Lost & Found escrita por Marylin C


Capítulo 1
Capítulo Único




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Prezado Ensio,

Espero que esteja passando bem de saúde. Os seus ferimentos na batalha foram muito maiores que os meus.

Devo deixar aqui registrados os meus agradecimentos por ter me protegido durante a missão e a batalha. Você se provou um companheiro de equipe de inestimável valor, e nunca poderei pagar-lhe a dívida que tenho para contigo. Você salvou minha vida mais vezes do que posso contar, por isso muito obrigada.

Agora que tudo acabou, fico revendo imagens e imagens dos corpos de nossas companheiras de viagem, dos Filhos de Eloa, do sangue derramado naquela colina. Estou preocupada, Ensio. O que será das relações entre nosso povo e o deles agora? Será que estaremos nos encaminhando para uma verdadeira guerra?

Afetuosamente,

Maire

Os dois centauros envolviam-se em um abraço de quem passara muito tempo distante, o sol terminando de se por atrás deles. A menor deles esmagava o próprio nariz no ombro do mais alto, este dando pequenos beijos na fronte dela enquanto enrolava os dedos de uma mão no longo cabelo liso daquela que não deixava seus pensamentos.

— Senti sua falta, Maire. — ele afirmou, delicamente erguendo o queixo dela para perder-se na profundidade de seu olhar verde.

— Também senti saudades, Ensio. — Maire replicou, sorrindo ao afastar-se do abraço. — Mas o que faz aqui?

— Lady Kaisa me deu alguns dias de folga das forjas. Peguei minha mochila e deixei meus cascos me guiarem. — Ensio explicou, usando uma mão para tirar alguns fios rebeldes de seu cabelo enquanto sorria. — Como você não saía dos meus pensamentos, simplesmente me vi pegando a trilha para Hillevi. — ele deu ombros, fazendo-a rir.

— Simples assim?

— Confesso que me perdi algumas vezes. — ambos riram, Maire cruzando os braços por causa da fria brisa marítima. — E que tropecei muitas vezes. — ele acrescentou antes de virar-se para alcançar a mochila em seu lombo negro, abrindo-a para tirar de lá uma fina manta de cor laranja, que ajeitou sobre os ombros de Maire em um silêncio confortável. Ela sorriu, agradecendo, e os dois prestaram atenção no pequeno potro correndo pelo campo ao redor deles com uma rede de caçar vagalumes.

— É sua irmã? Aquela que você mencionou nas cartas? — ele indagou, ao que ela assentiu.

— Tuuli é o nome dela. Completa onze ciclos na próxima primavera. — sorriu divertida ao ver a irmã tropeçar nas próprias pernas e cair com o rosto na grama — Às vezes parece que foi criada num celeiro, mas é um amor.

— Entendo. Os potros das minhas irmãs também são uns pestinhas. — Ensio disse — Teve uma vez que um deles trançou meus cabelos e minha cauda. E os pintou de rosa. — riu junto com a centauro mais baixa, revirando os olhos em um gesto de falsa irritação — Confesso que ficou bastante estiloso.

— O que ele usou para pintar? — ambos ouviram uma vozinha com tom falsamente angelical indagar atrás deles, e Maire arregalou os olhos com um sorriso preocupado ao virar-se para encarar os olhos verdes e o sorriso curioso da irmã mais nova. Ensio riu largamente, olhando de esguelha para a centauro ao seu lado enquanto respondia:

— Uma combinação de urucum com tinta branca para tecido. Levou quase duas semanas para sair.

— Por favor, não contribua para a mente maligna da minha irmãzinha. — Maire riu, em um tom exasperado que fez o centauro maior rir e a mais jovem ali dar de ombros com uma expressão de ultraje, mas o brilho em seu olhar denunciava as intenções de sua mente infantil. — Olha só, um vagalume vermelho! — a irmã mais velha apontou, fazendo Tuuli olhar na direção indicada e correr com a rede e um pote de vidro o mais rápido de conseguiu.

Os dois permaneceram conversando facilmente, Maire tentando não distrair-se com o cheiro característico do centauro à sua frente na manta laranja que usava e parte da mente de Ensio incessantemente trabalhar para manter suas quatro pernas firmadas no chão e impedi-lo de tropeçar cada vez que o belo sorriso da mais baixa aparecia. A Lua apareceu no horizonte, fazendo alguns lampiões automaticamente acenderem e tornarem a noite um pouco mais clara. O campo em que os dois haviam se encontrado era chamado de O Encontro, já que todas as estradas da cidade de Hillevi e as que seguiam para fora levavam até ele.

