Incerto - Interativa escrita por Lady Queen


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

OLAR
É eu sei que eu demorei para postar esse capítulo. Sei que não tem desculpas, mas, além da procrastinação habitual, eu tive um pequeno bloqueio criativo que eu simplesmente não conseguia avançar mais na história. Só ontem a noite que eu consegui escrever e hoje de manhã eu fiz os últimos parágrafos.
Gostaria de agradecer a minha beta, Srta. Pedalzinha, porque pra conseguir revisar esse capítulo ela teve que passar por (pequeno?) role.
As fotos dos personagens já estão disponiveis no tumblr queenword.tumblr.com. Eu acho que seria mais interessante só abrir depois que os nomes forem apresentados, mas vocês que escolhem.
Agora bora pro capítulo.



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Eu vou morrer. Não havia como escapar dessa vez. Definitivamente. Já havia conseguido sobreviver todo esse tempo com esse pulso. É, eu havia conseguido sobreviver dois dias sem água, era bastante. Apoie-me em uma árvore para recuperar o ar. Conseguia ouvir a criatura que me seguia se aproximando.

O som de um tiro ecoou em meus ouvidos, quando me virei, vi o que me perseguia caído no chão, com sua cabeça aberta e o que um dia fora um cérebro espalhado pela grama.

— Mais um para a contagem, agora são... — Uma voz masculina soou atrás de mim, me fazendo pular. O dono da voz olhava para os dedos das mãos, dobrando-os um a um, como se estivesse fazendo algum tipo de conta. — Dois mil trezentos e trinta e dois!

Com isso, um sorriso apareceu em seu rosto, como se tivesse muito orgulhoso do que quer que tivesse feito.

Comecei a analisa-lo, de certa forma, senti que ele fazia o mesmo. O melhor jeito de descrever sua aparência era a palavra estranha. A camiseta “mamãe sou forte” com estampa do exército que usava causava certo desconforto pelo fato de ele não ser forte, muito pelo contrário, a pele extremamente pálida era grudada nos ossos. Também tinha grandes olheiras por baixo dos olhos, que eu não consegui entender se eram verdes ou azuis, como se não dormisse há meses. Ele me lembrava um personagem de um livro que estava lendo antes de tudo isso começar, acho que se chamava Nicolas ou algo assim.

— Você não vai nem agradecer? — ele disse de repente

— An? — Ótima resposta, Suzan!

— Sabe, por salvar sua vida. Eu acho que eu merecia pelo menos um “obrigado”.

— Ah... Desculpa. Obrigada.

— A gente vai continuar parado aqui? Porque mais deles podem aparecer. — ele apontou com a cabeça para o cadáver do que antes me perseguia.

Nesse momento meu estômago roncou muito alto.

— Isso foi o seu estômago? — Ele apontou para a minha barriga.

— É, pelo jeito sim.

— Vêm comigo!

Ele me conduziu pela cidade. Fora estar deteriorada devido ao abandono e as depredações logo após esse apocalipse começar e ao ambiente ter um visual sinistro devido às duas outras questões, El Campo não era tão diferente quanto qualquer outra cidade texana. Ela também não era tão maior que Jersey Village, minha cidade natal.

Eu havia passado meses procurando sobreviventes. Passei por diversas cidades sulistas texanas. Eu posso dizer que essa cidade estava vazia, não apenas de humanos (o que estava se tornando cada vez mais comum), mas de criaturas também. Alguma coisa me dizia (talvez a contagem de antes?) que o garoto tinha alguma coisa a ver.

Paramos em frente a um antigo mercado, talvez fosse um dos maiores da cidade. Tinha uma pintura amarela nos dois andares, que já devia estar desgastada e queimada antes de tudo começar, uma placa com algumas letras faltando onde deveria estar o nome do local e uma escada não muito segura na lateral do prédio, onde ficava o estacionamento.

— Venha — Ele começou a subir as escadas, que rangiam a cada passo — Os geeks não conseguem subir escadas muito bem.

— Eu acho que o problema é com a escada... — Como se fosse um estalo, percebi como ele tinha se dirigido as coisas — Pera, você chamou essas criaturas de geeks?

É como a Tiffany chama.

— Quem é Tiffa... — Um cara apontava uma arma para nós no lugar da porta recém-aberta. Tanto eu quanto o garoto que me acompanhava levantamos as mãos em reflexo.

— Ah, é você... — Ele abaixou a arma e nós, os braços.

— Você parece meio decepcionado. — Um sorriso torto surgiu no seu rosto.

— Quem é ela? — Ele me indicou com a cabeça

— Bem, essa é... — Parou por um momento, como se tentasse lembrar-se de algo — Percebi que eu não perguntei seu nome.

— Suzan, Suzan Doyle. — eu disse.

— Bem, Suzan, eu sou o Damian, ele é o Zac e aquela — o garoto apontou para uma menina encostada em algumas caixas no fundo do cômodo — é a Tiffany.

Ela parecia não pertencer a esse lugar e sim a um filme adolescente de patricinhas mimadas, como Meninas Malvadas. Tinha cabelos loiros e um corpo da Barbie, destoando completamente do ambiente sujo e escuro. Já Zac era o contrário, era alto e musculoso, uma grande e clara cicatriz em seu rosto contrastava com a pele negra.

