Little Lie escrita por Effie Potter


Capítulo 1
Capítulo 1 - Little Lie


Notas iniciais do capítulo

Bom, olá meus pequenos bebês!!!
Essa é minha primeira Jily, espero que vocês achem legal, eu trabalhei duro por ela.
Essa fanfic está participando do concurso promovido pelo @fanctions e eu utilizei dois plots de lá para escrever Little Lie. O primeiro plot é "uma fic que james é um golpista, ele acaba entrando no casamento da petunia para despistar os seguranças atrás dele ele conhece lily" e o segundo plot escolhido foi "uma fic que a Lily está com bala na boca, james vê e pede uma, ela fala que aql é a única que ela tem e ele fala "mas é essa mesmo que eu quero" "
Boa leitura pessoinhas, nos vemos nas notas finais ^-^



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Capitulo 1 – Little Lie

Por: Effie Potter

*~*~*~*~*

Eu sabia. Claro que sabia que isso um dia ia acontecer, só não esperava que fosse tão cedo.

Sempre fui uma boa garota. Trabalhos voluntários com idosos, babá aos fins de semana com as crianças do bairro, boas notas na escola, uma filha exemplar que sempre seguia as regras, sempre um livro como acompanhante durante os longos dias entediantes – livros esses que todos achavam que eu lia por me apaixonar pelos heróis, quando na verdade eu estava mesmo era interessada nos vilões (mesmo não admitindo).

Estão vendo? Sempre andei na linha. Mas tudo começa a desandar no dia que Petúnia chega em casa com a noticia que ira por meus pais de cabelo em pé e logo em seguida me convence a fazer algo que nunca fiz antes – e descobri ser muito boa nisso.

Eu menti. Menti, desobedeci meus pais e isso me levou diretamente ao local errado, na hora errada, com as pessoas erradas. Não que hoje em dia eu me arrependa de ter feito essas coisas, mas a intolerância a mentira ainda está presente na vida dos meus pais até hoje.

Meu nome é Lily Evans, tenho 17 anos e vou contar como em um período curto de tempo eu passei a não ser uma garota tão boa assim e no final me envolvi com James Potter – e eu não vou nem comentar o quão errado ele é.

*~*~*~*~*

 

[22:00, Casa dos Evans, Sala de TV]

“Eu sou uma boa menina...”

Repetia isso incessantemente como um mantra em minha mente.

“Eu sou uma boa menina...”

Os gritos histéricos de mamãe pareciam preencher toda casa e o olhar gélido de papai era tão desconfortável quanto os berros.

"Eu preciso ser uma boa menina...Controle-se e respire."

Os soluços de Tuney ao meu lado me fazia querer abraça-la, mas sabia que ela me afastaria por não querer parecer mais fraca.

"Eu sou uma..."

— Você devia seguir o exemplo de sua irmã Petúnia! Estudar, trabalhar, se focar em algo que fosse realmente útil. Ser uma boa garota. Mas é claro que não! Decidiu se oferecer aquele estúpido sem futuro e olhe agora. Grávida! Aos 19 anos!

Congelei ao ouvir as palavras duras de mamãe. Minha irmã, Petúnia Evans, ergueu o olhar. Seus grandes olhos castanhos passaram por nossos pais e depois pousaram em mim.

— Ah, é claro. – sua voz era carregada de ironia – Estava demorando em me comparar a senhorita perfeita. É sempre ela não é? Lily é isso, Lily é aquilo. Petúnia, você devia ser mais como a Lily...

Suas palavras cortavam como faca. Resisti ao impulso de dar-lhe uma resposta mal criada. A postura de papai se tornou mais rígida, seu olhar frio, antes dirigido ao nada, se focou em Tuney e ela parou de falar.

— Petúnia Meredith Evans, olhe bem esse tom de voz com sua mãe. Não lhe dei educação garota? Acho que ao menos isso você devia guardar, já que obviamente todo o resto que lhe ensinei você jogou fora.

Os olhos da minha irmã se encheram de lágrimas e tive que repetir mais uma vez “Eu sou uma boa menina, não posso desafiar-lhes me impondo contra eles enquanto subjulgam minha irmã com palavras tão duras. Eu sou...”

— E sua mãe tem razão, você devia seguir o exemplo... – papai prosseguiu, mas Tuney o interrompeu.