— Já arrumou um lugar para ficar aqui em Hillevi? — Maire indagou, ao que Ensio negou com a cabeça. — Ótimo, minha casa possui um quarto extra.

O mais alto riu, assentindo.

— Não vou poder ficar muito tempo, é capaz de Lady Kaisa vir atrás de mim e me puxar pela cauda para me levar de volta. — comentou, revirando os olhos. A outra riu.

— Ela não estaria errada. Claramente não quer perder o melhor ferreiro que possui.

Ele sorriu, levemente embaraçado antes de admitir com uma risada:

— É, eu sou o melhor mesmo. Mas ainda assim queria passar mais tempo aproveitando a vida, apesar de adorar meu ofício.

Ensio ficou sério de repente, fazendo Maire olhá-lo com uma interrogação em sua expressão. Ele respirou fundo, claramente pesando e medindo suas palavras, antes de dizer:

— Há alguns meses, na batalha que tivemos com os Filhos de Eloa... Você também teve um medo enorme? Quase paralisador?

— Senti muito medo sim, é claro. Todos sentimos medo. — a centauro tocou-lhe o ombro carinhosamente — O que fazemos com o medo é o que realmente importa. E eu lembro claramente de você me p-

— Mamá! Olha o que eu achei! — ela foi interrompida pelo grito infantil de Tuuli, que corria de volta até onde a irmã se encontrava com o pote de vidro fechado e o que parecia ser um brilho dourado flutuando dentro dele. Brilhante demais para ser um vagalume.

— Por favor, não sacuda muito este pote. — uma voz masculina foi ouvida, na Língua De Todos os Povos ao invés da linguagem intricada dos centauros que os três estavam usando. — Eu posso passar mal e isto não seria nada bonito.

— Oh, sinto muito! — Tuuli replicou também na Língua de Todos os Povos, levemente hesitante por ser a primeira vez que realmente usava seus conhecimentos linguísticos fora das aulas. — Olha, Mamá! É um Filho de Eloa! Um de verdade! — voltou-se para a irmã, exclamando animada em sua língua materna enquanto erguia o pote de vidro. Dentro dele, sentado com as pernas cruzadas e uma expressão curiosamente sonolenta, estava mesmo um Filho de Eloa. A mochila que ele tinha atravessada em seu tronco indicava que ele tinha feito uma viagem longa, seus cabelos dourados escapando do coque alto que fizera e as asas douradas emitindo um brilho fraco que dizia muito sobre o cansaço dele dando ainda mais provas disso. Maire viu Ensio subitamente mudar a própria postura, o olhar negro atento para o pote e uma das mãos discretamente encontrando o cabo de uma adaga presa ao seu cinto. Os reflexos naturais da centauro a fizeram inconscientemente buscar a faca que tinha guardada em um bolso da blusa de algodão que usava, mas a atitude do mais alto a fizeram pensar melhor. Pegou o pote com o Filho de Eloa dentro das mãos da irmã, erguendo uma sobrancelha para ele antes de comentar:

— Está um pouco longe de casa, hein? — ele deu-lhe um cansado sorriso amarelo, ao que ela continuou — Quem é você e por que está em nossa cidade?

— Meu nome é Heliodoros. Qual o seu?

— Responda a segunda pergunta dela. — Ensio disse, uma nota de ameaça em seu tom de voz. O Filho de Eloa coçou a parte de trás da própria cabeça, subitamente embaraçado.

— Se eu contar, vocês provavelmente não acreditarão.

— Tente. — Maire desafiou, ao que a fada suspirou.

— Me perdi enquanto tentava localizar a dona do meu coração.

Maire e Ensio ergueram as sobrancelhas de um jeito parecido.

— Você realmente espera que acreditemos nisso? — ele perguntou, ao que Heliodoros deu de ombros.

— Eu falei que vocês não acreditariam, portanto não detenho nenhuma expectativa de que acreditem. Mas esta é a verdade.

