Do trono ao cadafalso escrita por Evil Queen 42


Capítulo 4
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura. ♡



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Konoha tinha uma nova Rainha e isso não poderia passar em branco. Sarada não estava com cabeça para uma festa, mas por tradição acabou se vendo obrigada a ceder. 

Todos se divertiam na Corte, dançavam e comiam à vontade. Sarada, sentada na cadeira mais privilegiada, se mostrava claramente entediada com aquilo tudo. Sua única vontade naquele momento era voltar a ler o diário de sua mãe, pois várias teorias lhe invadiam a cabeça e muitas delas não eram boas. Chegou inclusive a imaginar que pudesse não ser filha de Sasuke, no entanto suas características físicas nunca deixaram dúvidas. 

Boruto se aproximou da jovem Rainha, fazendo uma reverência. Sarada riu e revirou os olhos. Somente ele para lhe fazer rir diante de tal situação.

– Sem formalidades. - Disse ela.

– Só em público. - Sorriu de canto, depositando um beijo delicado na mão de Sarada - Eu teria a honra de dançar com Vossa Majestade? 

– Será um prazer. - Com um sorriso no rosto, Sarada se levantou e nesse momento os músicos pararam de tocar, tal como todos os membros da Corte pararam de dançar e olharam para a Rainha - Não parem! - Ela ordenou, então a música voltou a se fazer presente naquele imenso salão. 

Na companhia de Boruto, Sarada foi para o meio do salão junto àquelas várias pessoas que se divertiam sem pensar em mais nada. Ao contrário deles, Sarada estava com a cabeça confusa e tentou ao máximo não deixar aquilo transparecer; Todavia, Boruto a conhecia melhor do que qualquer um ali e notou rapidamente que algo a perturbava. 

– No que está pensando? - O loiro levou as mãos até a fina cintura de Sarada, puxando-a para perto de si.

– Ainda sobre o diário de minha mãe. - Respondeu. 

– Terá tempo para ler. Não precisa mostrar para todos o quanto está perturbada e, ouso dizer, obcecada com isso.

– Não estou obcecada! - Falou num tom de voz mais sério - E você foi o único a notar. 

– De qualquer forma, tente aproveitar a festa. - O rapaz sorriu - Ela está linda, não acha? Não tão linda quanto nossa Rainha, mas quase se pode comparar. 

Sarada riu. Algumas de suas damas aconselharam a não usar preto no dia da festa por sua coroação, pois acabaria parecendo que a Rainha estava de luto. Deveria demonstrar alegria, não somente em seu rosto, mas em suas roupas. Contudo, Sarada sempre achou que os tons mais fortes lhe favoreciam e o tecido negro sempre foi o seu favorito. 

– Nunca gostei de festas. - Bufou - Lembro-me de meu pai fazendo com que eu participasse de banquetes quando havia a presença de algum embaixador ou monarca de outro país. Ele gostava de me exibir, mas eu achava tudo aquilo desnecessário. Eu, uma criança, rodeada de adultos e tendo que me comportar como tal. 

– Suas governantas eram todas muito rígidas. - Boruto fez uma careta, visto que quando criança odiava todas as mulheres escolhidas a dedo por Sasuke para tomarem conta de Sarada. 

– Talvez fosse intenção de meu pai que meu amadurecimento fosse algo precoce. - Deu de ombros - Não sei... Há tanta coisa que eu não entendo.

Se Sasuke tinha tanto ódio de Sakura, a ponto de destruir seus retratos e mal tocar no nome dela, por que exibia a única filha com tanto orgulho? Por que manteve Sarada na linha de sucessão? Por que não casou novamente para tentar ter um herdeiro do sexo masculino? Por qual exato motivo Sasuke permitiu que uma mulher se tornasse Regente de seu país? 

Tais perguntas não invadiam somente a cabeça de Sarada, mas de todos aqueles que não conheceram Sakura com vida e, por esse motivo, não sabiam nada além de seu polêmico nome e fatídica morte. 

Mesmo Karin, que cuidou de Sarada como uma filha, que conheceu Sakura a ponto de ela lhe confiar seu diário como único legado, jamais falou nada sobre a antiga Rainha para Sarada. As perguntas da menina nunca eram respondidas, principalmente durante o reinado de Sasuke. Nada era dito sobre Sakura além de coisas horríveis que por vezes chegaram aos ouvidos de sua filha. 

"Ela era uma rameira pública", foi o que disseram. "Concubina do Rei", ouviu de um antigo embaixador e amigo de seu pai. "Responsável por escândalos na Corte, sua índole era lasciva", ouviu ainda criança. "Comprou o Rei com sortilégios; Bruxa... Usou de feitiçaria para tornar-se Rainha"... Sarada sempre fechava seus ouvidos, não queria acreditar que a mulher que lhe deu a vida era uma pessoa ruim. No entanto, muitos eram induzidos a crer que Sakura foi a pior coisa que já aconteceu na vida do antigo Rei. 

Mas o que Sarada lia até então, naquele diário, não eram palavras de uma bruxa, de uma prostituta, de uma pessoa de má índole... Eram palavras de uma menina insegura, apaixonada, magoada, usada, manipulada. Uma vítima da sociedade em que vivia. 