— ...da minha irmãzinha? Vou contar uma novidade. Eu não me chamo Lily Evans! Engravidei sim aos 19 anos, não terminei a faculdade e posso não ser ‘uma boa menina’ mas tentei ao máximo dar o melhor de mim. Agora adivinhem? Eu não ligo mais! Acabou, eu não suporto mais vocês sempre exigindo que eu seja o que eu não sou, o que eu não posso ser. - meus pais pareciam chocados com a audácia dela, mas é claro, não parou por aí - E você Lily...bom, eu não queria estar na sua pele, realmente não queria. Você é uma fachada, uma argila que se deixa ser moldada por nossos pais, sabe disso. No momento que você quebrar... que bom que eu não vou estar aqui.

“Eu definitivamente não sou uma boa menina, mas preciso ser...”

*~*~*~*~*

[03:46, Casa dos Evans, Quarto da Lily]

Eu encarava o teto branco do meu quarto. Petúnia havia saído pela porta e algo me dizia que ela não voltaria. Ela estava certa. Eu sou uma fachada.

Às vezes eu paro para pensar e chego sempre a essa mesma conclusão.

Ser uma boa menina, na concepção dos meus pais é me sentar e falar corretamente, ler bons livros, tirar boas notas, fazer uma faculdade, ter um bom futuro com um bom trabalho e um bom marido, é seguir sempre as regras. Para meus pais – Tuney tinha razão nisso – eu era como argila, todos os dias sendo moldada na forma que eles bem entendessem.

Olho para a cama ao lado, vazia. Nossa relação de irmãs sempre foi melhor na proteção de nosso quarto. Geralmente discutíamos bastante, mas no final do dia sempre estávamos lá uma para outra, sentadas no nosso quarto e compartilhando o cotidiano e segredos. Com um suspiro me levanto e deito na cama ao lado me aconchegando entre os travesseiros e cobertores. Apesar de suas palavras duras de algumas horas antes eu sinto a falta dela, ela era a única que me entendia de verdade nesse meu mundo cinza e cheio de tempestades.

Lembro-me de uma vez que mamãe me disse “Lily, você precisa ser uma boa menina. Sorria, acene, comporte-se e não fale quando não for solicitada. Não minta nunca, não se envolva com pessoas erradas e então você terá um futuro promissor.” de certa forma ser uma boa menina exigia de mim que eu nunca agisse por minha própria cabeça. Era muito chato, mas o que posso fazer a não ser continuar seguindo as regras?

*~*~*~*~*

[ 1 semana depois, 16:00, Igreja ]

— Lily...

— Respira Petúnia.

— Mas...

Reviro os olhos. Petúnia as vezes conseguia ser mais dramática que a Alice.

— Olha, quem deveria estar nervosa aqui sou eu. Papai e mamãe me proibiram de ver você de novo, mas aqui estou eu. Você sabe que essa é a primeira vez que minto pra eles e descumpro o que mandaram. Então respira fundo, põe o sapato, abre um sorriso e eu vou te levar até aquela morça que você afirma ser uma pessoa e que você ama.

Minha irmã abre um sorriso e me abraça. "Obrigada” uma única palavra sussurrada ao pé do meu ouvido e ela vai terminar de se arrumar.

 Sento em uma cadeira ao canto do quarto. O vestido azul bebê é longo e liso, marcando meu busto e cintura, foi escolhido por Petúnia. Meus cabelos longos e vermelhos estavam soltos e meus olhos verdes estavam bem marcados pelo rímel e o delineador, um brilho labial de cereja e eu estava pronta em cima dos meus saltos prateados.

Olhando a noiva se arrumar eu começo a me lembrar de como foi que cheguei aqui. Três dias depois que Tuney saiu pela porta, ela apareceu na entrada do meu colégio e me pediu desculpas por suas palavras duras no dia em que ela saiu de casa – é claro que eu a desculpei, acima de tudo ela é minha irmã e eu sabia que ela estava certa.

