Dia dos Namorados escrita por Sarah


Capítulo 1
O amor chega à escola...


Notas iniciais do capítulo

Reforçando o que eu disse nas notas da história: eu já escrevi uma outra história utilizando esses mesmos personagens na mesma situação, porém, não é necessário ler ela para entender essa.
Aqui está o link: https://fanfiction.com.br/historia/732397/Boliche/
Para os interessados: o shipp seria Edam...
Boa leitura :3



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Erik se sentia extremamente feliz e estúpido ao mesmo tempo. O motivo? Havia chegado o Dia dos Namorados.

Não que ele fosse um fã dessa data, que esperasse ansiosamente todos os anos por esse dia ou que sempre tivesse companhia para a mesma. Nada disso. O que o havia deixado tão animado era nada mais nada menos do que Adam, o seu quase namorado secreto.

Quase porque nenhum pedido oficial fora feito e ambos ficavam com outras pessoas também, sem o menor problema. Secreto porque ninguém sabia que os dois ficavam, aliás, ninguém nem mesmo sabia que Adam era gay, ou seria melhor dizer bissexual?

Enfim, isso não era realmente importante para Erik, para ele, o que era realmente importante era o fato de que ele e Adam estavam se dando muito bem ultimamente, não tento mais brigas sérias há muitos dias.

Ah sim, e ainda tinha a melhor parte: Adam já praticamente não falava com aquela namoradinha que tivera há alguns meses atrás, aquela tal de Annabeth, que irritava Erik com os seus risos histéricos e gritos agudos (havia também o detalhe de que ela estava agora em outra escola, mas ele preferia pensar que Adam havia parado de falar com ela por livre e espontânea vontade).

E era por esses e outros motivos que Erik estava crente que, naquele Dia dos Namorados em especial, seu quase namorado secreto iria finalmente tomar uma atitude e fazer um pedido de namoro oficial, ali mesmo, na escola, assumindo-o e assumindo-se de vez.

O que também explicava o súbito choque de Erik ao passar pelos portões da escola (que se encontrava especialmente decorada para a ocasião) e ver Adam ajoelhado em frente a uma menina qualquer, pedindo-a em namoro.

— / / -

As três primeiras aulas passaram no modo automático para ele, que não prestou a mínima atenção ao que era falado, não fazendo nenhuma anotação ou atividade e ignorando os bilhetes que Adam teimava em jogar na sua mesa em momentos de distração dos professores.

Não que fosse fácil: Adam era disléxico e por isso tinha uma professora de apoio extremamente simpática e atenta aos seus movimentos, mas depois de um ano passando bilhetes para Erik, que sentava bem na sua frente, já havia pegado alguma prática.

Faltavam dez minutos para a aula de matemática acabar quando Erik finalmente respondeu aos bilhetes de Adam. Uma resposta curta e simples, que levaria a algo nem tão curto e definitivamente não simples.

“Recreio. Lugar de sempre.” Estava escrito no bilhete.

Dez minutos se passaram, toca-se o sinal, os dois guardaram seus materiais, Erik se levantou e saiu da sala sem falar com ninguém, Adam esperou alguns minutos e saiu da sala, mas não sem antes beijar a mais nova namorada, murmurando um “já volto Mary”.

— / / -

— Por que você está me ignorando? - perguntou Adam assim que entrou na dispensa que ficava logo atrás do ginásio.

Ela era lotada de bolas e outros equipamentos do tipo, os alunos costumavam ir lá o tempo todo antigamente, até que a professora de educação física passasse um cadeado na porta, levando sempre a chave consigo. Como Adam conseguira duas cópias da chave era um mistério para Erik.

— Sério que está me perguntando isso? - respondeu ele, após alguns minutos - Eu chego na escola e vejo você, simplesmente ajoelhado, pedindo aquela tal de Andressa em namoro...

— Na verdade, o nome dela é Mary.

— E você ainda tem coragem de me pedir por que de eu estar te ignorando? Sério isso?

— E o que você esperava? Que eu pedisse você em namoro?

— Sim! Era o que eu esperava!

Silêncio. Nenhum deles sabia mais o que falar. Erik estava escorado em uma mesa empoeirada, cheia desses cones pequenos e laranjas, o rosto vermelho de raiva, Adam se aproximou mais dele, os corpos quase se encostando.

Ambos eram altos e magros, mas Adam conseguia ser uns 10 cm mais alto e Erik 10k mais magro.

