISASSE DE VOCÊ! E EU AINDA PRECISO DE VOCÊ! E VOU PRECISAR ATÉ O MEU ÚLTIMO SUSPIRO. ENTÃO, CUMPRA O QUE JUROU! - Diversas lágrimas caem de seus olhos.  

— Eu sinto muito, Oliver, mas não poderei cumprir – declaro triste e começando a chorar também. Justo agora que tenho diversos motivos para continuar viva, a morte vem ao meu encontro. - Por favor, me perdoe por não conseguir. 

— Shiu... Para de falar.... - ele pede, ainda pressionando o meu sangramento.  

— Você é um homem incrível, Oliver Queen. É bondoso, amável e especial. Não deixe que nada o mude - forço o meu braço a se levantar e acaricio o rosto dele. - Eu sou grata por você ter me amado. 

— Felicity... - o vejo ter dificuldade em respirar. - Eu amo você. E você vai sobreviver a isto. E depois disso, nós vamos nos casar e adotar mais crianças.  

— Obrigada por me fazer amá-lo e por ter me mostrado que era possível alguém me amar desta forma – perco todas as minhas forças, minha visão fica totalmente turva e minha garganta dói para falar. - Cuide de Sammy, ele precisará de você. Obrigada por tudo. Eu te amo... - e com isso, meus olhos se fecham. 

— Felicity? Felicity? - Ouço Oliver me chamar e o sinto me abraçar. Mas não consigo respondê-lo e nem o vê-lo. — FELICITY! NÃO ME DEIXE! EU TE AMO, EU TE AMO, POR FAVOR NÃO ME DEIXE, FELICI... 

E repentinamente, não ouço mais nada. Não sinto mais nada.  

Eu simplesmente morro. 


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