Anti-Heroes escrita por Thalia


Capítulo 3
Capitulo 3




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O garoto de cabelos castanhos olhava para mim do lado de fora do carro. Seus olhos preenchidos pela tristeza que aquele momento representava. 

Abaixo a janela e quando o carro começa a se mover grito de todos meus pulmões. 

— Não se esqueça de mim!  

Ele ergue sua cabeça e  um sorriso triste. 

— Não esquecerei! - Gritou. - Athena eu...  

Nunca soube o que ele disse, o carro já estava distante demais, porem eu jamais pude esquecer aqueles olhos tristes. Os olhos cinzas que eu via sempre em meus sonhos. 

♫ 

Eu estava atrasada e perdida. Justamente no meu primeiro dia. 

A manhã havia amanhecido chuvosa, o que havia sido um dos principais motivos para o meu atraso, o outro havia sido o simples motivo de eu ter me perdido completamente no caminho para a escola. O que havia resultado em uma ligação de emergência para minha tia e um pedido de carona. 

Mal haviam se passado dez minutos depois que ela me deixara no portão e eu já estava perdida novamente. Sweet Amoris era, definitivamente, um lugar enorme. 

Após finalmente ter desistido de achar alguém em algum daqueles corredores vazios, comecei a caminhar um pouco e observar minha nova escola. Havia uma quantidade que parecia infinita de armários e portas que davam em salas, que naquele andar, pareciam em sua maioria vazias.  

Caminhei mais um pouco e quando estava prestes a me sentar para esperar que alguém aparecesse fui impedida pela figura baixa e rechonchuda de uma senhora com cabelos grisalhos que me olhava com duvida. 

— Senhorita! O que faz fora da sala de aula? - Sua voz saiu alta e estridente. 

— Ah.. Eu sou nova, não sei quais são minhas aulas e... - Por um instante fiquei envergonhada de dizer que estava perdida. 

— Nova? Deixe-me dar uma olhada. - Ela bagunçou um pouco os papeis que estava em suas mãos antes de voltar um acusatório para mim. - Athena Baudelaire? 

Ter pais franceses que eram fascinados por mitologia grega realmente não havia favorecido a mim, nem a meus irmãos. 

— Sim. 

A senhoria sorriu, mas seu olhar não pareceu mudar. 

— Sou a diretora da Sweet Amoris. - Ela dizia aquilo orgulhosa, como se fosse o cargo mais importante do mundo. - Recomendo que fale com Nathaniel, ele deve estar no grêmio. Ele lhe passara seus horários e as turma que vai frequentar. 

— Farei isso. Pode me dizer onde fica? - Perguntei. 

— Primeiro andar. - Ela disse já indo na direção contraria. 

Velha maldita. Ajudou muito. 

Bufando, ajeitei a bolsa em meu ombro e comecei a caminhar novamente.  

Mal tive chance de descer o primeiro lance de escadas quando senti um impacto forte. Vários papeis voaram e no fim, eu estava no chão. De novo.  

Minha cabeça doía e eu queria xingar a pessoa por não olhar para frente.  

— Me desculpe. - Uma voz começou dizendo. 

Me levantei desajeitadamente e encarei o garoto. Loiro, olhos amarelados e vestido de uma maneira formal demais até para um ambiente escolar. Era bonito, mesmo com o olhar preocupado que ele me direcionava.  

— Estou bem. - Afirmei. - Me desculpe também. Eu não queria derrubar você. - Comecei a recolher os papeis do chão sem dar mais atenção para ele. 

— Não se preocupe. Não é a primeira vez que isso acontece. - ele disse e com um sorriso gentil começou a me ajudar.  

Depois de pegar a maioria dos papeis entreguei a ele.  

— Obrigado. - Ele agradeceu levantando-se e estendendo a mão para mim. Aceitei sua ajuda, ficando logo de pé. 

Entreguei para ele as folhas que restavam em minha mão e ele as pegou, sem largar a mão que permanecia segurando desde que me ajudara a levantar. Por algum motivo, ele me encarava como se estivesse, pela primeira vez, prestando atenção em mim. Seu olhar vagava pelo meu rosto me fazendo ficar vermelha, um feito raro que parecia estar acontecendo cada vez mais. 

Ao perceber que aquilo estava demorando demais, puxei minha mão da dele que parou de me olhar no mesmo instante e começou a ajeitar seus papeis. 

— Estou procurando o representante de turma, Nathaniel. Você sabe onde ele esta? - Questionei. 

Ele soltou um risinho baixo. 

— Sou Nathaniel, e você é? - Ele disse, tirando a atenção dos papeis e voltando a me olhar. 

— Sou Tena... Quer dizer, Athena Baudelaire. 

— Do que você precisa, senhorita Baudelaire? 

— Ah, por favor, me chame de Athena. - Eu disse e ele sorriu de lado novamente. - A diretora pediu o que eu viesse falar com você sobre meus horários e turma. 

— Você é a novata. - Ele tirou sua atenção de mim apenas por um momento e puxei uma das folhas. - Estava te procurando. Aqui está. Você já pagou a taxa de inscrição, mas preciso de uma foto de identidade ainda. 

