Proibida Pra Mim escrita por TessaH


Capítulo 42
35. ex-Arqui-Inimigo


Notas iniciais do capítulo

olha eu aqui de novo só para agradecer quem comenta e dedicar a vc do capitulo passado!

Júlia Potter Lupin
In Magic
PudimdaLuna69
AccioPudim

P.S.: meuzamores, eu vou responder o comentario de cada uma! nao me esquecerei!



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35|

Kellen Brice

— Como estão seus pesadelos, Kellen? – a psicóloga me perguntou enquanto rabiscava em seu caderninho.

— Não tenho tido desde... – parei para refletir. – Desde que entrei na terapia. Tenho feito como você recomendou, repetir o mantra e ouvir algo que me acalme antes de dormir.

— Então sua qualidade de vida aumentou, podemos dizer assim? – ela me sorriu quando eu assenti. – Fico feliz que esteja dando certo. Não estranhe se algumas vezes algo sair do controle, é normal, não somos donos de tudo. Porém tenha sempre em mente que você é maior do que seus problemas e...

— Nada como um dia após o outro para vencer cada um deles. – completei o mantra e ela pareceu satisfeita. De certa forma, eu também estava. Me dediquei à conversa, a me abrir para eles, levar a sério a terapia para me libertar dos traumas.

Eu sabia que nenhuma lembrança ruim sumiria da minha cabeça, mas eu iria conseguir viver bem com elas. Anne, a psicóloga, estava fazendo uma espécie de tratamento diferente em alguns dias. Depois que eu relatei ser vítima de um abuso, ela procurou um grupo específico de meninas que passaram por coisa igual e nos reuníamos de diferentes regiões, por meio de vídeo-conferência, com especialistas também de lugares distintos. Ela estava sempre ao meu lado e me dava suporte.

Existiam dias que eu não achava que conseguiria, mas ela me ajudava e me falava sobre outras meninas que passaram por isso. Comecei a modificar meu pessimismo quando conheci Kiara, uma menina do grupo de apoio que dava seu testemunho: vítima desde bastante jovem, do padrasto, procurou ajuda e hoje dizia que era apenas uma lembrança que a tornou forte. Venceu o medo de se entregar a outra pessoa e construiu uma família bonita.

— Obrigada, Anne. Venho depois de amanhã? – eu sempre a perguntava quando chegávamos ao fim.

— Você sabe que estarei esperando. – era sua resposta habitual. Inesperadamente, Anne se levantou e me abraçou. Fiquei parada por conta da surpresa para depois retribuir, lentamente, seu abraço. – Estamos no caminho certo, Kellen, me faz feliz ver seus progressos. Sei que tem dificuldade em receber tratamentos físicos, mas... É assim que vamos vencendo. Isso foi um abraço e não se sinta estranha ou receosa em retribuir. Se permita, Kellen.

— É um pouco estranho e... Vou me acostumar – assegurei a Anne e nos separamos. Saí da salinha que ficávamos no mais alto andar da torre leste do colégio e arrumei minha bolsa para ir embora. Quando derrubei meu caderno de desenho e fui pegá-lo no chão, em frente à porta de entrada da ala do grupo de psicologia do colégio, alguém o pegou primeiro.

— Nossa, é lindo. – a menina observou o desenho em que eu estava trabalhando,olhos azuis como sempre. Sorri agradecida. – Você quem fez?

— Sim, é um hobbie. – respondi e a fitei. Não era me era estranha. Os cabelos castanhos estavam presos em um rabo de cavalo, usava uma farda igual a minha, porém dava para ver os detalhes em vermelho e amarelo por baixo de seu casaco. O cachecol quase tomava seu rosto inteiro.

— Você é muito talentosa, nossa... Uau, to chocada! Não quer me desenhar, não? – ela brincou e, antes que eu pudesse responder, Alvo surgiu perto de nós.

— Una, você está atrasada! – ele se direcionou à garota que revirou os olhos.

— Ganhei uma babá de graça, você acredita? – ela resmungou e me entregou meu caderno. – Você também está participando do grupo de apoio?

— Oi, Kellen – Alvo me cumprimentou e retribui. – Una, deixa de indelicadeza e entra logo aí porque eu sei que você se atrasou de propósito! Vou ficar aqui fora esperando.