Zac nos deu as costas, como se fosse a nossa deixa para entrarmos. O lugar, que antes deveria servir como algum tipo de depósito, não era sujo, era imundo, é muito provável que não limpassem aqui desde antes disso começar. Além disso, ele era todo bagunçado, cheio de caixas abertas e empilhadas, o que, somado ao fato de pouca luz entrar, tornava impossível andar por ali sem esbarrar em uma ou em outra caixa.

Sentei-me ao lado da Tiffany, não por querer interagir com ela, mas por eu achar que seria estranho eu ficar encostada em um canto, sozinha.

— Oi — Sua voz era fina, mas não de um jeito fofo, mas de um modo que eu tinha certeza que ficaria irritada com ela mais cedo ou mais tarde.

Acenei com a mão.

— Meu Deus, o que aconteceu com o seu pulso?! — ela estava o segurando. Eu tirei da mão dela.

— Eu torci há um tempo. Por quê?

— Por nada.

Vi pelo canto do olho que Damian mexia em uma caixa, de lá ele tirou uma lata, votou a mexer até que achou um abridor para a mesma e uma colher. Quando terminou de abri-la, caminhou até nós e entregou a lata para mim. Eu nem lembrava que estava faminta, mas meu estomago deixou bem claro quando ele roncou.

— Toma. O barulho do seu estomago entrega o tamanho da sua fome.

Tiffany parecia enciumada.

Mas eu simplesmente não liguei, peguei a lata e comecei a comer. O que deveria ser algum tipo de carne, tinha mais aparência (e gosto) de ração de cachorro barata. Mas eu continuava a não me importar, aquela fora uma das melhores refeições que eu havia tido nos últimos tempos.

Sem muita coisa para fazer, voltei a conversar com Tiffany:

— Então, você é daqui?

— Você realmente acha que eu iria morar em um fim de mundo que nem esse? — Ótimo! Ela é realmente uma patricinha mimada.

Mesmo a noite caindo, nos fazendo acender alguns lampiões, a conversa não progrediu muito, além disso, antes do Zac chegar ao local subindo em uma escada que eu não havia percebido antes.

— Más noticias, pessoal. Estamos quase sem suprimentos, eles não vão durar mais de dois dias.

— Mas vocês já viram em toda a cidade? — perguntei

— Limpamos tudo — foi a vez de Damian de se pronunciar —Então, se vamos ter que sair da cidade amanhã cedo é melhor dormirmos.

Ele levantou do lugar onde estava sentado. Fiz o mesmo, procurando algum lugar para dormir mais aconchegante.

Por fim cheguei a uma parede com menos caixas. Zac não estava muito longe e Tiffany estava encostada ao corpo de Damian.

— Eles namoram? — perguntei para Zac

— Não sei dizer. Tiffany deve achar que sim, já Damian... Bem, ele é muito mulherengo para quem perdeu a virgindade a menos de seis meses.

Não sei por que, mas isso me fez sorrir.

Encostei-me à parede e dormi. Foi uma noite sem sonhos

***

De manhã, empacotamos as provisões e as colocamos em um jipe velho no estacionamento. Tiffany ficava chiando durante todo o procedimento.

Com tudo pronto, subimos no carro e fomos em direção à outra cidade vizinha. Zac estava no volante, Damian no passageiro e eu e Tiffany no banco traseiro. Sempre que surgia uma criatura, por mais que não representasse perigo para nós, Damian atirava neles, sempre aumentando sua contagem. Dois mil trezentos e trinta e três. Dois mil trezentos e trinta e quatro. Trinca e cinco. Trinta e seis...

Dei graças a Deus quando finalmente chegamos. Eu já havia começado a ficar irritada há muito tempo com as reclamações da Tiffany de que estava demorando, mesmo a viagem não demorando nem 1 hora.

Havíamos parado em frente a um motel barato em formato de C, sua pintura verde era desgastada nos dois andares, as escadas ficavam para fora e no estacionamento havia alguns caros abandonados.

— Finalmente! — disse Tiffany enquanto descia do carro.

Eu e os meninos estávamos tirando as caixas do carro e levando para os quartos que havíamos conseguido arrombar, mas Tiffany se recusava a ajudar, dizia que já trabalho demais e que só iria se mover quando tivéssemos terminado para ela escolher o quarto dela, enquanto isso ela continuaria encostada no carro.

Estávamos indo buscar as últimas caixas, quando eu ouvi um grito. Um grito fino, alto e agudo. Era a Tiffany. Uma criatura mordia com gosto seu pescoço, sangue escorria do ferimento. Damian atirou, matando a coisa. Mas ele continuou andando em direção à garota.

Dei um passo à frente, mas Zac segurou meu ombro e, olhando para mim, fez que não com a cabeça. Seu olhar passava uma mensagem clara: Não impeça.

Ele finalmente chegou aos perto de Tiffany, que, de joelhos, tampava o ferimento com a mão. Apontou a arma para a cabeça da menina.

— Por favor, Damian... — implorou

— Desculpe, Tiffany, foi enquanto durou.

E atirou.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Eu particularmente gostei muito de escrever esse capítulo
Gostaria de falar que as vezes nem sempre o porte físico dos MEUS personagens não vai bater com os atores escolhidos, o que vale é a cara.
Qualquer erro é só me falar
O seu personagem apareceu nesse capítulo e não foi bem representado? Não tem problema! É só me falar que corrigiremos seu problema.
Não exijo comentários, mas eles sempre me fazem muito feliz
Bjs ♥



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