— Quando nós começamos a ficar, eu deixei bem claro que seria em segredo, que não andaríamos por ai de mãos dadas fazendo esses programas que os casais fazem - começou Adam parecendo hesitar, algo completamente inédito para si - eu te avisei que seria escondido, que eu não iria assumir nada...

— Eu sei, mas eu comecei a ter esperanças de que...

— Eu mudasse de ideia?

— Sim.

— Por quê?

— Porque eu acho que estou apaixonado por você.

Mais silêncio. Os olhos de Erik lacrimejavam, não esperava se declarar assim, naquele lugar, naquela circunstância, e doía ainda mais o fato de Adam estar o encarando fixamente, sem esboçar nenhuma reação, o que ele não tinha como saber, é claro, era que por dentro Adam estava extremamente surpreso. E confuso, muito confuso, além de perdido.

A verdade era que gostava de Erik, desde a primeira vez que o tinha visto, o que o assustava, porque até aquele momento, tinha certeza de que era hetero, mas então como explicar o que estava sentindo? Significava que era gay? Ou que era bi? Será que tudo não passava de uma imaginação de sua cabeça, uma brincadeira de mau gosto de sua própria mente?

Não sabia dizer, a única coisa que sabia era que a cada dia gostava mais do menino a sua frente e menos das meninas com quem saia, o que o levava a maltratar cada vez mais o outro e aumentava ainda mais o seu medo de que alguém descobrisse o que estava acontecendo entre eles, mas não conseguia parar com aquilo porque ao mesmo tempo estava cada vez mais dependente dos beijos de Erik, dos seus abraços, dos seus sorrisos, das conversas aleatórias sobre as coisas mais absurdas e estranhas.

Será que também estava se apaixonando?

— Está sendo estúpido- acabou por dizer Adam - está se sentindo carente, só isso, logo vai arrumar algum namorado por ai que possa te dar mais atenção e vai esquecer essa besteira.

Erik, naquele momento, só queria deitar e encolher-se em um canto qualquer e chorar até ficar desidratado, mas, ao invés disso, levantou a cabeça, olhando Adam diretamente nos olhos.

— Acha mesmo isso? - perguntou.

— Sim, eu acho - respondeu Adam firmemente - Aliás, se quiser posso te arrumar uma namorada, se quiser tentar algo novo. A Lyz, aquela morena alta e magra do boliche, te achou legal...

— Não, eu não quero uma namorada e muito menos a sua ajuda para qualquer coisa. Não quero mais nada de você, só distância.

E dizendo isso, Erik desencostou da mesa, tentando passar por Adam, que o segurou pelo braço.

— Não exagera, ok? - falou Adam - Eu ainda quero ter algo com você, é só que...

— Mas eu não quero mais isso Adam! - gritou Erik perdendo o controle - Eu não quero mais ter que ficar com você escondido de todos! De fingir ser algo que eu não sou! Estou cansado desse teatrinho ridículo que sou obrigado a fazer só para você manter essa sua preciosa fama de hetero! Eu estou cansado disso, ok?

Parou de falar e encarou Adam, que o olhava assustado e que havia largado seu braço.

— Eu gosto de você Adam - prosseguiu um pouco mais calmo - eu gosto muito, acabei de fala que acho até que estou apaixonado por você, mas não posso viver desse jeito, escondido pelos cantos com algumas migalhas da sua atenção. Então, eu só quero te pedir uma coisa: só me procure de novo quando estiver disposto a ficar comigo publicamente, quando tiver certeza de que gosta de mim o suficiente para se arriscar. Mas não demore muito, não posso e não vou te esperar para sempre.

E saiu, deixando para trás um Adam ainda mais perdido e confuso.

— / / -

As últimas duas aulas do dia foram as piores da vida de Adam.

Sentia-se mais perdido do que cego em tiroteio, sem saber o que sentia e menos ainda o que faria.

Quando havia começado a ficar com Erik, não tinha pensado direito nas consequências, não nas consequências sentimentais pelo menos: vivia com medo de que alguém descobrisse o rolo entre os dois, imaginando as brincadeiras cruéis das quais viria a ser alvo, mas jamais passara por sua cabeça que algum dia Erik fosse se apaixonar por ele.

