Do trono ao cadafalso escrita por Evil Queen 42


Capítulo 24
Capítulo XXIV




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"A maldita Shion melhorou seu estado de saúde e voltou para a casa de Sarada. Voltará a servi-la como sua criada. 

Pensei que me veria livre da menina tão petulante, mas ela melhorou rápido. Creio inclusive que se tratava de um fingimento por parte dela, para penalizar o Rei por tê-la rebaixado a uma criada da Princesa. De qualquer forma, também me sinto um tanto aliviada, uma vez que nenhuma culpa cairá sobre minha cabeça. 

Concluí que Shion tem seus seguidores fiéis, e que a melhor forma de evitar conflitos maiores é trazê-la para o meu lado. Talvez eu deva recebê-la de volta na Corte, afastando assim a venenosa serpente de minha inocente filha.

Com esse objetivo traçado, partirei ainda hoje para a casa de Sarada. Preciso não só ver minha filha, mas conversar com Shion face a face (...)."

A casa era pequena aos olhos de Sakura - se comparada com outras propriedades do Rei -, apesar de seus amplos jardins. A residência da Princesa era feita totalmente de tijolos vermelhos, com ameias e torreões, e parecia bastante fria. Era fato que se aquela menina fosse um menino, sua residência seria muito mais imponente.

Imaginando-se com sua filha nos braços, desfrutando do doce prazer de vê-la e sentir seu cheiro, a Rainha recuperou sua compostura.  Ao entrar na casa, encontrou com uma das servas de Sarada e ordenou que Mebuki fosse chamada.

A mulher dos cabelos louros, e ainda muito bonita para sua idade, fez uma reverência para sua filha assim que encontrou-se em sua presença. 

– Mamãe. - Sakura sorriu - Sarada, como ela está? 

– Dorme como um anjo. - Disse-lhe a mais velha - Quase não chora, é muito boazinha. 

– Ela me enche de orgulho.

Sakura riu, então andou um pouco pelo cômodo. Era uma sala ampla; A casa sempre parecia maior quando vista de dentro. 

A Rainha alisou a barriga arredondada. Tinha esperanças de que seu próximo bebê fosse um menino, com isso tanto ele quanto Sarada seriam transferidos para uma casa bem maior. 

– Como anda a gravidez? - Mebuki questionou. 

– O bebê pouco se mexe, ao contrário de Sarada que mal me deixava dormir. - Riu - Está tudo bem.

– O Rei sabe que está aqui? 

Sakura ficou séria. Sasuke queria que seu filho nascesse saudável, e não queria esforços por parte de Sakura. Ela havia saído escondida para evitar uma discussão. 

– Ele... - Sakura queria contornar o assunto, mas sua mãe já havia percebido que ela estava lá sem a permissão do Rei - Ele vem aqui com frequência? 

– O Rei vê a Princesa pelo menos uma vez por semana. 

Sakura riu, mas ainda assim sem humor. Imaginou que, mesmo bastante ocupado, Sasuke daria um jeito de ver a criança todos os dias caso fosse do sexo masculino. 

– Mamãe, eu estou aqui também para falar com Shion. - Disse Sakura - Poderia chamá-la?

Após assentir e fazer uma reverência, Mebuki se retirou para chamar Shion. 

Sakura estava confiante de que Shion iria aceitar o acordo de paz entre as duas, pois a prima do Rei certamente não aguentava mais a humilhação de ser tratada como uma criada. 

Quando Shion finalmente estava na presença da Rainha, fez uma reverência a contragosto e permaneceu séria, fria, completamente indiferente. 

– Mandou chamar? - Questionou, recusando-se a dizer "Majestade".

– Shion, você sabe que agora eu sou sua Rainha e que não há nada que você possa fazer para mudar isso. - Sakura disse em tom calmo, tentando não provocar a ira da garota - Eu posso falar com o Rei em seu nome, pedir para ele perdoar suas petulâncias, e recebê-la de volta na Corte. Terá de volta sua mesada, suas próprias aias, e será tratada por mim e pelo Rei com toda a afeição que possa imaginar. - Sorriu - Mas, claro, tudo nessa vida tem um preço. Concederei a você tudo isso e muito mais, apenas se você me aceitar como Rainha e jurar sua lealdade a mim. 

