Runaway escrita por LivOliveira


Capítulo 3
Capítulo Dois


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários e elogios, pessoal. De verdade!
OBS: Killian tem 13 anos e Emma 12.



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A neve caía no chão do pátio. Emma gostava de ver pela janela o quanto essa estação é maravilhosa. Era a época do aniversário de sua mãe e ela adorava as festas em todo reino.

A Princesa Emma havia acabado de se vestir do banho, e ficava sentada no batente da janela, observando a neve cair. Abriu a janela e esticou a mão para fora, coletando o máximo de flocos que conseguia sem poder afastar a mão por conta do frio.

Duas batidas na porta a interrompeu, fazendo Emma fechar a janela e balançar a mão no ar, para tirar a neve.

— Sim? — perguntou, virando-se para a porta.

— Eu... Queria anunciar o meu retorno, Vossa Alteza. — Sir Christopher entrou no quarto da garota.

Ela o abraçou, o que surpreendeu Chris.

— Li sua carta o outono inteiro. Minha mãe me explicou sobre isso e confirmou. Fiquei brava por não terem me contado, mas entendi. — ela respondeu sorrindo.

— Isso é um alívio! — Chris sorriu de volta. — Senti sua falta, Alteza.

— Eu senti falta dos meus vestidos serem lavados com rapidez. Eu tenho uma criada, mas ela não é tão eficaz como você... — Emma falou com pequenos risos.

— Bem... Talvez o meu trabalho atualmente tenha jogado fora todos os meus anos de treinamento como cavaleiro... Mas se é para te agradar, Alteza, tenho o maior prazer.

— Que bom. Porque... — Emma andou para trás e acabou tocando seus doces e delicados pés na neve gelada que já estava derretendo. Fez um som estranho, abafando um gritinho de agonia por seu corpo quente encostar em algo gelado. — ...preciso que leve para lavar. — ela pegou uma pilha de vestidos e entregou para Sir Christopher.

— Terei o prazer de lavá-los eu mesmo. — ele respondera.

— Que prestativo... Obrigada. — a princesa sorriu.

Chris fez uma reverência e se retirou dos aposentos da princesa. A mesma pegou a carta que o mesmo entregara-lhe antes de partir e releu.

"Querida Emma,

Eu estive ao seu lado durante toda a sua vida. Te vi crescer e cresci junto com a Vossa Alteza. Virei Sir e dediquei esses últimos anos com a princesa. E não me arrependo disso. Hoje estou indo para a guerra, e não sei se vou voltar e quando. Queria poder ficar com a princesa no castelo e vê-la sorrir, e ser vítima de suas brincadeiras com Pinocchio; mas eu não posso. Então, para caso eu nunca voltar, preciso que saiba algo. Eu não tenho coragem de falar, pois temo a sua reação. Mas, caso não saiba, eu sou seu primo. Sir Christopher, o cavaleiro que cuida da Princesa Emma, é filho de James, irmão gêmeo do rei (o qual muitas pessoas acreditam que seja James), com Jack. Seu pai cuidou de mim como um filho depois que virou rei, por isso eu te considero como irmã, princesa. Eu só queria que soubesse disso, pois não sei se a verei outra vez. E caso eu não te veja, espero que seja muito feliz, princesa, pois é o que merece. É uma garota doce e gentil, será uma grande mulher futuramente. Espero que um dia se lembre de mim.

Com amor,
Sir Christopher"

Emma secou as lágrimas que caíram e se perguntou o que acabara de fazer. Ele mal havia chegado e ela já o estava encarregando com tarefas das quais não é da sua área.

Emma se levantou e correu pelo castelo. As criadas que ali andavam, davam passagem para ela correr com liberdade. Mas Emma nunca foi boa em correr, tropeçou nos próprios pés e caiu.

— Alteza... Está bem? Se machucou? Quer ajuda? — uma das criadas se aproximara dela, preocupada.

— Estou bem, obrigada. — se levantou e continuou correndo. Encontrou Christopher conversando com uma moça de cabelos loiros, provavelmente uma criada também. — Chris! Oh, não precisa fazer isso agora... Por que não descansa?

— Não se preocupe, Princesa Emma. Posso fazer isso. — Chris respondeu.