— Não tenho nenhuma aqui comigo, posso te trazer amanha? 

— Claro. Só não se esqueça. 

— Tudo bem. - Eu falei e sorri. 

Ele tinha seu olhar perdido em meu rosto de novo, como se seus pensamentos estivessem muito longe dali. 

— Nathaniel? - Chamei. 

Balançando a cabeça, ele parecia querer afastar um pensamento. 

— Perdão. - Ele disse. - Posso te levar até sua sala? 

— Seria ótimo. 

— Então vamos. - Ele ajeitou novamente os papeis em seus braços e começou a andar. 

Passamos por varias salas cheias de alunos antes de paramos em frente a uma, da qual podia-se ouvir uma voz exaltada saindo. 

— Me procure caso tenha alguma duvida. - Nathaniel falou, antes de acenas e voltar a caminhar. - Seja bem vinda, senhorita Baudelaire. 

Ele só poderia estar me procurando ao me chamar por aquele sobrenome novamente.  

Fiquei observando ele se afastar até desaparecer ao entrar em uma das salas do enorme corredor. Mais a verdade era que eu estava apenas querendo ganhar tempo, era péssimo ser a novata e ainda chegar atrasada. Eu seria, sem duvidas, o centro das atenções assim que passasse por aquela porta. Porém, agora não havia mais volta, o professor me encarava, através do pequeno vidro, com um sobrancelha arqueada, como se me perguntasse o que raios eu estava fazendo ali fora. 

Droga. 

Suspirei e abri a porta.  

— A senhorita está atrasada. - O professor disse quase gritando. 

— Me desculpe. - Falei em um fio de voz. Aquele homem gritando me lembrava meu pai sempre que eu fazia algo que o desagradava.  

Todos pareciam ocupados conversando, mas assim que entrei na sala a conversa pareceu cessar e todas aquelas pessoas começaram a me encarar. 

Tem como piorar? 

A resposta a minha pergunta veio rápido, já que o professor começou a fazer as apresentações perguntando meu nome, de onde eu vim e o por que de eu estar tão atrasada. 

♫ 

A aula havia acabado e eu caminhava pelos corredores da escola procurando um lugar calmo para me sentar.  

Eu mal havia prestado atenção na aula depois a pequena humilhação de ter que falar que eu havia passado a maior parte do tempo perdida procurando a sala de aula.  

Após isso, me sentei no fundo e comecei a observar os alunos. Ao meu lado, havia um garoto de cabelos azuis e roupas extremamente coloridas, na sua frente, uma garota com enormes cabelos brancos. Eles haviam passado a maior parte da aula conversando entre si. Algumas poucas vezes peguei um dos dois olhando para mim, mas decidi apenas ignorar e continuar observando. 

Agora, era o tão querido intervalo, ainda haviam mais três aulas e eu estava sem animo nenhum. 

Depois de andar por todo o corredor, cheguei a uma espécie de pátio, com arvores e bancos, onde diversas pessoas estavam sentadas conversando. Me sentei em um dos bancos vazios e coloquei minha mochila de lado, o vento frio ainda chicoteava minhas pernas e eu estava realmente arrependida por não ter escolhido uma calça, em vez do vestido preto solto que eu usava. 

Fiquei observando as pessoas irem e virem de lá para cá enquanto mexia distraidamente em meu celular.  

Levei um susto quando o alto barulho de uma moto soou, fazendo todos olharem para o estacionamento lateral do colégio. Uma Harley vermelha havia acabado de estacionar lá, o condutor desceu abrindo a jaqueta de couro que usava, revelando a camiseta surrada com o logo de uma banda. Eu não podia desviar o olhar, queria muito ver que tipo de pessoa teria coragem de aparecer ali a essa hora, usando uma jaqueta de couro e uma camisa com logo de banca de rock. 

Essa cidade não é tão cafona como eu esperava. 

Quando pareceu que ele havia notado que estava sendo observado, ele voltou seu olhar para todo o pátio e não parou ate encontrar o meu. Minha respiração ficou presa na garganta quando reconheci aqueles olhos cinzas, os mesmo que eu havia visto ontem no mercado. 

Ele tirou o capacete, revelando a cabeleira ruiva e bagunçada, mas antes de começar a caminhar ele me deu um ultimo olhar e então foi embora. 

Eu fiquei estática por um momento, antes de rapidamente jogar meu celular na bolsa e começar a andar na direção onde ele havia ido. 

Eu queria saber, quem era ele? Por que aqueles olhos haviam me assombrado durando meus sonhos naquela noite? Por que ele me encarava como se me conhecesse?  

Estava pronta para alcança-lo, quando a figura de cabelos azuis entrou na minha frente sorrindo. 

— Hey, você não esta perdida de novo, ou está, docinho? 


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Notas finais do capítulo

Flores, desculpa qualquer erro, estou sem tempo de revisar no momento já que estou viajando. Espero que gostem!
Até o próximo cap ;)