Tomamos um café na lanchonete perto de Hogwarts — minha escola – e ela me convidou para seu casamento e pedindo que eu a acompanhasse até o altar, neguei veemente afirmando que nossos pais não deixariam, mas estava tão comovida com seu pedido e ela jogou tão baixo que não tive como continuar com a negação “Por favor Lil’s, só me sobrou você. Ninguém mais na nossa família quer olhar na minha cara... por favor irmã”. Eu sabia o quanto Petúnia era orgulhosa e o quão difícil devia estar sendo para ela estar me pedindo aquilo, então, pela primeira vez na vida, eu estava realmente disposta a quebrar algumas regras não somente para fazer alguém feliz, mas para fazer a minha irmã feliz e a mim também.

E agora aqui estou eu, descumprindo as duas ordens do meu pai – não entrar em contando com Petúnia e não mentir. Eu pedi ajuda a Lene, Tonks e Lice, minhas melhores amigas, e elas prontamente disseram que me acobertariam – estágio um completo, a mentira – cheguei ao casamento e estou com Tuney – estágio dois completo, a fuga.

Quando a noiva estava pronta eu a guiei pela igreja e a entreguei ao noivo-morça (acho que deu pra notar que não gosto muito do meu cunhado) e sussurrei algo como “vou te matar se não cuidar da minha irmã e do meu sobrinho” o que fez com que ele arregalasse os pequenos olhinhos e ficasse vermelho. Beijei as bochechas da minha irmã e me posicionei em meu lugar.

Observando o casamento decorrer eu pararei para pensar por que meus pais não gostavam do morça. Seu nome era Valter Dursley, filho único, tinha uma pequena empresa de broca – seja lá o que isso fosse – e não tinha aparente nada de errado. Meus pais porém o viam como um cara que não tinha a aparência adequada (ele é... hum... gordo), sua família era sempre muito esnobe e se intrometia em todas as conversas mesmo que não fossem convidados – arg, mamãe odeia isso – e, eu acho, que o fato de eles nunca expandirem mais seus negócios deixa papai irritado. O verdadeiro motivo de meus pais não gostarem do Dursley é o fato de que ele e sua família não fazem aquilo que a minha família acha certo. Mas Petúnia ama ele, então acho que ele devia ser aceito por simples fato.

Agora, por que eu não gosto dele? Nunca tinha parado pra pensar nisso. Eu sempre soube que Tuney ele estavam saindo, acho que quando vi que estava perdendo mais ainda minha irmã acabei o culpando por isso. Mas fora isso, nada.

Quando dou por mim o casamento já acabou e ocorreu tudo bem, depois da igreja fomos todos ao salão de festas.

*~*~*~*~*

Olhando para a hora eu sabia que só tinha mais 18 minutos contados na festa que ocorria em um salão próximo a casa de Lene. E foi ai que eu, definitivamente, passei a não ser mais uma pessoa tão exemplar.

Eu já tinha me despedido dos noivos e estava me encaminhando para o banheiro para trocar de roupa e ir embora. O banheiro ficava em um corredor estreito a direita da porta de saída. Quando, porém, eu ia entrar notei algo estranho. Três jovens, com certeza mais velhos que eu, mas não tão velhos ao ponto de passar dos 20 ou 25 anos. Eles pareciam estar fugindo de algo, olhando para todos os lados e se esgueirando pelas sombras do salão até a porta da cozinha.

Estranho. Mas devem ser somente os garçons.

Dando de ombros entrei no banheiro e me troquei, pondo minha calça jeans com a regata branca e o casaco de algodão azul claro por cima. Olhei o relógio e, ótimo, pensei. Ainda tenho 10 minutos para sair.

Sai do estreito corredor e passo como um furacão pela porta da frente. O saguão é amplo e tenho certeza que Lene amaria a estrutura do lugar – já que ela é apaixonada por arquitetura. Olho para os lados estranhando o silencio que estava o local, franzo o cenho e me aproximo da porta que me levaria diretamente a rua.

Antes, porém, que eu alcance a grande porta de vidro eu os vejo. Homens de terno, em carros blindados e – por Deus! — armas. Minha intenção é voltar correndo para dentro e começar a gritar para todos que tem homens muito bem armados caminhando nessa direção, mas – como de costume – a sorte não estava ao meu favor.

Quando cheguei de volta dentro do salão, estavam todos deitados no chão e – lembram-se dos caras que eu achava serem garçons? — tinha outros caras armados que estavam lá dentro.

