rugby

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— MALFOY, CORRA! CORRA NESTA DROGA DE GRAMADO, MALFOY!

A voz do um treinador se destacava para meus ouvidos à medida que eu corria com toda minha força imposta sobre o corpo. Tronco inclinado, força nas pernas, agarrando a pequena bola, eu tentava vencer a aerodinâmica existente e furar o bloqueio do time da Grifinória.

— SCOTT, PELO AMOR DE DEUS, FAÇA SEU TRABALHO DE IMPEDIR O MALFOY!

O senhor Ernest era treinador, de forma geral, dos times de rugby de casa de Hogwarts. Ele era o professor de educação física, treinava periodicamente dois times de cada casa para nos avaliar, mas era também o  diretor da Sonserina.

Ele só era um cara muito exigente. Principalmente comigo.

Scott Hayes era um jogador do time junto com Alvo e a função deles eram impedir que eu passasse da zona e ganhasse o jogo. O problema do Scott era que passava tempo demais malhando o corpo, excessivamente, atrofiando a mente, e se tornando um monte de músculos, o que ocasionava belas pancadas entre nós como agora.

Faltando um passo para ultrapassar a linha, vi pela visão periférica Alvo se aproximando pela direita, mas não distingui o rastro de Hayes, então só me dei conta que fui parado quando eu e a Montanha já estávamos embolados no chão.

— Porra, Hayes, sai de cima de mim! – urrei depois de cinco segundos de queda, nos quais Scott ainda continuava em cima de mim, com aqueles braços parecendo amendoins gigantes protuberantes.

— Você  é um mariquinhas, Malfoy – ele riu com escárnio e se levantou.

— E você é anencéfalo.

— Sou o quê?

— Aposto que nem sabe o que é – proferi, raivoso.

— Parou de discussão os dois! – Ernest nos interrompeu. Ele pegou a bola do chão e a apontou para o Montanha. – Scott, não lide com seus problemas pessoais com o Malfoy dentro desse gramado, ouviu bem? Eu vi que você se aproveitou para tentar sufocá-lo após a queda!

Eu ri da cara feia de Scott.

— Não ache divertido, senhor Malfoy! Você deveria ter desviado e passado da linha! Vou dar mais dois turnos de corrida para treiná-lo!

Parei de rir na mesma hora. Era péssimo correr pela noite com o senhor Ernest gritando toda hora para aumentar a velocidade, diminuir o tempo, ser mais veloz. Blá, blá, blá.

— Quem ri por último ri melhor, Malfoy. – Hayes me olhou. O sorriso rasgando sua boca feia dentro de uma cabeça engolida pelo corpo musculoso.

— Não sei como você consegue rir dentro dessa sua cabeça minúscula também.

Scott ia retrucar, mas Ernest o empurrou.

— Vá embora, sua aberração, não caia nos joguinhos do Malfoy. E você, Malfoy, onde estava com a cabeça? Nas nuvens? Você corre mais do que isso com certeza! Será que teremos que fazer um treino de perna com você para fortalecer seu dois palitos?

Outch, me senti ofendido.

— Ei, não é bem assim. Tenho um corpo escultural! – respondi, levando a camisa do time e admirando meu abdome desenhado. – Só não vi o Hayes, sinto muito, treinador.

— Sinto muito nada, Malfoy. Não me peça desculpas, só melhore. Agora ande logo que sua aula de Botânica já vai começar!

Bufei e limpei meu rosto sujo com a camisa. Ninguém merecia ter aula depois de um exaustivo treino, mesmo assim me obriguei a caminhar para o vestiário, tomar um banho e pôr o uniforme para a aula mais entediante do planeta.

— Hoje tem o sorteio das duplas para o trabalho de botânica do ano, Scorpius, vê se não falta. To indo! – Alvo bateu no meu armário quando saiu.

É assim que a gente leva a vida em Hogwarts: trabalhos, trabalhos e mais trabalhos.