Runaway escrita por LivOliveira


Capítulo 6
Capítulo Cinco


Notas iniciais do capítulo

Oslá ^•^



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— Eu sou o aprendiz de Merlin. — contou o homem.

Liam e Killian estavam sentados em frente à uma fogueira na floresta, com o Aprendiz. O rei mandara equipe de buscas atrás de Killian Jones, mas não haviam o encontrado. Após tanta insistência, o velho resolveu contar um pouco sobre quem era e o que queria com os dois.

— Merlin? Só pode estar de brincadeira... — disse Killian.

— Pareço estar brincando? — o homem respondeu e Killian fitou-o atentamente. Não, não parecia estar brincando.

Ouviram o crepitar do fogo por algum tempo, até o Aprendiz decidir continuar.

— Ele está preso numa árvore, mas ainda pode comunicar-se comigo. Pediu-me para levá-lo até o seu pai. Pois ali começará a tua história e destino. Você será de muita importância muito em breve, garoto.

— Como? Eu sou apenas Killian Jones, um qualquer. — respondera o rapaz, não entendo mais aquela conversa e tampouco por que uma pessoa como ele seria importante algum dia.

— É aí que você erra. Todos temos uma história, e um destino. Você tem a tua história e o teu destino. E você precisa estar pronto para tudo. Todos têm uma importância, Killian. Seu irmão tem, eu tenho, você tem. — apontou para o peito do garoto. — Apenas acredite.

Killian ficou em silêncio por um tempo, pensando no que aquelas palavras poderiam significar. Endireitou a postura e suspirou pesadamente.

— O que eu serei? Qual será a minha importância? — quis saber, e o Aprendiz gargalhou enquanto cutucava o fogo e colocava mais lenha, a qual o gentil Liam fez o favor de coletar.

— Ainda é algo que está se moldando, Jones. Você saberá em breve. Não demorará. — contou o Aprendiz, antes de bocejar e piscar os olhos diversas vezes.

Então um som de galhos se quebrando toma conta do lugar, e o coração dos garotos ficou acelerado. O Aprendiz praguejou algo e depois levantou-se, erguendo a mão acima do fogo e dispersando-o ao ponto de sumir.

— Isso foi...? — murmurou Killian.

— ... Magia! — concluiu Liam.

— Se apressem, há alguém aqui. — avisou o velho, e chutou os galhos para afastá-los. — Vamos.

Os três foram andando rapidamente lado a lado. Fazendo de tudo para não deixar rastros ou falar alto. Mas os passos não tinham fim, e o som de gravetos se quebrando estava ficando cada vez maior e mais próximo. E Liam estava assustado e com medo de serem pegos, pois não se via na cela de um calabouço.

— Não vai se despedir, Killian Jones? — a voz de Kevin ecoou pela floresta, e Killian parou e virou-se para trás. — Pensei que tinha alguma consideração por mim.

— Precisamos ir, Jones. — disse o Aprendiz.

— Soube da morte de sua mãe. — o príncipe deu passos na direção de Killian — Sinto muito.

— Você não sente nada! — bufou Killian, e lembrou-se de horas atrás, quando estava enterrando o corpo de sua mãe com o seu irmão. E ele quis chorar, mas não podia fazer isso na frente do inimigo.

— Tem razão. Aliás, para onde vai com esse velho?

O Aprendiz fitou Kevin por algum tempo, e depois abriu um sorriso.

— Seus sentimentos são engraçados. E confusos. — contou o homem.

— Está falando comigo? — o príncipe apontou para o próprio peito.

O Aprendiz assentiu e depois balançou a mão no ar, como se estivesse pedindo para esquecer o que acabara de falar. Como poderia explicar algo para alguém, cujo está confuso com si mesmo?

— Por que disse isso? — insistiu o príncipe, dando passos cautelosos na direção do trio.

— Porque você finge algo que não é. E eu sei disso. Você sabe. — agora Killian também estava confuso, pois sua cabeça ia do Aprendiz até Kevin e de Kevin até o Aprendiz.

O Príncipe Kevin engoliu em seco, pois uma parte de si sabia do que o velho falava. Mas era orgulhoso demais para admitir.

— Vamos, deixe-nos ir. Não iremos voltar. Eu sei que você quer isso, e não precisa obedecer o seu pai o tempo todo. — o Aprendiz gesticulou com as mãos, sinalizando que deveriam ir.

— Por que eu faria isso?

— Porque você quer.

Àquela altura, Liam e Killian já não entendiam muita coisa. Pensaram se tratar de algo exclusivamente mágico, que só magos pudessem entender. E aquilo soou bonito na cabeça do rapaz, e as suas fantasias infantis vieram à tona e ele ficou encantado em não compreender a cabeça de um mago.

— Por favor... — sussurrou Liam.

E mais galhos se quebrando foram escutados, e todos julgaram que seria a equipe de busca, a qual acompanhava o príncipe. Mas ele estava no meio termo, pelo certo ou dever. E sua cabeça explodia, porque ele realmente queria que Killian fosse, mas o seu pai e sua irmã queriam a sua cabeça. Aquilo está se tornando estranho na cabeça dele.

— EU OS ENCONTREI! — gritou Kevin, e Killian fechou os olhos e os apertou, desistindo de qualquer argumento que pudesse o fazer mudar de ideia.

Mas, ao mesmo tempo que Kevin decidiu entregá-los, surgiu uma culpa em seu coração. Killian esteve consigo desde cedo e nunca lhe fizera mal. Apenas a sua língua afiada o irritava, mas nada que uma noite no calabouço não resolvesse. O seu estímulo era a sua mãe, que sempre vivia criticando Killian e dizendo para sobrecarregá-lo. Nunca entendeu o porquê, mas sempre obedecera a mãe. E já não aguentava mais tudo aquilo, então teria que dar um fim emergente àquela situação.

