Light of the Seven

Lelia, nascida Lannister, também chamada por muitos de “a mais bela flor do Oeste”, foi uma lady, uma princesa e, mais tarde, uma rainha. Foi filha de reis e mãe de reis (dois, para ser exata), mesmo que não pudesse realmente se orgulhar de todos eles. Foi irmã, noiva, esposa e mãe, mas, acima de tudo, foi uma leoa, corajosa e bela.

Cresceu no Rochedo, filha de um rei, na cultura sulista. Era doce e gentil, encantadora e afável, como toda boa lady e princesa de sua época deveria ser. E também foi uma donzela obediente, sim. Quando seu pai decidiu que deveria se casar com Harmund II Hoare, ela assim o fez, mesmo que isso lhe afastasse de sua família, mesmo que isso lhe afastasse de seu lar. Silenciosamente entregou-se em matrimônio ao jovem rei que havia sido criado ao seu lado no Rochedo e, assim, se tornou sua Rainha. A Rainha das Ilhas de Ferro. Porém, creio que tal decisão não tenha sido a melhor para a jovem donzela.

Teve dois filhos, Harmund, o mais velho, e Hagon, o mais novo, e os amou. Os amou como apenas uma mãe pode amar seus filhos, e os criou da maneira que ela mesma havia sido criada, quando ainda uma garota, ajoelhada no Septo de Rochedo Casterly. Os ensinou sobre seus deuses. Falou sobre a bondade da Mãe, a força do Guerreiro e a sabedoria da Velha. Talvez este tenha sido seu maior erro, porém. Era bem verdade que a Fé dos Sete nunca fora bem aceita nas Ilhas de Ferro, tão crentes de seu Deus Afogado eram seus moradores, mas nunca antes grandes queixas foram prestadas. Até que uma certa leoa, com a ajuda de seu senhor marido, que dizia acreditar tanto nos Sete quanto no Deus Afogado, se dispôs a criar seu filho mais velho, o herdeiro das Ilhas, em sua religião, tão desprezada pelos sacerdotes ali nascidos.

Então, quando o rei por fim faleceu e seu filho Harmund subiu ao trono como Harmund III, o Belo, Lelia se propôs a trazer algo novo para as Ilhas: a justiça sulista. Influenciado pela mãe, o Rei então anunciou que dali em diante saqueadores seriam enforcados e proibiu a tomada de esposas de sal, declarando que tais filhos seriam bastardos, sem direito algum à herança. Os sacerdotes, tão apegados aos costumes da Ilha e de sua religião, logo se opuseram ao jovem rei, começando uma rebelião rápida para tirá-lo do poder. Não demorou muito para que o Rei fosse deposto, apenas com o apoio dos senhores das Ilhas, que não tardaram à mutilar o homem e jogá-lo no calabouço do Castelo Hoare. Em seu lugar, os senhores e sacerdotes coroaram seu irmão mais velho, Hagon, que rapidamente condenou a Fé, rescindiu os decretos de Harmund e expulsou os Septões e Septãs de seu reino, ateando fogo à todos os Septos nas Ilhas de Ferro. E, por fim, permitiu que sua própria mãe, a Rainha Lelia, fosse, assim como seu primeiro filho, mutilada.

A rainha, acusada de afastar o marido e seus filhos do Deus verdadeiro, teve seus lábios, orelhas, pálpebras e língua cortados e, logo depois, foi enviada de volta ao Rochedo. Mais tarde, seu sobrinho e Rei do Rochedo obviamente reagiu em vingança, iniciando então uma guerra contra as Ilhas de Ferro que durou mais de sete anos. Hagon foi, por fim, enforcado, apesar de que, antes de sua morte, o rei sofreu as mesmas mutilações que infligiu à mãe.

Lelia Lannister, a mais bela flor do Oeste. Casada à terna idade, enviada para longe de casa e para longe de tudo que conhecera durante sua vida, com a obrigação moral de dar herdeiros fortes e saudáveis ao Rei. Acusada de traição, forçada à ver os próprios filhos lutarem um contra o outro em uma rebelião que veio tão rápida quanto um raio. Condenada pelo filho mais novo, a quem ela criara com tanto zelo, mutilada e, por fim, enviada de volta para casa, mas não da maneira que desejava. Quando voltou para o Rochedo, já não era a donzela que havia sido quando embarcara no navio para chegar até as Ilhas. Já não era nada. Apenas um fantasma do que algum dia havia sido. Uma filha, uma irmã, uma esposa e uma mãe. Uma rainha. Uma leoa.