— Qual o nome da dona do seu coração? — Tuuli indagou, erguendo-se nas patas traseiras para tirar o pote das mãos da irmã. Heliodoros sorriu, parecendo olhar além da centauro que o tinha cativo ao recordar.

— Ela se chama Ysolt. Ysolt Sionann. Os dragões retiraram suas asas quando ela ajudou humanos e por isso, por ter ajudado, foi expulsa do Reino.

— Então você saiu atrás dela? Também seria expulso, não?

— Prefiro viver apenas um dia com ela em um lugar incerto a mil anos no Reino sem ela. — ele deu de ombros mais uma vez, como se uma decisão como aquela fosse realmente simples — Quando ela deixou o Reino, encontrei para meu cargo na Corte um substituto e parti atrás dela. Um feitiço de rastreamento que fiz a mostra em Hittore, depois do Deserto e das Montanhas Cinzentas. Devo ter pego uma trilha errada no início das Montanhas e vim parar aqui. — Heliodoros se pôs de pé, pequeno dentro do pote de vidro, e fez uma floreada reverência antes de continuar, dirigindo-se aos centauros mais velhos — Minhas sinceras desculpas por infiltrar-me acidentalmente em suas terras.

— Me dê o pote, Tuuli. — Maire pediu calmamente, ao que institivamente a mais nova o pôs mais para junto do corpo, protegendo-o com os braços. — Vamos entregá-lo a Lady Eija e ela decidirá o que fazer.

— Você não ouviu a história? Ele tem que encontrar a Ysolt! E se ela estiver em perigo? — protestou a pequena centauro, fazendo Maire dar um suspiro de frustração.

— Precisamos entregá-lo a Lady Eija, Tuuli. — ela repetiu — É o nosso dever.

— Não! — Tuuli bateu o casco dianteiro esquerdo no chão, com raiva. — Precisamos ajudá-lo, isso sim.

— Tuuli, escute sua irmã. — Ensio aconselhou, em um tom perigosamente calmo — Se a situação fosse inversa, ele não hesitaria ao apunhalá-la no coração com uma adaga.

Ao ouvir isso, o Filho de Eloa pareceu realmente ofendido. Suas orelhas atingiram um perigoso tom de vermelho e ele aumentou um pouco de tamanho, encarando furiosamente o centauro e quase batendo a cabeça na tampa do pote de vidro.

— O que te faz pensar tal coisa a respeito do meu povo?

— Já tive minha dose de encontros com o seu povo. — ele respondeu sombriamente, tocando a cicatriz em seu antebraço que adquirira na futuramente famosa Batalha da Colina de Sangue. Maire inconscientemente alcançou o flanco negro de Ensio, acariciando-o de modo a transmitir apoio. Ele a olhou, espantado com tal gesto íntimo, para depois sorrir-lhe. E, quando os centauros mais velhos escaparam de seu momento e voltaram a prestar atenção no problema, perceberam que a pequena Tuuli sumira. E, com ela, o Filho de Eloa. Se não estivessem em estado de pânico, os dois ainda poderiam ter ouvido o som dos cascos leves batendo contra a terra batida, indicando a estrada que a potro escolhera.

***

— Tuuli fugiu.

O centauro de flancos castanhos como os de Maire abaixou o arco que usava para atirar flechas em alvos a quase cinquenta passadas de distância no escuro da noite, virando-se para os dois centauros mais jovens que ele que trouxeram a devastadora notícia. Armo, pai de Maire e de Tuuli, coçou a barba grisalha com preocupação antes de pedir à filha:

— Me conte esta história direito.

Com o tom de voz tenso como a corda do arco que o pai segurava, Maire contou a história. O Filho de Eloa, a posição defensiva de sua irmãzinha, a fuga. Ensio tinha uma mão apoiada nos flancos da centauro, que mentalmente agradecera pelo apoio mas ruborizara ao perceber o olhar do pai se dirigindo até a mão do visitante.

— Bom, devemos ir atrás dela. — Armo deu de ombros, pendurando o arco em sua aljava e tirando um mapa de uma pequena bolsa que levava amarrada à cintura. Então parou antes de desdobrar o pergaminho, se dirigindo a Ensio com um olhar de penetrantes olhos negros. — Mas antes de qualquer coisa, devo perguntar: quem é você?