— Olha que eu não peço nadinha a ele, Kellen. Bom, eu sou Una. Una Stark, mas me chama só de Una porque é mais curtinho, né?

— Santo Deus, ela adora procrastinar.

Tive que rir da impaciência de Alvo.

— Kellen Brice. Pode me chamar de...

— Vou chamá-la de Smurfete! Posso?

— Ai meu Deus, eu não ouvi isso. – Alvo fechou os olhos. – Que horror, Una. Kellen, me desculpa.

Por mais estranha que fosse a situação, eu tinha vontade de rir. O comentário dela não tinha soado como uma ofensa, como era na maioria das vezes.

— Ai, você ficou ofendida?! – os olhos dela se arregalaram, e ela colocou a mão na boca. – Me desculpa, é que eu estou um pouco nervosa, você sabe... – ela deu um risinho. – É a minha terapia hoje e...

— É melhor você ir entrando. Eu me acerto com a Kellen – Alvo empurrou Una pela sala, que o olhou enviesado, mas acabou entrando, talvez por ter ficado envergonhada.

— Ela é uma figura, Kellen, perdoa porque não foi por mal, tá?

— Não fica preocupado, Alvo... Tudo bem, eu percebi. – soltei um riso por pensar na maluca situação.

— É todo o peso que está carregando e...

— Ela é a amiga da Rose, não é?

— Sim, é. Passou mal naquela época e depois precisou ir pra Londres...

— Tudo bem, Alvo, ela é conhecida – eu o interrompi porque o assunto parecia machucá-lo. – Bom, vou indo agora. Boa sorte como vigia.

— Eu devia agradecer?

Nós rimos, e eu tratei de seguir meu caminho pelas infinitas escadas que teria pela frente.

Mais um dia em Hogwarts, cada vez mais perto do fim do último ano dentro daquelas paredes. O que eu faria com meu destino? Não sabia. Não sabia em que era boa o suficiente para seguir como profissão, mas não iria suportar passar mais tempo convivendo com meus pais.

Consegui adentrar o salão comunal da Sonserina e parei para observar a balbúrdia. O salão estava apinhado, uma gritaria sem tamanho.

— Mas que cabaré é esse? – a voz de Thomas me mostrou onde ele estava sentado ao lado de Scorpius.

— Eu adoraria saber a resposta dessa pergunta – falei quando me juntei a eles.

— Como foi sua sessão? – Thomas me perguntou.

— Foi... edificante. – encontrei uma palavra para definir meu dia e cutuquei uma carcaça de Scorpius. Meu amigo não falava, estava com os olhos distantes e parecia que nem estava ali. – Ele não teve melhoras?

— Estou achando que é um caso perdido.

— Estou escutando vocês falarem de mim. – o morto-vivo ao meu lado resmungou.

— Ora, ele fala!

Eu ri de Thomas, mas Scorpius só fez outra cara feia.

— Sua detenção começa hoje?

— Sim.

— Ele vai virar um faxineiro. – Thomas gargalhou sozinho. – Quem mandou brigar, tá vendo? Vai perder a festa de hoje.

Scorpius revirou os olhos. Ele estava impaciente e insuportável após o término do namoro. Thomas e eu revezávamos para não deixá-lo só.

— Você vai? – o Malfoy se dirigiu a mim.

— Ela nunca vai, Scorpius.

— Dessa vez irei. – rebati Thomas apenas para me vangloriar internamente com sua cara surpresa. – É bom porque você limpa as escadarias perto das masmorras, Scorpius.

— Ele vai adorar dançar com o cabo de vassoura. – Thomas entoou.

— Ninguém merece vocês dois juntos, são terríveis.

— Eu não fiz nada! – joguei minhas mãos para cima.

— Sou terrível mesmo. Você não tinha alguns afazeres agora, Scorpius?

O menino ao meu lado deu de ombros. Era impressão minha ou Thomas queria ficar a sós comigo? Balancei a cabeça, não era possível.

— Ei, Kellen – Alvo se materializou ao lado do nosso grupo. Ele era muito amigo dos meninos, de forma que passei a interagir com o Potter há algum tempo, porém as coisas estavam conturbadas após o lance de Scorpius com Rose. E com razão, ela era a prima dele.