Shion não mudou sua expressão. A menina dos cabelos louros a olhava friamente, da mesma forma que sempre olhou.

– Você não é Rainha, é apenas a filha de um homem comum. - Disse Shion - Se a concubina do Rei interceder por mim, ficarei eternamente grata, mas não posso reconhecer como Rainha uma mulher que não nasceu destinada ao trono, e que certamente comprou o Rei com sortilégios. 

As duas se olharam com ódio. Sakura estava disposta a acabar com o orgulho daquela garota atrevida, mas ainda assim Shion não iria ceder.

A jovem bem queria recuperar o amor do Rei, mas não estava disposta a obedecer Sakura para conseguir. 

Sakura sentiu uma mão fria apertar-lhe o coração após tal resposta.

– Saia. - A rosada ordenou.

Quando Shion se retirou, tanto Mebuki quanto outras servas de confiança da Rainha, que ficavam próximas de Sarada, foram chamadas.

Muitas das mulheres que acompanharam Sarada em sua mudança eram parentes de Sakura. Além de sua mãe, havia também primas e tias. Em especial, uma prima próxima da rosada era quem supervisionava Shion a mando da Rainha.

– Darei a todas vocês novas instruções. - Disse com autoridade - Qualquer ato de insubordinação deve ser tratado com intolerância. A prima do Rei acha que está a cima da Rainha, portanto batam nela se preciso for, deixem-na dormir com fome. Deixam que ela conheça a força do desagrado da Rainha, tal como já conhece a do Rei. 

Dessa forma ela se despediu de tudo que lhe era desagradável, e subiu imediatamente as escadas rumo aos aposentos de Sarada. A pequena dormia tranquilamente em seu berço, como um verdadeiro anjo.

Todos os seus servidores - mais de oitenta - rodeavam-lhe de conforto. Havia três aias somente para lhe embalar o berço; Outras para cuidar de suas roupas; Havia também duas para limpá-la, e outra para cuidar de seus cabelos. A Princesa também contava com bordadeiras e costureiras exclusivas, para confeccionarem novos vestidos constantemente, uma vez que Sarada crescia mais a cada dia.

– Estou satisfeita com essa sua visita sem aviso prévio. - Mebuki comentou, de pé ao lado de Sakura enquanto ela olhava Sarada dormir.

Sakura, ao contrário de Sasuke, não costumava avisar quando estava indo visitar Sarada. Gostava de chegar de surpresa, para ver como cuidavam de sua filha quando estava fora de suas vistas. 

– Ela está tão linda. - Sakura disse com devoção - Suas bochechas estão bem cheias.

– Sim, a ama de leite secou. - Mebuki informou - A que estava de reserva também está com o leite se esgotando. 

– Preparou alguma lista com candidatas? - Sakura questionou. 

Mebuki então abriu um móvel do quarto de Sarada, tirou um papel com vários nomes de mulheres cujos filhos faleceram ou já estavam crescidos, mas que os seios ainda fossem fartos de leite. 

Vários requisitos eram analisados. A saúde e a conduta da ama de leite da Princesa eram de extrema importância. A mulher não precisava ser nobre, tampouco rica, mas deveria ser boa de saúde, com filhos saudáveis e bem nutridos, e não poderia ter histórico de loucura ou criminalidade em sua família. Enquanto estivesse amamentando o bebê Real, sua alimentação seria minuciosamente controlada para que nada de ruim fosse passado para a Princesa através do leite.

Após muito conversarem, Mebuki e Sakura decidiram quem seriam as próximas amas de leite para Sarada. Sakura escolheu três por segurança, caso a menina rejeitasse alguma. 

Depois do que aconteceu com seu primeiro filho, Sakura ficava feliz por Sarada mamar bastante. 

– Majestade, há outro assunto a ser discutido. - Disse Mebuki, dobrando o papel com os nomes das candidatas a ama de leite, colocando-o em seguida sobre um móvel de madeira perto do berço da menina - O embaixador de Suna está a caminho, o Rei já nos informou.

Aquele assunto era desagradável para Sakura. Ela não gostava dessa história de casar sua filha com um Príncipe estrangeiro. 

– O que ele quer aqui? - Resmungou - Não vem apenas trazer os documentos para Sasuke e eu assinarmos?