— Meu nome é Ensio, senhor. De Balentin. — ele coçou a nuca com a mão que apoiara nos flancos de Maire, sorrindo nervosamente para o centauro mais velho enquanto inconscientemente pisoteava o chão com as patas dianteiras. Maire tentou não rir diante do evidente desconforto dele. — Lutei ao lado de sua filha na missão de alguns meses atrás. É um prazer conhecê-lo.

O pai de Maire ergueu as sobrancelhas, como quem pensava que o que acontecia ali era muito mais que o reencontro de dois antigos companheiros de batalha, mas preferiu abrir o mapa e formular um plano para localizar sua filha mais nova a comentar algo.

— Onde o Filho de Eloa disse que a amada dele estava? —indagou Armo.

— Hittore. É uma cidade de humanos, segundo ele. — Maire replicou, analisando o mapa detalhado das Montanhas Cinzentas, onde se localizavam as cidades dos centauros. Linhas em vermelho indicavam trilhas e pontos pretos indicavam cidades. O centauro mais velho apontou para uma área entre o final das Montanhas e um rio.

— Hittore se situa bem aqui. Não está marcada nesse mapa, mas eu me lembro. — ele seguiu uma linha vermelha que levava para fora de Hittore, encontrando uma bifurcação.

— Veja, um dos caminhos dessa bifurcação na trilha leva até aqui. — Ensio apontou, ao que Maire e Armo assentiram. — Eu sei que trilha é essa. Foi por onde eu vim. Ela deve pegar esse caminho para levar o Filho de Eloa até Hittore.

— Isso se ela decidir permanecer na trilha e não usar os caminhos da Floresta Branca. — Maire ressaltou, nervosamente batendo os cascos dianteiros no chão. — E é mais de um dia de viagem até essa bifurcação, ela não tem provisões.

— Mas o Filho de Eloa deve ter. — Armo acrescentou. — O que também é um problema, para o caso de ele decidir se livrar dela quando tiver atingido seu objetivo.

Maire estremeceu, sem querer pensar naquela possibilidade.

— Bom, sugiro que nos separemos. Um grupo de nós segue a trilha e outro grupo procura pela Floresta Branca. — Ensio disse, ao que o pai de Maire concordou.

— Chamarei alguns amigos e então nos espalharemos pela Floresta Branca. Alguns dos animais que vivem ali podem ter visto ela. Vocês dois seguem a trilha, de acordo? — ele sugeriu, ao que os dois centauros mais jovens concordaram. Então Armo virou-se e, depois de esticar as pernas dianteiras, saiu em disparada pelas ruas de terra atrás de seus amigos.

— Precisamos encontrá-la, Ensio. — Maire falou, a voz tremida com o medo. O centauro maior a envolveu com seus braços, sussurrando:

— Nós vamos. Vai ficar tudo bem.

***

Os dois seguiam em um trote rápido por horas, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Haviam passado a noite caminhando, parando poucas vezes para tomarem água e menos ainda para conversar. O Sol nascia no horizonte, o mar podendo ser visto ao longe. Maire mal prestava atenção na trilha, sua mente uma confusão entre preocupação com sua irmã e uma repetição de cada frase ou gesto amável que o centauro ao seu lado fizera para ela desde que chegara. Mesmo vestida com roupas de viagem, ela ainda usava o xale cor de laranja que ele a emprestara. “Como você não saía dos meus pensamentos...”

O rumo dos pensamentos de Ensio era diferente. Ele a olhava constantemente, perguntando-se o que ela devia estar sentindo no momento e o que fazer para ajudá-la. Bom, encontrar a pequena Tuuli era essencial. Tinha certeza de que Maire só ficaria bem quando eles...

— O que está acontecendo entre nós, Ensio? — foi a pergunta brusca da moça, que o fez tropeçar. Ele teria caído se não tivesse segurado no tronco da árvore mais próxima. Ele enrubesceu, levemente embaraçado, antes de sorrir de lado.

— Sinceramente, nem eu sei direito. Só sei que você está mais presente nos meus pensamentos que o Sol que ilumina o céu e que cada fibra do meu ser arde para estar contigo e te ver sorrir. — ele respondeu, fazendo-a sorrir levemente. Os dois tinham parado na borda da trilha, Ensio ainda encostado à árvore com Maire tendo parado de frente para ele. Ele tocou-lhe o rosto bronzeado com o polegar, o sorriso embaraçado dele tornando-se calmo e prazeroso. O dela aumentou consideravelmente. — É deste sorriso que estou falando, o que torna tudo bom e belo ao seu redor. Por favor, me diga: o que posso fazer para manter esse sorriso?