Eu gritaria, juro que gritaria bem alto, quando vi armas nas mãos deles, mas acabei esbarrando em um deles que chegou por trás de mim sem que eu visse, ele me segurou e tapou minha boca, pôs uma coisa – que supus ser uma arma – na base da minha coluna. Vi mais dois homens igualmente armados logo atrás deles. Sua mão ainda tapava minha boca e seu corpo estava próximo – grudado – ao meu e ele me manteve ali firmemente. Eu estava em pânico.

Calma Lily, calma.

Prongs tem uma saída passando por baixo da escada, e nós temos nos máximo 15 segundos antes que o pessoal saia do choque e alguém comece a gritar, ou que os pamonhas lá de fora consigam invadir.

O terceiro homem, que estava fora da minha visão falou.

— Ótimo – o que me segurava respondeu e sua voz fez um tremor por minha coluna, era uma mistura de medo e algo a mais que eu não soube identificar. Sua voz era rouca e tinha um tom muito singular de frieza, indiferença talvez, que eu nunca tinha visto alguém usar tão bem quanto agora.

— E a Ginger aí? – o cara de cabelo cumprido, este eu conseguia ver, perguntou.

O cara que me segurava me olhou e, com sua voz fria, respondeu:

— Vai com a gente, assim se os caras lá fora nos alcançarem vamos ter o que negociar.

O desespero me tomou por completo e –droga — fui arrastada por uma porta, que eu nem sabia existir, por três caras armados. Quando a porta se fechou atrás de mim ainda pude ouvir os outros caras armados invadindo o casamento da minha irmã e os gritos soarem. Não pude deixar de me preocupar com quem esses caras eram e, o mais importante, pra onde estavam me levando.

Que merda, onde foi que eu me meter? Eu nunca devia ter mentido e vindo a esse casamento.

*~*~*~*~*

[ 19:34, Beco atrás do Salão de Festa]

— Por favor – sussurrei com as lágrimas molhando meu rosto – Por favor, eu prometo não falar nada pra ninguém. Eu só preciso chegar à casa da minha amiga a três ruas daqui e vocês nunca mais vão me ver.

Todos os três me ignoraram veemente. Reparei melhor neles no caminho até aqui, tinha o cara que ia na frente guiando a todos, ele era alto, magro e tinha cabelos castanhos claros, quase loiros. Ele tinha uma aparência cansada e não olhou diretamente em meus olhos, então não soube a cor dos seus, mas pude ver de relance algumas cicatrizes por seu rosto e pescoço.

O outro, o de cabelos compridos e pretos, tinha um sorriso zombeteiro irritante e olhos cinza, ele não era tão alto quanto o loirinho, mas era alto – mas quem era eu pra dizer algo, todo mundo é alto perto de mim.

E por ultimo temos o cara que me arrastou até aqui, Prongs foi como o chamaram. Ele foi o que mais me chamou a atenção, admito. Ao contrário dos outros que tinham alguma expressão ele não parecia sentir nada, não pareceu nem sentir dor quando eu ‘acidentalmente’ pisei no seu pé. Seus olhos eram castanho- esverdeados e seus cabelos pretos estavam arrepiados para todos os lados como se ele tivesse corrido fugindo de alguma coisa, o que eu sinceramente não duvido nada que tenha realmente acontecido.

Alguma coisa nesse cara me causava um tremendo desconforto deixando meu alerta de perigo disparado, mas isso era estranhamente atraente.

Okay Lily respira. Você está em estado de choque e está pensando besteira.

Eles murmuravam coisas sem sentido e pareciam estar brigando, Prongs parecia discordar sobre algo que os outros dois diziam. Por fim eles se encararam em silencio e pareceram chegar a um consenso final.

Todos os olhos se voltaram para mim e eu soube – de alguma forma – que ficaria bem. Se é que dá pra sair intacta por uma situação dessas.

*~*~*~*~*

[20:00, Ruas de Godric's Hollow]

Eles roubaram um carro, eu não deveria me surpreender por isso, mas foi mais forte que eu perguntar se eles estavam mesmo fazendo isso. O cara de cabelo cumprido, descobrir se chamar Padfoot, estava ao volante, Prongs estava no banco do passageiro e o loiro, Moony, esta atrás comigo.