E nem que ele algum dia fosse acabar gostando de Erik, ou sendo mais franco consigo mesmo, que ele algum dia fosse acabar se apaixonando por Erik, porque agora se sentia na obrigação de admitir, nem que fosse só por pensamento, que o que sentia pelo outro era muito mais do que um simples gostar.

Isso já estava bem claro em sua cabeça.

O que já não estava tão claro era o que isso significava: até onde conseguia se lembrar, nunca antes tinha se sentido atraído por um menino, mas com certeza já tinha se sentido atraído por uma menina.

Um dos seus maiores medos era de que isso fosse apenas uma atração momentânea, e não algo mais concreto como um sentimento, mas o pior era que tinha certeza de que sentia algo muito forte por Erik. Será que era apenas amizade? Dessas de considerar irmão? Se bem que, pelos beijos que tinham trocado, eles poderiam ser tudo, menos irmãos...

Ok, um ponto já estava provado: Adam se sentia atraído por Erik, e os seus sentimentos por ele iam muito além da amizade.

Mas Adam teria coragem de assumir um relacionamento com Erik? De assumir que era gay? Ou melhor, que era bi? Porque essa era a opção mais provável. E se assumisse, conseguiria aguentar todas as brincadeiras cruéis? O desprezo e o preconceito da sociedade? E sua família? Como reagiria?

Pensar em sua família o acalmou, porque apesar de todas as dúvidas, sabia que seus pais, irmãos, tios ou primos jamais o julgariam, pelo contrário: dariam todo o apoio necessário, e naquele momento, desejou com todas as suas forças que sua mãe e seu pai estivessem ali, dando os conselhos e a calma de que tanto precisava.

Mas infelizmente isso não seria possível no momento, e intimamente Adam sabia que teria que tomar uma decisão até o fim da aula.

Voltou a pensar na família, sabia que com eles poderia contar, o que o deixava com mais animo para enfrentar o preconceito que sofreria das outras pessoas.

Então, pensou em Erik, em como haviam se conhecido, em como rapidamente tornaram-se inseparáveis, no primeiro beijo, que tinha acontecido na casa de Adam, enquanto os dois faziam um trabalho, pensou nas conversas e risadas, mas também nas brigas e gritos, pensou nos defeitos e manias de ambos, mas também nas qualidades.

Pensou que não conseguiria mais ficar sem aqueles beijos e abraços e surpreendeu-se a si mesmo concordando mentalmente.

Por isso, quando o sinal tocou anunciando o término das aulas, Adam não pensou duas vezes ao terminar com a namorada com quem estava a menos de um dia (o que deixou a mesma extremamente indignada), e correr para fora da escola, na esperança de encontrar Erik ainda por perto.

Para a sua sorte, Erik estava ali, perto de algumas meninas ainda fantasiadas de cupido, carregando cestinhas enfeitadas repletas de mensagens para o Dia dos Namorados. Então, juntando toda a coragem que tinha, andou até Erik, desviando dos alunos espalhados pela calçada e pela rua, ainda comemorando o término das aulas (daquele dia).

— O que você está...

Começou a falar Erik quando viu Adam se aproximar tão determinado e rapidamente, porém, nunca terminou a frase, porque Adam simplesmente o agarrou pela cintura, beijando-o. Na frente de quase toda a escola.

Adam beijando Erik na frente de quase toda a escola.

Nos primeiros segundos, quase ninguém tinha percebido, mas então as meninas “cupido” começaram a gritar histericamente coisas como: “melhor casal”, “fofos” e “vou guardar em um potinho”, e um amigo foi chamando a atenção do outro até que todos estavam vendo o mais novo casal se beijando.

— Acha que isso vale como um pedido de namoro? - perguntou Adam, quando finalmente se separaram.

— Eu diria que sim - respondeu Erik - mas e a sua namorada?

— Ah, nós terminamos, sabe - falou Adam descontraído - é que eu estou gostando de um menino ai que é bem mais interessante...

— É mesmo?

— Sim, mas ele ainda não disse se aceita namorar comigo.

— Talvez porque você ainda não tenha perguntado direito.

— Tem razão - então Adam simplesmente se ajoelha no chão, atraindo ainda mais olhares - Aceita namorar comigo?

Erik sorriu.

— É claro que sim.

E se beijaram de novo, sem se importarem com o que os outros estavam falando, mas cientes de que aquilo era apenas o começo de uma longa e sofrida caminhada, mas felizes, porque pelo menos por enquanto, teriam um ao outro.


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