– Não exatamente. Ele vem inspecionar a Princesa.

– O que? - Sakura não escondeu sua raiva. 

Mebuki não escondeu sua preocupação. Sakura já estava com a gravidez bastante avançada, não deveria se alterar. 

– Antes de assinar qualquer acordo, o Rei de Suna ordenou que a Princesa de Konoha fosse inspecionada por seus embaixadores de confiança. - Relatou Mebuki - É só para ele ter a segurança de que Sarada não apresenta imperfeições. 

Sakura não gostava nada daquilo, mas devia aceitar. 

Uma mulher comum que conquistou um Rei, que conseguiu ganhar o trono por mérito próprio, certamente era vista por muitos como bruxa. Por tal motivo, boatos sobre imperfeições no corpo de Sarada se espalharam até em Suna. 

Sarada era candidata a futura Rainha de Suna, portanto o atual Rei deveria ficar satisfeito com ela. 

Eles veriam as vestes da Princesa, assegurando-se que correspondiam ao seu status Real. Poderiam pegá-la no colo, olhar detalhes de seu rosto, contar seus dedos, e se certificar de que nenhuma deformidade se fazia presente. 

Sakura não concordava com esse maldito costume, pois sentia que tratavam sua filha como um mero objeto, mas não havia o que ser feito. Ficava satisfeita com o fato de que Sasuke havia se dado ao trabalho de arrumar um bom casamento para ela - com ninguém menos do que um futuro Rei -, mas também sabia que seu marido tinha interesses pessoais por trás disso, portanto usava a filha como um peão num jogo de xadrez. 

Mebuki exibiu para Sakura os trabalhos magníficos da costureira pessoal de Sarada. Ela devia estar apresentável para quando os embaixadores chegassem. Vestidos e roupas de berço foram confeccionadas especialmente para aquela ocasião. Eram peças espetaculares, ricamente bordadas com pedras, incrivelmente detalhadas. 

Para o berço, Sakura escolheu o cetim amarelo, tendo bordado nele o brasão da dinastia. Outros detalhes eram bordados com fios de ouro e prata. O vestido foi mais difícil de escolher, todos eram belíssimos, mas Sakura optou por um vestido da mais fina seda e tule brancos, em camadas sobre rendas e enfeitado com fitas e laços de carmesim. E a touca, como uma pequena coroa, estava bordada toda em volta com pequenos diamantes e pérolas. 

Quando escolheu a última peça de roupa que Sarada usaria para a visita dos embaixadores, a pequenina acordou. Uma das criadas correu para pegá-la, então a entregou para sua mãe. 

Estava com seu rostinho vermelho por chorar com tanta força. Sakura sentou numa poltrona com Sarada e a aninhou em seus braços. 

Sentia um amor imenso por aquela criança, talvez fosse a única coisa boa de sua vida, e certamente a coisa mais pura que já fez. Aproveitava cada segundo com sua pequenina nos braços, embora a barriga saliente já incomodasse um pouco. 

Para a menina era divertido. Ela passava sua mãozinha pela barriga de sua mãe, como se já soubesse quem estava ali. Parecia já amar o pequeno irmão, que, caso fosse homem, lhe tomaria o lugar no trono. 

Os pequenos dentes pareciam lhe incomodar, e Sakura sentia seu coração doer ao saber o sofrimento da filha. Repreendeu as servas da Princesa por não terem escrito nada sobre isso, e logo falaria com o médico de confiança de Sasuke para que fizesse algum remédio que viesse a aliviar o incômodo que Sarada sentia. 

Foi uma tarde que Sakura desejou do fundo de sua alma que não acabasse, mas ela precisava retornar para a Corte. Sentiu-se triste ao ter que se despedir da filha, mas não podia ficar mais. Sasuke não via com bons olhos o tempo que sua esposa passava na residência de Sarada, pois dizia que a viagem até lá poderia prejudicar a criança que estava para nascer. Mas Sakura não se importava, pois não queria ficar longe da filha. Ela evitava ao máximo não contrariar seu marido, mas não conseguia se afastar de Sarada por tanto tempo, e fazia questão de vê-la sempre que possível.  

[...]