— Pode lavar? — Emma pegou os vestidos da mão de Christopher e entregou para a moça ao seu lado. A mesma balançou a cabeça positivamente. — Obrigada. Vem, Christopher, vamos encontrar minha mãe e comer um pouco.

Emma o puxou pelo braço e andou com ele pelo corredor, ignorando as pessoas que lhe avisavam que estava descalça, e que não deveria andar assim.

Eu sou a princesa, posso andar como eu quiser, Emma quis respondê-las, mas permaneceu correndo com Chris e incentivando-o à ir mais rápido.

— Como vai meu pai? — Emma perguntara.

— Ele está aqui, princesa. — o cavaleiro respondeu. — Está comendo com a sua mãe.

Emma apressou os passos e entrou no Salão Menor, um espaço feito para as refeições dos membros reais. Seu pai estava atacando um carneiro assado e sua mãe, comendo um pedaço de pão. Ambos ergueram o olhar e abriram um sorriso quando a viram entrar.

— Emma... Pensei que estivesse dormindo... — comentara Branca de Neve.

— Acordei cedo hoje. — a garota respondeu e abraçou o pai.

— Hm... Bom saber que minha filha já está crescendo... — ele desliza seu dedo gorduroso de carneiro no nariz da garota.

— Quero ficar mais com o senhor, pai. Pode treinar arco e flecha comigo hoje? — perguntou a garota, sorrindo, deixando quase impossível dizer "não".

— Não, Emma, sinto muito. Tenho negócios a fazer hoje. — ele respondera.

Emma sentiu raiva por não poder ficar com seu pai. Ele sempre ficava fora, viajando e lutando. Nunca ficava com ela por mais de alguns minutos, o que afastava ambos.

— Mas, pai... — lágrimas se formavam em seus olhos e imploravam para serem libertadas.

— Charming, não é hora de contar à ela? — Branca perguntou.

O Rei Encantado suspirou e fitou aquele par de olhos verdes brilhantes olhando para ele, esperando uma resposta.

— Eu acho que vou me retirar. — avisou Sir Christopher, antes de sair da sala.

— Bem, Emma... Sente-se aqui. — o rei a carregou e a fizera sentar-se em seu colo. — Sabe que existe vários reinos na Floresta Encantada, não é?

A menina ficou em silêncio, olhando o pai, esperando-o continuar.

— O rei Sebastian quer se aliar à mim na guerra, e seu exército será muito útil para nós. No entanto, em troca, devemos entregá-la em casamento para o filho dele ou o seu protegido. — o rei, seu adorado pai, o homem mais justo do mundo (na visão de Emma); contou, arrancando o seu chão e cortando suas asas.

Emma ficou boquiaberta. Como o seu pai poderia vendê-la daquele jeito? Fazer parte de uma transição comercial de reinos? Seu pai quase iria se casar assim e ele sabia o quão terrível era a sensação, e agora estava fazendo o mesmo que fizeram com ele, com a sua filha. Não, Emma não podia aceitar. Ela que deveria escolher com quem se casaria. A vida era dela, não do pai.

— Eles estão a caminho, Emma. Vão passar alguns dias aqui. E então você poderá decidir qual dos dois irá se casar. — seu pai continuou. — Espero que entenda. Precisamos disso. Lembre-se que estará fazendo isso pelo bem do reino, Emma. E o casamento não será agora, mas sim quando vocês crescerem.

Emma saiu do seu colo com rapidez, como se tivesse acabado de descobrir que ele nada mais era que um monstro.

— Não pode fazer isso! — a garota gritou.

Sir Christopher, que estava do lado de fora, com a orelha na porta e ouvindo tudo, fechou os olhos e lamentou em silêncio por o que acabara de ouvir. Não tinha coragem de entrar e censurar o rei, seria um ato suicida. Não que Charming fosse fazer realmente isso, mas Chris não conhecia o seu lado sombrio e não queria nunca conhecê-lo.

— Emma... Por que não se senta e tenta entender? — Branca se levantou e tentou se aproximar da filha.

— Eu já entendi tudo! Vocês querem me vender! Eu não sou nada para vocês, é isso? Eu não vou ficar aqui e ver vocês assistirem a minha desgraça! — Emma correu e abriu a porta repentinamente, e chocou-se com Chris. — Me deixem em paz! — ela se levantou e continuou a correr.

