Proibida Pra Mim escrita por TessaH


Capítulo 45
38. Em meu sangue


Notas iniciais do capítulo

P.S.: na nota inicial eu gostaria de colocar um pedaço da música, mas na verdade me identifiquei tanto com a música e toda a letra para o capítulo que fiquei dividida! Então recomendo que a procurem e a leiam S2



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"Ajude-me

É como se as paredes estivessem desmoronando

Às vezes sinto vontade de desistir

Mas eu não posso

Não está no meu sangue

Deitado no chão do banheiro

Sem sentir nada

Me sinto sobrecarregado e inseguro

Me dê algo

Que eu possa tomar para aliviar minha mente aos poucos."

  In My Blood - Shaw Mendes





Scorpius Malfoy

Meus dias estavam no modo repeat. Pela manhã, eu me esforçava para comer e ainda ouvir algumas piadas de Thomas e dos outros. Depois tínhamos aula e Kellen surgia com seus grandes olhos preocupados voltados para mim. Às vezes, eu terminava minha tarde sozinho no campo de rúgbi porque era um alento para a alma. Infelizmente, era a parte do dia em que eu não podia fugir de mim mesmo, afinal era eu e minha consciência. 

Era eu e sentimentos esmagadores que me deixavam sem ar. Me deixavam temerosos em pensar sobre o que tinha se tornado minha vida.

Que Scorpius era aquele, sentado em metros de campo verde, com medo de refletir onde tudo começou a dar errado? Que Scorpius eu tinha me tornado que vivia com... Medo?

Mas você tem medo do quê, Scorpius?

Eu não gostava nem de pensar na resposta dessa pergunta.

Voltando para meu quarto naquele dia, lembrei de minhas obrigações noturnas que agora me assombravam. 

Minha detenção incluía realizar algumas tarefas pelas quais eu não tinha nenhum apreço. Como por exemplo, por ter me envolvido na briga no salão principal antes dos jogos, eu teria que limpar a ala inferior do colégio naquela noite. E seria justamente aos arredores de onde aconteceria mais uma festa às escondidas.

Eu não me animava nem mesmo para a possibilidade de fugir das minhas atividades e ir à festa. Com toda certeza, meu outro eu faria isso. Mas... Onde diabos estava meu outro eu?

Eu tinha vontade de gritar e extravasar todo aquele turbilhão que fervilhava sob minha pele, mas não emanava de mim. Por fora, totalmente controlado, nem para falar eu gostaria de mover meus músculos. Por dentro, eu corroía minhas entranhas e estava prestes a sair. Isso me apavorava.

Resignado, procurei meus materiais ao dar a hora de ir cumprir a detenção. Mais dois dias e eu estava livre para afundar na cama e ser refém de pesadelos.

— Aqui estão sua vassoura, seu balde e seu pano, Malfoy. - a moça me empurrou com uma cara emburrada. - Vê se não faz estrago, garoto!

Assenti com a cabeça e a deixei para trás. Nem me importar com os poucos olhares que trombavam comigo pelo caminho me deixavam aceso para a vida novamente.

O que está acontecendo?

Meu tedioso trabalho teve início e ainda dei de cara com muitos que iam e voltavam da festa.

— Opa, Scorpius, foi mal! - um babaca bêbado fez o favor de dar um chute no balde com água que me acompanhava e seus dois amigos riram da possível piada de 'faça Scorpius de palhaço'. - Você vai querer ajuda? Poxa, desculpa, é que bebi demais lá dentro.

Os outros carcarejaram junto do imbecil e só o afastei com o braço fortemente. Sem palavras, maxilar endurecido, engolindo a raiva e frustração, olhei para ele e foi o suficiente para afastá-los.

Limpei duas, três, quatro vezes a escada que tantos derrubaram bebida - fatal ou propositadamente - só para me cansar e deixar tudo de lado e esperar a maldita festa terminar e limpar tudo para me ver livre daquilo.

Foi então que duas figuras capturaram minha atenção pelo canto de olho. 

Pela porta lateral de onde estava acontecendo a festa e indo para o caminho que daria no jardim, identifiquei Isaac, aquele amigo insuportável de Alvo, de mão dada com ninguém menos que... Minha Rose.

Senti meu coração disparar, nervosismo corroendo minhas entranhas. Ajeitei-me no chão para caber de modo discreto e a fim de visualizá-la embora meu coração... doesse.

— Isaac, para. Ei, vamos ficar aqui dentro mesmo - ouvi sua voz se dirigir ao babaca que sorria parecendo um palhaço.

Finalmente você conquistou o que sempre quis, não é.?,  Fiquei com vontade de cuspir aquela verdade para parar de mastigar meu peito.

— Rose, você não quer mais privacidade? - ouvi Isaac dizer e senti meu corpo pesar na escada, pois reconhecia aquele papo. Quantas vezes eu mesmo já tinha me usado daquilo?

— Quero, mas... - Rose parecia relutante. Eu tinha certeza absoluta que mordia o lábio, indecisa, perdida em suas ponderações, embora eu não pudesse ver.

Eu não sabia como doía estar tão longe de alguém que está a alguns passos de você.

— Então, minha princesa.., aqui fica melhor pra te ver .

— Essa foi terrível Rose admitiu e tive que concordar silenciosamente com ela. Ela riu e o som me despertou muitas lembranças.

— Sabe que gosto de você, não sabe, Rose? Nunca faria algo pra te magoar.

— Ahn... Não precisamos falar disso, Isaac. Eu não procuro nada sério, na verdade. - a voz dela foi ficando mais baixa e, pra mim, era como redescobrir aquela menina.