Eu quis lhes perguntar de onde eles tiraram esses nomes tão patéticos, por obviamente ninguém teria nomes tão estranhos, porém me contive.

Moony, o único ali que parecia capaz de ser educado, me prometeu que eu sairia dessa viva, mas que antes de eles me soltarem eles tinham que despistar os caras que estavam os seguindo antes e que eles tinham que ter uma garantia de que eu realmente não contaria nada a ninguém.

Rolei os olhos quando demos mais uma volta no quarteirão. Já estava ficando impaciente. Meu celular não parava de vibrar dentro do meu sutiã e eu o ignorava bravamente, vai que eles tentam roubar meu celular também?

— Então Ginger, conte-me um pouco sobre você. Ou sobre como você chegou até aqui.

Isso foi Padfoot e seu inseparável sorriso zombeteiro me encarando através do retrovisor.

— Poderia, por favor, não me chamar assim? Meu nome é Lily. E você sabe como cheguei aqui, mas caso não se recorde fui sequestrada por vocês. – a ironia pingava como veneno em minha voz, mas pouco me importei.

— Ah, qual foi. Você estava em um casamento e obviamente era uma convidada de honra na hora que a gente entrou, mas depois, como na Cinderela, o encanto parecia ter se acabado e você estava de jeans e regata.

Reviro os olhos e decido que, por não ter nada melhor pra fazer, começo a falar tudo. E quando tudo, é tudo mesmo. Minha pequena mentira para ir ao casamento, por que precisei mentir para ir, minha crescente indignação por nunca poder fazer o que eu quero e minha culpa por não ter sentido remorso algum em ter mentido – por Deus, eu menti e nem senti, foi tão natural quanto respirar!

Eles riram quando eu constatei, ultrajada, que mentir foi bom, que eu gostei da sensação de mentir e descumprir as regras uma vez na vida. Como e quando foi que passamos a rir de algumas banalidades e de Padfoot tentando bancar a adolescente em crise com os pais – no caso eu – eu não tenho como responder, mas que foi divertido posso afirmar que foi.

Em todo esse percurso só vi Prongs soltar alguns risos abafados, mas acho que isso não é relevante. Algumas vezes eu o vi me olhar pelo retrovisor e nossos olhos se encontraram por alguns segundos antes que eu ficasse vermelha e ele desviasse os olhos, isso sim parecia algo relevante.

Meia hora depois quando eles estacionaram em frente à casa de Lene eu conclui que esse foi o sequestro mais estranho que já aconteceu na história dos sequestros. Despedi-me ainda dentro do carro de Moony com um aperto de mão e de Padfoot com um “toca aqui”. Prongs saiu do carro para levantar o banco e me dar passagem, contudo com minha excepcional falta de equilíbrio tropecei e eu já podia sentir o chão sob mim quando braços moderadamente fortes e quentes apareceram ao meu redor e me puxaram contra um corpo.

Perdi o ar ao me ver com um dos meus pés ainda dentro do carro, o outro da calçada e minha coluna curvada para trás, eu estava tão mal posicionada que o que de fato me sustentava era ele. Seu rosto estava tão próximo do meu que pude sentir o seu hálito de hortelã e algo mais – uísque talvez?

Seus olhos vistos de mais perto tinha um brilho que denunciava algo intenso e uma loucura pouco contida, era sinistro, mas me incitava a chegar mais perto, mais perto... bem mais perto. O meu alerta de perigo estava piscando e apitando no máximo, mas eu estava ignorando e estava cada vez mais próxima até que... tudo se quebra no segundo em que Pads— como ele mesmo mandou que eu o chamasse, alegando que nós já éramos amigos por que ele “apelida todos seus amigos” e ele mesmo já havia me dado um apelido – pigarreia e pergunta se eu estou bem.

— Claro, claro – murmuro um pouco constrangida enquanto me punha de pé descentemente – e...o que vocês...hum – pigarreio para recuperar a postura e prossigo – o que vão querer para que eu fiquei calada?

Eles se entreolham e é Moony quem me responde, enquanto Prongs olha para longe na escuridão da noite.