Sarada estava sentada no lugar de honra reservado para si. O banquete estava divino, toda a Corte festejava e celebrava a vitória de Konoha garantida pela Rainha. Boruto estava sentado ao seu lado, como seu oficial pretendente, e segurava sua mão. 

– A Rainha foi incrivelmente corajosa, mas também foi imprudente. - Boruto disse, fazendo a mulher rir. 

– Não foi imprudência, eu fiz o que qualquer Rei faria por seu povo.

– És uma Rainha.

– Uma Rainha que governa como um Rei. - Respondeu - Meu pai me educou para tal. 

Sarada estava orgulhosa de si. Mostrou o que era capaz de fazer, provou que era mesmo uma Uchiha. 

– Estava nos seus planos morrer como um mártir num campo de batalha?

– Cabe a uma Rainha mostrar para os outros como se deve morrer? - Retrucou divertidamente. 

– Você não muda... - Ele esboçou um sorriso de canto, então depositou um beijo na bochecha da monarca - Minha Sarada.

– Boruto. - Ela lhe encarou seriamente - Quero lhe pedir algo. 

– Tudo para a minha Rainha.

– Quero que você encontre Jiraiya e o traga até mim.

O loiro uniu as sobrancelhas. 

O que Sarada poderia querer com um homem que há anos não frequentava a Corte?

– Posso saber por quê? 

– Você saberá. 

...

O homem foi encontrado por Boruto como Sarada pediu, portanto foi encontrar-se com a Rainha. Foi anunciado e em seguida sua entrada foi permitida, o que colocou Jiraiya frente a frente com a soberana.

Jiraiya fez uma reverência. Há tempos não via Sarada, tão parecida fisicamente com seu pai, mas com o gênio tão semelhante ao da sua mãe. 

Sarada estava em seu escritório, sentada em sua poltrona, e o homem estava de pé diante de si, aguardando que a morena dissesse o que queria com a sua presença ali.

– Jiraiya... - Sarada disse com um sorriso - Você prestou serviços para o meu pai quando ele era vivo, não? 

– Sim, Majestade. - Assentiu - O Rei adorava o meu trabalho. 

– Claro, você é um pintor excepcional e eu gostaria que você voltasse a fazer seus trabalhos para mim.

O homem sorriu abertamente. Quando Sasuke era vivo, Jiraiya era responsável por pintar os retratos encomendados pelo Rei, mas após sua morte o pintor acabou se afastando da Corte, pois Sarada ainda era nova e o país foi regido pelo Conselho. Agora que Sarada estava definitivamente no poder, gostaria que Jiraiya pintasse qualquer retrato que ela encomendasse. 

– Será uma honra, Majestade. 

– E tem mais uma coisa. - Disse ela - Você já fez retratos da consorte de Sasuke, não? 

Jiraiya ficou um pouco apreensivo. Tratava-se da mãe da Rainha, mas ninguém tocava no nome de Sakura desde sua execução. 

– Sim, eu fiz alguns retratos dela. - Assentiu. 

– Quando ela morreu, o Rei mandou que todos os retratos de Sakura fossem destruídos para que as gerações futuras não vissem o rosto da prostituta, traidora... - Pronunciou amargamente as duas últimas palavras - Mas uma pessoa nem sempre posa para uma tela, o pintor muitas vezes segue um esboço, não? Conheço seu trabalho, sei como é feito. E sei também que você é um artista bem apegado às suas obras. 

– Bem... - O homem dos cabelos grisalhos forçou um sorriso - Eu tenho alguns esboços dos meus trabalhos, Majestade. 

– Algum esboço de Sakura Haruno sobreviveu? 

– Eu... - Jiraiya se controlou para não gaguejar - Confesso, Majestade, que Sakura era uma mulher muito bonita e seus retratos certamente foram os melhores trabalhos que já fiz. Mesmo com tudo o que aconteceu, eu mantive os esboços dela guardados. 

Sarada não escondeu um sorriso.

– Quero que refaça um retrato dela, com base no original pintado por você. - Disse a monarca. 

– Como a Rainha desejar. - Curvou-se. 

Sarada estava feliz. Ela não tinha lembranças de sua mãe, não fazia noção de como Sakura era, mas agora estava prestes a ver o rosto da mulher que lhe deu a vida. 

 

 


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