Sakura não foi uma figura diabólica, Sarada via claramente que ela era apenas um ser humano, com erros e acertos. Uma mulher mal compreendida em seu tempo. 

O baile não tinha hora para acabar. Via alguns cortesãos já bêbados, muitos gastando seu dinheiro em jogos de apostas. Sarada lembrava que seu pai odiava esses jogos, achava ridículo a forma com que pessoas perdiam tanto dinheiro em tão pouco tempo. 

Saiu da festa quando viu que suas damas estavam distraídas. Não queria ser seguida. Foi para o seu quarto e trocou-se sem ajuda, mesmo que tenha demorado um pouco por causa da quantidade de camadas do longo vestido. 

Trancou a porta, tirou o diário do esconderijo mais seguro que encontrou para ele, então o abriu sobre a mesa na página onde parou, sentando-se em seguida para ler mais sobre sua falecida mãe. 

"O Rei recebeu embaixadores hoje, talvez seja porque o casamento de Vossa Majestade se aproxima e muitos detalhes devem ser acertados. Uma aliança com outro país é preciosa. 

Um grande banquete foi servido, músicos animaram o local, a Rainha mãe se recolheu ainda cedo após o jantar com os embaixadores, portanto liberou suas damas para aproveitarem a festa. 

Infelizmente Sasori foi banido da Corte e retornou para sua casa após confrontar Orochimaru, foi obrigado a se casar com outra moça e isso partiu meu coração; Mas, durante a festa, ganhei a atenção de um jovem muito bonito e simpático chamado Naruto. Ele é o melhor amigo do Rei e me chamou para dançar ao notar que eu não estava na companhia de homem algum (...)" 

Sakura sempre gostou de dançar. Se divertiu na companhia de Naruto, que lhe arrancou várias risadas. Ela até fez um comentário descontraído, chamando-o de bobo da corte. 

Mas a diversão dos dois foi interrompida, uma vez que Sasuke - que observou cada passo que a moça deu desde que chegou no salão - se aproximou de ambos e tocou no ombro de Naruto, como um pedido mudo para que eles parassem de dançar.

Naruto e Sakura cumprimentaram o Rei, que logo estendeu a mão para a rosada.

– Me daria a honra, senhorita? - Indagou cordialmente, então Sakura apenas assentiu e segurou a mão do Rei. 

Enquanto dançavam, Sasuke notou que Sakura estava com uma expressão diferente da que tinha em seu rosto quando estava na companhia de Naruto. Parecia fria. 

Há semanas o Rei tentava conquistá-la. Mandava presentes, escrevia poemas, dava a ela a honra de estar em sua companhia, mas nada agradava. Tudo piorou quando Sakura recebeu uma carta de Sasori, pedindo perdão por ter casado com outra, mas disse que Orochimaru o ameaçou. O Rei não fazia questão de que Sasori se casasse tão cedo, mas Orochimaru apressou as coisas e o fez casar, mantendo-o longe da Corte e longe de Sakura. 

Seria um problema se os dois voltassem a se ver. Pelo menos por um tempo, Sasori deveria se manter afastado. Talvez até o Rei satisfazer sua vontade de ter Sakura em sua cama. 

– Por que tanta frieza, Sakura? - Indagou o Uchiha, mas ela se manteve em silêncio - Ponha um sorriso nesse rosto, está a dançar com o Rei.

– Não há motivos para sorrir nesse instante, tampouco em vossa presença. - Respondeu indiferente - Sasori se casou. 

– Sim. Mas não por minha causa. 

– Claro. - Ironizou - Orochimaru é o Rei de Konoha, não é mesmo? 

Furioso, Sasuke segurou no braço de Sakura e andou com ela a passos apressados, puxando-a até a sacada do grande salão, fechando em seguida as cortinas vermelhas para que ambos não fossem vistos ali. 

– Se ousar me tratar como um garoto tolo na frente de minha Corte, eu desmancho esse castelo até o chão! - Bradou, não escondendo sua raiva diante da atitude petulante de Sakura.

– Faça isso! - Retrucou a Haruno. 

Sasuke se calou por uns segundos, respirou fundo para conter sua fúria.  

– Sakura, nem mesmo um Rei pode escolher quem amar. - Disse mais calmo. 

– Não és livre, Majestade, tens uma noiva. - A moça retrucou - Um homem comprometido, Rei ou súdito, não é livre! 

Sasuke abaixou o olhar por alguns segundos, ainda assim não perdeu a pose. Ele admitia para si mesmo que Sakura não era como as outras, isso só aumentava seu interesse pela rosada e, de alguma forma, Sasuke sentia algo forte por ela. 

– Tudo por uma aliança... Itachi era noivo de Izumi desde que ela era um bebê; Ambos se casariam quando ela atingisse a maioridade. Todavia, meu irmão faleceu ainda muito jovem, eu tomei seu lugar na linha de sucessão e, para não perder o dote, meu pai decretou que eu me casaria com Izumi. 