Tirou a espada da bainha. O coração de Killian levou uma pontada, e o de Liam mais ainda. O aprendiz se mantinha estático, não havia expressão alguma em seu rosto. Kevin ergueu a espada por algum tempo, depois ergueu a sua mão esquerda como se quisesse dar a mão à alguém. E de repente, a lâmina da sua espada rastejou rapidamente em sua mão e ele grunhiu de dor.

— MALDITO KILLIAN JONES!!! IRÁ PAGAR POR ISSO!! IRÁ PAGAR POR TUDO!! — aquele berro saiu real, já que a dor do corte estava muito incomodante. Sempre fora forte com ferimentos, mas precisava fazer um drama, exagerar.

Liam deu um passo para trás, assustado. O Aprendiz respirou fundo e Killian ficou visivelmente preocupado. Com o quê? Nem ele sabia.

— Corram logo. Não vou gritar para sempre! — pressionava a mão ferida contra o corpo e jogou a espada na direção de Killian. — Leve-a. E suma daqui. Vamos.

Assustado, o garoto pegou a arma e saiu correndo com Liam e o Aprendiz, pois não demoraria muito para os cavaleiros chegarem e os prenderem, fazendo o sacrifício de Kevin ser em vão. Viu na espada aquele fio de sangue do príncipe, e se perguntou se valeria mesmo a pena o sangue de um príncipe, pela sua própria cabeça. Concluiu que sim, e continuou a sua jornada.

* * *

O Aprendiz havia enviado uma carta para Brennan, antes de ir procurar Killian e o irmão. Provavelmente o pai dos dois estaria no porto esperando-os. E Killian estava animado para isso, já que só vira o pai pela última vez três anos atrás, quando ainda era considerado um garotinho.

Brennan chamou Killian e Liam de "pequeno deslize, um erro pouco ocasional", pois não estava em seus planos ter que conhecer a paternidade. Mas sempre viajava, então só via os filhos de anos em anos. Talvez fosse melhor assim, pois não tinha nenhuma afinidade com crianças. Mas a realidade mudou, pois nem Killian e tampouco Liam eram mais crianças. Já eram grandes o suficiente para ajudar o pai, e assim viverem as suas vidas.

Killian tinha a espada em punho, e por onde passava, chamava atenção. Segurava aquilo tão bem quanto um cavaleiro. Tinha um bom porte físico e seria um marinheiro um dia; era o seu sonho.

— Onde está o papai? — perguntou Killian, olhando ao redor e tentando achar um rosto conhecido em meio àqueles vagos desconhecidos.

— Ali! — Liam apontou, animado. Estava triste por sua mãe, mas o fato de que iria passar tempo demais no mar, o ajudava muito.

Viram aquela silhueta pouco relembrada. O homem corpulento, alto, mas nem tanto, com os cabelos pretos ondulados e meio longos. Usava uma grande bota preta de couro, uma calça marrom e uma camisa branca de linho. Ele sorria, estava ereto e acenava para os garotos.

— Como meus filhos cresceram! — comentara Brennan, assim que os irmãos Jones lhe abraçaram.

— Sentimos a sua falta, pai! — dissera Liam.

— Eu também. — Brennan bagunçou o cabelo de ambos e só então percebeu a espada que Killian portava. — O que é isso, meu filho? Uma espada?

— Ahn... Sim, pai. Não precisamos dela agora. Mas é sempre bom ter uma por perto. — respondera Killian.

— Como está a mãe de vocês? — quis saber.

Killian lembrou-se outra vez do que lhe ocorrera, de quando entrou em casa e não viu o sorriso de sua mãe, e sim um ser pálido e fantasmagórico deitado na cama e que era gelado e sem vida. Lembrou-se do quanto chorou, de ficar abraçado ao corpo dela e pedir para que voltasse. E da terra úmida caindo sobre o seu corpo, e das flores roxas que deixou em cima das pedras. E uma lágrima brotou dos seus olhos, e outras a acompanharam. E quando se deu conta, já estava chorando.

— Ela... Veio a falecer, senhor Brennan — contou o Aprendiz, selecionando as palavras certas para contar.

— Lauren... Se foi? — gaguejou o Jones, meio entorpecido pelo o que acabara de escutar.

O Aprendiz suspirou.

— Sim. Sinto muito. Eu... Só vim trazê-los. Tenho outros assuntos para resolver.

— Você já vai? — fungou Killian.

— Sim. Seja forte, Killian. Lembre-se que coisas ruins acontecem para coisas boas acontecer. A dor faz parte, e ela te faz forte. Você irá entender isso. — dito isso, o velho bagunçou o cabelo de Killian e depois o de Liam. — Até mais, garotos. Jones...

Brennan se despediu com um aceno, e os três assistiram o senhor andar até sumir de suas vistas. Era simplesmente mágico. Um segundo estava ali, no outro... Puf! Sumiu.

— Vamos, temos viagens à fazer, Jones. — virou-se Brennan com os garotos e embarcaram juntos no navio.

As lágrimas de Killian já estavam secas, e ele sorriu por poder ter o mar como seu lar. Aí sim, ele podia ser livre. Apertou o cabo da espada, e tocou na pedra do anel em seu dedo. Respirou fundo e sentiu uma onda de prazer ao sentir o cheiro do mar. Umas das melhores sensações do mundo, julgada por Killian Jones.


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Notas finais do capítulo

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