Depois que eu e Thomas ficamos sabendo dos boatos, fomos atrás do cabeça-dura apenas para compartilhar momentos de intensa raiva e sofrimento. Scorpius sofria calado, mas tinha seu momento de explodir, e Thomas e eu estávamos lá para lidar com ele mesmo que ele não quisesse ou merecesse, já que descontava na gente às vezes.

— Fala, Alvo.

— Una tá lá fora querendo falar com você. – o moreno me notificou e seus olhos se cravaram em Scorpius. O Malfoy não retribuiu o olhar, nem parecia notar, estava dentro de seu próprio mundo novamente, mas no fundo, notava a frieza de Alvo.

— Já vou indo. – tratei de me levantar e puxei Alvo comigo a fim de evitar qualquer atrito. Ainda mais brigas. Thomas ficou com o posto de vigia novamente.

— Vocês ainda não se falaram?

— Não. Nem quero agora, tenho medo das coisas que sou capaz de dizer na hora da raiva. - Alvo suspirou. – E como ele está?

— Se pudesse se machucar mais um pouco além dos hematomas que está carregando, ele faria. Tenho até medo de Thomas me dizer que acordou com Scorpius se automutilando durante a noite.

— É uma pena...

— Thomas até mesmo falou que ele já se jogou da cama – eu disse e Alvo riu. Claro que meu intuito era sensibilizá-lo para que tentasse se comunicar com Scorpius e trazer mudanças já que eu e Thomas não conseguíamos. – Estou falando sério, Alvo.

— Sei que sim, mas talvez Thomas que não esteja falando sério.

Nós rimos e tive que concordar. Thomas já estava no seu limite, eu via, porque Scorpius era muito chato quando queria. Principalmente se queria machucar alguém para ficar sozinho. Estava sendo uma tarefa árdua fazê-lo ver que os amigos são para as horas difíceis também.

— Olha ela aqui – Alvo disse quando demos de cara com a garota no corredor.

— Olá, Kellen! – ela me abraçou de súbito e consegui retribuir o abraço, rindo um pouco de tanto entusiasmo. – Fiquei com a consciência pesada a tarde toda pelo apelido porque você tem razão em se sentir chateada já que não tenho intimidade com você e...

— Já vou indo, garotas. Juízo. – Alo interrompeu Una para dar um beijo em sua testa e me comovi com o ato, percebendo que não tinha sido a única a ficar tocada. Ao se despedir de mim, porém, cochichou: - Cuidado com essa maluca.

— Deve estar me caluniando! – Una protestou ao ver ele rindo depois. – Vai saindo mesmo, 'bastardo' !

— Ela me xinga até em italiano! – Alvo sorriu e nos deu as costas, cantarolando.

— Você fala italiano? – perguntei quando ficamos sozinhas. O entusiasmo que parecia fazer parte do rosto de Una diminuiu um pouco e nublou seus olhos.

— Falo. Sou parte italiana, Bersani. Mas enfim... – Una segurou minhas mãos, voltando à animação. – Estou me sentindo culpada e adoraria me redimir e provar que sou muito legal!

— Não se preocupa, Una, tenho certeza de que é sim.

— Ai, que fofa você, mas eu realmente quero! Você vai à festa hoje? – ela cochichou em meu ouvido já que era um evento meio que secreto.

— Ahn... Estava pensando, não sei. – fui sincera e lembrei-me de minha vontade em surpreender Thomas de repente.

— Que ótimo! Você se incomodaria em aceitar meus dotes estilísticos para fazê-la arrasar hoje? Por favor? – os olhos dela se arregalaram e ficaram pidões. Parecia aqueles cachorrinhos de rua que você não resiste em conceder o que te pede.

— Não sei se quero ir realmente e..

— Não! Você é 'molto bella', eu adoraria te arrumar, por favor, vamos! Se você se sentir melhor, no meu dormitório só tem a Rose. Rose Weasley, a namorada do Scor... Agh! Que ela não me ouça falando isso! Me desculpe, mas seu amigo é um 'stronzo'!

— O que seria isso? – arqueie a sobrancelha.

— Babaca em italiano. Às vezes tenho um bug cerebral e misturo as palavras, mas vai se acostumar... Vamos indo logo? Andei pensando em uma blusa que ia combinar muito com seu cabelo! – a menina começou a tagarelar sozinha e me puxou pela mão.