Entrou no quarto e se trancou. Calçou uma bota e pegou uma capa. Com uma corda que achou no armário, ela desceu pela janela e logo estava no enorme pátio.

— Ali está ela! — um guarda gritou para os outros, apontando para Emma.

Emma correu, mas sabia que esse não era o seu ponto forte. Atravessou o pátio e correu o mais rápido para passar pelo Grande Portão, antes que o mesmo fechasse e barrasse a sua saída. Adentrou na Floresta Encantada, ainda correndo. Deixava pegadas na neve, mas não se importava com isso. Caiu milhões de vezes, mas se levantava e continuava.

Então sentiu a presença de alguém atrás dela. Olhou para trás, mas não via nada além de neve. Tropeçou, caiu, levantou, correu. Aquele era o ritmo. Não sabia para onde ia, mas precisava fugir daquela farsa.

— Estou cansado, você não? — uma voz conhecida ecoou pela floresta.

Emma parou e recuperou o ar. Olhou ao redor e o viu atrás de uma árvore, apoiado e tentando respirar.

— Como me alcançou? — perguntou.

— Você não é muito boa em fugir, princesa. — respondera Christopher.

— Temos que sair daqui!

— Por quê? — o homem se afastou da árvore e se aproximou de Emma.

— Eu não quero ser uma peça no jogo deles!

— Seus pais não são más pessoas. Por que não conhece os garotos e vê no que vai dar?

— Está tentando me manipular também?

— Não, princesa. Apenas cansei correr. Vamos voltar. — Chris segurou sua mão e caminharam de volta para o castelo.


Assim que chegaram, seus pais estavam no pátio, cumprimentando um casal e dois garotos. Um parecia ser mais velho que Emma, mas o outro aparentava ter praticamente a sua idade. Ela e Chris se aproximaram deles, e seu pai foi logo lhe apresentando.

— Ah, aqui está a minha garota! — se aproximou dela e tocou-lhe os ombros. — Esta é a Princesa Emma, herdeira do meu trono!

— Oh, que garota encantadora... — a Rainha Marie notou.

Emma não estava vestida para tal ocasião. Usava um vestido simples branco, uma bota de couro coberta de neve, uma capa branca e tinha os cabelos loiros e longos sobre a capa, sem contar na mancha de gordura em seu nariz (causada por seu pai).

— Obrigada. — a princesa agradeceu e sentiu o olhar daqueles garotos em si.

— Será uma ótima esposa para um dos meus filhos. — comentou o Rei Sebastian. — Que garota bonita, James!

— Puxou à mãe. — contou o Rei Encantado.

— Oh, não exagere. Ela puxou à nós dois... — Branca respondeu.

— Este é Baelfire, nosso protegido. — Sebastian apresentou o garoto que parecia ter a sua idade.

— É um prazer conhecê-la, princesa. — ele fez uma reverência e tomou a mão de Emma, beijando-a em seguida.

Emma gostou daquela sensação. Gostou de ter sido tratada como alguém já crescida.

— E esse é Connor, nosso filho biológico. — Sebastian apresentou o garoto que parecia ser mais velho.

Seu cabelo caía no seu rosto, assim como o de Baelfire, mas o seu era preto, como o de sua mãe.

— Estou imensamente feliz em te conhecer, alteza. — tomou-lhe sua mão e a beijou.

O Rei Encantado pediu para todos entrarem e saírem daquele frio. Emma sentiu que aquilo poderia dar certo, só em observar o garoto Baelfire e sua timidez aparente.

Ele usava uma camisa de linho branca, um colete de couro por cima, com botões de ouro, uma calça branca e uma bota de couro, da mesma cor do colete. Não parecia um príncipe, mas estava impecável. E Emma notara isso e tentou parecer confortável com aqueles estranhos a fitando.

Enquanto entravam, Sir Christopher entregou-lhe um pano para limpar-lhe o nariz. Depois ajudou-a à retirar a sua capa e saiu para guardá-la.