Sasuke, mesmo sendo noivo de Izumi há anos, nunca havia colocado seus olhos nela. A garota era alguns anos mais nova, mas a diferença de idade não era nada muito significativo; Estava próxima da idade de se casar, portanto logo seria enviada para Konoha e viveria ali como Rainha a partir de então. 

– Não conseguirá me sensibilizar com suas palavras, Majestade, tampouco comprar-me com favores. 

Por vezes o moreno teve vontade de desistir da dama de companhia de sua mãe, mas seu orgulho era maior do que tudo. Ver suas vontades negadas por uma mulher era quase uma tortura. Ele queria tê-la. 

– Sakura, é muito triste estar com uma pessoa dia após dia... Poder tocá-la, ter sua companhia quando pedir, e não ter resposta. - Suspirou - Arder de amor, mas ter negado qualquer tipo de prazer em sua fria companhia. É triste. 

– O mesmo aconteceu comigo, Majestade. Me apaixonei perdidamente. - Sakura notou um pequeno sorriso se formar nos lábios do Uchiha, mas acabou com sua alegria rapidamente - Não por vós. 

– Sasori? 

– O Rei sabe melhor do que ninguém, mandou despachá-lo. - Disse, tanto irritada quanto magoada - Eu pretendia me casar com ele... Mas não crie a falsa ilusão de que irá me ter porque Sasori casou-se com outra. Tenho fé de que me casarei com um homem tão bom quanto ele, e não terei um marido complacente! Não serei acessível a vós! 

– Toda esposa é acessível! - Sasuke respondeu entre dentes.

 Às vezes o jeito petulante de Sakura chegava a irritá-lo, principalmente quando ela fazia questão de diminuí-lo destemidamente. 

– Então nada tendes a temer. - Sakura sorriu de canto, era nítida sua intenção de provocar o Rei.

– Quero-a toda para mim... - Sasuke aproximou-se da Haruno, segurou em seu braço e chegou seu rosto próximo ao dela. 

Não houve beijo, somente um roçar de lábios. Sakura logo se afastou do moreno e tentou voltar para a festa, para onde estava movimentado e havia bastante gente, mas Sasuke a impediu. Sabia que a rosada queria fugir dele no meio da conversa, da forma que fazia sempre, mas Sasuke não estava disposto a deixar.

– Não há mais o que ser dito. - Sakura respondeu, tentando livrar-se do Rei.

– Escute-me... Se você se der a mim, juro que todo o meu reinado girará em sua volta. - Ele sorriu - Títulos, rendas... O que quiser para qualquer um. Eu posso dar-lhe qualquer coisa. 

– Então serei dispensada no fim... - Riu com sarcasmo - Diga-me, Majestade, que grandes rendas têm suas antigas amantes? 

– Bem... - Sasuke se mostrou um pouco desconcertado, mas tratou de disfarçar - Elas nunca me pediram nada... - Deu de ombros - Mas não vou negar-lhe nada. Peça o que quiser. 

– Minha liberdade. - Respondeu prontamente - Permita que eu volte para a minha casa, que abandone a Corte, e que possa desposar quem quiser.

– Isso nunca! 

– Sabe de uma coisa? - Perguntou em deboche - Já ouvi o que os Cortesãos dizem, e agora posso confirmar. - A afirmação da rosada fez uma expressão de confusão e curiosidade surgir no rosto do monarca - Sois mimado, cruel e vingativo! 

– Isso não é seguro. - Avisou.

– Sim, já me disseram que não é seguro negar algo ao Rei. - Respondeu - Vossa Majestade, com toda essa falsa gentileza... A casa de meu pai será desmembrada, me disseram. Pode fazer o que quiser, Majestade, sois o que eu disse! 

– Se queria provocar minha ira, você conseguiu! - Bradou - Eu agradeço por isso. Você me fez de tolo! 

Dito isso, Sasuke virou as costas e saiu furioso, deixando para trás uma Sakura abismada. Do jeito que Sasuke mostrava-se sempre gentil e apaixonado, ela jamais imaginou que ele chegaria a tal ponto, uma vez que estava disposto a tê-la. 

As ordens eram para que ela conseguisse o favor do Rei, tudo por ambição familiar. Contudo, Sakura sempre acabava se lembrando de que não se casou com Sasori porque Sasuke não aprovou a união, por isso sempre acabava tratando o Rei rudemente. 

No entanto, maior do que o medo de perder de vez o interesse de Sasuke, era o medo de que ele fizesse mal a Sasori de alguma forma. Por isso, pelo homem que amava, Sakura engoliu seu orgulho e correu atrás do monarca que firmemente andava por entre os cortesãos a fim de seguir para seus aposentos.

– Majestade! - Ela falou alto, chegando perto do homem que parou e olhou por cima do ombro - Por favor, não ataque Sasori.

– Tentarei. - Respondeu friamente - Sou cruel e vingativo, lembra-se? 

Deixando a rosada para trás, Sasuke seguiu para seus aposentos. Naquele momento só queria dormir, já não tinha mais ânimo para festa. 

Sakura permaneceu estática, temendo pela vida de Sasori. 

– O que eu fiz? 

Se algo acontecesse a ele, Sakura jamais iria se perdoar. 


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Notas finais do capítulo

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