Antes que eu me desse conta, estávamos já em seu dormitório na Grifinória, com várias peças de roupas fazendo montanhas no chão.

— O que você acha melhor? Saia e blusinha ou um vestidinho? – Una pegou as peças e ficou botando em minha cara. Tentei não suspirar para desagradá-la, pois estava sendo muito simpática comigo. Eu é que não sabia ter amigas.

— Ahn... Vestido não. Não tem calça?

— Calça vai estragar a blusa! – ela pareceu chocada. Buscou mais roupas e mais delas foram parar no chão. Enquanto seguíamos entre as roupas, eu provando ou desaprovando alguns looks que Una me indicava, ela própria ia buscando roupa para si, até sermos interrompidas quando as outras chegaram.

— A rainha do bom senso! Brice em minha humilde residência! – Lily Luna Potter me sorriu e jogou os braços em meu pescoço. Talvez eu tivesse uma placa em minha testa: disponível para abraços. – Como você está?

— Kellen. – Rose Weasley me cumprimentou e pareceu receosa. Eu entendia, eu era a melhor amiga de seu, agora, ex-namorado e o cara mais odiado por ela. Ela estava com razão.

— Oi, Rose. Está bem? – perguntei porque não sabia o que dizer, mas só em observar seu rosto eu sabia que estava triste. De certo, ela era diferente das meninas com quem Scorpius já aprontara, e o que viveram tinha sido algo novo para os dois e deixou cicatrizes.

— Estou, e você? – ela tentou engatar em uma conversa e sentou-se em meu lado na cama.

— Para com esse climinha estranho, gente, que isso?

— Concordo com a Lily. Minha rainha, estou me redimindo com minha colega de terapia por ter sido indelicada, e ela está aqui como uma colega de gênero, ouviu? Não fica com essa cara assustada perto dela porque estamos entre garotas!

— Una! – Rose tentou censurar a sinceridade da amiga.

— Não, Rose, é verdade... – eu disse. – Ele é meu amigo, mas não vamos falar dele e nem quero. Una está tentando me ajudar com alguma roupa para a festa de hoje, não é?

— Eba, mais uma manequim, adorei sua ideia, Una! – Lily deu pulinhos de alegria. – Vamos começar agora mesmo! Monstrinha, vai lavar esse rosto pra tirar essa cara de tristeza porque vamos nos maquiar e nos vestir para arrasar!

Fiquei com medo do tornado que ia tomar conta de nós quando juntaram Una e Lily em uma causa comum.

(...)

Depois do que pareceu uma eternidade, estávamos as quatro prontas.

— Devidamente maquiadas, vestidas e cheirosas! Vamos dançar!

— Pimentinha, eu amo você! – Una entoou o grito e saiu fazendo trenzinho atrás de Lily. Rose e eu rimos.

— Elas são sempre assim?

Rose deu de ombros.

— Você se acostuma. – a ruiva abriu um sorriso com os lábios recém pintados. Una e Lily tinham apostado em um vermelho sangue para o batom de Rose que combinava divinamente com seu cabelo ruivo.

— Vamos? Estou com medo daquelas duas gritarem demais pelos corredores e chamar atenção.

— Vou seguindo vocês. – disse para Rose e parei para me olhar no espelho novamente.

Era desconcertante me fitar naquele espelho por completa. Nunca antes havia tido tanto primor em me arrumar toda para uma festa ou algo do tipo, antes não havia nem vontade para tal e naquele instante, porém... Até mesmo sorri para a garota bonita no espelho.

Depois de muita guerra com as peças de roupa, eu havia ficado com um short preto desfiado que combinava com a bota de cano médio de camurça preta. A parte da blusa foi mais uma discussão descomunal porque elas me queriam com uma tomara-que-caia e eu não aceitava. Terminou por Rose achar uma blusa que satisfez a todas: era de manga comprida colada, com trançados no busto e muito apertada, mas eu tinha sido convencida para usá-la. E meu reflexo parecia brilhar.

Eu nunca aprendi a usar maquiagem, mas elas sabiam bem. Delinearam meus olhos e puxaram meu cabelo para o alto a fim de que o azul do cabelo se sobressaísse no visual também. Quase não parecia a Kellen de sempre.