— Confiamos em você, sabemos que não vai falar nada do que viu hoje pra ninguém. Mas não se esqueça, podemos ter sido legais hoje com você, mas não quer dizer que seremos de novo se você abrir a boca. E acredite, nós vamos saber se você contar algo a alguém. – os olhos dele eram obscuros e cheios de uma ameaça real. Aquilo me fez tremer, é claro que eu acreditava no que ele falou. Mordi os lábios e faço um breve aceno com a cabeça.

— Tudo bem. Vocês tem minha palavra de que não contarei nada.

A essa altura já estão todos no carro e Pads está pronto para dar a partida quando lembro-me de algo e abaixo na altura da janela para perguntar-lhes algo.

— O que eu vou dizer para minhas amigas sobre meu atraso? Por que é mais do que óbvio que eu não posso contar que fui sequestrada por uns ladrões malucos que se tornaram meus amigos, ou quase isso, durante o sequestro!

 – Tenho certeza que você vai conseguir uma mentirinha pra elas pequena mentirosa... Prongs foi que me respondeu, utilizando um dos apelidos que Padfoot me deu hoje, e ele tinha um meio sorriso que – oh— me fez perder o fôlego.

— Nos vemos por aí – ele ainda teve a ousadia de acrescentar.

O carro acelerou e antes que desse partida Pads se inclinou para frente e disse algo que me deixou mais chocada ainda.

— E não somos ‘‘uns ladrões malucos’’. Veja o noticiário amanhã de manhã, fica a dica... –ele piscou para mim e o carro se perdeu na escuridão da noite deixando somente um rastro do riso dos três para trás.

Esse definitivamente havia sido o sequestro mais louco da história.

*~*~*~*~*

[20:46, Godric’s Hollow, Casa da Lene]

— Onde é que você estava Lily Marie Evans?

A voz adoravelmente irritada de Marlene McKinnon chega a meus ouvidos antes mesmo que eu termine de abrir a porta. Marlene, assim como Alice e Tonks, está de pijama descendo as escadas.

— Desculpa Lene – falo começando a fazer manha pra ver se ela fica com piedade de mim.

— Desculpar? Olha flor eu te amo, e realmente orgulhosa por você ter desobedecido a uma regrinha ou outra dos seus pais, mas você extrapolou na hora, tá quase 50 minutos atrasada! Seus pais ligaram e a Lice teve que fingir que era você com dor de barriga no banheiro pra dar uma desculpa pra eles do por que você não podia atender.

Me senti um pouco culpada por ter que fazer elas mentirem por mim e agora eu ter que mentir pra elas, mas expulsei esse pensamento e comecei a minha mais nova mentira.

— Eu fiquei presa no banheiro do casamento, não destrancava por nada no mundo e quando destrancou vi que tinha uns caras armados dentro do salão! Vocês tem noção? Eu voltei correndo pro banheiro, mas um dos caras me pegou e...

Antes que eu terminasse de falar elas me bombardeavam de perguntas, eu sei que disse que não contaria nada a elas mas podia ocorrer de Petúnia abrir a boca e falar que alguém tinha sido levado do casamento pelos criminosos, eu tinha certeza que ela não sabia que era eu, pois estavam todos abaixados e virados para a parede oposta.

— Ei, ei meninas, eu to bem. Os caras me soltaram assim que chegaram no beco atrás do salão. Só me disseram pra virar as costas, ir embora e não abrir a boca que tudo ia ficar certo.

— Lily, você precisa ir à polícia! – Alice falou preocupada.

— Alice, tá tudo certo. Eu to bem e to em casa, além de que, se eu for a polícia, meus pais vão saber que fui ao casamento.

Meu Deus! Eu to mentindo que nem to sentindo. Mas cadê a culpa de fazer isso com minhas amigas? Acho que mentir pra mim mesma falando que isso é pro bem delas e do meu faz as coisas serem mais fáceis.

No final da noite, depois de ligar pros meus pais e dizer que já estava melhor, – mais uma mentira no capricho pra minha listinha cada vez maior – eu e as meninas fomos dormir. Porém quando peguei no sono só o que me vinha nos sonhos era olhos intensos, uma voz familiar que me causava arrepios e, estranhamente, uísque com hortelã.

*~*~*~*~*

[Na manhã seguinte, ainda na casa dos McKinnon]

A primeira coisa que fiz quando desci até a sala com as meninas foi brigar com Tonks pelo controle, ela queria ver o canal de artes e eu precisava ver o noticiário.