A cozinha estava sob pressão, todos correndo contra o tempo para preparar o jantar na hora certa. O Rei Encantado os levou até o Salão Principal, onde havia o seu trono e, normalmente, aconteciam os julgamentos. Emma ajeitou o cabelo, e sua mãe tomou-lhe a mão para mantê-la por perto.

— Vossa Majestade... Que belo castelo a Alteza tem... — comentara a Rainha Marie.

— Obrigado. Ah, permitam que os criados mostrem os seus aposentos provisórios. — o pai de Emma ergueu a mão na direção do trio de criados que estava formado à frente da porta.

— Com a sua licença, Vossa Alteza. — Connor fez uma reverência, seguida por Marie e Baelfire.


Os três se retiraram com os criados. Branca de Neve puxou Emma pela mão e a levou com a Rainha Marie até os seus aposentos.

— Essa garota é um amor, Vossa Alteza. — comentou Marie enquanto caminhava.

— Ah, que é isso... Pode me chamar de Branca. — Branca pedira.

— Como quiser... Branca. — Marie sorriu.

Emma a fitou com uma certa admiração. Marie não era muito alta, mas tinha os longos cabelos pretos e usava um vestido verde musgo de camurça. Mantinha sempre a postura, e era incrivelmente bonita. Marie era digna de respeito.

— Oh, que lindo quarto! — comentara Marie, quando entrou no aposento e olhou ao redor.

— Escolhi especialmente para você! — Branca andou pelo quarto e olhou o pátio pela janela.

— Obrigada, Branca. Não sabe o quão fico feliz em saber que se preocupou comigo. — Marie foi educada em notar.

— Emma, por que não deixa eu e Marie conversarmos um pouco? Por que não vai conhecer Connor ou Baelfire? — Branca pediu, e a garota assentiu e se retirou.

Emma odiava ser deixada de lado. Seu pai estava com o Rei Sebastian e sua mãe, com a Rainha Marie. Não tinha para onde ir e nem o que fazer. Então, quando viu um dos criados que estavam com Connor e Baelfire, perguntou onde estavam. A mulher falou que Baelfire estava no pátio, observando o treino dos cavaleiros. Emma desceu a escadaria de mármore rapidamente e saiu do castelo, indo para o pátio e o viu sentado em um banco de madeira.

— Olá. — sentou-se ao lado do rapaz

— Vossa Alteza... — Baelfire se levantou e fez uma reverência.

— Não precisa fazer isso. Sente-se ao meu lado. — Emma pedira.

Baelfire fez o que mandou, soltou um suspiro e ficou a observar o treino dos cavaleiros.

— Algo o preocupa? — perguntara a princesa.

— Ahn... Não, nada. — respondeu, deixando claro o seu nervosismo.

Emma não insistiu, ele era tímido e não estava acostumado com a sua presença e agitação. Então abaixou a cabeça e passou a olhar para as próprias mãos. Não sabia nem por onde começar uma conversa.

— Você e Connor são próximos? — a garota tentou.

— Sim, de fato. — Baelfire deu de ombros.

Estava difícil, ele não era muito de conversar.

— Gosta de arco e flecha?

— Um pouco. — uma resposta simples.

— Gosta de bolo de mel?

— Sim.

Emma estava quase desistindo. Suas respostas eram diretas e simples. Não havia muito conteúdo nelas. Só que, talvez, ele não quisesse se casar com ela e estivesse agindo assim apenas para afastá-la.

Então a Princesa Emma se levantou e ajeitou a saia do vestido. Se ele não queria conversar, quem seria ela para obrigá-lo?

— Espera, Emma. — Baelfire pediu, quando a mesma já estava se afastando. — Quer dizer... Vossa Majestade. Podemos conversar um pouco.

— Sobre...? — a menina virou-se.

— Sobre o que quiser. — Baelfire deu de ombros, sorrindo.

Emma sorriu de volta, e sentou-se de volta. Conversaram por minutos ou até horas, quando entraram no castelo e houve a ceia. Conversaram antes de dormir e também no dia seguinte, e o seguinte deste. Conversaram, riram e criaram um tipo peculiar de conexão.

Uma conexão que era desconhecida para Emma.


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Notas finais do capítulo

Comente a sua opinião, please. Bjs no core de vcs ❤️❤️



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