Tratei de correr atrás das meninas para não chegar sozinha. Quando adentrei ao recinto de sempre nas embrenhas do castelo de Hogwarts, não me assustei com o barulho e nem com a decoração em neon. Lily havia comentado que teria tinta para pintar o rosto e combinar com o DJ e as bebidas.

Fiquei à procura do grupinho até achá-las do outro lado do local.

— Não me perdi! – tentei dizer a elas quando me aproximei.

— Eu tô amando essa bebidinha, céus! – Lily gritou de volta com um copo colorido a mão.

— Porra Lily, pega leve que a gente chegou agora e você já está no terceiro copo, Pimentinha! – Una reclamou. – Rose, dá uma de prima mais velha aí e segura essa menina antes que dê perda total!

— Lily, vai com calma, não quer fazer algo do qual se arrependa depois, quer?

— Eu quero esquecer meus problemas! – a ruivinha jogou os braços para o alto e fiquei admirada na rapidez em que ela se enturmava. Já estava com a bochecha na cor de rosa neon, pelo menos combinava com seu vestido decotado, justo e rosa também. Os cabelos de Lily pareciam cortinas lisas e pesadas; era lindo e dava vontade de tocar.

— Quero ver na hora de lembrar amanhã. – Una resmungou, olhando enviesado para Lily que já tentava dançar ao nosso lado enquanto segurava seu copo.

— Dança comigo, Brice!

— Temos que pegar bebida pra gente – Rose lembrou.

— Posso pegar! – me ofereci, porque aí poderia me livrar das garras de Lily e sua tentativa de me levar até o chão.

— Obrigada, Smurfete! Ops! Eu sou uma anta, Kellen, vai lá!

Consegui bebidas para as meninas e me dispus até a tomar dois copos. Eu não era de beber, não gostava de sair do controle, mas o gosto daquela azul em especial me ganhou. Conseguimos arrumar a tinta para pintar a cada uma e ganhei duas listras nas bochechas da cor azul.

— Pra combinar com você e seus olhos! – Una gargalhou, já um pouco alta.

Eu revirei meus olhos, mas sorri. Todas elas sabiam que eu não tinha olho azul, porém era o que eu mais desenhava. Simplesmente me fascinava.

Ficamos juntas no início até eu perder a noção do tempo. Lily correu para a pista de dança várias vezes, tomava conta do espaço e captava atenção de todos, mas depois voltava para nosso grupo. Rose se soltou bem mais e fiquei contente em saber que não estava limitando-a, afinal seria péssimo que ela não se divertisse por minha causa.

Inclusive fomos abordadas por Alvo e seu amigo, Isaac, que não deixou Rose sozinha. Conseguiu levá-la mais de duas vezes para dançar e tudo porque Una não parava de gritar para que saíssemos na dança. Alvo havia ficado de babá dela novamente e cortou qualquer copo que chegasse a ela.

Para minha surpresa, o garoto da Sonserina, Jake, me encontrou. O mesmo garoto que um dia havia sondado Scorpius para se aproximar de mim tentava novamente.

— Menino, ela super quer dançar com você! Arrasta ela! – Una berrou no ouvido dele e eu quase cuspi minha bebida na cara de Jake.

— Vamos ao banheiro porque você tem um remédio agora mesmo. – Alvo puxou Una pelo antebraço e a levou.

— Acho mesmo que você está afim de dançar. Me acompanha? – Jake da Sonserina me tentou. Seu rosto tão próximo ao meu não me assustou, só me deixou... curiosa.

Não sei em que planeta estava quando aceitei sua mão e fomos para a pista de dança. Talvez fosse efeito da bebidinha azul, não sei, mas tentei dançar com Jake, o que era uma tarefa extremamente árdua já que eu simplesmente não sabia o que fazer.

Depois de alguns tropeços juntos e risadas, eu pedi licença pra buscar uma bebida.

— Deixa que eu pego pra você e a gente volta a dançar – ele sussurrou próximo ao meu ouvido por conta do barulho.

— Eu mesma vou, não tem problema! – respondi, desejando fugir antes que as coisas tomassem um rumo desconhecido.

Cheguei ao balcão e fiquei olhando o tanto de copo diferente para tomar. Será que eu deveria investir em mais uma bebidinha azul? Ela era muito boa e...