Consegui roubar o controle da mão dela e pus no jornal na hora certa em que três rostos muito conhecidos por mim estavam na tela e uma voz feminina fazia a reportagem.

“Ontem a tarde os maiores criminosos fugiram da polícia enquanto eram transferidos para a prisão de segurança máxima. Essas são suas fotos mais recentes, seus nomes são desconhecidos, mas eles são conhecidos por Moony, Padfoot e Prongs sendo esse ultimo, pelo que sabemos, o líder da máfia e os outros dois seus parceiros do crime...”

A reportagem prosseguiu mais eu não prestei mais atenção. Mafiosos, eles eram mafiosos.

As palavras de Pads me vieram à cabeça e eu não pude deixar de revirar os olhos, é claro que eles não eram somente ladrões, eles tinham que ser mais do que isso para ter tantos caras armados procurando por eles.

Senhor e Senhora McKinnon também estavam na sala e eles se entreolhavam de uma forma anormal, pareciam se comunicar pelo olhar, Lene também os observava. Seus olhos denunciavam que algo estava errado, mas quando seus pais olharam para ela algo mudou e ela tinha de volta o sorriso brincalhão e buscava obter o foco de todos na sala de novo.

Estranho.

Mas decidi deixar isso pra lá e seguir minha vida adiante como se aquela noite nunca tivesse existido. Assim seria melhor, tentei me convencer, mas quem disse que minha mente queria aceita isso?

Durante todos os dias o apelido pequena mentirosa se concretizava mais e mais a cada mentira contada, e durante todas as noites os sonhos com o criminoso mais procurado do país me perseguiu...

*~*~*~*~*

[2 anos e 3 meses depois, Banco Central]

Lá estava eu. Lily Evans, 19 anos, formada no Ensino Médio e caloura na Faculdade de Direito. Me formei em Hogwarts com honras, melhor aluna, ótimas notas, participante de vários clubes, incluindo o de teatro que sempre foi meu predileto.

Mas lá estava eu, de novo no local errado, na hora errada e com as pessoas erradas.

O Banco Central era um local amplo e iluminado. Era só mais um dia normal da minha vida, a não ser pelo fato que eu estava indo resolver alguns problemas no banco hoje, o que eu geralmente não fazia.

Estava na fila aguardando a minha vez de ser atendida quando tudo começou. As pessoas vestidas de preto, mascaras e muito bem armadas brotaram magicamente do nada e começaram a dar ordens para que todos se abaixassem. Eram no total quatro deles, eu consegui contar.

Eu estava no chão deitada no chão e só o que eu pensava era que eu queria sair dali o mais rápido possível.

 – Escutem bem. A gente não quer machucar nenhum de vocês, então é só colaborar. – uma voz feminina e estranhamente familiar chegou aos meus ouvidos – Hey, você loirinha, põe todo dinheiro nas sacolas...

A voz foi se perdendo e o tempo começou a passar. Já estou deitada nessa mesma posição há 3 minutos e 37 segundos quando sinto alguém cutucar minha perna e a ordem vem logo em seguida:

— Levanta.

O ar foge de meus pulmões ao reconhecer a voz dele. A na voz sem um resquício de emoção era a mesma e, quando me pus de pé, foi impossível para mim não fraquejar perante a intensidade dos olhos castanho-esverdeados que assombram meus sonhos a mais de dois anos.

Prongs, a policia chegou.

— Ótimo. Pega ela e as crianças e mande eles lá pra fora e diz que os outros só vão ser liberados quando eles liberarem espaço pra gente sair.

Ele nem sequer olho duas vezes pra mim, e isso doeu de uma forma que não devia ter doído.

Não era possível que eu estivesse de novo no local errado, na hora errada e com a mesma pessoa errada, ou era?

— Marley, já tá tudo pronto?

Bom, parece que sim. Pensei comigo.

Padfoot , eu acho, me segurou pelo braço e me levou, junto com mais cinco crianças, até a entrada.

— Então, ainda desobedecendo as regras do papai e mentindo pra ele Ginger?

Reviro os olhos, como ele não esqueceu isso?

*~*~*~*~*

 [5 anos depois, Distrito da Policia]

— Onde está meu cliente?

— Olhe senhora, eu realmente...

