"O futebol não é questão de vida ou morte. É muito mais importante que isso."

O calor de Salvador é completamente escaldante mesmo de manhã. As pessoas que andam pelo bairro de Pernambués sabem disso e por isso as regatas e blusas dominam o vestuário de cada baiano. E eu sou mais um que segue a tendência mais sensata de todos os tempos, exceto pelo fato de ser o único Silva a rasgar uma camiseta normal somente para deixar o vento percorrer pelos braços.

Enquanto desço uma ladeira qualquer, vejo alguns moleques já batendo o baba. Os rolinhos, pedaladas, os cortes e todo esse futebol arte sempre me encantou e ainda sonho em trabalhar em qualquer assunto relacionado a futebol — mesmo que mainha insista em me obrigar a ser médico. Mesmo correndo pra ir, algum garoto errou bem feio o chute e a bola veio em minha direção. Era uma chuveirinho, leve demais e com muita curva. Brinquei muito com ela não faz tanto tempo. Uma das suas vantagens era que a batida no portão das vizinhas era amortecido. Quando a vi vindo em minha direção já me coloquei para estabelecer o meu domínio clássico, o com a parte interna do pé, porém isso fez a bola subir de mais pelo nível da força daquela bomba. Tive que fazer um malabarismo com a cabeça para alcança-la para devolver ao garoto e não sujar minha agora regata, mesmo que agora o cabelo já estivesse com terra.

Eu, João Silva Carvalho, sou mais conhecido como o maestro, mesmo achando que o meu futebol não seja o melhor do mundo. Hoje estou voando assim porque há um teste para a equipe do Bahia e preciso encontrar chegar logo no local marcado, porque tenho certeza que passarei e serei um dos melhores do mundo.