— Aposto que está pensando que quer ir embora. – a voz de Thomas chegou ao meu ouvido.

— Finalmente te encontrei. Não acreditei que realmente fosse faltar a uma festa – falei para o garoto de jaqueta preta ao meu lado.

— Obviamente que não faltaria. Eu tenho PhD em pagar mico em festa, meu amor – ele sorriu maroto. – Devia pegar uma bebida azul, é ótima!

— Eu bem que sei. – suspirei voltando a atenção para os copos. – Mas já bebi demais dela.

— Prova uma diferente. Está mesmo mudando aos poucos – Thomas me olhou longamente e tive a impressão que não se referia à bebida. – Te vi dançando na pista, imagine minha surpresa ao notar que, além de ir à festas, você também dança.

— Há ainda tantas coisas pra você conhecer. – dei de ombros na intenção de brincar com ele. Há um tempo, tínhamos desenvolvido uma sintonia diferente e me permiti a brincadeira. – A propósito, por que não tem nenhuma marca em neon já que é o tema da festa?

— Essa eu deixo para os outros, afinal olha para os meus olhos e me diga se precisa de mais alguma coisa para se destacar nesse rostinho? – o idiota era um presunçoso, mas vi que estava me provocando. Decidi pela bebida azul, de toda forma, e a tomei. – Aliás, Kellen... Você está linda.

— Vindo do cara que me chamava de Avatar, é um tremendo avanço para um elogio. Obrigada.

— Não que você não seja todo dia, mas agora... – os dedos de Thomas se levantaram no ar como se me tocassem, mas depois caíram. – É deslumbrante. Sortudo aquele que dançou com você.

Fiquei sem fala e tomei mais um gole de minha bebida.

— Viu Scorpius?

— Na ultima vez que chequei, estava dançando valsa com o esfregão um andar acima daqui.

— Você o provoca mesmo.

— Você sabe como é ser amigo dele. – ele deu de ombros. – Já vai sair? Está onde?

— Estou com as meninas ali – indiquei o lugar com o dedo enquanto me dirigia para lá. – Quer dizer que vai abandonar sua graduação de pagar mico nas festas pra me seguir agora?

— A vida é feita de escolhas, não é mesmo? – Thomas rebateu em meu encalço.

Em nosso cantinho só tinha uma Lily Potter suada, sentada no banquinho para respirar.

— Olá, meus lindos. Estou morta de cansada, mas me recuperando para mais!

— Vemos bem isso.

— Potter. – Thomas a cumprimentou com um aceno da cabeça. – Você foi contratada pelo DJ para ser a dançarina da noite? Acho que a pista já esta com saudades de suas performances.

— Você é tão engraçadinho, Uckermann, vou ignorá-lo porque eu sou superior a isso e sou mesmo boa dançando! Olha aí! – Lily deu um pulo do banco e gritou, agitando as mãos para o alto. – MINHA MÚSICA!

A ruiva correu para a pista e novamente foi o centro das atenções.

— Essa musica é realmente boa.

As batidas de DJ Got Us Fallin in Love Again – do Usher – soaram altas e atraentes.

— Conhece?

— Sim. Quem não? – respondi para meu acompanhante e terminei minha bebida.

Usher (é, cara)

Voltamos pra balada

Os corpos dançando de um lado pro outro

(De um lado pro outro)

Graças a Deus a semana acabou

To parecendo um zumbi voltando a viver

(Voltando a viver)

Mãos pra cima, e logo a gente coloca as mãos pra cima

Não tenho controle do meu corpo

Eu não já te vi antes?

Acho que me lembro desses olhos, olhos, olhos, olhos

— Por que não se arrisca comigo na pista? Já fez isso antes, eu vi.

— Não tenho muita certeza, Thomas... Não sei dançar muito bem. – ou não sei de nada, mas fiquei calada.

— Por isso pedi pra se arriscar comigo, babe... Nem isso? – a voz estava rouca e bem próxima a mim. Parecia me convidar bem como o som estridente da musica. Teria algum mal só uma musica?

— Só se for uma, tudo bem? As pessoas vão estranhar logo eu dançando com você, Thomas.

— Vai mesmo deixar passar essa chance só pela possibilidade de ser vista comigo? Vem.