— Olhe o senhor, senhor policial. Eu sou uma advogada, e meus serviços foram contatados. Então se não quiser que eu processe o senhor também e melhor que diga onde está James Potter.

Sim, eu estou em um Distrito de Policia. E sim, meu cliente é James Potter. Um nome bonito para um mafioso mais bonito ainda. Na sala de interrogatório há um policial parecendo muito irritado e um James Potter, ou Prongs, como muitos o conhecem, sentado e com um sorrisinho extremamente zombeteiro no rosto.

 Mentalmente comecei a chama-lo de diversos nomes nem um pouco apropriados.

Eu estou com realmente muita raiva. Ele tem a capacidade de sumir, aparecer quanto quer e sempre mexer com a minha vida de alguma forma. Foi assim da primeira, da segunda e tenho certeza que dessa vez também.

Da ultima vez que nos vimos ele levou de mim Lene, dessa vez será quem? Tonks? Alice? Não me importo, o que de fato acontece é que da ultima vez eu acabei por descobrir que Lene, era também Marley. Uma mafiosa, é foi uma surpresa e tanto. Sua família estava na “linhagem” – se é que posso chamar assim – dos líderes da Máfia.

— Olá advogada.

Nem me dei ao trabalho de responde-lo. Somente comecei a defende-lo de todas as acusações e, menos de meia hora depois, ele estava solto por falta de argumentos e de provas também.

— Parece que ainda sabe mentir muito bem.

— Não importa, você está solto. Agora vê se não me chama nunca mais. – sim, eu sei que estou sendo grossa, as quem liga?

— Parece que alguém está estressada.

— Não lhe interessa.

— Me dá uma bala?

Olho pra ele, já estávamos do lado de fora da delegacia, o sol do fim da tarde já se punha no horizonte.

— Não.

— Por quê? – por que ele tinha que ser tão insistente?

— Por que eu só tenho uma, e ela está na minha boca.

Vi o sorriso malicioso dele antes mesmo dele aparecer.

— Mas é essa mesmo que eu quero.

Então, como num passe de mágica, eu estava em seus braços e seus lábios – oh, aqueles lábios— estavam nos meus. Reviro os olhos para mim mesma, cinco anos e ele ainda tinha o mesmo efeito sobre mim.

E antes mesmo que eu tivesse a chance de reagir, já tinha se acabado. Ele se afastava  de mim em direção a um carro que eu nem tinha visto estacionar.

— Obrigada pela bala senhorita Evans, foi um prazer reencontra-la. E até a próxima – seu sorriso era tão sacana que eu quis esgana-lo.

Quando o carro partiu, eu tive que acrescentar mais uma pequena mentira a minha lista.

Eu odeio James Potter.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e é isso.
Sim, eu sei que a Lily e a Petúnia não se dão bem, mas quis algo diferente. Quis que elas se dessem tão bem quanto um dia (quando minha irmã crescer) eu possa me dar bem com ela.
Ah! Uma coisa que e, particularmente achei que vocês não fossem entender(ou talvez entendam). O James é conhecido SOMENTE como Prongs, e obviamente as pessoas mudam quando ficam mais velhas. Ou seja, quando a Lily chegou na delegacia o James estava um pouco mais velho, os policiais talvez não o tivessem reconhecido de primeira e a Lily, como uma boa advogada, só foi lá tirar ele.
Sei que pareço ter falhado quando não entrei a fundo sobre o que aconteceu com a Lene e a Lily, mas isso tem explicação...acho que vou postar uma outra fic que vai ser como uma continuação dessa.
Agora vamos às partes importantes... Créditos dessa capa que eu amei para minha dinda maravilinda (que muitos conhecem como Cher ou Fluconheira)
Quero agradecer a minha amiga Clary por que se eu não tivesse desabafado com ela esses dias eu não saberia dar continuidade a essa fic. Agradeço também a Clenery por ter um dia me dito que se eu nunca arriscasse a escrever uma das minhas ideias eu jamais saberia do que eu sou capaz. É por fim mais não menos importante agradeço também a Elizabeth Potter, minha nova friend, que se tornou a madrinha dessa fic.
Bem, me desculpem qualquer erro e podem me dar dicas, sugestões...estou sempre aberta para criticas construtivas.



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