Uma ideia passou pela cabeça de Maire, e a perspectiva dessa ideia lhe soava tão prazerosa que ela inconscientemente sorriu mais antes de replicar:

— Bom, duas coisas. A primeira é acharmos minha irmãzinha sã e salva.

— Te prometo que...

E ele foi interrompido pela centauro mais baixa, que extinguira a distância entre eles e o puxara pela camisa de algodão que usava para beijá-lo. Ensio demorou um milésimo de segundo para reagir e corresponder ao beijo, aprofundando-o enquanto uma de suas mãos automaticamente se perdia nos cabelos lisos dela.

— Essa era a segunda coisa. — Maire disse em um sussurro rouco quando os dois afastaram-se minimamente, um sorriso travesso brincando em seus lábios. Ensio sorriu de volta.

— Bom, isto pode ser arranjado. — respondeu, rindo e beijando-a mais uma vez. — Agora precisamos voltar ao caminho e...

— Na verdade, não precisam não. — a voz risonha e infantil interrompeu, sobressaltando o casal. Tuuli sorria para eles enquanto saltitava pela estrada, o sentido de seus movimentos indicando que ela acabara de voltar da bifurcação da trilha. Maire correu até a irmã, abraçando-a para então desferir-lhe um tapa na cabeça.

— No que estava pensando, fugindo desse jeito?! Você poderia ter morrido! — reclamou a mais velha, quase chorando tanto de raiva quanto de alívio.

— Mas as trilhas são seguras. — protestou a pequena centauro, protegendo a cabeça com as mãos para o caso da irmã resolver puni-la novamente.

— Você estava com um Filho de Eloa! Tem noção do quão perigosos eles são?!

— Não. — Tuuli deu de ombros, rindo da exasperação da irmã mais velha — O Heliodoros só queria encontrar o caminho para a amada dele, e eu ajudei. O apontei o caminho até Hittore e o deixei ir. Vocês velhos querem complicar tudo. — ela apontou com um dedo indicador acusador para Maire, falando em tom de reprovação — Você já foi mais simples, Mamá.

— Eu não vou aceitar uma bronca vinda de você, potrinho. Vamos voltar para casa. — a centauro mais velha virou-se na direção oposta à que ia anteriormente, ao que Tuuli balançou a cabeça desaprovadoramente.

— Mesmo que você não aceite a bronca, não deixa de ser verdade. Veja o garanhão aí, por exemplo. — Ensio sobressaltou-se ao ser mencionado, concentrado estava em pedir a um pássaro que mandasse o recado de que a criança tinha sido encontrada até o pai de Maire e de Tuuli. — Se eu não tivesse fugido, você teria enrolado e enrolado mais e mais até ele ser fisgado por uma centauro da cidade dele.

Mas Maire já não ouvia, seus cascos batendo com força no chão por causa da frustração. Ensio aproximou-se de Tuuli, erguendo uma sobrancelha antes de perguntar:

— Foi por isso que você fugiu? Para juntar nós dois?

A resposta da pequena centauro foi apenas um sorriso malicioso antes de ela correr para alcançar a irmã mais velha, na certa com alguma outra brincadeira planejada. O centauro de Balentin sorriu para si mesmo, vendo a interação entre as duas irmãs, e então foi andando atrás. Se pudesse, nunca deixaria aquela cidade.

Maire, luz que ilumina minha vida,

A semana que passei contigo foi uma das melhores da minha existência. Estou em casa agora, mas deixo em Hillevi meu coração. Espero que cuide bem dele, pois é seu.

Assim que cheguei, Lady Kaisa me promoveu a artesão chefe. Poucas vezes fiquei tão constrangido e feliz ao mesmo tempo em minha vida. Agora terei mais períodos de folga, que obviamente passarei em Hillevi. A menos que você queria visitar-me em algum momento. Será sempre bem vinda.

Mande lembranças minhas ao seu pai e à pequena Tuuli. Deveríamos apresentá-la aos meus sobrinhos em algum momento. Tenho certeza de que se dariam muito bem.

Sempre seu,

Ensio


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