Suspirei e resolvi estender minha mão até a sua. Um sorriso ameaçou os lábios de Thomas e a lembrança de beijá-los, debaixo de uma chuva, me atingiu. Eram macios, eu sabia, tinha gostado deles...

Misturamo-nos dentre tantos outros jovens que se apinhavam na pista e meus olhos só captavam as luzes neon e o rosto de Thomas. O espaço era reduzido na pista, e Thomas não teve problema em se colar a mim. Seus olhos azuis estavam semicerrados, focavam outra coisa que não meus olhos, mas pediu permissão para pôr as mãos em cada lado de minha cintura e me puxar.

Nunca antes tinha dançado assim e nem sabia que gostaria. Eu quase não precisava pensar para dançar com Thomas, ele nos guiava no ritmo da musica, descendo e subindo, as mãos em minha cintura me segurando forte e me impedindo de se afastar.

Gostei da segurança, de poder olhar em seus olhos e me perder neles enquanto não parávamos de dançar. A batida frenética ritmava com meu coração, tão descompassado que tive dificuldade para respirar.

— Esse azul combina com meus olhos. – ele cochichou contra minha boca e passou um dedo pela listra neon em meu rosto.

— Sua cor é incrivelmente melhor. – arfei para Thomas e um sorriso ameaçou seus lábios novamente.

Perdi o ar quando ele me guiou para longe e depois me puxou novamente. Tive o ímpeto de colocar as mãos em seu pescoço, mas relutei, até que me lembrei da frase da psicóloga Anne: se permita, Kellen.

Quando firmei minhas mãos na pele quente do pescoço de Thomas, o sorriso finalmente se abriu em seu rosto. Deslizou uma das mãos por toda minha coluna e não tive como achar ruim. Era uma caricia que não me trazia medo, não me dava lembranças ruins e me fazia esquecer de todo o resto, exceto sua pele com a minha e como era bom.

As batidas da nova música começaram. Era Without You, do David Guetta. Não nos separamos, inclusive nos aproximamos mais, se era possível. O espaço parecia não existir nem entre nós ou além de nós.

Eu não posso vencer, eu não posso reinar

Eu nunca ganharei este jogo sem você

Sem você

Estou perdido, eu estou inútil

Eu nunca serei o mesmo sem você

Sem você

— Posso roubar um pouquinho de você agora? Me mataria se eu te beijasse, babe?

Como eu poderia encontrar palavras para respondê-lo? O rosto arfante, a boca aberta, quase que me convidando para tocá-lo.

— Se permita. – acho que sussurrei a resposta, mas estávamos a centímetros de distância. Assenti enfaticamente e não desviei os olhos de sua boca trêmula. Thomas segurou meu rosto entre as duas mãos e capturou meus lábios com o mesmo furor que me olhava.

Vibrante. Anestesiante. Para aquele beijo eu estava preparada, não tinha sido engolida pela surpresa. Ele me prendia ao seu corpo e correspondi ao desejo. Uma mão desceu por meu pescoço, minha coluna até parar a base das costas. A outra deslizou para minha nuca e puxou meu cabelo.

Thomas gemeu em minha boca quando abri passagem para sua língua e nos liquefizemos juntos. Eu quase não podia acreditar que estava em seus braços novamente. Tudo se apagava de minha cabeça, sequer algo para me distrair. Puxei seus ombros e ainda pude tatear seus ombros desenhados, seus braços que me seguravam forte e me faziam arrepiar.

Deixei que tudo sumisse de meu cérebro e me permiti viver aquele infinito particular com meu ex-arqui-inimigo, impensável amigo.

 

 

Eu não posso largar agora, isso não pode ser certo

Eu não posso mais passar uma noite em claro sem você

Sem você


Eu não posso olhar, eu estou tão cego

Perdi meu coração, eu perdi a cabeça sem você


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Notas finais do capítulo

EU PRECISO SABER DE VOCêS!
fiquei pensando se colocava esse cap, mas eu nao parava de sonhar com esses dois e essa cena, então scorose vem aí, só não veio muito nesse! espero que tudo bem!
queria agradecer a quem comenta e vem conversar comigo, amo voces! escrevo pq adoro compartilhar com vcs!
e aí, palpites para quais mais peripecias vai acontecer nessa bendita festa??? Ainda terão mais POV's!!!!



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