Aquela menina mulher que por fora estava tão diferente, mais brilhante, com algo diferente que com certeza atraía o olhar de qualquer um, mas que certamente lá dentro, nem tão fundo, ainda era a mesma Rose que conheci no começo do ano, nas aulas na estufa, no cetiscismo, na organização.

Eram como duas Rose em uma só. E fiquei feliz de saber que parte da atual tinha nascido ao meu lado, embora agora outro pudesse desfrutar de sua companhia.

Isaac começou a conversar enquanto a segurava pelas mãos e fazia carinho. Um lado meu ardia para querer separá-la dele, ele nem sequer merecia ela!, mas a minha outra parte.... Essa parte, infelizmente, ainda raciocinava e estava dilacerada.

Eu me recordava do olhar, da dor que aqueles olhos azuis pelo qual fui apaixonado foram capazes de expressar. Eu tinha magoado a ela por não respeitá-la e ela merecia muito mais do que isso. Por isso, continuei sentado, fingindo não existir enquanto via Rose aproveitar a vida e me superar.

Eles se enlaçaram em um abraço e o embrulho no estômago ficou maior do que minha auto comiseração. Levantei-me em câmera lenta, arrumei os baldes, esfregões e vassouras. Nem escutei as piadinhas que ainda faziam ocasionalmente quem passava e terminei meu serviço do outro lado até que eu estivesse livre de uma vez por todas daquilo.

Ao fim, juntei tudo, até mesmo a tristeza que se apoderava de mim, e segui meu caminho para o dormitório a fim de lidar com mais esse peso em cima de mim: que Rose tinha sua própria vida pra cuidar.

E eu deveria lidar com o que restou da minha.

(....)

Rose Weasley

Depois de um tempo, perdi todas as meninas de vista e fiquei sozinha com meu copo. Como eu estava com um espírito de testar coisas novas, aproveitei para provar uma diferente bebida.

Acontece que aquilo me energizou, fui para pista, dancei com outras tantas garotas e nos divertimos. Adorei a experiência de me soltar e não ter nada te impedindo, nem mesmo meus sentidos que for amortecidos pela bebida.

Em algum ponto da festa, Isaac, o amigo de Alvo, apareceu e começamos a conversar. Comecei até a achá-lo atraente, embora eu procurasse inconscientemente por cabelos platinados. Nesse momento, tomei mais um copinho.

Conversamos e até dançamos juntos, ele ficou empolgadíssimos e depois estávamos abraçados em algum lugar fora da festa.

— Eu quero ficar com você, Rosie.. - Isaac murmurou, boca contra boca. Eu até queria aproveitar o momento, foi um dia de muitas experiências pra mim e, de fato, eu não devia nada a ninguém.

— Eu também quero. Agora.

— Mas, Rosie, queria algo mais duradouro.

Franzi o cenho.

— Eu te disse desde o começo que não queria nada sério, Isaac, você veio sabendo disso.

— Eu sei, mas você não é disso, pode ser pela bebida. Amanhã você pensa melhor - ele tentou me enganar e já ia me beijar quando eu o impedi.

— Não, Isaac, eu bebi mas ainda estou lúcida para tomar decisões. Eu não quero nem hoje nem amanhã algo sério, já basta o que aconteceu recentemente. Você sabe, todos sabem.

— Rose, você está se precipitando e...

— Não, Isaac, é como me sinto e você tem que aceitar mesmo que eu seja uma garota e só os garotos ajam mais assim. É uma escolha, você aceita ou nada.

Coragem tomava conta de mim e o encarei com firmeza. Eu era a dona da minha vida, era eu quem lidava com o rodamoinho que ficava em meu coração após todos me magoarem. Era eu quem merecia e deveria tomar aquela decisão e todas as outras.

— Eu... Rose, quem age assim são aquelas meninas. - Isaac murmurou com uma careta de asco e fiquei possessa.

Cruzei meus braços e me distanciei.

— Que garotas, Isaac?

— Ah, você sabe, Rose!

— Não sei, diga.

— As vadias, Rose, você está agindo como elas! - ele ficou vermelho e explodiu. E eu tive a sorte de ver seu eu de verdade.

Fiquei um segundo em silêncio só para as palavras dele atingirem até ele mesmo.

— Só porque nós, garotas, queremos os mesmos direitos que vocês, idiotas homens, não somos vadias por isso. Vocês por acaso são marginalizados por tomarem a mesma decisão? Eu tenho certeza de que não, então vê se muda seus conceitos e aprende a respeitar a outra pessoa antes de se de relacionar com ela! - terminei de falar e sentia o pescoço pulsando de raiva. Ainda me aproximei pra dar um tapa em seu rosto.

Quente e pesado.

— Rose!

— Isso é pra você escolher suas palavras com mais cuidado. Não só por mim, mas por todas elas.

E o deixei sozinho. Corri o máximo que pude, não de medo, mas pela adrenalina.

Acabei chegando aos jardins e encarei a imensidão escura do céu. Estava vazio o jardim, então me deitei na grama e encarei as estrelas.

Como nossa vida pode dar uma guinada tão grande? Como Scorpius me bagunçou toda e ainda assim sobra uma parte de mim que me orgulha de sobreviver às mais difícil das dores.

Ele me magoou, mas eu vou superar. Eu consigo superar.

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.

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Notas finais do capítulo

Desculpem a autora que vos fala. Eu ando muito ocupada, mas as férias chegarão. Fico muito tempo pensando no que pretendo fazer em vez de escrever de fato esses acontecimentos, então me perdoem porque vou tentar mudar. Como agora, que terminei finalmente o capítulo quando decidi de verdade não fugir disso.

Espero que tenham captado a lição desse capítulo e tenho que dar boas vindas aos novatos, obrigada por acompanhar!!! Nos vemos em breve!!



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